Heart By Heart

Imponente


(Pov Jasper)

Foram longas quarenta e oito horas. Apesar da Bella estar completamente imóvel, eu conseguia sentir toda a dor e a agonia que ela sentia e isso estava me deixando ansioso. Não só pelo fato de sua angústia cessar, mas também para ver como ela ficaria no final do processo.
Edward não havia aparecido para vê-la nenhuma vez durante esse tempo e isso era inadmissível ao meu ver, mas era difícil reclamar quando essa atitude apenas me trazia mais tempo a sós ao lado dela. Cada vez mais o amor que ele dizia sentir por ela fazia menos sentido na minha cabeça e eu queria poder confronta-lo com isso, mas não era mais da minha conta e eu não estava afim de arrumar briga com ele agora.
Assim que toda a minha família foi caçar, se preparando para quando ela acordar, resolvi aliviar meu coração sem que ninguém pudesse ouvir, nem mesmo ela. Era estúpido, eu sei, mas era como se eu precisasse falar em voz alta para conseguir pôr em prática minha vontade de ser apenas seu amigo. Segurei sua mão e me curvei, sussurrando em seu ouvido.
— Isabella Swan... eu queria poder colocar em palavras o quanto eu te amo, mas toda vez que tento me sinto um idiota pois nada faz jus ao meu sentimento. Obrigada por ter me tirado de um poço em que eu me afundava cada vez mais. Obrigada por ter me mostrado algo que eu nunca imaginei que pudesse vivenciar e mesmo que não tenha dado certo, nunca irei me arrepender de cada segundo que passei com você, de todos os momentos maravilhosos que tivemos, que fizeram com que eu me apaixonasse pela garota incrível e única que você é. Sempre serei grato por você ter feito essa mudança que fez em mim. – Eu disse, tentando conter os soluços. Era ridículo como eu havia me tornado uma pessoa movida pelo emocional depois que me vi apaixonado por ela. Ser humano era humilhante assim?
Quando parei de falar, os dedos da mão de Bella se mexeram sutilmente e eu percebi que seu tom de pele e sua temperatura já haviam mudado quase completamente. Droga. – Bella? Você está me ouvindo? Opa. Isso não fazia parte dos planos. – Eu ri, sacudindo a cabeça. Você é um idiota. Eu tinha que consertar a situação, ou ela sairia correndo. – Mas, se você realmente ouviu tudo o que eu disse, quero que saiba que não estou aqui para insistir em nossa relação ou para tentar te fazer lembrar de nada, só quero, do fundo do meu coração, estar próximo a você. Eu já imaginava isso, mas quando quase te vi morta hoje, tive a certeza que eu amo você o suficiente para apenas ser o que você precisar que eu seja e espero que você ainda me queira como amigo, pois não sei mais como vou conseguir ficar afastado. – Antes que eu pudesse passar mais vergonha, seu coração disparou assustadoramente. A agonia dela pesou no ar e eu engasguei, consciente que tudo estava prestes a acabar. Houve uma batida bem fraca e logo depois, silêncio. Levei alguns segundos para ter consciência que eu deveria me afastar por precaução e me movi para longe, o mais distante possível de onde ela estava.
Assim que me movimentei, Bella abriu os olhos e saltou da maca, voando para o outro lado onde eu me encontrava, agachando em posição de defesa e mostrando os dentes.
Incrível. Ela estava ainda mais bonita, como se a imortalidade tivesse sido feita para ela, fora que vê-la assim era extremamente sexy. Os olhos vermelhos davam um charme especial de perigo que eu amava.
Antes que eu pudesse falar qualquer coisa ou tentar me aproximar, Carlisle e Edward entraram no quarto. Bella rapidamente se pôs de pé, mas seus olhos não paravam de me encarar. Eu não conseguia discernir o que ela estava sentindo no momento porque suas emoções estavam em um furacão e comecei a me sentir preocupado se ela iria me odiar por tudo o que eu havia falado.
— Bella... – Murmurou Edward, correndo ao seu encontro. Ele a abraçou, mas ela não moveu um centímetro; sequer o abraçou de volta. Aquela situação estava desconfortavelmente estranha. – Você está tão linda. – Ele disse. Ao tentar beija-la, ela se afastou, olhando-o com a expressão vazia.
