Damn Cupid

A Master Play... Or Almost That.


Chapter XII - Uma jogada de mestre… Ou quase isso.

POV Marlene McKinnon

Foram raras as vezes que me arrependi de tomar um porre. Para falar a verdade, até agora, só me arrependi de ter bebido demais há um ano quando estava em uma festa, mais especificamente, na festa de Austin McLaggen em sua casa onde, no meio daquela gente toda, eu simplesmente subi na mesa de jantar e comecei a dançar em um ritmo nada sincronizado para logo depois bater com a cabeça no gigantesco lustre da casa e ser tirada as pressas por Lily e Dorcas do local. Fiquei com uma dor de cabeça infernal por uma semana.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Em todo caso, agora (por coincidência ou não em outra festa) eu tinha me arrependido novamente. O fato de encontrar meu namorado quase transando com uma garota que eu considero a escória da humanidade não era nem de longe um motivo para eu enfiar bebidas alcoólicas goela abaixo. Eu já fui melhor que isso. Todavia, por algum motivo, aquela cena me desconcertou por completo.

Quero dizer, como você se sentiria se estivesse na minha situação? Eu realmente gostaria de saber sua resposta. Talvez servisse como uma luz no fim do mundo para mim. O fato, no entanto, era que eu perdi meu autocontrole e só não paguei mais vexame ainda porque era bem provável que todos naquela festa estivessem tão bêbados quanto eu.

É bom beber. O ruim mesmo é ficar de ressaca. Meu sonho de princesa? Tomar goles e goles de álcool e no outro dia acordar com um bem estar milagroso. Além da dor e da sensação de destruição vem a terrível amnésia. Eu simplesmente não conseguia me lembrar de nada depois que acabei com a minha primeira garrafa de vodka e, para ser bem sincera, gostaria que continuasse desse jeito. Ao menos eu não teria sabido (pela boca das minhas próprias amigas que permitiram que isso acontecesse) que afinal Sirius Black havia me visto naquele estado humilhante e vulnerável e ainda por cima tinha me carregado nos braços até o carro de Lily.

Faço outra pergunta para vocês: o que fariam se descobrissem que o cara mais insensível do planeta e também aquele com quem você implica desde o berçário tivesse te carregado nos braços? Colocado a mão nas suas coxas e sua cabeça no peito dele? Porque, pelo o que Lily e Dorcas haviam me dito, foi assim que Black me sustentou.

Eu tive todos os tipos de reações que você pode imaginar assim que descobri isso. Senti raiva, vergonha, constrangimento e confusão. Sem falar em outras coisas que me recuso a mencionar, como por exemplo, certo júbilo. Porém um fato ainda me incomodava: ter de aturar Sirius Black rindo da minha cara e situação. Isso era demais para mim.

Outra coisa que seria demais para mim? Aturar Stefan Traíra O’Brien nas próximas aulas. Para ser sincera eu não havia pensando no que fazer com ele, pois não há na realidade o que possa ser feito. Quero dizer, eu podia simplesmente tirar satisfações com ele, ou com a Heather, fazer um escândalo, jurar vingança e tudo o mais, contudo eu prefiro acreditar que nenhum deles merece minha atenção tampouco o meu tempo.

Aliás, eu estava disposta a passar o dia assim: relaxando. Depois daquela manhã maravilhosa de surf, pretendia também colocar minhas séries da Netflix em dia e eu teria feito isso se minhas amigas não tivessem me lembrado da fatídica noite e porventura que eu deixara o meu Audi A3 na casa de James Potter. E era isso que estava me preocupando naquele momento.

Depois de descrever ao motorista o meu destino eu estava rezando para que James estivesse em casa e que o meu carro não contivesse nenhum tipo de arranhão. Só Deus sabe o que aconteceu naquela festa depois de eu ter ido embora.

