All Of The Stars

Faxina da madrugada


Os dias passaram como um piscar de olhos para os dois professores que tanto haviam se evitado no decorrer da semana. Até mesmo Jason havia se perguntado o que havia acontecido entre os dois, já que as provocações haviam cessado, as visitas do Di Ângelo não ocorriam mais, as maratonas de desenho foram esquecidas e ele apenas ignorava as ligações.

Thalia, por sua vez, limitava-se a ir trabalhar e voltar para seu quarto. Vezes ou outras descendo para comer alguma coisa no meio da madrugada, sabendo que estariam todos em suas camas e não precisaria dar explicações do porquê estar evitando conversar.

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— Te peguei mocinha!

Aquela simples frase fez a morena se abaixar atrás do balcão e sair engatinhando para o lado contrário da voz, torcendo para que Jason deixasse ela passar pela porta discretamente, fingindo não a ver.

— Está dando uma de Amélia, agora? – Questionou o irmão, se debruçando em cima do balcão e vendo-a olhar para cima e rolar os olhos logo em seguida.

— Jason! O que faz acordado as duas da manhã? – A Grace indagou, se levantando e limpando as mãos na calça.

— Eu que te pergunto, Thalia! – Retrucou, cruzando os braços sob o peitoral.

— Eu não consegui dormir e vim atrás de um copo de leite quente, tem algum problema? – Rebateu, pensando rapidamente em uma mentira concreta, mesmo que odiasse mentir para seu irmão.

— Tem sim, venha comigo. – Ele agarrou a mão dela, sem dar explicações e começou a puxar para trás da casa, fazendo-a resmungar palavrões baixinho enquanto era arrastada.

O loiro parou em frente o lugar onde eles guardavam os instrumentos de limpeza, pegando uma vassoura e se virando para a menina, que, por um momento, temeu que fosse ficar com um galo na cabeça, mas ele apenas esticou para que ela pegasse.

— O que você quer que eu faça com uma vassoura a essa hora da madrugada de um sábado? – Thalia resmungou com uma careta.

— Não é óbvio? Você vai aproveitar que está trocando o dia pela noite e vai limpar a casa! – Exclamou com um sorriso radiante.

— Eu não estou trocando o dia pela noite. De onde você tirou essa ideia maluca, Jason? O que você anda comendo, hum? — A Grace recuou um passo, não gostando de onde aquela conversa estranha estava indo parar.

— Você pensa que eu não notei suas vindas de madrugada aqui? Seu sono continuo de manhã quando vai trabalhar? Seu cansaço em dobro quando chega da faculdade e quase cai dentro da piscina quando vai atravessar as pedras? – Ele começou a acusa-la, cerrando os punhos. – Você pensa que eu não vi o dia que se sentou na escada do lado de fora e ficou na chuva por um bom tempo? Eu nem vou dizer que achei que havia desmaiado, pois se isso for realidade, as coisas vão ficar sérias aqui.

— Me poupe, Jason! Eu não estou fazendo nada disso, continuo com minha rotina normal, só tem algumas coisas que estão me incomodando mais do que outras, e o instituto passou algumas coisas a mais para nós, pois vai ter uma amostra e os professores tem que cuidar de tudo. Apenas isso. – Ela retorquiu a altura, encarando os olhos azuis-céu dele, tão diferentes do seu tom que até chegava a invejar.

Jason respirou fundo e deu um passo em direção a ela, tomando seu rosto em uma das mãos e acariciando sua bochecha com calma, notando a ardência da pele da garota.

— Você sabe que eu me preocupo com você, Thalia! E se isso tem a ver com a distância do Nico daqui, eu quero saber o que houve.

A morena deu uma risada sarcástica, colocando sua mão contra a dele em seu rosto e tirando-a dali cautelosamente.

— Jay, isso não tem nada a ver com ele!

— Não mesmo? – Ele questionou, olhando por cima do ombro dela.

Não era preciso olhar para adivinhar que Nico estava ali. Seus sentidos diziam isso e ela teve que se controlar para continuar inexpressiva ao se virar para encara-lo.

— Tudo bom? – Thalia questionou com ironia, vendo Piper sorrir de canto ao lado do Di Ângelo.

— Piper, porque diabos você invadiu minha casa as duas da manhã? – Ele ignorou a morena, se virando para a amiga, que deu de ombros.

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— Não está na cara? – Retrucou, pegando um balde de limpeza e jogando contra o peitoral dele, que fora obrigado a segurar. Ás vezes Piper era bem forte.

— Vocês vão limpar a casa e me chamaram para observar? – Tentou, comprimindo os lábios e semicerrando os olhos.

— Claro que não! – A McLean sorriu com desdém, arrancando um suspiro baixo do italiano. – Você e Thalia vão limpar essa casa! Quero ver tudo brilhando.

— Vocês só podem estar brincando! – A professora protestou. – Piper, Jason, vão dormir e não me incomodem mais.

Dito isso, ela se virou para sair dali, mas o irmão foi mais rápido e se colocou em seu caminho, usando a vassoura para derrubar a garota no chão, que soltou um grito fino e assustado, não esperando essa reação.

— Você vai limpar a casa, maninha. – Jason bateu com a língua contra os dentes, abrindo um sorriso divertido. – E vai ser por bem, ou por mal.

— Tá, eu limpo! – Deu-se por vencida, levantando as mãos em sinal de rendição. - Mas para de apontar essa vassoura para mim!

O loiro esticou a mão e ajudou ela a levantar, entregando-lhe a vassoura.

— Eu admiro sua maturidade. – Murmurou a morena, alternando o olhar entre Piper e Jason, tentando ignorar a presença do Di Ângelo ali.

