Contrato de Amor
Ok, isso foi uma péssima ideia.
Seguimos pelo corredor até a sala da Dra. Stuart e eu fiquei meio surpresa quando Anthony entrou sem bater, ele parecia ser do tipo que seguia todas as regras. Nós entramos e mais uma vez fiquei surpresa em descobrir que a Dra. Stuart parecia pouco mais velha que eu, morena com olhos escuros, ela devia ter no máximo uns trinta anos, sorriu pra gente e fez sinal para que nos sentássemos.
- Anthony, que bom que veio - ela disse sorrindo. - Então essa é a garota de quem falou? - perguntou olhando pra mim.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Anthony assentiu.
- É essa mesma Dra. Stuart, seu nome é Elisa Banks, Srta. Banks essa é a doutora Marina Stuart.
- É um prazer Elisa - a doutora falou sorrindo e estendeu a mão, eu apertei sorrindo também, ela se virou para Anthony quando soltou a minha mão. - Já disse pra me chamar pelo meu nome Anthony, é Marina, sabe? Nós somos amigos ou não?
Anthony suspirou e eu segurei o riso, será que ele tem algum problema com pessoas e intimidade?
- Agora não é hora pra isso, você vai me ajudar ou não?
- Certo - ela deu de ombros. - Vou precisar de uma amostra de sangue da Elisa, algumas horas para o resultado e que ela responda a um questionário, tudo bem?
Ambos me olharam esperando uma resposta e eu assenti.
- Tudo bem, o que precisar.
- Certo - ela sorriu e ficou de pé. - Por favor, deite-se ali - apontou para a maca no fundo da sala.
Eu fui até lá e me deitei, ela prendeu um elástico um pouco acima do meu cotovelo direito e limpou o lugar onde pretendia tirar sangue, pegou uma agulha, mas parou com ela a centímetros do meu braço.
- Eu esqueci de dizer, mas você tinha que ficar de jejum Elisa - ela disse me olhando como quem se desculpava. - Você comeu alguma coisa hoje?
Neguei com a cabeça.
- Eu acordei atrasada, então não deu tempo de comer.
- Isso é ótimo! - ela falou sorrindo e enfiou a agulha em mim, fiz uma careta, mas não me mexi.
A coleta de sangue não durou muito, só alguns minutos e ela tinha três tubos cheios do meu sangue, eu tinha voltado ao meu lugar ao lado de Anthony enquanto a doutora entregava o sangue a uma enfermeira.
- Traga os resultados pra mim o mais rápido que conseguir Anna - ela pediu e a enfermeira assentiu. - E traga também um lanche para Elisa, ela precisa comer.
- Eu estou bem - garanti e a doutora suspirou mandando a enfermeira embora e se sentando na sua cadeira outra vez.
- Você acabou de tirar sangue e não foi pouco Elisa, precisa comer.
- Tudo bem - concordei por que eu realmente estava com fome.
- Certo, vamos começar com o questionário - ela disse sorrindo e tirando alguns papéis dá gaveta de sua mesa. Ela anotou alguma coisa no topo da primeira folha e me olhou. - Coisas como tipo sanguíneo e sua condição de saúde o exame de sangue vai mostrar, aqui eu só quero algumas respostas mais rápidas, OK?
Assenti.
- Pode começar.
- Tudo bem então, quando foi a última vez que bebeu?
- Deve ter mais de um ano - falei me lembrando da péssima ideia de Helena de beber até cair quando foi reprovada na prova de admissão do curso de agronomia.
- Isso é alguma exceção ou você não costuma beber? - perguntou depois de anotar alguma coisa nos papéis.
- Eu não costumo beber, nem gosto muito de bebida - esclareci.
- Certo - ela anotou mais alguma coisa. - Isso é ótimo, e quanto a cigarro, a senhorita fuma? Não que pareça, mas eu tenho que perguntar.
- Eu não fumo - garanti - Nem nunca fumei.
- Maravilha - sorriu. - Você é alérgica a alguma coisa?
- Pimenta - respondi e ambos me encararam. - O que? Tem algum problema eu ser alérgica a pimenta?
- Não - a doutora garantiu sorrindo - É só incomum, mas vamos continuar - disse e eu assenti. Ela continuou perguntando várias coisas pra mim, sobre meus hábitos alimentares e quantas horas de sono eu tinha, e no meio disso a enfermeira realmente voltou com um lanche que eu comi de boa vontade, estava faminta. Enquanto eu comia e continuava a responder as perguntas, Anthony apenas observava. - Certo, acho que isso é tudo - ela disse conferindo o questionário. - Espera, tem mais uma coisa, quando foi a sua última relação sexual?
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Eu engasguei com o pãozinho que estava comendo.
- Como? - perguntei só pra ter certeza de que tinha ouvido direito.