O táxi me deixa em frente ao portão da casa e eu agradeço pagando a corrida. Ao fitar o interior da casa me surpreendo: nem parece que metade de Stewart estava aqui ontem. O gramado não apresenta nenhuma sujeira tampouco algum indício de que sequer ouve uma “confraternização”.

O pessoal daqui sabe mesmo o significado da palavra ‘limpeza’.

Me aproximo do local e dessa vez não tem nenhum segurança na porta de entrada, do contrário, apenas um discreto interfone. Procuro com os olhos meu Audi A3 e para minha frustração ele não se encontra a vista. Prefiro acreditar que o deixaram em um lugar mais seguro do que no meio do pátio e não a hipótese de que talvez o tenham roubado. Sinto meu sangue gelar ao pensar nisso.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Tudo bem, Marlene, acaba logo com isso.

Aperto o pequeno botão transparente e não espero nem dois minutos quando alguém abre a porta da frente da casa. Aperto os olhos para enxergar melhor, pois de longe não parecia ser o James.

E de fato não era.

Ao longe a figura despreocupada de Sirius Black surge. O que ele está fazendo aqui? Não é possível que eu tenha que encontrá-lo em todo o lugar que eu vá. Ele coloca a mão na altura das sobrancelhas para identificar quem estava no portão e parece me reconhecer. Em seguida ele adentra a casa novamente e fecha a porta.

Eu não acredito que esse ser vai simplesmente me ignorar desse jeito. Já estava me preparando para jorrar aos quatro ventos um monte de impropérios a seu respeito quando ouço um estalar nas grades de ferro e o portão se abre me dando passagem logo em seguida.

Atravesso os jardins com o cenho enrugado e os lábios crispados. Era isso? Me deixariam entrar sem nenhuma pergunta ou ‘recepção’? Certamente que não, pois depois de liberar a minha passagem, Black ressurge na minha frente, mas para a minha surpresa ele não está com um semblante de deboche ou coisa parecida como eu bem pensei que estivesse.

Ficamos um de frente para o outro.

— O que você tá fazendo aqui? – disparo cruzando os braços me equipando para qualquer motejo que ele me diga a respeito do meu estado entorpecente de ontem.

Ele encara o chão e em seguida me fita fechando um dos olhos por conta do sol que refletia em seu rosto.

— É impressionante como delicadeza não é seu forte, sabia?

— Foi uma pergunta simples, Black, não tenho culpa se você está sensível essa manhã. – levanto uma sobrancelha em descaso.

Ele ri pelo nariz e desvia seu olhar do meu.

— Eu moro aqui caso tenha esquecido. – ele responde normalmente e eu sinto vontade de bater na minha testa.

Acho que Lily comentou comigo no início do verão que Black passou a morar com o Potter depois de ter se desentendido com a família, algo que sempre atiçou a minha curiosidade, mas que eu nunca me dispus a perguntar. Não é como se a vida pessoal dele me interessasse, sabe? E só uma questão de ‘por que um adolescente de 16 anos (agora 17) deixaria a casa dos pais para ir morar com o amigo’?

Ficamos um tempinho em silêncio, absortos em nossos próprios pensamentos. A imagem de Sirius me carregando invade minha mente no minuto seguinte bem como a sua suposta reação a me ver naquele estado. Eu não estava nenhum pouco a fim de mais um babaca para pensar coisas maldosas a meu respeito então por isso eu despejo:

— Olha, eu sei o que você deve estar pensando e quer saber? Eu não preciso de mais alguém para me julgar – digo passando as mãos pelo meu rosto na tentativa de disfarçar minha vergonha. – Se não se importa eu só vim aqui pegar meu carro.

— Você acha que eu to pensando que você é uma otária? Está certa então – assim que ouço suas palavras eu o encaro, boquiaberta. A falta de tato de Black era tudo de que eu menos carecia naquele momento.

— Como é q-

— Você foi uma otária em agir daquele jeito por causa do O’Brien. – Sirius me interrompe e eu acho que não consigo ficar mais surpresa do que já estava.

