“A ausência está para o amor, assim como o vento está para o fogo, apagando o pequeno e inflamando o grande”.

***

— Não entendo, o por quê meu pai insiste em manter contato com este homem. – Peeta e eu, dançávamos na festa de ano novo da empresa Ritchson. Meu namorado, meio que foi intimado a comparecer no tal evento, e fiz questão de estar com ele.

— Talvez não sabe o quão perigo corre, estando com ele.

— Meu pai não é tolo, Peeta. Ele quer ver a WBE fazer sucesso como no início, nada mais que interesse pessoal nesse quesito.

— Seu pai queria que eu o atualizasse, trouxesse novas ideias de uma forma sustentável para o marketing da empresa, quando conversamos sobre eu trabalhar com ele. - The Magic of You, de Chris Welch ecoava pelo salão enquanto muitos casais apaixonadamente dançavam. Peeta me colou mais ao seu corpo, e as próximas palavras foram sussurradas em meu ouvido. – Michael quis saber, se meu pai tinha deixado a fórmula pra mim.

— Por que essa obstinação com a fórmula, que nem pertence a ele? – Mesmo a música estando alta, percebi que elevei a voz mais do que deveria.

— Porque, Michael sabe que o tal combustível renderia bilhões de dólares, fora os status, e acrescente um prêmio Nobel à lista que receberia. – De repente, meu namorado bufou aparentando estar furioso, e o encarei enigmaticamente. – O filho do Ritchson, não tira os olhos de você desde que chegamos.

— Vem, vamos tomar um ar. – O arrastei para o jardim que tinha na cobertura, que ficava frente ao salão, onde acontecia a festa.

Há quatro meses, Peeta vinha passando apertado com o tal Michael, que se dizia ter sido um grande amigo de seu pai. Eu não confiava nele e se estava tirando o sossego do meu namorado, já se tornava meu inimigo.

— Me distraia, para que eu não entre lá e arrebente a cara daquele playboyzinho... – bufou indignado e quando girei meu pescoço para olhar dentro do salão, realmente Gloss me encarava como se eu fosse uma presa.

— Você é o homem mais lindo que eu já vi, e não vejo a hora de chegarmos em seu apartamento para te sentir... – Não precisei continuar falando, pois, suas mãos possessivas seguraram em minha cintura, me puxando para si com certa autoridade, e seus lábios capturaram os meus em um beijo arrebatador.

— Eu não consigo parar de pensar em você, nem por um segundo... simplesmente por me enlouquecer deste jeito. – Uma de suas mãos escorregaram até o fim da minha coluna e bruscamente me puxou e senti sua excitação.

— Se segure até chegarmos em casa, amor. Ainda não deu meia noite.

— Acho que você estar neste vestido dourado, não está me ajudando muito – gargalhei espontaneamente. Meu vestido era frente única, todo trabalhado que tinha um rachado enorme na parte da frente que deixavam minhas coxas à mostra. Sobre meus ombros, havia uma estola gola echarpe de pelo, que me aquecia bem.

— A culpa agora é minha, Sr. Mellark? – fingi desdém.

— Sim, totalmente sua. – Voltamos a nos beijar e logo escutamos a contagem regressiva. – Que seu ano seja repleto de realizações e sucesso – desejou ele, comigo ainda presa em seus braços.

— Já estou me sentindo bem realizada, mas é sempre bom fortalecer isso. Desejo um feliz ano novo, amor. Saiba que, estar com você tem sido uma das melhores fases que estou atravessando.

Uma rajada de vento nos atravessou e rapidamente retornamos para o salão. A neve cobria toda a Capital. Meu sobretudo tinha ficado na entrada, junto com o de Peeta. Com seus braços em torno de mim, senti seu celular vibrando e logo o atendeu e pelo sorriso e conversa, estava falando com seu irmão.

— Feliz ano novo pra você e sua família, irmão. Ficou em casa mesmo? Entendo... quando Prim nasceu tive os mesmos cuidados, você deve lembrar o quanto eu a queria dentro de redoma, não é? – Finalmente Alexander tinha nascido, e já estava com dois meses. Annie e Finnick evitavam sair de casa, por conta do pequeno Mellark ser novinho demais. Fizemos uma baita comemoração, quando Annie chegou em casa com o recém-nascido. – A festa bombou sim, mas não vejo a hora de ir pra casa. Um abraço pra vocês também. Também amo você, Finn. – Logo encerraram a ligação.