— Edward, ela deve estar assustada com tanta novidade, vamos com calma. – Disse Carlisle, se aproximando. – Como se sente, Bella? – Ela olhou em volta e deu um passo para frente, imponente.
— Muito bem. – Assim que pronunciou as palavras, ela levou as mãos a garganta, fazendo uma careta de dor. – O que...
— Você deve estar com sede. Vamos caçar? – Ela sorriu e assentiu com a cabeça. – Certo. A janela é o meio mais fácil de... – Antes que Carlisle pudesse terminar, Bella se impulsionou e pulou. Ele e Edward se entreolharam, ambos franzindo o cenho. Eu, por outro lado, tive que segurar a risada. Essa atitude não me surpreendia nem um pouco vindo da minha menina corajosa. O mundo agora era dela e ela sabia disso.

(Pov Bella)

A imortalidade era muito mais maravilhosa do que eu um dia imaginei. Tudo ao meu redor era mais brilhante, mais colorido e mais bonito. Eu conseguia enxergar e ouvir coisas mesmo que elas estivessem a quilômetros de distância de mim, fora todos os outros meus sentidos e emoções aumentados no máximo. Era como se eu conseguisse sentir a energia da nova vida circulando por cada centímetro do meu corpo; o suprassumo de uma experiência sensorial.
Eu sabia que tinha outros problemas para resolver, mas assim que Carlisle falou sobre caçar eu só conseguia pensar sobre isso; a sede era mais forte e a dor me lembrava um pouco da transformação que eu tanto queria esquecer.
A caçada foi tranquila. De alguma maneira eu sabia exatamente a extensão dos meus poderes e sabia o que fazer e como me comportar na floresta. Até a parte de escolher uma presa, que achei que seria difícil e desagradável, foi inacreditavelmente fácil. Era bizarro perceber como tudo a minha volta havia se tornado frágil. Não existia ninguém ali mais perigoso que eu naquele momento. Eu nasci para ser uma vampira.
— Por que não estou totalmente satisfeita? – Perguntei, depois de um leopardo e dois veados. Era estranho ouvir aquela voz musical e poder dizer que ela era minha.
— Você é nova, irá melhorar com o tempo. – Disse Carlisle, apertando meu ombro.
Meus novos sentidos captaram uma aproximação vindo do Norte e me resetei, ativando o modo autopreservação. Não era algo que pudesse controlar e eu só me agachei, pronta para quem estivesse vindo me enfrentar.
— É a nossa família, Bella. Você ainda irá se acostumar com os cheiros. – Disse Edward e eu me levantei em um milésimo de segundo, me sentindo boba e envergonhada. Olhei em volta e parei em Jasper, que estava observando tudo de longe o tempo inteiro. Ele levantou uma sobrancelha, notando como eu estava me sentindo.
Agora que eu tinha mais controle da minha mente graças a quantidade brutal de sangue dentro do meu corpo, pude clarear minhas ideais e voltar ao highlight da minha transformação. Senti que minha família havia parado atrás de mim e podia dizer que todos estavam me olhando da cabeça aos pés, mas eu só tinha olhos para Jasper. Assim que eu cogitei estar em seus braços, já estava lá, sem nem piscar os olhos.
— Bella? – Ele chamou, confuso, enquanto eu o abraçava. – Um... pouco... forte... demais. – Ele murmurou e eu afrouxei o aperto, estranhamente alheia a tudo. Ergui a cabeça e colei minha testa na dele, segurando a risada para sua expressão completamente confusa e assustada.
— O que está acontecendo? – Gritou Edward. – O que você está fazendo aqui, Jasper? Eu estava tentando ignorar, mas... – Soltei Jasper e caminhei ao seu encontro, erguendo-o pelo pescoço apenas com uma mão. Ele tentou se debater, mas eu era muito mais forte do que ele agora. A fúria se espalhou e eu tive que me controlar para não arrancar sua cabeça fora. Todos os Cullen haviam prendido a respiração, mas nenhum veio tentar nos separar.
— Edward... – Falei, intensificando a força do meu aperto; ele engasgou tentando dizer alguma coisa que não me dei ao trabalho de tentar entender. – Como ousou se aproveitar do meu acidente? – Apertei ainda mais e pude ouvir, através da sua dura pele, seus ossos estalarem. – Achou que iria me enganar pelo resto da eternidade? – Seus olhos pareciam que saltariam das órbitas, então joguei-o para frente com força. Ele voou o que pareceu um quilômetro, atravessando uma grossa rocha no caminho. As marcas das minhas unhas estavam impressas e me perguntei se isso ficaria para sempre ali.