— Você não conhece meus motivos. Não sabe que ele-

— Eu sei que ele te traiu com a Johnson. – era incrível como Black conseguia jogar os fatos na cara das pessoas sem um pingo de sensibilidade.

— Ah, agora eu entendi tudo, não é Black? Você acha que sou uma otária por me embebedar depois de descobrir que fui traída, afinal traição é uma palavra comum e absolutamente aceitável para você! Esqueci com quem estou falando – digo sentindo meu sangue esquentar e viro as costas para ele caminhando em direção a saída. Não aguentaria mais olhar para sua cara.

— Não, você não me entendeu. – sinto sua mão fechar sobre meu pulso e ele me vira para si. – Você agiu como uma otária quando ficou mal por um cara que não merece a sua atenção nem uma lágrima sua.

Penso não ouvir direito. Ele por um acaso estava querendo brincar comigo?

— Ah, me poupe Black. Você nunca namorou – respondo bufando e desviando meu olhar do seu.

— Exato. Nunca namorei porque prefiro ficar com mulheres sem compromisso e sem cobranças, mas é óbvio que se eu namorasse alguém daria atenção só para ela. Por isso, ao contrário do que você deduz, eu repudio o que o O’Brien fez. Ele desonrou as bolas quando traiu você.

Eu pisco meus olhos três vezes enquanto encaro seus orbes tempestuosos e de cor cinza.

— Está me dizendo que a sua política é “transe com quem quiser desde que não namore, do contrário, fidelidade acima de tesão”? – indago não sabendo se começo a gargalhar descaradamente ao ouvir isso de Sirius Black ou se bato palmas para ele.

— Agora estamos começando a nos entender. – solta meu pulso e coloca as mãos no bolso de sua bermuda jeans.

E isso, meus amigos, é algo que eu realmente nunca esperava ouvir na minha vida. Cristo eu vivi para ouvir essas palavras saírem da boca de um cara como Black. Fico na dúvida se devo acreditar nisso.

— Isso foi... Surpreendente – arqueio as sobrancelhas ao expressar em palavras o que eu pensava naquele momento.

— Costumo mesmo surpreender as mulheres.

— De fato você é imprevisível.

— Tem muita coisa que não sabe sobre mim.

Eu fico sem reação e nos minutos seguintes nos encaramos como se quiséssemos desvendar cada segredo um do outro e uma vontade arrebatadora me atinge que faz com que eu queira estudar cada gesto e pensamento instigante que ele possa vir a ter.

Não é surpresa para ninguém que Sirius nunca namorou alguém, mas eu jamais imaginaria que ele fosse totalmente contra a infidelidade. Quero dizer, isso não parece ser algo do feitio dele então, eu admito, me surpreendi. Deixo escapar um singelo sorriso de canto que ele retribui, mas por breves segundos, pois logo desvia seu olhar do meu e encara alguém às minhas costas.

— Precisa de ajuda aí, Prongs? – diz me contornando e indo até a figura de James que estava um pouco mais adiante segurando uma mangueira que jorrava água em abundância no extenso jardim.

— Relaxa já to terminando. – responde e Sirius dá de ombros indo em direção à piscina, porém não antes de trocar um olhar comigo. - E aí, Marlene? – cumprimenta James chamando minha atenção. Ele me lança uma piscadela e ameaça jogar um pouco de água em mim. Por reflexo eu desvio de um jato de água inexistente e estico os braços.

— Oi James e nem vem! – me afasto consideráveis passos tentando impedir ser atingida pela aquela água que eu julgo estar quente. – Os irrigadores não dão um jeito nisso?

— Dão, mas só lá atrás. Essa parte da frente tá mais encardida – diz voltando os jatos d’água para as consideráveis sujeiras presentes no gramado. As festas que ele proporciona com certeza eram as melhores, mas havia um preço a pagar. Toda a limpeza do dia seguinte... E algo me diz que as empregadas de James estavam de folga. – Veio buscar seu carro?