- Quando foi a sua última relação sexual? - ela repetiu e eu corei.
- Preciso responder?
- Sim - ela garantiu e eu suspirei.
- Tem mais de um ano - murmurei - Foi junto com a bebida, tudo culpa de uma amiga minha.
- Maravilha, isso é tudo, vamos... - duas batidas na porta interromperam o que quer que a doutora fosse dizer.
- Doutora, desculpe interromper - a mesma enfermeira que tinha me traga o lanche e levado o meu sangue apareceu na porta com um envelope na mão. - São os resultados dos exames da Srta. Banks.
A doutora sorriu e fez sinal para que a enfermeira deixasse em sua mesa. Eu estava prestes a perguntar algo como, “Já?”, mas quando olhei para o relógio que tinha na parede fiquei surpresa em ver quem já eram onze e meia, quando tinha ficado tão tarde?
A doutora verificou os papéis que estavam dentro do envelope e sorriu.
- Isso é ótimo, sua saúde é muito boa Elisa, talvez devesse consumir um pouco mais de vitaminas, mas fora isso está ótima. Talvez com duas ou três tentativas vocês consigam ter o bebê.
Seu comentário me fez sentir meio desconfortável, mesmo que estivéssemos ali pra isso ainda era esquisito pensar que eu teria um bebê com um estranho.
- Podemos prosseguir? - ela perguntou - Isso é claro se estiver tudo bem pra você Anthony.
- Pode continuar - ele concordou.
- Agora? - quis saber surpresa.
- Claro - a doutora sorriu - Quanto antes fizemos à primeira tentativa, mas rápido saberemos se deu certo ou vamos precisar tentar outra vez, fora que o procedimento é bem rápido e simples.
- Tudo bem - suspirei - Vamos nessa.
Como a doutora prometeu o procedimento foi incrivelmente rápido, mais ou menos uma hora depois eu e Anthony estávamos nos preparando para ir embora, a doutora tinha pedido para que voltássemos amanhã para fazer o teste e ver se eu realmente tinha ficado grávida ou se precisaríamos de uma segunda tentativa, amanhã seria o dia da verdade.
Anthony me deixou em casa e depois de me trocar deitei na cama encarando o teto, começando a me perguntar realmente se isso tudo tinha sido uma boa ideia. Por que não importava mais por onde eu olhava, isso tudo parecia uma grande loucura, passei o meu resto de sábado trancada em meu apartamento queimando meus neurônios pensando na confusão em que tinha me metido. Quando o despertador tocou no dia seguinte eu levantei desejando que meu “plano” desse certo, não me importava mais com o dinheiro só queria sair dessa confusão antes dos meus amigos chegarem no final da tarde.
Anthony e eu não trocamos uma única palavra durante o caminho, hoje quando ele chegou eu estava pronta então não teve gritos nem invasão. Quando chegamos à clínica eu já estava suando frio, fomos ao mesmo balcão que da última vez e a atendente disse com a mesma voz melosa que a doutora iria nos atender, hoje não tinha ninguém aqui além de nós, isso não me fez sentir melhor.
Quando chegamos à sala da doutora ela estava sorrindo.
- É bom vê-los outra vez - disse animada, mas como nenhum de nós respondeu nada ela suspirou e pediu para que eu me sentasse na maca que havia em sua sala outra vez.
Ela tirou meu sangue e como da outra vez deu a uma enfermeira para levá-lo, mas como hoje não tínhamos mais nada o que fazer em sua sala, então ela pediu que esperássemos na lanchonete no térreo onde eu poderia comer alguma coisa, seguimos para lá e eu pedi um sanduíche de peito de peru e suco e Anthony apenas um café, nos ainda não tínhamos trocado nenhuma palavra, eu suspirei, precisava dizer a ele o que queria.
- Eu mudei de ideia - disse meio que do nada e ele me encarou.
- Como? - perguntou sem entender.
- Eu disse que mudei de ideia sobre esse nosso acordo.
- Mudou de ideia é?
- Desculpe, mas eu cheguei à conclusão de que isso tudo é muito louco e eu espero que não fique chateado comigo, eu só acho que é melhor eu arrumar um emprego mais normal.
- Entendo - Anthony disse calmamente tomando outro gole de café. - Você está basicamente se demitindo, e eu não posso nem falar nada uma vez que não assinamos nenhum contrato ou qualquer coisa assim, mas e se você estiver grávida? O que vai fazer?
- Se eu estiver grávida vamos continuar, afinal este bebê vai ser seu, mas se eu não estiver, por favor, entenda que eu não pretendo tentar uma segunda vez.
- Tudo bem - ele disse suspirando. - Eu imaginei que talvez você chegasse a alguma conclusão assim. Vamos fazer como você quer então.