— Bella, e-eu... - Ele gaguejou, enquanto se colocava de joelhos, parecendo fraco demais para levantar.
— Não minta para mim! – Gritei, urrando automaticamente. O som ecoou pela floresta, assustadoramente alto, mas eu não me importei; a sensação de poder pulsava e ninguém nunca mais iria me enganar dessa forma.
— O que está acontecendo, Carlisle? – Perguntou Esme, aflita.
— Não tenho certeza, mas acho que Bella recuperou suas memórias.
— Sim, eu recuperei. – Respondi, sorrindo ironicamente.
— Eu só fiz o que era melhor para você! – Exclamou Edward. Andei lentamente até ele e o olhei de cima, emanando desprezo.
— Não. Você fez o que era melhor para você. — Respirei fundo, exercendo o máximo do autocontrole que eu nem sabia que possuia. – A sua obrigação era me contar toda a verdade no começo e se afastar, não me deixar mais confusa do que eu já estava. Você tem noção do quanto eu chorei por noites sem entender o vazio que eu estava sentindo? Ou todas as vezes que achei que iria enlouquecer?
— Você ficou bem com o tempo depois. Eu não te forcei a se casar comigo. – Ele respondeu, tentando se levantar. Eu o empurrei para baixo, obrigando-o a se manter de joelhos. Ele suspirou, mas não relutou. – Você sabia que tinha se envolvido com o Jasper e ainda sim quis ficar comigo!
— Você não me deu muita escolha! – Berrei. – Minha mente confusa me pregava peças e me fazia acreditar que eu ainda te amava e você ficou se fazendo de vítima e me fez sentir péssima, quando o mínimo a se fazer era ficar longe de mim! Só que, ao invés disso, a pessoa que realmente me amava se afastou. – Carlisle deu alguns passos para perto de nós e eu rosnei em alerta; ninguém iria me interromper. – Você não ligou para a minha real felicidade, apenas agiu pelas beiradas, se aproveitando da situação, compelindo seu irmão a sair de casa. Quem é você? – Eu ainda berrava quando senti meus olhos arderem e uma bola se formar em minha garganta. Me forcei a engoli-la e me abaixei, ficando cara a cara com Edward. – O que você sente por mim é obsessão, não amor. Eu tenho pena de um ser como você, capaz de pensar apenas em sí mesmo. Foi difícil manter essa máscara de bom moço por todos esses anos? Por que eu claramente me apaixonei por alguém que nunca existiu.
— Bella, por favor...
— Cala a boca, eu ainda não acabei. – O cortei, levantando e andando em volta dele. – Você vai arrumar as suas coisas e vai embora de Forks. Imediatamente. Quem sabe daqui uns cinquenta anos eu penso em tolerar a sua presença novamente. – Ele levantou a cabeça e olhou para Jasper furioso; sua raiva era quase apalpável no ar. Antes que eu pudesse pensar em sua postura, ele já havia saltado em direção a Jasper, esmurrando-o no processo. Minha visão ficou completamente vermelha e um rosnado enlouquecido rasgou o meu peito. Eu pulei em direção a eles, imobilizando-o pelo braço e quebrando-o no processo; ele gritou. – Juro que se você tentar encostar mais um dedo nele, eu mesma te mato. – Eu disse, tendo total ciência da minha ferocidade naquele momento. Edward arregalou os olhos, sabendo que eu estava falando sério. Ele deu alguns passos para trás e se virou, correndo sem rumo pela floresta.
Assim que soltei todo o ar preso em meus pulmões, Jasper correu, se atirando em mim. Meus instintos, de alguma forma, sabiam que ele não era ameaça e eu apenas o recebi de bom grado.
— Bella! Bella! – Suas mãos me envolveram e eu encaixei nossos lábios sedentos um pelo outro, em uma tentativa de matar toda a saudade que me atingiu quando recuperei a memória durante a transformação. Todas minhas prioridades mudaram e eu só queria senti-lo mais e mais.
— Jas... – Murmurei entrei os beijos, me empurrando contra seu corpo. Ele enroscou uma de suas mãos no meu cabelo, puxando-o, enquanto a outra apertava minha bunda. – Estamos em público. – Pausei, com dificuldade. Minha mente funcionava com um milhão de interruptores e naquele momento só havia um ligado.