— Eu sei. – Retrucou, começando a empurra-la para dentro de casa. – Vocês vão começar pela sala, ok? Tomem cuidado para não molhar os aparelhos!

Minutos depois, Thalia varria em silêncio e em estado constante de tédio, enquanto Nico tirava o pó de cima da mesinha de centro também estando em silêncio, preferindo estar em sua cama encarando o teto.

— O que vocês estão fazendo? – Uma voz feminina soou do alto da escada, chamando atenção dos dois adultos ali.

— Amélia! O que está fazendo acordada agora gatinha? – A tia se preocupou ao ver a pequenina coçar os olhos e começar a descer lentamente.

— Eu vi o papai levantando e vim atrás, mas quando eles voltaram eu já estava acordada porque peguei o celular para brincar, e isso me tira o sono. – Contou, chegando ao último degrau. – Então eu vim ajudar vocês a brincar.

— Sua mãe deixou você vir para a sala a essa hora? Algo me diz que o mundo está perto de acabar. – Nico murmurou baixinho, se virando para a garota e jogando o pano em seu ombro.

— Não importa! – Amélia saltou alegre, indo até sua tia e arrancando a vassoura de sua mão. – Eu fico com isso.

Thalia arregalou os olhos e recuou a tempo de evitar que levasse um cabo no meio da cara, já que a pequena não tinha controle do objeto por ser pequena demais.

— Ah, gatinha, eu acho melhor você ficar com ele. – Ela sugeriu, vendo a tentativa falha da garotinha de varrer o chão, varrendo seus próprios pés e soltando um muxoxo.

— Mas eu quero te ajudar, tia Thalia! – Choramingou, se virando de supetão e acertando um quadro na parede com o cabo, fazendo a morena arregalar os olhos e segurar a respiração enquanto a moldura deslizava de um lado para o outro.

— Vem me ajudar, Amélia. – Nico pediu, segurando a vassoura com calma e tirando das mãos da garota, entregando para a professora sem olha-la.

A pequena McLean rolou os olhos, mas pegou um dos panos e começou a limpar a base da televisão. Mas soltou uma gargalhada alta ao ser jogada para cima.

— O que acha de limpar o lustre? – O italiano questionou rindo, virando o corpo dela para si.

Amélia não respondeu, apenas continuou a rir ao ser jogada de novo para cima.

— Você vai machucar ela assim! Ou vai acordar os vizinhos! – Thalia alertou, passando ao lado do garoto com a vassoura e esbarrando de propósito em seus pés.

— Não enche, Grace. – Retorquiu, colocando a pequenina no chão e indo atrás de um rodo. – Venha, Mel. Vamos passar um pano nesse chão!

A morena deu um pequeno sorriso do jeito que ele falou. Porém se lembrou da situação que ambos se encontravam e desfez na mesma hora, voltando a carranca irritada que havia mantido.

Assim que ela amontoou o montinho de poeira no canto da sala, se virou e suspirou ao ver duas pessoas correndo pelos corredores com um rodo na mão, imitando um carro de fórmula 1.

— Tio Nico, você é o melhor! – Amélia gargalhou ao ser virada bruscamente, já que comandava o rodo junto de Nico, estando em sua frente e segurando a parte debaixo do cabo, enquanto ele estava com a parte de cima.

Thalia rolou os olhos, caminhando até a parte de trás da casa e colocando a sacola com a sujeira no lixo, guardando a vassoura e voltando para dentro de casa. Porém, não fazia parte dos seus planos ela acabar sentada no chão molhado da cozinha.

— Di Ângelo! – Proferiu em um tom elevado, se apoiando no balcão para se levantar, mas não obteve sucesso, já que escorregou novamente e voltou para o chão.

— Parece que alguém esqueceu que eu estava lavando a cozinha. – Nico proferiu, se debruçando em cima do balcão e observando-a no chão.

Agora ela tinha seu short cinza de moletom molhado, mas sua regata preta havia se livrado por enquanto da água.

— Você não estava! – Retrucou irritada, olhando em volta e notando que havia muito sabão e muita água. Aquilo provavelmente demoraria séculos para secar.

O moreno rolou os olhos, contornando o móvel e esticando a mão para ela, com intenção de ajuda-la.

Thalia segurou a mão dele, porém assim que foi levantar, pegou um punhado de sabão com sua mão livre e esfregou na cara dele quando perto o suficiente, já que ele a puxou para si.

— Você não fez isso! – Murmurou com os olhos fechados, largando a mão dela e a segurando pela cintura, o que a fez ficar tensa, porém se esforçou para não demonstrar.

— Ah eu fiz! – Ela sorriu vitoriosa quando ele abriu os olhos negros e a encarou.

Ele levou a cabeça até o pescoço da garota, deixando um beijo leve no local após esfregar todo o sabão ali, sentindo-a se arrepiar e seu corpo se tornar rígido.

— Nico! – Repreendeu, vendo-o rir.

O italiano a soltou e se abaixou, pegando outro punhado de sabão e assistiu ela arregalar os olhos e sair dali escorregando.

— Você não vai fugir! – Ele segurou o braço dela antes que pudesse sair do recinto, puxando-a para trás, causando a queda dos dois.

— Obrigada por me molhar seu cretino! – Thalia xingou, batendo no braço do moreno com força, já que estava embaixo dele.

— Pelo menos eu sai na vantagem, você se tornou um bote. – Ele sorriu, visto que estava apoiado apenas com as mãos no chão, tendo uma de cada lado do corpo dela.

— Eu te odeio. – A Grace mostrou a língua, empurrando-o para o lado.

— É, eu sei. – Ele retrucou com um sorriso de canto, tendo as costas no sabão. – Eu também te odeio.