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Vim. Lily me disse que ficou aqui.

— Ah, ela falou de mim é? – perguntou com um sorriso estonteante e eu não pude deixar de revirar os olhos.

— Não, James. Ela disse que o meu carro estava na sua casa. Acho que agora ela só vai falar de você se for pra tripudiar depois daquela aposta que vocês...

— Viu? Ela falou de mim. Vocês mulheres sempre acabam se entregando – ele conclui com um quê satisfatório e desliga a mangueira caminhando em direção aos fundos fazendo sinal para que eu o seguisse.

Rapidamente sinto uma vontade de bater em minha testa. Lily não iria gostar nada de saber que eu falei para James que sabia sobre a aposta a qual ela havia comentado comigo. Adentro a mais a casa com ele e pequenos nuances da noite passada perpassam minha mente. Balanço a cabeça na tentativa de esquecer qualquer lembrança que me remetesse ao momento em que flagrei aquele canalha com a Johnson.

Ao chegarmos aos fundos da casa, me deparo com três garagens extensas com suas respectivas portas abertas revelando quatro carros. Provavelmente um para casa membro da família Potter e o meu ali de intruso. Para meu extremo alívio o Audi A3 encontrava-se intacto e sem nenhum arranhão.

— Vou pegar a chave lá dentro – ele avisa antes de correr para dentro da casa sem me dar a chance de respondê-lo.

— Okay – respondo mesmo que James já não estivesse mais na minha frente. Em seguida o vento sopra contra mim trazendo minhas madeixas louras para o meu rosto atrapalhando minha visão. Viro-me a favor da brisa para poder prender meus cabelos e então me deparo com Black lá na frente.

Ele recolhe alguns copos de bebidas que se encontravam nos cantos das paredes, mas para seus movimentos para tirar sua camisa devido ao calor do dia. Rapidamente prendo minha atenção só naquilo ao observar suas ações ao esticar os braços e retirar o tecido da roupa por cima do pescoço deixando a minha plena visão suas costas musculosas.

Senhor, como ele é gostoso.

E eu odeio ter que admitir isso.

— Tente ser mais discreta, McKinnon – a voz de James se sobressai e eu quase dou um pulo de susto.

— Vai a merda – disparo sentindo minhas bochechas começarem a esquentar e meu coração a palpitar mais rápido. Ele ri vitoriosamente e me entrega a chave do carro. – Se você comentar isso com ele eu invento coisas terríveis a seu respeito para a Lily, entendeu? – ameaço apontando meu dedo indicador para o seu peito.

James levanta as mãos em rendição embora ainda sorrisse.

— E fala para o Black que se ele pensa que eu estou devendo algum tipo de agradecimento a ele, está muito enganado. Eu não pedi que ele me carregasse – digo com o peito estufado em orgulho e caminho em direção ao meu carro.

— Ele sabe disso. – James diz as minhas costas.

Ótimo, pois eu não estava com a mínima vontade de dizer essas oito letras a ele. Afinal ele não merecia, certo? Tento me convencer que não. Ligo o Audi A3 e dirijo para fora dali sem nem me dar ao trabalho de olhar para Black.

Não sei por que, mas o fato de ter que admitir para mim mesma, com absoluta convicção e sem pestanejar, que ela era gostoso e um cara legal me deixou de mau humor temporariamente.

~*~

De fato foi muito temporário, afinal eu cheguei em casa bem a tempo de Karen McKinnon não desconfiar de nada e ainda me presentear com deliciosas trufas que ela havia comprado no caminho para casa. Chocolates em tempos de fossa são tão benevolentes. Não contei a ela sobre o meu término definitivo com o O’Brien e nem pretendia. Minha mãe, infelizmente, gostava muito daquele babaca e era bem provável que ela arranjasse algum modo de tentar explicar o que ele fez mesmo que não houvesse como fazê-lo. Eu planejava contar com um pouco mais de procrastinação.

