Paizão Adolescente

Passando no Teste... A recompensa de Mike


— Saiam todos! Parem de mexer nos meus pertences! Cuidado!

Ouvia os gritos de Jack por toda a mansão. Preferi ficar aqui, perto da piscina, aguardando todos saírem para poder ficar sozinho com meu amigo. Fiquei pensando nas possibilidades que poderiam acontecer quando ele me ver. Queria que a Desirée estivesse comigo, mas ela se foi junto com a multidão.

Respirei fundo e fui até o salão principal. Lá estava ele com os olhos de fogo, prontos para me fuzilarem. A diretora também estava com ele.

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— Muito bonito, senhor Mark. Olha o que fez com a sua casa. Querido, estou indo embora também.

— Pode ir, meu amor. Mark e eu vamos ter uma conversa muito séria sobre "como não se meter na privacidade alheia".

Fiquei preparado pelo berro que daria comigo. Chris saiu e Jack fechou a porta.

— É agora que você me explica por que um sujeito que vive de favor na minha casa tem essa liberdade de destruí-la — ele olhou pra mim extremamente sério.

— Eu posso explicar. Tudo isso foi para me aproximar da minha família...

— Conseguiu?

— Não... — ele me deu um tapa seco no rosto. Doeu muito, mas eu merecia.

— Isso foi por você ter destruído a minha casa.

— Desculpa eu... — levei outro.

— Isto foi por não ter conseguido se reconciliar com Anne, por isso essa destruição na minha casa foi em vão.

— Satisfeito?

— Não — ele me deu outro tapa. — Só fiquei com vontade.

— Agora chega. Já está doendo.

— É... acho que foi demais — e mais uma. Saí de perto dele ou minha cara ficaria inchada como que tivesse sido picada por abelhas.

Jack me deu a árdua e merecida tarefa de limpar toda aquela sujeira sozinho. Tive que obedecer, pois morava de favor e traí a sua confiança.

No dia seguinte, resolvi não ir à escola, pois a audiência de divórcio seria na tarde desta terça-feira. Eu estava tão nervoso que jamais prestaria atenção na aula. Jack é meu único amigo, por isso fui pedir mais desculpas pelo que fiz na noite passada.

— Ainda está chateado pelo que fiz ontem?

— Sim. Um cara que mora de favor na casa do amigo se sente na liberdade de fazer uma festa sem consultá-lo. Se fossem seus filhos, estaria feliz? Acorda, rapaz! Não tem mais dezessete anos. Não sabe nem se esse feitiço vai durar pra sempre.

— Tem razão em tudo — sentei à mesa. — Sou uma droga de pessoa. Nem pra amigo estou servindo. Mas estou desesperado. Tenta me entender.

— Só por isso e pelo encontro com a Chris ter dado certo, eu não te odeio. Hoje será a audiência perante a Juíza Ross. Melhor se animar até lá.

— O que quer que eu faça?

— Peça um conselho à sua mãe.

Acatei o conselho e fui visitá-la mais uma vez. Ela estava pintando um quadro, cantarolando... parecia feliz. Senti inveja.

— O que trás até a mim, pequeno Mark?

— Quero lhe pedir um conselho. Como mãe... quer dizer, como se fosse a minha mãe.

— Claro. O que quer?

— Se a senhora tivesse feito algo que magoasse a sua família e se arrependeu, estaria disposta a tudo para recuperá-la?

Ela veio até mim, me beijou no rosto e me segurou nas duas mãos. Olhou nos meus olhos.

— Claro que sim, querido.

Por um momento pensei que ela havia descoberto o meu disfarce. Lisa Torrance ficou me dando uma aula de moral familiar. Passei quase uma hora conversando com mamãe sem dar pistas de que eu era o Mike.

— Muito obrigado pelos conselhos, senhora.

— Se quiser mais, é só me procurar. Oh, tenho hora marcada com as minhas amigas. Pode fechar o estúdio pra mim?

Ela deu total confiança para mim. Aproveitei e fui ver o que ela havia desenhado naquele quadro. Para a minha surpresa a minha foto de adolescente estava desenhada e, na legenda, "Mike com 17 anos". Ela sabia o tempo todo. Essa é minha mãe.

...

Voei para a casa do Jack quando Anne me disse que a audiência havia sido adiantada para o turno da manhã. Fiquei com o coração na mão. A minha sorte é que Jack estava em casa.

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— Falou com a sua mãe?

— Falei. A Anne ligou. A audiência está marcada para às 10 horas.

— Quê?

— Preciso sair logo para o fórum. Pode me dar carona?

— Claro.

— Jack... Vai de cueca?

— Ai meu Deus...

