Illusion

Capítulo Três - Os Legados do Batman


ILLUSION, CAPÍTULO TRÊS:

OS LEGADOS DO BATMAN

Falar sobre uma família como a família Wayne era uma missão extremamente complicada, principalmente quando a situação envolve três Wayne’s diferentes, com personalidades extremamente diferentes; isso sem contar a idade avantajada da primogênita dos Wayne e a não tão avantajada do mais jovem dos Wayne. Eles eram uma família complicada, era óbvio, mas, ao mesmo tempo em que eram muito diferentes, eles eram extremamente iguais.

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Porém, assim como Queenie já havia noticiado, aquele dia havia iniciado incrivelmente anormal, pelo menos para alguns dos principais integrantes da família Wayne, que haviam voltado parcialmente tarde de uma festa que haviam ido na noite anterior, fazendo com que cada um se encontrasse em um estado de espírito diferente. Selina e Bruce, por exemplo, sequer tentavam esconder que haviam bebido até cair e que no momento enchiam a cara de café para ver se aliviava a ressaca; Martha — a mais velha dos Wayne — lia um livro com tamanha atenção que poderiam achar que ela havia dormido de olhos abertos enquanto lia; Helena — a do meio — ria dos semblantes nada alegres de seus pais enquanto acusava-os de terem conspirado um contra o outro durante sua aposta de quem bebia mais, acabando por chegaram a conclusão de que nenhum estava apto para tomar dezoito copos de whisky sem cair de tão bêbados que estavam; e Tommy — o mais jovem — encontrava-se absorto em um livro qualquer cujo tema era A Obesidade nos Estados Unidos. Isso poderia soar estranho para qualquer um, mas não para a família Wayne.

— Eu avisei — Martha falou, os olhos ainda fixos nos livros — Que se vocês não pegassem uma cirrose por alto consumo de álcool vocês provavelmente ficariam mortos de ressaca — olhou rapidamente para os pais — Mas vocês têm uma médica em casa e não se aproveitam de seus conselhos. Pois bem, quem avisa amigo é!

Tommy tirou os olhos do livro que lia e disfarçou uma risada enquanto observava a carranca da irmã mais velha. Martha havia se formado em medicina há alguns anos e, agora, estava passando pelo famigerado doutorado. Para Bruce e Selina — os pais orgulhosos — Martha estava fazendo isso pela simples vontade de aprender; já Tommy e Helena gostavam de provocá-la constantemente, já que tinham a ciência do real motivo de Martha cursar o doutorado.

— Só não peça para que a chamemos de doutora, Martha — Tommy riu — Pessoas sem doutorado não tem direito a esse título.

Martha — como costumeiramente — apenas revirou os olhos ante a piada sem graça de seu irmão e voltou toda sua atenção para o livro que lia, ignorando o fato de que seus pais — não tão silenciosamente quanto o esperado do incrível Batman e da igualmente incrível Mulher-Gato — saíram do local, provavelmente com a expectativa de poderem dormir o resto do dia. No mesmo momento, Helena levantou sua cabeça e sorriu para os irmãos, desviando seu olhar para o relógio e tentando — parcialmente em vão — deixar sua miopia de lado e conseguir enxergar os ponteiros do relógio.

Não conseguiu.

— Vamos, Helena — Martha sorriu para a irmã do meio — Está na hora de irmos, ou iremos nos atrasar.

...

Pela primeira vez alguns dias, Martha sentia-se desgastada. Não sabia muito bem o motivo — conseguia pensar em diversas probabilidades, mas não em um motivo claro —, mas tinha quase certeza de que algo estava prestes a dar errado. Sua preocupação atingiu o auge durante sua terceira aula do dia, quando seu celular começou a tocar desesperadamente, como se a pessoa que se encontrava do outro lado da linha pudesse morrer caso ela não atendesse o telefone; limitou-se a desligar o telefone e sorrir discretamente para o Sr. Santiago Costa, que apenas revirou os olhos e voltou a escrever algo na lousa.

Pouco mais de dois minutos depois, o telefone voltou a tocar e, novamente, a atenção do professor voltou-se para Martha, que já havia afogado sua cabeça na mesa e, em sua mente, maquinava planos de se livrar de seu odiado aparelho eletrônico antes que a pessoa que lhe ligava aparecesse na sala, fazendo com que seu mico pequeno virasse um king kong.