— Eles estão bem? – perguntei enquanto um garçom passava por nós, oferecendo champanhe.

— Estão sim. Prim está com eles e está doida para nos ver. – Peeta pegou duas taças e me entregou uma. – Mais um brinde a nós dois.

— A nós dois – ergui a taça e elas tiniram quando a encostamos. – Pretende ir vê-la?

— Se não estiver nevando muito, podíamos ir até o 4, o que acha?

— Com você, eu iria até a lua, amor.

Peeta e eu conversamos com mais algumas pessoas, dentre elas meus pais, Gale e Madge e logo depois fomos embora cumprir nossos desejos e anseios de nos consumirmos.

***

4 meses depois...

Era quase abril, faltava poucos dias. Peeta resolveu, em um fim de semana, juntar nosso grupo para irmos a Island Green. Alex estava com seis meses e eu me encontrava sentada no sofá do deque, do iate com ele no colo.

— Você tem jeito com criança, Kat – comentou Annie.

— O Alex é bonzinho, deve ser por isso que ele fica bem comigo.

Eu e as garotas começamos a falar e a falar de crianças. Madge fazia um tipo de trança embutida no cabelo da Prim. Quando me dei conta, o pequeno em meus braços tinha dormido.

— Oi. – Peeta se sentou ao meu lado me dando um selinho.

— Oi – respondi retribuindo o carinho. – Quem está no comando?

— Finnick e o Gale. Vim ver se vocês querem que eu prepare algo para comermos aqui, ou querem almoçar na ilha? – Peeta iniciou um carinho nos cabelos, cor de areia, do pequeno.

— Por mim aguento, mas e a Prim. Ela comeu antes de sair?

— Filha, você quer comer algo aqui, ou almoçar na ilha?

— Quero almoçar na ilha, papai. Vai preparar aquela massa bolonhesa? – perguntou ela toda animada.

— Sim, posso preparar...

— Então só quero tomar uma vitamina.

— Então vou lá preparar. – Ele ia se afastando, mas segurei seu pulso dizendo que ia também. Annie pegou Alex dos meus braços, e de mãos dadas com meu namorado, seguimos para a cozinha do barco. – Você fica mais linda ainda, com meu sobrinho nos braços – disse ele me abraçando por trás.

— Ele é um bebê adorável... – Seus lábios iniciaram uma tortura em meu pescoço. – Oh... Peeta...

— Quero um filho com você. – Me petrifiquei com a sentença. Será que ele falava sério?

— Isso é sério? – Fiquei de frente pra ele e seus olhos pidão me analisaram por um tempo antes de dizer:

— Desde que te conheci, o que eu mais quero é, ter tudo com você. – Senti minhas pernas bambearem e a única reação do meu corpo foi me lançar sobre ele e beijá-lo. Peeta me ergueu e enlacei minhas pernas em sua cintura. Ansiava por tê-lo, mas algo nos impediu.

— Uh, acho melhor irem para o quarto. – Meu irmão tinha uma expressão nada pura ao nos flagrar.

— Vim preparar uma vitamina para a Prim. – Peeta justificou me soltando e indo em busca das frutas e eu do mixer.

— Pois é, estou vendo. – Gale sorriu maroto.

Assim que chegamos na ilha, fui ajudar Peeta na cozinha e Madge também nos auxiliou. Depois do almoço fomos descansar, mas meu namorado me fez um outro pedido.

— Quer caminhar um pouco?

— Quero. – O dia estava quente e talvez ele quisesse dar um mergulho, então coloquei meu biquíni e um vestido soltinho por cima. Minutos mais tarde estávamos fazendo trilha. – Acho que estou me recordando deste lugar...

— Estamos indo até a nossa árvore.

— Nossa árvore? – E, foi quando ele afastou alguns arbustos vi o local onde eternizou as iniciais do nosso nome.

— Hoje está fazendo um ano que te pedi em namoro. O nosso combinado foi de acrescentar um traço, nesta data, lembra? – perguntou tirando um canivete da mochila.

— Você é tão romântico – brinquei abraçando-o pela cintura. Ele beijou o topo da minha cabeça e me encarou com carinho.

— Quer fazer as honras? – apontou para o tronco e peguei o canivete de sua mão indo fazer o segundo traço. //

K. E.

+

P. M.

— Que tal? Agora são dois traços.