E não me senti nenhum pouco culpada por isso indo dormir tranquilamente e me acordando no mesmo estado. Acordei tão bem disposta que nem precisei do despertador e me levantei com uma energia a mais. O motivo? Nem de longe eu iria demonstrar a toda a escola que eu estava destruída por causa do término. Até porque eu não estava destruída, mas do que nunca me sentia liberta.

Cantarolando vou até o armário e visto a roupa que eu julgo estar boa para aquele dia levemente nublado e dado mais alguns minutos até conseguir ajeitar o meu cabelo indomável eu estou pronta para ir a Stewart.

— Bom dia, flor do dia – cumprimenta minha mãe assim que eu adentro a cozinha alegremente – Animada hoje, hein?

— Você não sabe como Sra McKinnon – digo dando-lhe um beijo estalado na bochecha depois de pegar uma maça na fruteira. – Te vejo mais tarde – me despeço antes de ir até a garagem e pegar meu carro.

O caminho todo vou escutando My Happy Ending da perfeita Avril Lavigne ao máximo volume sem me importar que era de manhã cedo e nem era pelo fato dessa música descrever toda a minha vida amorosa atualmente.

Eu adoro isso nas músicas. O fato de como elas podem descrever sua vida ou momentos pelos quais você está passando em no máximo quatro minutos. Algumas são um pouquinho mais extensas, outras nem tanto, porém todas tem esse mesmo poder sobre você.

Chego até os arredores de Stewart e volto a não me importar com os olhares que recebo por causa do som alto. Estaciono na costumeira vaga perto da árvore de canto e já de longe consigo avistar Lily e Dorcas sentadas em um banco. Elas automaticamente param de conversar quando avistam o meu carro.

Desligo o som e sinto meus ouvidos zunirem por causa do silêncio seguinte. Pego minha mochila no banco do carona e saio confiante do carro.

— Nossa, Marlene McKinnon esbanjando beleza e autoconfiança às oito horas da manhã. Me ensina por favorzinho. – pede Lily juntando as mãos enfrente ao peito e me lançando um olhar pidão.

— Aprendi tudo que sei contigo, Lily Evans, a ruiva que samba na cara de todos em Stewart – digo com um olhar malicioso e logo deito no gramado usando minha mochila como travesseiro e sendo acompanhada pelas minhas amigas.

— Você não está nem um pouco incomodada com o que devem estar falando de você? – inquire Dorcas, sentada ao meu lado e me fitando com o semblante preocupado.

— Você me conhece Doe – digo fechando os olhos apreciando a brisa gostava que nos envolve. – Não ligo para o que dizem, além do mais, eu não sou a culpada dessa história.

— Tinha esquecido que era com Marlene Pisa-Menos McKinnon que estava falando? – ouço a voz de Lily e em seguida uma exclamação de Dorcas e penso que a ruiva tenha a empurrado de leve.

— E digo mais, aposto que agora os caras de Stewart estão pulando de alegria, afinal eu estou solteira novamente. – sorrio com a minha frase convencida.

— E isso inclui o Sirius? – Dorcas pergunta cutucando minha perna com o seu pé.

— Principalmente ele – respondo já imaginando essa possível possibilidade (?). Iria ser bizarro de se ver.

— Não tenha tanta certeza disso McKinnon – uma voz conhecida masculina soa por perto e eu rapidamente abro os olhos me deparando com Sirius Black e seus amigos. Eu mereço.

Por que eles sempre têm que estar por perto quando estamos falando deles? Parece até praga, credo e cruz.

— E aí, meninos? – cumprimenta Dorcas docilmente como sempre e é correspondida, o que representa o oposto de mim e Lily, que de imediato fechamos a cara e cruzamos os braços.

— Vocês não têm mais o que fazer não? Do que ficar escutando conversas alheias? – despeja Lily encarando os três recém-chegados.

— Nós não escutamos as conversas de vocês. – interpõe James – São vocês que falam o tempo todo de nós.