Entramos na ferrari dele e fomos para o tribunal. Faltavam poucos minutos, talvez uns vinte. Se eu me atrasasse, seria como se eu desistisse do processo. Poderia perder até a guarda dos meus filhos.

— Não tem como ir rápido?

— Meu querido, Los Angeles não é um vilarejo. O fórum fica a quilômetros da minha casa. Sai da frente!

Por mais que Jack tentasse ir mais rápido, o trânsito estava pesado. Ele teve uma ideia de ir pela contramão... quase infartei quando ele fez isso.

— Quer reconquistar tua família? Então vamos fazer de tudo para isso.

Chegamos ao fórum bem em cima da hora. Subimos as escadarias e entramos. Perguntei sobre a audiência e fui para o recinto. Ouvi a juíza dar um veredicto, mas nós conseguimos entrar naquele ambiente.

— Esperem um momento! — gritou Jack. — Isso não pode estar acontecendo.

Anne se virou pra mim e ficou estranhando a nossa presença.

— Mark? Jack? Cadê o Mike?

— Ele não pode vir. Está ocupado numa viagem em Papua Nova-Guiné ou em Minnesota... Enfim, estou aqui pois sou seu advogado pessoal.

— Não é não! Juíza Ross, ele é o amigo do meu marido. Está inventando tudo isso.

— Não estou, Vossa Majestade — eu quase morro de vergonha. — Aqui está o meu certificado de diploma de direito. Aqui... tá um pouco borrado, porque estava no meu bolso, não porque é uma xerox.

A juíza analisou o papel e disse:

— Vou fingir acreditar que é um advogado. O que faria nesse caso?

— Vossa Elegância, este tribunal tem que ser fechado! Está acontecendo uma verdadeira barbaridade ao separar uma...

— Botem esses dois pra fora do recinto.

— Esperem... Anne, eu tenho um bilhete do Mike. Ele me deu — falei pegando um papel no meu bolso.

— Deixa ele. Quero ouvir.

Estava tão nervoso que tremia ao abrir o papel. Olhei bem fundo para o papel e comecei a dizer.

— Anne, meu amor, sei que pareci um covarde fugindo das minhas responsabilidades como pai e marido, mas na época pensei em que tudo isso era necessário. Eu estava completamente enganado. Tentei ser o melhor empresário em detrimento à minha família.

"Sei que dilapidei nossa relação, mas pode acreditar no meu arrependimento? Quando me dei conta estava parecido com o meu pai. Justo aquele homem em que eu não queria ser igual e que lutei no passado. Se arrependimento matasse... Mas ainda te amo, e não quero desistir de você. A mulher que eu conheci ainda no colegial."

"Lembro de um dia você estar sentada na arquibancada do ginásio de basquete e que estava chateada por ter perdido um concerto do Guns N'Roses e ficou xingando até os seus pais. Estava com uma camiseta preta da banda e uma presilha na cabeça. Foi naquele dia em que te convidei para sairmos ao cinema e vimos o Exterminador do Futuro 2. Você nem havia assistido e chorou muito quando o Schwarzenegger morreu no final... Foi aí que nos beijamos pela primeira vez."

"Posso ter errado, mas eu mudei muito... muito mesmo. Só queria uma chance para provar o meu melhor. Vai ficar na sua mão a decisão. Eu te amo e amo os nossos filhos. Com amor, seu Mike".

Fiquei chorando muito ao ler aquilo. Coloquei o papel dobrado ao lado da cadeira em que ela sentou. Parecia abalada do mesmo jeito. Parti sem olhar pra trás.

— Deu tempo de escrever tudo aquilo?

— Jack, eu não escrevi nada. Aquele papel era apenas uma folha em branco.

— Uau.

Minha vida já não fazia mais sentido. Certeza absoluta que o divórcio sairá e a lição que aprendi terá sido em vão.

À noite, fiquei jogando basquete na quadra da mansão. Jack ficou vendo meu sofrimento, mas não conseguiu me convencer. Desisti de vez da minha família e agarrei a chance de viver outra vez... 17 outra vez. Isso parece até roteiro de filme, mas é vida real.

E foi isso que aconteceu. Passaram-se alguns dias e o jogo da escola Saint Marko contra uma campeã municipal acontecerá. Será o jogo do ano para a escola e até alguns olheiros da universidade estavam me bajulando. Fiquei um pouco no vestiário até tomar coragem e ir à quadra. Todos torciam por mim e pelo time. Observei Jack com a diretora, Desirée beijando o Paul (what?) e Anne com Jessica. Junior ganhou a titularidade e veio até a mim, agradecer pela força com Maggie.

— O senhor está bem?

— Estou, mas não me chame de senhor no meio de muita gente.

— Tudo bem.

— Filho, vamos arrebentar.