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Tentou não pensar que pior não ficava, pois tinha a ciência de que poderia ficar.

— Martha?

Levantou sua cabeça lentamente e, enquanto via seu cabelo saindo lentamente de seu rosto, viu um pequeno sorriso nos lábios de Santiago, que a olhava de braços cruzados.

— Se quiser sair para atender o telefone, não terá problema — falou — Sabe que não será prejudicada.

Martha respirou fundo e sorriu, juntando seu material e jogando sua mochila nas costas enquanto digitava o número que a havia ligado. Parou na porta — já com o telefone no ouvido — e virou-se para o professor, que continuava sorrindo.

— Obrigada — sorriu — Mesmo.

Santiago apenas deu de ombros enquanto observava a garota saindo da sala, provavelmente ouvindo os toques de espera da chamada. Martha, por sua vez, parou na frente da porta e encostou-se na mesma ao ouvir a voz já conhecida de Queenie do outro lado do telefone.

Precisamos da sua ajuda.

...

Thomas Wayne fugia completamente da realidade imposta pela sociedade para os clássicos garotos ricos estudantes de faculdades caras cujos caprichos sempre eram sustentados pelos pais. Ele era, de todas as maneiras, diferente.

Para começo de conversa, Thomas não era completamente sustentado por seus pais; na realidade, ele trabalhava nas Indústrias Wayne, e, de uma maneira engraçada, seu pai era quem pagava seu salário. Ele, porém, não era obstruído de nenhuma responsabilidade e era, por isso, tratado como qualquer funcionário comum da empresa. Ele nem mesmo poderia ser considerado futuro comandante das empresas de seu pai já que, devido a superpopulação de crianças Wayne, seu pai teria que dividir a empresa com todos os irmãos, Selina e Alfred, que Bruce fazia questão de colocar no testamento. Sendo assim, apenas 10% da empresa ficaria para Tommy e os outros 90% seriam divididos igualmente entre as outras pessoas no testamento.

Thomas não tinha a posição determinada de líder e, normalmente, evitava usar roupas de couro e conversar com garotas — não era nem um pouco bom nisso. E, como se não bastassem as coisas ditas acima — coisas nem tão felizes assim, devo dizer —, Thomas era o que as pessoas costumavam chamar de garoto nerd.

Sua inteligência acima dos padrões fazia com que sua riqueza e popularidade — que ele não tinha, diga-se de passagem — fossem apenas fatores quaisquer na vida de um garoto que não conseguia passar numa prova sem um A+ e que tinha o péssimo hábito de chorar quando adquirisse um B+. Não que fosse uma coisa que acontecesse com frequência, de toda forma.

Ainda assim, o número de coisas fabulosas e estupendas que Thomas fazia no conforto da Mansão Wayne acabavam por ficar esquecidas lá enquanto que, na escola, essas coisas eram reduzidas a cabeças prensadas em armários ou a entrada de água da privada por seu nariz.

Felizmente, Thomas desfrutava de algumas salvações em seu distinto local de estudo: suas duas irmãs mais velhas, Martha e Helena (isso é, se Martha não estivesse ocupada admirando seu professor) e sua melhor (e possivelmente única) amiga, Zara Kent. Ele nunca entendera de onde uma menina baixa e magra como Zara tirava tanta força, mas sabia que era bem útil contra bully’s; e as coisas apenas melhoravam quando, junto com ela, seu irmão aparecia para mandar que os brutamontes do time de futebol deixassem de atormentá-lo.

Zara e Steve eram, provavelmente, as melhores pessoas que Thomas já havia tido o prazer de conhecer em sua vida. E talvez tenha sido por isso que ele sentiu seu coração palpitar mais rápido quando viu Zara correndo rapidamente em sua direção, um pequeno sorriso em seu rosto e seu cabelo preso no habitual rabo de cavalo das líderes de torcida.

Ele percebeu, porém, que esse sorriso se tornou apreensivo quando ela parou a sua frente, os olhos fora de foco enquanto sua cabeça virava calmamente na direção oposta à de Thomas.

— Precisamos conversar.