- Você está mesmo bem com isso? - quis saber.
- Honestamente não, mas não possa obrigá-la a me ajudar, então vamos esperar pra ver o que vai acontecer agora.
Assenti sorrindo.
- Vamos - concordei.
Quando pegamos o elevador para voltar para a sala da doutora eu já estava suando frio.
- Se acalme - pediu Anthony. - Não te disse que dificilmente a mulher engravida na primeira tentativa?
- É, mas ainda existe uma chance e como eu sou azarada é bem capaz de acontecer, tudo bem que não é culpa sua, eu aceitei isso e...
- Apenas se acalme OK? - Anthony pediu me interrompendo. - Nós não chegamos a assinar nenhum contrato e você com certeza não está grávida, então depois que a doutora der os resultados nós podemos seguir caminhos diferentes. Simples assim.
Respirei fundo.
- Tudo bem - concordei e nós seguimos para a sala da doutora.
Quando chegamos lá ela já estava com dois envelopes nas mãos.
- Sentem-se - pediu e nós o fizemos. - Aqui está o resultado do exame de sangue da Srta. Elisa - ela disse entregando um envelope a cada um de nós.
Eu abri o envelope quase tremendo, Anthony tinha conseguido me acalmar um pouco, mas uma pequena parte de mim ainda achava que podia estar grávida. Com a minha sorte, eu não duvidava de nada.
Quando finalmente tomei coragem e peguei a folha de dentro do envelope Anthony já encarava o resultado no final da folha, corri os olhos pelos vários termos médicos dos quais eu não entendia nada e cheguei ao final onde havia uma única palavra em letras maiúsculas: NEGATIVO.
Eu suspirei com tanto alívio que quase caí da cadeira.
- Então é isso - ele suspirou.
- Como esperado - a doutora garantiu. - Nós podemos marcar a próxima tentativa.
- Não vai ter uma próxima - Anthony respondeu e a doutora o olhou com confusão.
- Como assim não vai ter uma próxima?
- A Srta. Banks mudou de ideia, não vai ter uma próxima tentativa. Acho que vou ter que encontrar outra pessoa ou outro jeito de fazer isso.
- Não tem outro jeito de fazer isso Anthony - A Dra. Stuart suspirou e se virou pra mim - Se é assim tudo bem, mas no fim é uma pena.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!- Por quê? - perguntei.
- Por que quando o Anthony veio com essa ideia maluca eu realmente cogitei não ajudá-lo, mas aí ele apareceu com você e eu pensei “Talvez isso dê certo afinal”, você parecia realmente o tipo de pessoa que faria isso dar certo.
Suas palavras me pegaram de surpresa, porque eu tinha a leve impressão de que “isso” não se referia só ao bebê.
- Sinto muito - disse sinceramente. - Eu só cheguei à conclusão de que isso pode ser realmente uma péssima ideia.
- Tudo bem - Anthony garantiu ficando de pé. - Vamos, eu vou levá-la pra casa.
- Mas...
- Vamos Srta. Banks - ele chamou me interrompendo.
- Certo - suspirei ficando de pé. - Tchau doutora, foi um prazer conhecê-la.
- O prazer foi meu, Elisa - ela disse sorrindo e nós seguimos para a porta.
Nenhum de nós disse uma única palavra durante o caminho até o carro e quando nos sentamos nos bancos Anthony suspirou.
- Não se preocupe eu vou te pagar - ele disse e eu o olhei sem entender.
- Como assim me pagar?
- Você veio até aqui, então eu te devo - ele disse sério e eu fechei a cara.
- Nada disso, eu não fiz nada, na verdade no fim até desisti de continuar, então nem comece a dizer que vai me pagar.
- Mas...
- Eu até ganhei uns exames legais - foi a minha vez de interromper. - Então, por favor, não toque mais nesse assunto.
Ele fez menção eu dizer alguma coisa, mas mudou de ideia e sorriu assentindo.
- Como quiser.
Eu sorri também e o resto do caminho nós fizemos em silêncio, cada um preso em seus próprios pensamentos e quando o carro finalmente parou em frente ao meu prédio eu não sabia o que dizer.
- Acho que isso é um adeus - Anthony resolveu o dilema por mim e foi o primeiro a falar.
- Acho que sim - concordei - Foi um prazer conhecê-lo Anthony e tente evitar ficar atropelando as pessoas por aí.
- Eu não te atropelei - ele disse com um meio sorriso. - Mas pode deixar, vou fazer o possível para não atropelar ninguém. E foi um prazer também Srta. Banks - ele disse enquanto eu saia do carro, me verei na mesma hora e o olhei feio.
- É Elisa! - disse indignada e ele riu fechando a porta.
Enquanto eu via o carro ir embora eu tive a sensação que essa não ia ser a última vez.
Fale com o autor