Haunting

Chapter 2 - Travis.


Alguns meses antes.
Pandora encarava a janela ao seu lado quase que melancolicamente enquanto o professor falava algo sobre Dante e Beatriz. Ao sentir uma mão em seu ombro, Pandora olhou por cima do mesmo e pegou o bilhete que Travis, que estava sentado atrás dela, lhe estendera.
Preciso te contar uma coisa.
Não me diga! Perdeu a virgindade?, ela respondeu reprimindo um sorrisinho cruel que se formava em seus lábios. Virou bem a tempo de ver Travis revirar os olhos enquanto lia o que estava escrito no pequeno pedaço de papel que havia sido destacado de alguma das últimas folhas do caderno dele.
É sério! Você vai gostar da ideia, te conto no treino do Nick.
Ok.

Ao devolver o bilhete com sua última resposta, Pandora permitiu se sentir curiosa em relação ao que Trav lhe contaria mais tarde. Ele sabia despertar a curiosidade dela e fazia esses suspenses de propósito, desgraçado.
Travis e Pandora eram melhores amigos desde sempre. Eles moraram na mesma rua por anos até os pais dele decidirem se mudar e logo Pam mudou-se também para outra cidade por conta da transferência de emprego do pai, mas ao não se adaptar-se no novo colégio, ela convenceu a mãe e o pai a permitirem que ela voltasse para a antiga casa, onde mora sozinha atualmente. Era impossível criar novas amizades depois que conheceu a de Travis uma vez.
✖ ✖ ✖
O barulho do sinal a despertou, tirando de seus devaneios e de seu poço de curiosidade por ora. Nick a esperava na porta e passou o braço por seus ombros enquanto andavam pelo corredor em direção ao refeitório junto de Travis.
Você vai ficar para o meu treino?
— Claro que sim — Pandora respondeu Nick enquanto entravam na fila da cantina e ele deu um leve beijo em seus lábios.
— Cara, ela não para de encarar vocês — Travis comentou com Nick e Pandora varreu o refeitório com os olhos enquanto procurava por Amy. Ela era doida por Nick desde sempre.
— Ignorem — Pam disse dando os ombros e deixou de prestar atenção na garota que a encarava fixamente.
— Ela é tão filme de terror -Trav comentou com Pam e ela e Nick riram.
— A doida que mata todo mundo no final.
— Em um acampamento escolar — Pandora completou o comentário do namorado e os três riram. As brincadeiras e possibilidades de "se fosse em um filme...." nunca perderia a graça para eles.
Nick e Trav começaram a falar sobre tal jogo que teria na semana e Pandora se desligou da conversa e voltou a se torturar com a curiosidade que tomava conta dela. Se Travis deixou para falar no treino era porque provavelmente não queria que Nick soubesse e se não queria que Nick soubesse..... Pam não conseguia nem imaginar o assunto. Que tipo de conversa ele teria com ela sem querer ou poder ter Nick por perto?
✖ ✖ ✖
O resto do dia foi uma tortura psicológica para Pandora que teve a impressão que as aulas de passaram mais devagar do que de costume. Ela detestava ser tão ansiosa dessa maneira, se sentia (e estava) sem controle algum desse tipo de sentimento e isso era um inferno mental para ela.
— Vamos — ela chamou Travis e o puxou pelo braço em direção ao ginásio.
— Calma, apressadinha.
— Você me paga por me deixar curiosa o dia todo — ela olhou para o amigo que ajeitava a mochila nos ombros e notou o sorrisinho que se formava em seus lábios — Ah, não. Você inventou ter um assunto importante só para me....
— Claro que não, sua boba!
Travis empurrou a porta do ginásio, permitindo que Pam entrasse primeiro e a seguiu pelos assentos na arquibancada. Ao ouvir um assovio, ela procurou pelo autor e acenou para Nick que entrava no vestiário para vestir o uniforme do time de basquete.
— Agora me conta — ela pediu se virando para o amigo assim que se acomodaram na arquibancada e ele riu ao perceber o brilho de curiosidade nos olhos dela.
— Você vai rir de mim.
— Juro que não — ele encarou os olhos da garota por um instante e arqueou as sobrancelhas.
— Vai sim!
— Conta logo!
— Tá, tá. Eu arranjei um jeito de ganhar dinheiro, tipo, não é muito, mas já ajuda a pagar algumas coisinhas bobas em que a gente gasta grana.
Pandora se intrigou com o assunto e franziu a testa, mas não o interrompeu.
— Tem um site de relacionamento que as pessoas procuram pelo mais diversos motivos e quando o cliente começa a pagar esse site, ele conversa com pessoas, como se fossem garotas, mas nem sempre é. Os clientes interagem com a garota modelo que escolhem e essas "garotas" -disse fazendo aspas com os dedos — são um bando de gente que fica na frente do computador, teclando com na maioria das vezes, caras pervertidos e ainda ganham uma graninha com isso.
— Deixa eu ver se eu entendi, você é uma dessas garotas? Você conversa com pervertidos por dinheiro? — Pandora sentiu que em sua cabeça tinha um monte de fios desencapados e aquele era o momento em que eles se tocavam.
Travis assentiu receoso.
— Tudo bem, eu deixo você rir por cinco segundos.
Pam não riu, ela estava confusa com tudo aquilo. Não estava entendo absolutamente nada.
— O que eu tenho a ver com isso Travis?
— Eles estão precisando de mais gente no site e eu pensei em você. Olha, não faz essa cara, eu sei que parece doido, mas juro, juro que vale a pena. São coisas idiotas que você escreve e ainda ganha um dinheirinho.
— Eu não sou uma pervertida! — ela se defendeu, sorrindo.
— Eu sei que você é. Mas você só precisa entrar na onda dessas pessoas que provavelmente se masturbam que nem virjões na frente do PC.
— "Que nem"? — ironizou fazendo aspas com os dedos — Pelo amor de Deus, Travis! As pessoas gastam dinheiro com isso.
— E a gente ganha, então o lucro é nosso!
— A gente? -ela perguntou gesticulando seu indicador no espaço entre eles.
— Pandora, você topa ou não ser uma dessas garotas?

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