— E é óbvio que vamos nos meter quando ouvimos nossos nomes. – completa Sirius ajeitando a mochila nos ombros.

— Ah, mas tenha santa paciência! – me levanto e solto uma gargalhada forçada. – Vocês acham mesmo que nossas conversas só giram em torno de vocês?

— É o que está parecendo, Marlene, sinto muito – responde James dando de ombros.

— Então o sentido de percepção de vocês está com defeito, sinto-lhes informar. – Lily rebate com um sorriso satisfeito.

— Contra provas não há argumentos – Black finaliza com um quê superior e eu travo uma intensa batalha de olhar com ele e parece que Lily faz exatamente o mesmo com James.

Um breve silêncio se instala e eu sou tomada por uma intensa vontade de rir com tudo aquilo. Não era de sarcasmo, nem ironia e muito menos irritação. Quero dizer, o que foi que acabou de acontecer aqui? E por que Black está me encarando como se quisesse rir também?

— Gente, se vocês não perceberam, nós ainda estamos aqui – Dorcas quebrou o silêncio com um risinho nervoso.

— Doritos, não aprendeu que não se pode interromper brigas de casais? – ah Remus, eu gosto tanto de você, por que comentar algo inaceitável como isso?

— Na cabeça da McKinnon nós até formamos um casal – Black diz despreocupadamente e se aproxima de mim colocando seu braço em volta do meu pescoço. O que diabos ele está fazendo?— Mas só fico com ela depois de apreender que não se desperdiça bebida – deu ênfase nas últimas palavras bem perto do meu ouvido.

Sinto o seu hálito revigorante de menta e um arrepio percorre todas as extensões de meu corpo. Perco o controle sobre meus movimentos e estremeço um pouco. Ele percebe isso.

— V-vai a merda! – digo de forma titubeante e desvio de seu braço.

No instante seguinte eu agradeço às forças superiores por fazerem o sinal do primeiro período tocar e me darem um motivo para afastar-me de Sirius Black.

Cristo, quando se trata dele eu pareço perder todo o autocontrole que tenho.

~*~

Agradeço mais uma vez naquele dia por não estudar na mesma sala que Black, porém amaldiçoo até a última encarnação do coordenador que formou as turmas por me deixar no mesmo ambiente de Stefan Traíra O’Brien. E, refutando a ideia sobre a qual eu acabei de mencionar, eu preferia um bilhão de vezes que Sirius estivesse aqui e agora do que o O’Brien.

Dorcas e eu entramos na sala de Química Dois para começarmos uma prazerosa aula de Orgânica e não, isso não foi um sarcasmo, eu realmente amo Química Orgânica, mas infelizmente não consigo me concentrar já que O’Brien não para nem um segundo de me encarar.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Eu me esforço ao máximo para não encará-lo, mas sinto seu olhar sobre mim ainda mais porque sento à frente dele em minha carteira. Balanço meu lápis entre os dedos de uma maneira frenética tentando conter toda a ansiedade e inquietação. Dorcas, ao meu lado, percebe meu estado de espírito e me lança um olhar que dizia “fica fria.” Agradeço, Doe, mas definitivamente isso é algo que não consigo fazer no momento.

Os cinquenta e torturantes minutos de aula parecem voar. Desejo com todas as forças que o sinal do término nunca soe, pois eu sabia que quando acabasse o período Stefan ia tentar vir falar comigo.

E, por Cristo, eu não queria falar com esse embuste!

Só que, para a minha completa desgraça, a aula termina e os alunos são liberados para levantarem de suas carteiras. Não sou o tipo de garota que costuma fugir dos problemas, mas eu realmente não queria parar na diretoria por chutar as bolas de alguém. E seria isso que aconteceria se O’Brien viesse falar comigo.

Por isso, quando o som estridente do sinal toca, eu pego minhas coisas e me dirijo para os corredores de Stewart rapidamente.

