Crônicas - não dos reis - da vida.

Silêncio em meio ao barulho


O dia: 11/04/2023.

Encontro-me na praça de alimentação do Shopping da minha cidade e uma cena chama a minha atenção: um senhor de cabeça baixa, com os braços cruzados e olhos fechados, dormindo.

Eu não estava em um lugar calmo, com luzes amenas, pelo contrário, o ambiente estava repleto de adolescentes e jovens com roupas escolares, inundando as mesas com mochilas e uma garrafa de Coca-Cola.

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Pessoas transitando para lá e para cá com bandejas de lanches ou pratos de comida.

Aquele senhor, passa a mão no rosto e abre os olhos, procura pelo celular em seu bolso. Põe a mão como apoio do rosto e, acredito eu, volta a dormir.

O barulho continua o mesmo de conversas paralelas se encontrando em vozes inaudíveis. Há pessoas sozinhas, que terminam seus lanches e vão embora, talvez, retornando ao trabalho.

Em um ambiente movimentado de pessoas e de vozes, conseguimos neutralizar o barulho em meio ao nosso silêncio?

Cada um tem a sua resposta pessoal, particularmente, minha resposta é sim. Aquele senhor consegue dormir na praça de alimentação. Eu consigo ignorar todas as pessoas ao meu redor para ler um livro. Suas vozes, risadas, o ranger da cadeira arrastada, não interferem meu silêncio.

E, quando isso acontece, acende um alerta na alma: onde eu estou que não pertenço a esse barulho, a essas vozes, a esses encontros?

Ainda não tenho uma resposta, o que eu sinto é que, em meio ao meu silêncio, eu perco a conexão com a praça de alimentação. Sinto-me longe. Até que ponto eu vou me sentir parte do ambiente? E até que ponto irei me desconectar por completo?

Sobre o senhor? Ele ainda dorme em meio ao barulho, talvez esperando alguém chegar. Espero encontrar essa paz.