— Vem cá... – Ele me puxou prendendo-me com seus braços. – Você e Prim, são meu bem mais precioso. Quero ter as duas pra sempre comigo.

— Nós sempre estaremos juntos, certo?

— Sempre. - Me perdi em seus beijos. E, só nos afastamos quando o ar nos faltou. – Vamos dar um mergulho. – Caminhamos mais alguns metros até uma cachoeira. O poço era cercado por pedras e muitas árvores. Peeta tirou sua camisa, bermuda e por fim, pulou na água sem peça alguma em seu corpo. – Você não vem? A água está ótima!

Na verdade, a água estava muito gelada, mesmo o sol estando quente, a cachoeira por ficar localizada no centro da mata, a temperatura da água era fria. Mas, depois de vê-lo dar alguns mergulhos, observei seu cabelo respingando e a franja se formar em sua testa, não resisti. Tirei meu vestido e mergulhei de uma vez sentindo cada músculo do meu corpo tencionar.

— Pe-peeta... que água gelada... – Dei algumas braçadas até alcança-lo.

— Mas assim não vale... – O encarei confusa enlaçando meus braços entorno do seu pescoço. – Você ainda tem muita roupa neste corpinho.

— Não falando sério... – Peeta tirou a parte de cima do meu biquíni e arfei em seus lábios quando sua mão desceu até a parte de baixo. – A-amor...

— Sabe que sou louco por você.

— E eu por você. - Meu corpo não tinha resistência alguma pelo dele, e ali mesmo, nos entregamos entre gemidos e juras de amor.

A noite fizemos pizza para o jantar, e quando nos recolhemos em nossos quartos para dormir, fui surpreendida.

— Katniss, quer casar comigo?

— Peta... – Eu tinha acabado de escovar os dentes, e estava com minha camisola de seda, pronta para dormir, enquanto ele se encontrava ajoelhado usando apenas um short, e numa das mãos segurava uma pequena caixinha azul marinho aveludada. Dentro da caixinha um lindo anel, todo trabalhado reluzia.

— Sei que hoje estamos fazendo um ano de namoro, mas não consigo imaginar minha vida sem você... – Não resistindo à sua declaração, me lancei sobre ele o derrubando no tapete e dei a resposta que precisava escutar.

— Aceito. – O sorriso que iluminou seu rosto, foi o mais perfeito que já tinha visto. Ele colocou o anel em meu anelar, na mão esquerda e em seguida a beijou. Subimos na cama aos beijos e carícias. – Também não consigo imaginar minha vida sem você, Peeta.

Jamais esqueceria aquele dia, ou aquela noite em que fui pedida em casamento. Era um sonho a ser realizado ao lado do homem que eu tanto amava.

***

Finnick, Annie, Gale e Madge se alegraram com a novidade, mas quem mais ficou encantada com o pedido que Peeta fizera a mim, foi a pequena Primrose. Logo foi dizendo que queria levar nossas alianças e fazendo mil e um planos.

— Tenho certeza que o Mellark te fará feliz. Posso ver o jeito que olha pra você e a maneira que te trata, ele te ama irmã, sei disso.

— Obrigada, Gale. Estou feliz por ter você ao meu lado. – Ficamos abraçados por um tempo. Meu irmão sempre me defendeu e me apoiou no que precisei.

Era uma sexta-feira e meus pais tinham convidado Gale, Madge, Peeta e eu, para um jantar em família. E, seria a noite em que comemoraria meu noivado.

— Desculpem, pelo atraso tive que checar algumas peças que chegaram de última hora – disse Peeta se explicando.

Tínhamos combinado de nos encontrar na casa dos meus pais, assim que cada um saísse do trabalho.

— Cara, ainda bem que estou de férias e amanhã viajarei com minha linda esposa. – Meu irmão jogou o braço entorno do pescoço do meu noivo tirando sarro.

— Pois é cunhado, não tenho a mesma sorte que você, e agora terei que cuidar do seu setor – lamentou Peeta entrando na brincadeira.

— Afrouxe o cinto e beba um drink, vai por mim, vai precisar pra enfrentar o que vem agora. – Gale apontou em direção ao escritório e logo foi prepar uma bebida para Peeta. – Toma, é melhor se abastecer antes. Já passei por isso.

— Eu também já passei...

— Oh, Peeta verdade, por um minuto esqueci que já foi casado.

Peeta e eu reviramos os olhos.

