Contrato de Amor

Como assim grávida!?


Um mês tinha se passado desde o meu quase acordo com Anthony e surpreendentemente (ou não) nesse meio tempo eu consegui me afundar mais nas minhas dívidas, por que eu não havia conseguido um emprego e isso já estava me preocupando mesmo, afinal eu tinha usado todo o dinheiro que tinha no banco para pagar os alugueis que agora até estavam em dia, mas eu não fazia ideia de como pagaria o próximo.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

- Você vai dar um jeito - Helena disse sorrindo enquanto fazia um café em minha cozinha.

- Como você espera que eu faça isso, em Lena? Se eu nem tenho um emprego?

Ela suspirou.

- Eu não sei, OK? Mas você vai dar um jeito. Eu e o Miguel poderíamos te ajudar, mas com a coisa toda casamento fica difícil.

- Eu não aceitaria nem se vocês pudessem. Esse é um problema meu e sou eu quem vai resolvê-lo. E você poderia, por favor, parar de mexer com essa coisa fedida?

- Novidade seria se você aceitasse ajuda. E como assim coisa fedida? Está falando do café? - perguntou e eu assenti fazendo careta, o cheiro estava insuportável. - Achei que você gostasse.

- Pois não gosto mais - disse fazendo careta e ela riu.

Quem a via assim rindo não imagina a cara de surpresa que fez quando contei o que tinha acontecido. Lena pareceu que ia me matar e Miguel quase me matou mesmo, parecia que éramos adolescentes outra vez e ele estava me dando uma bronca. E vendo agora, a ideia de ter um filho de um estranho é realmente muito louca, só eu mesmo pra cogitar uma coisa assim. Eu não ia contar nada para os dois e simplesmente fingir que o final de semana em que eles estiveram fora nem se quer existiu, mas é claro que o universo não concordou com isso, por que mesmo sem querer o porteiro do nosso prédio me dedurou quando perguntou na maior simpatia se “Aquele cara de terno e carro chique é seu namorado?”, eu até tentei fingir que não era comigo, mas não deu e eu tive que contar quem era o “Cara de terno e carro chique” e o que ele tinha vindo fazer aqui. Mas como eu provavelmente nunca mais ia ver o Anthony outra vez não tinha problema contar ao meu irmão mais velho emprestado e ciumento quem ele era.

- Você precisa mesmo fazer isso aqui? - perguntei a Lena quando o cheiro do café ficou tão insuportável ao ponto de me tirar dos meus pensamentos.

- Foi você quem me pediu para fazê-lo aqui por que queria um pouco - ela acusou e eu fiz uma careta. OK, talvez eu realmente tenha lhe pedido isso, mas já tinha mudado de ideia.

Abri a boca para responder, mas a fechei e corri para o banheiro assim que senti o que viria a seguir. Quando cheguei ao menor cômodo da casa, me debrucei sobre o vaso sanitário e depositei ali tudo o que tinha comido até agora e dado o fato de já passava do meio dia não era muita coisa.

Lena me alcançou quando eu levantei para lavar a boca.

- De novo Lisa? - ela perguntou preocupada enquanto eu escovava os dentes para tirar o gosto ruim da boca. - Essa já é o que? A terceira? Quarta vez essa semana? Você já foi ao médico?

- Eu bem Lena - garanti fazendo careta e a morena revirou os olhos.

- É obvio que você não está bem - ela disse séria. - E então, você foi ao médico?

- Tenho certeza que é só uma virose.

- Uma virose que te fez vomitar o bolo de chocolate que você comeu quase todo sozinha? Isso não existe Lisa. Você tem que ir ao médico, pode ser sério.

- Eu bem - voltei a repetir me apoiando no espelho acima da pia depois de uma tontura e derrubando umas coisas de dentro do armário no processo.

- Você claramente não está bem - ela contrapôs pegando pacotes de absorventes que tinham caído no chão para guardá-los outra vez. - Não me importa o que você está dizendo, vou levá-la ao hospital e fim de papo.