— Lene, nós precisamos conversar! – Stefan me alcança e toca meu ombro.

— Você só pode ser doente mental de achar que eu quero conversar com você! – desvio de modo brusco de seu toque já sentindo o sangue esquentar em minhas veias.

— Marlene, não foi o que-

— Para! Para com isso! Não me ofenda mais ainda com essa desculpa ridícula! Eu sei muito bem o que eu vi e você sabe muito bem o que fez! – eu estava me controlando para não gritar mais do que aquilo. Os alunos que passavam por nós soltavam alguns risinhos perante a nítida DR que se formava.

— Você só vai fazer papel de trouxa tentando explicar algo inexplicável – desvio meu olhar do seu antes que eu o enchesse de tapas.

— Certo! O que eu fiz foi errado, só que eu to tentando me redimir, mas você nem parece estar sentindo a minha falta já que hoje de manhã estava agarrada com o Black!

Sinto minha temperatura subir altos níveis depois de ouvir as palavras proferidas por O’Brien. Por que é tão fácil julgar as mulheres? Por que é tão fácil justificar os erros dos homens usando as mulheres para tal feito? Como ele pode ser tão cínico?

— COMO É QUE É?! – pergunto em alto e bom som para ver se ele tinha a coragem de repetir aquilo de novo.

— Sr O’Brien e Srta McKinnon, algum problema? – a discussão é interrompida por ninguém mais ninguém menos do que a supervisora da escola, Minerva McGonagall.

Assim que avisto a figura séria de Minerva à minha frente sinto meus nervos se acalmarem e percebo que perdi completamente o controle.

McGonagall alterna seu olhar de mim para ele, com os lábios finos e crispados, em busca de alguma explicação plausível para aquela cena que tínhamos armado no meio dos corredores de Stewart.

— Nada senhora McGonagall é só o meu colega que precisa rever os seus conceitos – digo fuzilando Stefan com os olhos. Ele abaixa a cabeça não aguentando a pressão.

— Assim espero, voltem para suas salas, em silêncio – ordena Minerva antes de dar as costas e se afastar de nós.

Eu estava prestes a dar um belo de um chute nas partes íntimas do O’Brien e teria feito isso se McGonagall não chegasse. Agradeço a intervenção dela, pois de certo modo, isso me fez parar para raciocinar corretamente.

E de fato eu raciocino. A famigerada lâmpada da “ideia” acende no alto da minha cabeça e eu quase dou um pulo com o que acabo de pensar.

— Lene, por favor, me perdoa – pede ele com um tom sereno de voz.

— Então o fato de eu estar agarrada com Sirius Black lhe incomodou essa manhã? – pergunto sem fitá-lo, pois queria somente me concentrar em como sua voz soaria ao responder aquela pergunta.

— Muito. Eu sei que mereci, mas vamos recomeçar...

Era tudo o que eu precisava ouvir para colocar meu novo plano em prática.

— Entendi – balanço a cabeça de forma positiva. – Bem, Stefan, depois a gente conversa eu realmente preciso resolver algumas coisas agora – e ao dizer isso eu simplesmente me afasto com uma gargalhada presa em minha garganta deixando um O’Brien confuso às minhas costas.

Eu não gargalhei. Controlei-me muito para não fazê-lo. Mas eu estava dando pulinhos por dentro.

Caminho até o pátio de Stewart onde eu tinha certeza que Sirius Black estaria junto com o time de rugby para um possível treino.

Eu não sei se a conversa que tive agora a pouco com o meu ex-namorado me deixou tão insana a ponto de cogitar aquela ideia borbulhante em minha mente ou se o arrepio que Sirius Black me causou mais cedo queimou por completo os meus neurônios.

O que eu sei é que estava nesse exato minuto caminhando em direção ao moreno de olhos cinza e tempestuosos prestes a dar início a um jogo insano que acabo de criar.

Stefan que me aguarde.

E que Sirius Black me ajude.