— O jantar estará pronto em quinze minutos – anunciou minha mãe ao adentrar a sala, onde estávamos. - Peeta seja bem-vindo – cumprimentou com um sorriso fabricado.

— Boa noite, Sra. Everdeen, muito obrigado pelo convite. – Peeta segurou em sua mão e depositou um beijo.

— Katniss, querida está linda como sempre – elogiou, enquanto me abraçava. – E, que belo anel... deve ter custado uma fortuna – sorri sem graça antes de responder:

— Obrigada, mãe. Está muito elegante também. – Nunca entendi como ela conseguia ser tão superficial em tudo.

Fazia quase uma semana desde o pedido do Peeta, e assim que apareci na empresa usando meu anel, a reação de Cinna e os demais foi pra lá de empolgação. Bem, diferente da hipocrisia de minha mãe.

— Seu pai está aguardando vocês dois no escritório – informou ela.

Peeta e eu seguimos com nossos dedos entrelaçados. Bati de leve na porta e escutei um sonoro “entre”. Meu pai estava sentado na mesma poltrona, como no dia, em que vi Peeta pela primeira vez.

— Os dois, sentem-se. – Fizemos o que ordenou, e ele ficou um tempo nos observando atentamente. – Então, estão noivos.

— Sr. Everdeen, só quero que saiba que, não tenho nenhum conflito de interesse. Eu amo sua filha e o meu desejo é apenas, fazê-la feliz – suspirei ao escutá-lo e me segurei para não agarrá-lo ali mesmo.

— E você, Katniss?

— Eu o amo pai. E, pra mim não faz diferença se o aceita, ou não.

— Peeta, por favor, nos dê um minuto. – Meu noivo se levantou, deixando apenas eu e meu pai. – Sei o quanto sofreu com o James e o Luke. Tem certeza de que, quer se envolver com ele?

— Esqueceu de acrescentar o Thom, a essa pequena lista de desastre. Tudo o que mais quero é estar com ele, pai. Ele é bom pra mim. Me sinto protegida quando estou com ele.

— Mas, eu te acho tão nova, Katniss. Poderia estar viajando por conta do seu trabalho. Se quisesse eu bancaria cursos intensivos na sua área no Distrito 8...

— Daqui a algumas semanas faço vinte e cinco. E, outra você nunca permitiu que eu morasse longe e sozinha, por que está me propondo isso agora?

— Porque me preocupo com você.

— Se preocupa tanto que ao invés de pagar os caras que queriam me sequestrar, preferiu pagar seguranças que não me deixavam em paz... – De repente, aquela conversa me deixou alterada.

— Eu estava cuidando de você!

— Cuidando não, me prendendo! – Me levantei bruscamente e comecei a andar de um lado para o outro.

— Você se tornou uma mulher linda, Katniss.

— Me sentiria elogiada, se dissesse que eu estava mais inteligente.

— Isso também, mas está prendendo seu futuro em um casamento.

— Não estou prendendo nada. Eu posso fazer cursos na área em que trabalho aqui mesmo...

— E ficar dependente da Asprey pra sempre?

— Não!!! – gritei. – Quem sabe um dia lanço minha própria grife, mas por hora o que eu quero é estar com ele.

— Está bem, se quer assim, então case-se com ele e seja feliz. Vejo o quanto ele ama você.

Meu pai se aproximou de mim e me abraçou desejando toda felicidade. Quando estávamos à mesa ele propôs um brinde ao nosso noivado.

— Onde ficou, enquanto eu estava com meu pai no escritório? – Após o jantar convidei Peeta para sentarmos no balanço de madeira que ficava na varanda dos fundos.

— Estava com a Greasy e a Bonnie, na cozinha.

— Greasy descobriu que você cozinha muito bem, mas ela disse que depois que descobriu isso ficou triste. Achando que fui embora de casa por esse motivo.

— Ela é adorável. Podíamos sequestra-la depois de nos casarmos, o que acha? – brincou apertando de leve minha bochecha.

— Minha mãe te mataria. Ela trabalha conosco antes mesmo de eu nascer.

— Então não a sequestramos – riu me abraçando. – Foi muito tenso com seu pai?

— Ele só temia que você me machucasse com meus ex-namorados.

— Bem, quanto a isso ele pode ficar tranquilo, pois amo você mais do que qualquer coisa.

— Também amo você. – Me sentei em seu colo e o beijei. – Juntos?

— Sim, sempre juntos.