Eu estava prestes a dizer pela terceira vez seguida que estava bem, mas parei no meio do caminho quando vi o que ela estava guardando no armário, arregalei os olhos fitando os pacotes coloridos em suas mãos.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

- Que dia é hoje? - perguntei com o coração batendo a mil.

- O que? - Lena se virou para me encarar franzindo o cenho.

- Que dia é hoje? - repeti a pergunta já imaginando que não gostaria da resposta.

- Vinte e quatro - a morena respondeu ainda me encarando sem entender.

- Três semanas... - murmurei em pânico. Três semanas inteiras. Era esse o tempo que eu estava atrasada. - Isso não pode estar certo... - disse voltando para a sala e sendo seguida por uma Helena completamente confusa.

Verifiquei o calendário preso na parede três vezes e vi que Lena tinha razão sobre a data, mas isso não fazia sentido, não podia fazer, como era possível?

- Lisa, qual o problema? - ela perguntou me encarando preocupada. - O que está acontecendo?

- Eu estou atrasada - disse em pânico.

- Você tinha algum compromisso? - ela perguntou sem entender e eu suspirei andando de um lado pro outro da minha pequena sala.

- Eu... Minha menstruação está atrasada - tornei a repetir e Lena me olhou surpresa.

- Sua... Como assim? Lisa pelo amor de Deus o que está acontecendo?

- Você acha que eu sei? - perguntei em pânico sentindo uma tontura, minha amiga deve ter percebido que tinha alguma coisa errada, por que me segurou por um braço e me levou até o sofá.

- Senta aqui Lisa - ela indicou e se juntou a mim. - Respira fundo e vamos pensar com calma.

Fiz o que ela pediu e me acalmei o suficiente para a tontura passar. Nós ficamos em silêncio durante uns minutos e por fim Helena me encarou séria.

- Lisa, você não está grávida, está?

- Grávida? - perguntei incrédula - É claro que não. Como eu poderia estar grávida se eu não... - parei no meio da frase sentindo o coração acelerar. Isso só podia ser brincadeira.

- Você não acha que...? - a pergunta de Helena foi interrompida pelo toque do meu celular.

- Alô - disse assim que o atendi com os dedos trêmulos.

- Elisa Banks? - perguntou uma voz que não reconheci.

- Sou eu - murmurei ainda meio abalada pelos acontecimentos recentes.

- Meu nome é Michael sou dono da doceria Pão de Mel, você deixou seu currículo aqui há alguns dias, gostaria de saber se ainda está interessada no emprego?

- Sim! - exclamei quase matando Lena de susto. - Com certeza sim.

- Isso é ótimo - ele disse e eu o ouvi suspirar do outro lado da linha. - Gostaria de fazer uma entrevista pessoalmente, você poderia vir aqui amanhã às oito?

- Claro! - garanti com um misto de alívio e animação. - Amanhã as oito eu estou aí.

- Vou ficar esperando. Até amanhã.

- Até - respondi antes de desligar o celular. - Lena você não vai acreditar no que... - me interrompi assim que passei os olhos pelo apartamento e não vi nem sinal dela. - Lena?

Como ela não respondeu segui até o banheiro, não achei nada, depois no quarto e nada também. Aonde aquela louca se meteu quando eu estou claramente em uma crise?

- Voltei - a morena anunciou da sala enquanto eu pensava no quanto ela era um mostro por me abandonar.

- Aonde você se meteu? - perguntei enquanto ela colocava várias caixinhas em cima do balcão. - O que é isso?

- Eu fui à farmácia no fim da rua e veja por você mesma - Lena disse me estendendo uma das caixinhas. Meus olhos arregalaram assim que vi o que estava escrito.

- Você só pode estar de brincadeira - disse começando a entrar em pânico outra vez.

