Supernatural — Becoming Girl

I — Everything has Changed.


Os olhos azuis cristalinos logo se abriram para um teto mesclado de creme e marfim. A luz invadiu seus olhos e foi obrigado a fechá-los. A forma de Dean Winchester contornou a claridade, e assim que o foco apareceu, percebeu estar em uma cama.

— Castiel? — a voz de Dean parecia frustrada com a pergunta.

— Mas é claro, Dean... Quem mais?

Sam surgiu atrás de Dean com um espelho.

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— Eu não sei... Qualquer uma. — e o reflexo de Castiel agora mostrava uma garota.

A primeira coisa que Castiel fez foi segurar o espelho rente aos olhos pra ver se estava enxergando direito. Depois observou seus cabelos compridos e negros caírem em cascatas pelos ombros. Olhou suas próprias mãos e a roupa que agora vestia. Focou novamente no espelho, pousando as mãos nos cabelos ondulados.

— Cabelo comprido. — tocou o rosto calmamente. — Rostinho bonito. Colar. — tocou no pescoço, onde jazia um pingente de cruz. — E... E...

Para a infelicidade de Sam e Dean, Castiel tocou os próprios seios. Os dois irmãos desviaram o olhar, enquanto o antes anjo se apalpava.

— Firmes. — comentou. — Eu tenho peitos.

— É, Castiel, você tem peitos. — Sam deu uma risadinha, olhando para Dean, que instantaneamente ficou interessado em uma mosca pousada no teto.

— Um corpo magro e com curvas. — Cass continuou passando as próprias mãos no corpo, até chegar na parte íntima, fazendo Sam corar e baixar a cabeça. — E eu tenho vag...

— Sim, Castiel, nós sabemos, o.k.? — Dean cortou o assunto rapidamente, fazendo com que a garota-Castiel o fitasse. — Como você se sente?

— Estou bem. — Cass tossiu levemente, tentando agravar a voz. — Essa voz é fina demais.

— É uma voz comum de mulher. — Dean explicou, balançando levemente a mão. — Você vai se acostumar.

— O que aconteceu, Cass? — Sam sentou na cama, aos pés de Castiel, enquanto o mesmo (desculpe, a mesma) se sentava.

— Não me lembro muito bem. — respondeu simplesmente.

— O que se lembra?

— De uma luz. Uma luz saindo de mim, uma dor, um chifre.

Sam e Dean fizeram cara de confusos.

— Um chifre? — perguntou Dean.

— É. Na barriga. E depois não vi mais nada.

Sam apenas respirou fundo, enquanto Dean observava a garota sentada na cama, talvez até mais confuso que ela.

— Desculpe, mas você realmente é o Castiel?

— Eu sou. Posso provar.

— Então prove. — Dean cruzou os braços. — Diga algo que só eu e você sabemos.

Castiel não demorou a pensar. Respondeu prontamente:

— Você me esfaqueou quando nos conhecemos. Não acreditou que eu era um anjo, pensou que eu era uma criatura das trevas arrancando telhados e causando trovões. Eu explodi janelas enquanto tentava fazer contato em minha forma divina. Seu ouvido esquerdo sangrou.

Sam fitou Dean que, constrangido, baixou os olhos.

— E eu ainda não entendi porque o Cara da Pizza bate na Babá se ele gosta dela.

Sam agora dava uma gargalhada alta, enquanto Castiel levantava-se da cama devagar, com seus pezinhos pequenos tocando o chão gelado. Estremeceu. Dean deu um meio sorriso.

— Você realmente é o Castiel.

Castiel olhou para cima, para Sam, que fazia a lâmpada no teto desaparecer com seu cabelo. Sério, encarou-o.

— Você parece mais alto.

— Você está ainda mais baixo. Ahn, baixa. — corrigiu-se Sam, sorrindo. — Sobre o chifre... — o mesmo baixou a cabeça, enquanto Castiel caminhava devagar pelo quarto. — Onde estava o chifre?

— Ele brotou da minha barriga. — respondeu Cass, tocando o local como se, momentaneamente, uma parte da dor que relatara antes sentir agora estivesse incomodando-lhe.

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Dean ergueu uma sobrancelha, cruzando os braços, virando milimetricamente a cabeça.

— Um chifre na barriga? É isso, né?

— Isso. — respondeu a menina, cruzando os braços desajeitadamente nas costas.

— Não era um chifre. — Sam parou de coçar a barba que começava a crescer rente ao queixo. — Era uma adaga. Uma adaga angelical. Eu estou considerando a possibilidade de você ter morrido.

— Mas estou vivo.

— Viva. — corrigiu Dean, tossindo logo após.

— Quantas vezes você já morreu, Cass? Na nossa frente? Inúmeras. E voltou. Assim como nós.

— Sam. — a garota agora se olhava no espelho, vendo sua roupa. A calça jeans preta e rasgada, os all stars pretos, a camiseta que um dia fora do Green Day e uma jaqueta de couro preto. Era baixinha, até para ele mesmo. — Eu não lembro de nada. Eu morri, mas deveria voltar em meu próprio corpo. Não?

Creio ter sido isso que fez Dean e Sam trocarem olhares aflitos. Castiel estava certo, afinal. Eles lembravam do clarão que infestava os sonhos deles no dia em que Gabriel apareceu em suas mentes. “Isso é real”, disse o Arcanjo. “Por mais que eu quisesse que fosse uma piadinha, não é.” Sua voz era tão séria que chegava a cortar o coração de Sam e Dean. “Castiel está morto.” E sumiu. E os dois acordaram suados, correndo pro quarto um do outro para contar a mesma coisa. Tremeram. Era verdade.

Não acharam o corpo de Castiel, nem mesmo o sobretudo para confirmar a morte. Mas tiveram os relatos das pessoas sobre um clarão que fez árvores caírem em um raio de cinco metros. As autoridades não sabiam explicar. E então, novamente em um sonho, dessa vez foi Balthazar quem guiou os dois irmãos até o corpo da menina-Castiel estirado na calçada de uma rua perdida em Cambridge, na cidade chamada Somerville. Pegaram a garota no colo e levaram-na para casa dentro do Impala. Ela não apresentava escoriações ou sangramentos. Dormia calmamente durante todo o trajeto, a cabeça repousada nas pernas de Sam. E então ela acordou.

— Devemos chamar você de Castielle?

— Não. — respondeu a garota, olhando fixamente para os dois.