A Cidade do Sol

Liberdade (?)


Já tudo escuro, Amaldiçoado resolveu sair da caverna. Numa crise existencial, convenceu-se de que precisava morrer para que o mundo voltasse ao normal.

Subiu numa árvore, a mais alta que reconheceu, e enquanto escalava, sussurrava às formigas suas últimas palavras.

Desculpem-me por ter vivido. Desculpem-me, mesmo. Antes não parei com isso pois não saía do porão, e meu pai era vivo. Mas agora... não tenho mais restrições.

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“Liberdade, liberdade!” repetia a voz da escuridão. “Liberdade para fazer o que quiser, isso é tudo o que o homem precisa!”

Amaldiçoado estava determinado. Iria fazer aquilo. Sabia que iria. Tinha covardia o suficiente para isso. Olhou da altura o chão, e percebeu as criaturas vivendo... E percebeu também que sua coragem escorria dos seus olhos como lágrimas.

— Maldito... – agarrou seu rosto, com desprezo e raiva. – Maldito. Maldito! Maldito! MALDITO! MALDITO! INÚTIL! MORRA! MORRA LOGO! – imitou a voz da cidade de Belarus. A voz dos adultos. A voz das crianças. A voz de todo o povo. E apertou seu rosto, arranhando a si mesmo, e suas lágrimas se misturaram com o sangue.

Gritou como uma besta selvagem, e se jogou.