- Brincadeira, será? Vamos, pense comigo Elisa, você não pode sentir cheiro de nada muito forte, está comendo como uma louca - eu abri a boca para protestar, mas ela não deixou. - E não me venha com “Eu sempre comi muito” por que ontem você comeu um bolo quase todo sozinha e está tendo enjôos de manhã, de tarde, de noite e depois daquele bolo de ontem, acho que você já entendeu né? Pelas minhas contas não para nada dentro de você há quase uma semana, estou certa?

Suspirei derrotada olhando a caixinha com o teste de gravidez.

- Eu odeio quando você parece ter razão - resmunguei e ela sorriu.

- Aqui - me estendeu uma garrafa. - Comprei suco também, beba e vá fazer xixi no palitinho.

- Você sabe que essa frase não ficou legal né? - perguntei e ela riu. Revirei os olhos com um sorriso ainda no rosto e comecei a beber o suco.

Pior do que fazer xixi em cinco “palitinhos” (Helena é exagerada e acho que eu também não me convenceria só com um), era com certeza esperar os cinco minutos para saber o resultado, eu tinha enfileirados os testes encima de suas caixinhas no balcão e o tempo parecia não passar, nunca cinco minutos demoraram tanto.

- Essa remessa deve estar estragada, não tem outra explicação - disse indo pra lá e pra cá pelo que me pareceu a centésima vez em menos de cinco minutos.

- Larga de ser apressada Elisa, ainda nem deu o tempo e não tem isso de remessa, cada teste é de uma marca - ela disse divertida e eu bufei.

- Que seja - resmunguei e ela riu ainda mais, mas a sua risada foi interrompida pelo som do alarme que tínhamos colocado.

Senti as mãos suarem de nervosismo enquanto Lena desligava o alarme.

- Você quer ver os resultados? - ela perguntou e eu me afastei dois passos enquanto negava com a cabeça.

- Vê você - pedi. - Por favor.

Helena se aproximou do balcão e verificou os testes e eu comecei a entrar em pânico de novo, o que será que dizia ali?

- Pelo menos o resultado é unânime - ela disse sorrindo.

- E que resultado é esse? - perguntei sem conseguir me conter mais e a empurrei para o lado para poder ver os testes, é ela tinha razão, todos​ diziam a mesma coisa, seja com um sinal de mais ou dois risquinhos cor de rosa, eu estava grávida.

- Vem Elisa, vamos sentar - Helena disse enquanto me arrastava para o sofá. Eu ainda estava em choque, não conseguia entender.

- Como é possível? - quis saber. - A doutora Stuart disse que o exame tinha dado negativo, eu até brinquei que com a minha sorte eu conseguiria ficar grávida da primeira vez, mas não imaginei que conseguiria mesmo, isso é loucura. Ela disse que a probabilidade de se engravidar na primeira tentativa era muito pequena!

- Meus parabéns então - Helena disse irônica. - Sério Elisa, só você pra se meter em umas confusões como essas. E agora, o que você vai fazer?

Estava prestes a soltar um sonoro “Não sei” quando tudo ficou absurdamente claro.

- Esse bebê não é meu pra início de conversa, vou dá-lo ao pai dele, por que foi pra isso que Anthony me “contratou” no fim das contas, se ele o queria há um mês atrás vai querê-lo agora. Ele tem que querê-lo.

- Tá, mas e se ele não quiser mais um bebê? Ou se tiver achado outra louca pra ter o bebê dele? Você tem noção da confusão em que você se meteu?

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

- Lena você não está ajudando - disse a beira das lágrimas, eu estava tentando ver o lado bom das coisas e ela não estava colaborando.

- Certo, certo - ela disse quando viu minha horrível cara de choro. - Eu ajudo você, vai ficar tudo bem.

- Você nem acredita nisso - disse ficando de pé e recomeçando a andar pra lá e pra cá. - E quer saber? Você pode até ter razão, mas eu tenho que fazer alguma coisa. Esse bebê é do Anthony, era o bebê que ele queria então preciso avisá-lo.

E eu ia dar um jeito de fazer isso, de um jeito ou de outro.