A Dama de Ferro e a Garota de Aço

Capítulo 1 - Contrapartes


Lena Luthor

Eu tenho um passado, um passado do qual fujo desde garotinha. Não importa o quanto eu corra, essa sombra sempre estará comigo. Lembrando-me de quem eu realmente sou. Entregar Lilian apenas me fez perceber o quanto de Luthor existe em Lena, em um jogo de xadrez certas peças devem ser sacrificadas. Lilian era essa peça para mim.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Após entrega-la algo que estava quebrado dentro de mim voltou a me incomodar. Um espinho que queimava e castigava, não importava quanto conhaque eu ingeria, nada me fazia esquecer que trai o último membro da minha família. O conflito que se formava em meu peito era doloroso, meu estomago revirava, eu não me reconhecia mais. A forte e independente Lena, agora só sentia-se solitária e miserável.

Duas batidas ecoaram no vidro da varanda de minha sala, elas soaram como dois sinos que me trouxeram de volta a realidade. Não era preciso pensar muito para saber de quem se tratava afinal, a única pessoa em National City que repudiava janelas e fazia-me constantes visitas atendia por Supergirl. Pelo vidro eu podia ver aquela criatura poderosa, mas que no momento parecia apenas impotente e com um olhar carregado de culpa.

— Você se importa? — Ela deferiu mais duas batidas no vidro. Por alguma razão eu não a queria ali. Aquele maldito “S” estampado em seu peito me trazia recordações de Lex e Lilian.

— Eu prefiro ficar sozinha, caso você não se importa. — A mão dela estava posta sobre o vidro. Pousei a minha na altura da sua. Eu queria que pudéssemos ser amigas, mas aquela altura não sabia mais se seria possível.

— Lena? Você não precisa ficar sozinha, não hoje. Não agora. Eu posso ficar com você.

— Você deveria estar prendendo bandidos, não aqui. — Me afastei do vidro. Sempre haveria uma barreira me separando de Supergirl, fosse o quão alto ela pode voar, um vidro ou sua identidade secreta.

— Eu só quero que você saiba. Você não é como eles, Lena. Você não precisa se sentir culpada. Eu sei como é carregar nas costas um legado que mais parece um fardo ou um castigo. — Não, ela não sabia. Ela não sabia como era ser destroçada a parte por escolha própria. Ela não sabia como era saber a manchete do jornal do dia seguinte. Uma matéria tendenciosa com um título pior ainda, mostrando novamente até onde os Luthor’s vão.

— Você não me conhece, menininha. Dentro dessa fantasia você pode se sentir a dona do mundo, mas você não é. Então, vá embora antes que eu escave cada pedaço desse planeta a procura de kriptonita e te faça sentir cada grama sendo enfiada em seu corpo. — Ela afastou-se da varanda, quase que por instinto. Seu olhar mudou instantaneamente. A compaixão foi trocada por temor.

— Você não é assim, Lena. — Supergirl voltou a aproximar-se como uma criança teimosa.

— Quer apostar? Eu posso ser a pior de todos os Luthor’s. Bastardos tendem a ter certa carência por aprovação, isso os torna brilhantes ou psicóticos. Não maioria das vezes. — Encostei minhas duas mãos no vidro, ela estava colada a ele. Seus olhos me miravam como se eu fosse uma joia preciosa, mas ao mesmo tempo uma bomba relógio.

— Eu poderia quebrar esse vidro e entrar ai, mas não farei isso. Você não está bem e eu estarei por perto, caso precise. Eu sempre vou estar aqui pra você, Lena. — Porque ela não desistia de mim? O restante das pessoas fazia isso apenas pelo sobrenome que eu carregava. Com ela era diferente. A razão? Eu desconhecia.

A assisti voar para longe no momento seguinte. A bela e destemida jovem que de certa forma era o oposto de mim. Mas carregava uma grande parcela do que eu me tornei dentro de si. Nós éramos mais parecidas do que gostaríamos de admitir.

Kara Danvers

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

É aquela velha história: eu tinha uma amiga, nós partilhávamos segredos e semelhanças, mas de certa forma Lena não me conhecia de verdade. Ela não conhecia minha contraparte. Ela não sabia que Kara Danvers e Supergirl eram uma só.

— Você acha que a Lena vai ficar bem? — Virei-me para Alex, ela sempre tinha respostas para mim. Ela que estava completamente concentrada em sua pizza, mirou-me com um olhar intrigado.

— Talvez hoje ela não precisasse de Supergirl e sua capa. Mas sim de Kara Danvers e seu infinito otimismo. — Não precisei dizer que estive no escritório de Lena, ela sabia que eu teria ido lá de um jeito ou de outro.

— Então, eu devo ir lá agora? — Joguei meu pedaço de pizza na caixa.

— Não! Você está louca? É quase uma da manhã. — Dei de ombro e voltei a pegar a pizza. — Alias, qual o quebra-cabeça entre você e a Luthor caçula? — Alex deslizou pelo sofá e estacionou ao meu lado.

— Eu não sei, ela é especial. Ela é diferente. Eu me sinto cheia de coisas boas quando estou perto dela. Sabe? — Me arrependi instantaneamente por te falado daquela forma, apesar de ser a verdade. O olhar cômico de Alex para mim antecipava certo tipo de comentário.

— Você deveria convidar ela para sair de uma vez. Esse romance platônico está ficando cansativo. — Ela sorriu após o comentário.

— Isso não é engraçado, mas amanhã irei ver ela. — Meu tom saiu sério, quase fugindo da acusação de ter Lena como alvo romântico.

— Eu conheço uma ótima floricultura. Caso você queira levar lindas flores para a Senhorita Luthor. Ela prefere lírios ou rosas? Melhor ainda tulipas!

— Eu vou derreter sua cara, Alex.

— Aposto que vai, mas antes você deveria dormir um pouco. Você não quer estar com olheiras para ver a Senhorita Luthor logo mais. — Alex levantou-se do sofá e correu até a porta.

— Boa noite, Alex. — Gritei antes que ela batesse a porta.