— Estamos? – Ele perguntou, se afastando um pouco. Olhei em volta e percebi que todos haviam ido embora.
— Eu nem percebi que eles tinham partido.
— Sua cabeça estava focada em outra coisa. – Ele sussurrou no meu ouvido, mordendo o lóbulo da minha orelha; um gesto tão simples, mas que me mandou para o limite. Joguei-o no chão, rasgando sua blusa no processo. Ele riu, enquanto me sentava em seu colo e tirava delicadamente o meu vestido pela minha cabeça; não posso dizer o mesmo sobrem minha calcinha e meu sutiã. – Você não pode voltar para a mansão completamente nua.
— Nem você. – Brinquei, engatinhando e beijando seu corpo enquanto puxava seus jeans para baixo, me forçando a ser gentil. Assim que todas as nossas roupas se foram, a gentileza sumiu. Jasper me ergueu pelas pernas, se atirando em uma árvore e me preenchendo de uma só vez. Eu gemi alto, jogando a cabeça para trás e revirando os olhos em êxtase. Meu corpo estava mil vezes mais sensível naquela parte do que quando eu era humana e eu cravei minhas unhas em suas costas assim que ele começou a se mexer.
— Eu... senti tanto... a sua falta. – Ele disse, sem parar de se mexer.
Mais. – Pude sentir seu sorriso em meu pescoço e ele aumentou a força e o ritmo, até que a árvore atrás de mim começou a tombar. Puxei seus cabelos com força enquanto gemia alto e rebolava freneticamente de encontro a ele, me sentindo desfalecer. Éramos como fios desencapados se entrelaçando. A vaga lembrança da primeira vez que nos tocamos passou pela minha mente e eu quase ri por achar que aquilo era a maior coisa que um ser poderia sentir. Isso aqui era.
Ele aumentou a pressão enquanto puxava meus cabelos e beijava meu ombro e eu me senti quebrar, flutuando no espaço. Todo o meu corpo estava eletrizado pelo orgasmo e nem o prazer de beber sangue poderia superar essa sensação poderosa que era tê-lo dentro de mim.
— Bells. – Ele ofegou baixinho e eu senti seu corpo vibrar, sabendo que ele também tinha atingido o clímax. Nossos corpos cederam e nos deitamos na grama ao lado da árvore quase derrubada. – Eu ainda não acredito que isso está acontecendo. – Ele disse, correndo as mãos pelos meus cabelos e minhas costas nuas, sorrindo bobamente.
— Ei. Me desculpa por...
Shhh. Não tem que me pedir desculpas, eu entendo completamente suas atitudes. – Assenti, sem vontade de entrar naquela discussão justamente agora.
— Edward vai realmente só... se afastar?
— Eu espero que sim. Não quero ter que brigar com ninguém. – Concordei, me sentindo um pouco menos furiosa com ele. Edward não era uma pessoa má de verdade, eu sabia disso, mas sua teimosia o fez não pensar nas consequências. Eu esperava que realmente um dia pudéssemos ficar em paz novamente.
— É normal não ficar tão saciada nisso também? – Perguntei, correndo a mão pelo seu corpo. Agora eu era capaz de ver com exatidão suas cicatrizes e, de alguma forma, elas só o deixavam mais sexy. Ameaçador. Ele riu alto, me puxando para seus braços.
— Sim, infelizmente. Emmett e Rosalie demoraram dez anos para conseguirem conviver com outras pessoas. – Olhei para baixo, fitando-o e me sentindo excitada novamente. Nós não tinhamos que parar, não precisávamos de mais nada.
— Temo que seremos piores. – Eu disse, sentando-me em cima dele novamente. Ele sentou junto comigo, enroscando minhas pernas em suas costas e nos conectando; nós gememos em uníssono.
— Vinte anos?
— Vinte anos! – Nós rimos, nos beijando.
— Eu te amo, Bella. Eu te amo tanto. — Ele disse, olhando profundamente em meus olhos. Meu estômago se retorceu; isso não deveria ter sido perdido junto com o coração batendo?
— Eu te amo, Jasper. Para sempre. — Ele sorriu graciosamente, me puxando para um beijo lento que logo se tornou urgente e eu sabia para onde isso nos levaria, pelo tempo que fosse. Eu não estava com pressa.
Será que finalmente alcançaríamos o nosso paraíso?

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