Kandor: as chamas da magia

Capítulo VIII - Sangue...


Diana ficou estática por um momento. Seria possível que alguém invadisse o palácio? Com tantos guardas espalhados por ele e nas terras ao redor, como ainda assim um estranho poderia entrar? Não pode ser mais uma morte na minha vida, pensava.

Havia mais alguém com a pessoa que gritava, pedindo para que ela se acalmasse. Em segundos ela foi disparada para a escadaria principal e Henry a seguiu. Ele tinha uma espada nas mãos e chamou mais dois guardas que estavam na outra extremidade do corredor, que leva a sala do trono. Diana segurava o vestido enquanto subia, os gritos continuavam a se propagar pelo ar, cada vez mais sonoros e sofridos. Ela esperava pelo pior mas não podia imaginar o que realmente acontecia. Ao chegar ao fim da escadaria viu um filete vermelho escorrendo do canto direito, no corredor que terminava em uma janela.

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— Sangue? — Sua voz saiu como um sussurro, o rosto marcado pela incredulidade. Lentamente ela se aproximou da parede, o coração disparado querendo sair pela boca. Mas ao avistar a cena, se jogou em direção a janela.

— Tia Martha!?

— Diana, sua tia está assustada. Não se aproxime. Ela me jogou o copo de vinho. Veja o que fez! — Clermon tentava conter a sobrinha enquanto John queria tirar um pedaço de vidro da mão da esposa, que o mantinha apontado para todos a sua volta.

— Mas o que se passa aqui? — Vanda, Ailla e Marcon desciam do terceiro andar rapidamente. Os guardas se postaram atrás de Diana e mais deles chegavam. O Conselho surgiu da biblioteca principal, seguravam as longas túnicas e observavam os demais. Allef e Andreas sacudiam a cabeça em reprovação.

— Martha, vamos parar com isso e voltar para o quarto? Não há nenhum assassino aqui. — Ela já não respondia aos apelos do marido e tampouco da irmã, mas um olhar feroz era destinado a todos, com exceção de Diana. Nãna subiu apressada para ver o que acontecia e quando percebeu o que era, tratou de dispensar para a cozinha duas outras serviçais curiosas.

Henry fez um sinal para os outros guardas e eles embainharam novamente as espadas, mas não desceram aguardando ordens de John. Diana olhava para o rosto desfigurado da tia em total desespero. Suas roupas estavam sujas na barra, com certeza do vinho que levava. A situação se tornava vergonhosa. Provavelmente, a tia ficaria no quarto por meses depois da notícia desse acontecimento se espalhar.

— Guardas, afastem-se. Desçam de volta para a entrada e me esperem. — Eles se encararam após a ordem de Diana, em voz calma mas com firmeza tal que desceram, um por um, a começar pelos mais novos e sendo Henry o último a deixar o local. Ela se virou para o Conselho logo atrás e continuou. — Creio que estavam discutindo um assunto importante. Seria muito bom se nos falássemos depois.

Sarah foi a primeira a se retirar, de cabeça baixa e olhar preocupado. Allef e Andreas lançaram um último olhar de reprovação antes de partirem. Por fim, Diana dispensou a família, alegando que Martha não tinha motivos para machucá-la; vendo John sair relutante, praticamente marchando para seu quarto. Olhando a tia nos olhos, ela se aproximou tentando começar um assunto.

— Fique tranquila... tranquila. Eu estou aqui. Eu não sei o que aconteceu, mas seja lá o que for, está tudo bem agora, tia. Eu não quero te machucar.

— Já estou machucada, Diana. Esses anos todos — ela passava a mão esquerda pelo cabelo repetidas vezes, como que para colocar no lugar algo que estava perfeito. — Todos esses anos...

— Por que não me conta o que te aflige? Quem quer te fazer mal? — Ela estendeu a mão para a mulher, querendo tocar seu braço esquerdo. Com certa relutância ela deixou e devagar as duas se sentaram, Martha com a cabeça apoiada no peito da sobrinha, o pedaço de vidro na outra mão.

— São eles... os assassinos. Estão por toda parte. Eles... eles me perseguem. Não querem que você saiba.

— E você os vê? Sabe me dizer quem são? Sua voz doce dava a impressão de tentar embalar uma criança.

— Os mesmos que mataram... — ela hesitava, as palavras saindo cada vez mais baixas — que mataram... seus pais.

Não havia palavras. A respiração parou, a mente tentando processar o que acabara de ouvir. A mão sobre o cabelo da tia, que antes lhe fazia um carinho, parou bruscamente, mas a outra não ia notar. Estava desmaiada e finalmente, o pedaço do copo com o qual ameaçava a todos estava no chão. Sentia o sangue correr forte pelas veias e tinha a impressão que o coração batia nos ouvidos, tamanha a quantidade de adrenalina que aquela notícia trouxe.

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— Meus... pais?