O treinador chamou o time para uma conversa. Estratégia vai estratégia vem, fomos para o meio da quadra. Começou a partida.

Tudo parecia ao nosso favor, estávamos vencendo de 37 a 30; no entanto o colégio Evans se deu bem e passou da Saint Marko. Tentamos de tudo até chegar nos últimos minutos. Olhei para Anne, que ficou olhando para mim com a cara estranha.

— Vamos lá, Mark!

O treinador disse e eu acatei. Fiz uma cesta de três pontos. A multidão foi à loucura. Olhei para a Ann, fiz um gesto como se arrancasse meu coração e desse a ela, um beijo e um gesto como se fizesse uma cesta. Na mesma hora ela saiu desconcertada. Jessica até tentou ir junto, mas ela pediu que ficasse e foi para o corredor. O barulho da multidão, os gritos do técnico, as lembranças de quando eu era adolescente, tudo caiu sobre a minha cabeça. Olhei para a Desirée e ela sussurrou algo que ouvi:

— Vá atrás dela. Passou no teste.

Larguei a bola, dando para o Junior. Fui atrás da minha esposa, do amorda minha vida. Corri com tudo, mas não vi ninguém. Pensei que havia perdido ela... Meu corpo começou a mudar, minha aparência jovial sumiu dando lugar ao homem maduro de 42 anos.

— Então era você o tempo todo.

Virei-me e a vi sair de algum quartinho de limpeza. Caminhei vagarosamente até ela.

— Isso mesmo. Era eu.

— Tem alguma explicação racional para isso?

— Não. Nem eu mesmo acreditaria se fosse com outra pessoa. Tudo começou quando uma bruxa benfeitora surgiu na minha vida e decidiu que eu deveria mudar. Mudar para melhor. Passei perrengue, passei sufoco, voltei a ser adolescente, com o pseudônimo Mark Winscott, e tudo isso para tentar passar no teste. Agora estou aqui, coroa, com uniforme escolar bem na sua frente.

— Por que não me disse isso logo? Sabe, parece que tinha uma parte de mim que sempre soube que era você o tempo todo.

— E o que você queria que eu dissesse? "Oi, sou o Mike e estou assim porque uma bruxa resolveu me enfeitiçar e me transformar em adolescente"? Anne, você estava disposta a se divorciar de mim, eu vi que a sua advogada estava bem disposta a anular o nosso casamento. Depois que te vi naquele tribunal, perdi completamente as esperanças e resolvi desistir de tudo.

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Anne se aproximou de mim e me deu um beijo na boca. Eu fiquei sem entender, mas cedi.

— Seu bobo, eu adiei o divórcio pois queria ter realmente a certeza. Agora tenho a convicção de que não vivo sem você.

— Anne!

Beijei-a com gosto e a levantei pela cintura. Ela sorriu com alegria e me puxou para fora daquele corredor. Aquela tarde era só alegria.

— Quero esse tanquinho bem definido, hein? Como se fosse adolescente.

— Pode deixar. Vou malhar todos os dias.

Fomos para o vestiário e ali demos uns amassos maneiros, mas resolvemos mesmo ir para a casa do Jack fazer mais coisas.

...

E as coisas para mim terminaram muito bem. Jessica namora um cara de responsabilidade e que é o melhor genro do mundo; Junior namora a Maggie e está mais feliz do que nunca; Jack e Chris viajaram para o Japão e fizeram cosplay de personagens do Guerra nas Estrelas; Paul se deu mal, pois Desirée o filmou de lingerie e postou no Facebook. Agora é vaiado pelos seus amigos e resolveu se mudar pra bem longe; Anne e eu nos reconciliamos e nosso casamento está muito melhor do que antes.

Desirée apareceu quando eu estava praticando caminhada no parque.

— Desirée?

— Só vim mesmo pra te desejar boa sorte, garotão.

— Muito obrigado. Se não fosse por você, estaria na sarjeta agora.

— Não me agradeça. Foi a sua força de vontade que te ajudou. É igual um viciado. Apenas mostramos o caminho, mas a pessoa viciada é quem muda.

— Vai ficar?

— Mike, nós nunca mais vamos nos ver — fiquei realmente triste. — Sinto muito. Mas eu viverei aqui, no seu coração. Adeus, meu amigo Mike.

— Desirée...

Uma pessoa me chamou, era Anne. Quando olhei de volta, Desirée já não estava mais lá.

Nova Iorque - em terceira pessoa

Desirée ficou olhando uma pessoa de longe numa balada. Era o filho de um empresário. O cara era arrogante até a alma, tratava as garotas como lixo e se sentia o maioral. A bruxa olhou pra ele e disse:

— Acho que isso vai dar uma outra história.

Fim

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.