Damn Cupid

Goodbye Summer.


Chapter I – Adeus Verão.

POV Dorcas Meadowes

Pois é, aqui estou eu deitada de bruços aguardando o celular despertar pela segunda vez. Sabe quando você está dormindo, mas mesmo assim fica com a consciência pesada por saber que tem de levantar? Eu estava assim naquele momento. Eu sabia que tinha que levantar cedo e aproveitar o meu último dia de férias de alguma maneira. Provavelmente minha mãe quer que eu vá passear com o Trovão também, já que o meu Beagle sempre gosta de caminhar pelas manhãs e de fazer as suas necessidades, mas eu vou ser sincera: eu estava com preguiça. Quando se mora na Austrália, na grande Sydney é impossível se estar com preguiça já que os habitantes daqui são presenteados com belíssimas praias e lugares ótimos a se frequentar. Ainda bem que eu não sou daqui então, posso ter o direito de sentir preguiça o quanto eu quiser. Sou brasileira, nasci em Florianópolis e me mudei para cá aos seis anos de idade para terminar o ensino fundamental e consequentemente o médio. No início foi difícil a minha adaptação, mas logo conheci as pessoas mais incríveis do mundo, meus amigos obviamente, e tudo mudou. O fato era que agora, com 17 anos eu estava pronta para ingressar no último ano do colegial e me formar. Bem, esse era um dos meus objetivos, o outro eu já vou lhes contar.

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Dorcas Marie Meadowes, uma romântica incorrigível, prazer. Eu me considero uma garota extremamente romântica e, parte desse romantismo todo é devido à existência do cara mais “príncipe encantado” que vocês um dia vão conhecer. Seu nome é Austin McLaggen e eu tenho uma queda por ele. Na verdade é um tombo imenso, mas isso são detalhes. Começou no primeiro ano do ensino médio, quando nos beijamos acidentalmente na aula de educação física, onde eu consegui cometer a proeza de tropeçar na bola de basquete e cair por cima dele. Nossos rostos ficaram a centímetros de distância e ele me beijou. Desde então tenho uma paixão não correspondida por ele, mas esse ano eu estava disposta a mudar isso.

O meu celular desperta mais uma vez e eu tateio ainda de olhos fechados por debaixo do travesseiro tentando encontrá-lo e desligá-lo. Enfim consigo depois de alguns demorados segundos. Olho as horas e percebo que são nove horas da manhã em ponto. Nove horas do meu último dia de férias. Amanhã a essa hora eu já estarei a todo o vapor naquele colégio. Por que não poderia ser ao contrário? Só três meses de aula e o resto de férias? Grande dúvida. Enfim decido me levantar da cama, mesmo que sonolenta. Abro a porta do quarto e já ouço o barulho de talheres e xícaras batendo em seus pires indicando que meus pais já estavam acordados no andar debaixo. Adentro o banheiro que nem um zumbi e encaro meu reflexo no espelho: cabelos longos e castanho-escuros, completamente bagunçados. Olhos da mesma cor com leves olheiras por debaixo, e o rosto amassado do lado direito. Acostumem-se com essa imagem, pois é sempre assim que eu acordo.

Depois de dar um trato em minha aparência finalmente desço para tomar café. Meus pais estão sentados à mesa conversando sobre a matéria que estava passando no jornal matinal e assim que me avistam, sorriem receptivos.

- Bom dia filha, já ia te acordar – diz minha mãe com a leiteira na mão. Eu dou-lhe um meio sorriso, ainda domada pelo sono. Vai ser duro eu me acostumar com a rotina do colégio.

- Dormiu bem? – pergunta meu pai me encarando com ternura. Anuo com a cabeça e me sento já servindo meu café. Em seguida sinto um bafo quente em minhas canelas sinalizando a presença de Trovão. Acaricio seu focinho como forma de bom dia. Eu poderia me enjoar de ter sempre essa cena pela manhã se eu não amasse tanto a minha família, mas eu gosto de rotinas.

- Filha, se importa de passear com o Trovão depois do café? Eu e seu pai vamos às compras daqui a pouco. – minha mãe sorri e faz aquela carinha do gato do Shrek que sempre funciona comigo.

- Mãe, eu sempre passeio com o Trovão pela manhã – digo sem reagir de modo surpreso à sua pergunta.

- Eu sei, mas sempre é bom confirmar.

Assim que terminamos o café, nos preparamos para sair. Eles para o mercado e eu para o parque mais próximo com meu cachorro. Vou ao meu quarto e visto rapidamente um vestidinho soltinho verde água. Quando desço as escadas, Trovão, como de costume, já me esperava sentado no batente da porta. Pego sua coleira e prendo em seu pescoço me preparando para encarar a manhã quente lá fora. Moramos em um apartamento no segundo andar e subir e descer aquelas escadas todos os dias até me ajuda a matar a academia.

