A Cidade do Sol

Incompleto.


Nazaré fez torradas e um café para as duas. Enquanto Porcelana comia, a mãe ligava para o diretor da escola, explicando que tudo estava bem com a garota e que no outro dia ela voltaria às aulas, normalmente.

Porcelana olhou para as cadeiras, e sentiu falta do seu padrasto, do seu olhar tímido e do seu jeito estranho. Na verdade, lembrara que não tinha sido só ele e Amaldiçoado que tinham ido embora.

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— Mãe? – perguntou a menina.

— Diga. – a mulher terminou a ligação.

— Cadê meu pai?

Nazaré olhou para a filha com um rosto incrédulo.

— Você se esqueceu do que viu no vagão?...

— Não estou falando do meu padrasto. Cadê o meu pai de verdade?

A mulher ficou chocada com a pergunta. Depois de tantos anos, lembrara que nunca dera uma explicação plausível para a falta dele. Nazaré baixou os olhos e refletiu um pouco. Já não adiantava mais esconder as coisas da menina, ela agora parecia mais atenta e curiosa do que nunca.

— Aquele cafajeste saiu correndo quando descobriu que eu estava grávida. O miserável não deixou nem um pão pra eu comer, e foi embora dizendo que tinha que voltar pra Wittgen, e que me buscaria depois. Quinze anos e até hoje nada. Nunca mais o vi, nem tive notícia dele.

— Que horrível... – Porcelana ficou cabisbaixa. Não sabia se achava triste o fato de ele não ter voltado ou o de ele ter ido embora.

— E agora, a mesma coisa se repetiu: Adilson me largou por causa do filho meio monstro dele, e está morto, enterrado na floresta. Aquele bicho deve estar por lá agora. Nem o resto da família foi atrás dele. – suspirou pensando nos seus dois amantes perdidos. – Por que essas coisas acontecem comigo?

As duas ficaram em silêncio, pensando na falta que sentiam e nas lembranças que possuíam.