A Sombra do Vento

Capítulo Prólogo – O começo é sempre problemático…


Sentado na varanda de seu apartamento, os olhos castanhos e estreitos de Shikamaru fitavam com desdém algumas pessoas que passavam na rua. Sua varanda com aproximadamente dois metros de cumprimento cada lado e medindo um metro e meio de altura, forçavam o rapaz a apoiar-se no parapeito de gesso gasto. Voltando á realidade, sua vista privilegiada da visão de boa parte de uma das muitas movimentadas avenidas da capital Konoha era uma das poucas coisas que ele costumava gostar. Mesmo com o barulho irritante das dezenas de buzinas que passavam pelas ruas. O Sol estava se pondo e era, portanto, a hora que mais conseguia escrever. Ele abria e fechava a tampa de seu isqueiro pensando profundamente se realmente iria fumar ou se encontrou um novo passatempo. Com o cigarro na boca fez-se um “c” com a mão vazia enquanto acendia o cigarro. Por mais que seu pequeno apartamento fosse, era bem organizado. Os sessenta e oito metros quadrados eram o suficiente para um homem solitário como ele morar.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Jornalista freelancer, escrevia para as grandes impressas da cidade e região e se ocupava vendo o pior da sociedade, relatando assassinatos, roubos, grandes e chocantes revelações, podres dos mais ricos. Ele não queria fazer isso em pró dos mais necessitados, queria na verdade ver o circo pegar fogo. Seu pai, Shikaku Nara fora um renomado jornalista investigativo. Mas a má sorte lhe encontrou quando foi vitima de uma bala perdida. Ironia.

Os cabelos que usualmente ficam presos num rabo de cavalo alto estavam soltos e caídos na altura dos ombros. Shikamaru era alto para a sua idade, um metro e setenta e por mais que sua data de nascimento mostrasse que tinha apenas vinte e um anos, ele tinha alma de um velho de sessenta anos. Entretanto, sua inteligente e senso de dedução eram tão incríveis, que já fazia grandes matérias investigas com dezoito anos e desde então, seguira com a carreira. Foi preciso apenas um ano de faculdade para concluir todas as disciplinas. Se ele era um gênio? Sim, era. E se sabia usar isso de maneira positiva? Não, não sabia.

Na verdade sabia, a questão era querer ajudar as pessoas. E não era algo que ele estava disposto a fazer. Quando terminou de fumar e reclamar da felicidade alheia ao ver um casal se beijando na varanda vizinha, foi até seu escritório improvisado na sala. Uma parte da parede estava “coberta” por livros. Uma estante recheadas dos mais variados títulos, algumas fotografias de amigos e família e marcas de café em algumas prateleiras. A mesa para computador tinha um amontoado de papéis e anotações. Por mais que a tecnologia esteja aí, para todos que quiserem e possa adquira-la, nada supera um bloco de papel e caneta, isso é ouro para os jornalistas.

Começou a digitar em seu computador um recente caso de estupro na parte mais rica da cidade. Um sujeito qualquer, com bebida e vontades desumanas aborda uma jovem que tinha acabado de chegar da faculdade e a arrasta no canto mais escuro da rua. Ele foi preso e está sendo julgado… Em liberdade. Pois é filho de um advogado. Ela? Ela está tomando remédios controlados e com medo da própria sombra. Ele? Está farreando em algum lugar e machucando mais mulheres. Shikamaru não era nem um pouco parcial em seus textos. Mesmo sendo muitas vezes editado de uma maneira mais “tranqüila” pelos editores-chefes dos jornais para qual escreve, o jovem com alma de velho odiava o quanto as pessoas apenas lidam com os problemas falando para si mesmo “acontece, né?”.

Depois de pouco mais de meia hora escrevendo, ele já tinha sua matéria. Tinha personagens, havia falado com a vitima particularmente e tem contatos com a delegacia. Depois de escrever e enviar por e-mail para todas as imprensas possíveis, - não importava qual iria publicar, desde que pagasse, levantou-se pegou suas chaves, carteira e seu celular e saiu para beber.

AkiBar era o bar que mais gostava de ir. Talvez o único que ele ia. Pelo simples fato de pertencer a seu melhor amigo, Choji Akimichi. Passando pelas vitrines de diversas lojas e afins, Shikamaru via seu reflexo desanimado em uma loja de roupas. Por mais que sua cara de preguiçoso fosse sua marca registrada, era um rapaz atraente. Conseguia olhares das garotas que passavam por ele, e dos garotos também. Chegando ao bar, encontrou com o gorducho amigo e não precisou pedir o que queria Choji já sabia.

Choji era do tipo que conseguia ler os pensamentos de Shikamaru. São amigos desde pequenos e estudaram juntos boa parte da vida. Choji era um pouco mais alto que o amigo desanimado, com cabelo castanho, espetado e notórias marcas de redemoinho nas bochechas. Uma aposta idiota na juventude faz com você tatue coisas bobas pelo corpo. O interessante que até que combinam com ele. Com um sorriso no rosto, Choji entrega uma dose considerável de Amarula de café para Shikamaru, o mesmo fez uma careta descontente.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Você ainda não tomou café hoje, não é mesmo? - e riu. Shikamaru apenas deu de ombros e bebeu todo o liquido doce e quente.

O bar era muito bem freqüentado. O ambiente era espaçoso, o balcão de madeira escura estava coberto por verniz o que mantinha um brilho de todo o local. Atrás de Choji, haviam-se inúmeras prateleiras com os mais diversificados líquido. O bar possuía uma cozinha ao fundo para que os clientes pudessem além de beber, comer e curtir um bom momento. Era um dos lugares preferidos do mundo de Shikamaru.

No outro canto da cidade, uma mulher sai do táxi carregando consigo uma caixa com vários itens como cadernos, fotografias e ao seu lado uma mala. Pegou as chaves da nova casa e entrou. A casa era toda de madeira pintada em branco e possuía grandes janelas. A primeira coisa que a nova moradora pensou foi em comprar cortinas. A casa tinha alguns móveis deixados pelo antigo dono e um deles era um velho espelho pendurado na parede próximo da porta de entrada. Acendeu o interruptor de luz ao seu lado direito e se viu no espelho. O cintilante distintivo de detetive criminal em seu pescoço mostrava a quão durona ela poderia ser. Os olhos verdes estavam cansados da viagem, mesmo assim, eram determinados e severos. O cabelo louro estava preso em um coque, deixando apenas a franja lateral solta. Soltou um sonoro suspiro ao ver quanto trabalho teria ao arrumar toda aquela casa sozinha, porém, estava contente: nova casa, novo trabalho e nova cidade.