Chego à rua e já me deparo com pessoas caminhando pelas calçadas já dando início ao dia de trabalho, lojas já abertas com o cheiro de café quente entranhando minhas narinas. Ah, como eu amo café. O sol matutino banhava as ruas com uma iluminação um pouco incômoda e eu me arrependo de não ter pegado os meus óculos. Trovão anda à minha frente, me puxando cada vez mais para chegarmos ao parque. Passei as férias todas fazendo isso praticamente, exceto quando saia com meus pais ou com minhas amigas.

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A praça não está totalmente cheia, apenas algumas pessoas fazer os seus exercícios na academia ao ar livre, poucas crianças brincam nos balanços e alguns outros andavam de bicicleta na ciclovia circular. Tantas pessoas de pé, e eu aposto que Lily e Marlene estão dormindo essa hora. Bom, Marlene com certeza. Sendo o último dia de férias não sei nem se ela vai levantar da cama hoje. Ao pensar nisso, sorrio distraída.

Sento em um dos muitos banquinhos dispostos embaixo de algumas árvores e aprecio a paisagem respirando o ar fresco da manhã. Apesar de tudo, eu gosto da vida que levo e espero que nada mude, se um dia vier a acontecer, que mude para melhor. Ainda distraída me esqueço de segurar firme a coleira de Trovão e ele com um puxão, se solta de minhas mãos e corre pela extensão do parque livremente, de vez em quando ameaçando ir para as ruas movimentadas. Meu coração falha uma batida e sinto meu corpo gelar.

— Trovão! – grito em desespero e começo a correr tentando em vão alcançá-lo. Céus, de onde esse cachorro tira tanta energia para correr? As pessoas ao redor olham preocupadas e algumas tentam apanhá-lo para mim, porém são tentativas falhas. Trovão é rápido e malandro. – Trovão volta aqui!

É o fim, se ele se machucar eu me jogo de um penhasco. Como eu sou desastrada! Até que ao longe alguém finalmente consegue detê-lo e o segura pela coleira em seguida prendendo-o pelo tronco. Não consigo identificar quem seja por conta da claridade nos olhos, mas à medida que me aproximo, a visão do meu salvador melhora.

— Ei, ei. Calma rapaz – diz ninguém mais ninguém menos que Austin McLuggen tentando conter a euforia de Trovão. Meu coração, já acelerado por conta do sufoco de agora pouco, parece querer sair pela boca e sinto minha boca ressecar.

Me aproximo rapidamente tentando inutilmente arrumar meu cabelo e limpar o pouco suor que já havia se formado.

— Ah, obrigada, Austin. – digo um pouco sem graça – Eu não sei o que teria acontecido se você não aparecesse – acrescento me inclinando para Trovão e pegando sua coleira. Austin me encara com um meio sorriso. Ele parecia estar mais lindo desde a última vez que o vi. Seus cabelos loiros pareciam ter um brilho ainda mais dourado com a luminosidade do sol. Usava uma regata branca e sua bermuda azul marinho de fazer exercícios. Nos pés, os costumeiros tênis Nike.

— Não foi nada, Dorcas – ele se levantou e me encarou com aqueles olhos azuis intensos. Minha vontade era de pular em seus braços. Ah, Deuses, me segurem. – Vai precisar comprar uma coleira mais forte.

— Ah, é. Com certeza – concordo rapidamente. Imagina Austin, o problema é realmente a coleira e não uma dona desastrada que se distrai facilmente e afrouxa o aperto sobre esta. – Então, ansioso para retornar ao colégio? – retornar ao colégio? Francamente Dorcas você está falando com um cara da sua idade e não com um senhor do século passado. Use a linguagem informal.

— Até que sim. Não vejo a hora de me formar e entrar logo numa faculdade – responde coçando a nuca e olhando ao redor como se a universidade dos sonhos estivesse ali perto.

— Eu também! – solto um pouco alto demais. – Quero dizer, eu quero muito cursar Odontologia de uma vez. – e quem perguntou sua tonta? Ai francamente, às vezes eu tenho vontade de me isolar em Marte quando não consigo me comportar na frente de caras como o Austin.

— Legal – ele apenas diz. – A gente se vê amanhã então.

— Claro, até por que estudamos na mesma escola – rio nervosamente não estando preparada para o adeus. Minha santa dos corações enamorados, o que foi que eu acabei de falar? Estudamos na mesma escola desde o ensino fundamental, é claro que ele sabe disso.

Ele me lança um meio sorriso e gira nos calcanhares já seguindo o seu caminho.

Nem me dou o luxo de observá-lo se afastar para não ter que me lembrar da nossa breve e recente conversa. Se é que posso chamar isso de conversa. Ah, se ele soubesse que estou mesmo afim dele, talvez eu não pagasse tanto mico assim.

Tudo bem, não é o fim ainda Dorcas. Esse ano tudo vai mudar, acredite, vocês ainda vão formar um casal. Ainda.