(Pov Bella)

O dia mal havia começado e eu só queria que ele acabasse. Desde cedo eu estava nas mãos de Alice. Eram banhos demorados com quinhentos líquidos diferentes, esfoliação, esmalte nas mãos e nos pés, sobrancelha, cabelo... a tortura mais insuportável e demorada da minha vida. Estava começando a temer que quando ela me libertasse, eu não fosse mais a mesma pessoa.
— Você é tão dramática. – Disse Alice, revirando os olhos enquanto eu protestava com mais uma tortura de beleza.
— Estou exausta, Alice. Vou parecer uma múmia. – Levantei, protestando. Da janela eu pude ver a decoração no jardim. Era simples, mas ainda sim, magnífica. Alice deveria ser considerada uma vampira com dois dons.
— Você vai parecer tudo, menos uma múmia. Veja por si mesma. – Atravessei o quarto um pouco de má vontade e parei em frente ao gigantesco espelho. Ual.
Era bizarro afirmar isso, mas eu estava linda. E o mais incrível de tudo: ainda parecia eu mesma.
— Alice, eu... eu...
— Viu? Eu realmente sou um monstro. – Ela brincou, sorrindo ternamente. Me virei e a abracei com toda a força que eu tinha. As vezes eu me sentia não merecedora de tanta sorte.
— Muito obrigada, Alice. Eu te amo tanto... você é a melhor irmã que alguém poderia ter.
— Shhh, nada de lágrimas. – Ela me afastou e começou a bater levemente um lenço embaixo dos meus olhos. – Sem borrar minha obra de arte.
— Desculpe.
— Podemos descer? – Respirei fundo, encarando o reflexo da linda garota e imaginando como ela seria com o toque da imortalidade; eu mal podia esperar.
— Podemos.
— Oba! – Ela gritou, batendo palminhas. – Vou avisar a todos e quando a marcha começar a tocar, você desce as escadas vagarosamente.
— Tudo bem... Alice! – Chamei, antes que ela saísse do quarto. – É só a sua família, não é? – Ela digitou algo no celular e levantou a cabeça, sorrindo gloriosamente para mim.
— Só a nossa família. – Meu estômago vibrou com se tornar uma Cullen ser um fato cada vez mais real. – Te vejo lá embaixo. – Desfrutei do espelho mais um pouco e me encaminhei para o alto da escada.
Assim que a marcha iniciou, comecei a descer, degrau por degrau. Algo dentro de mim me dizia que eu não deveria estar olhando para o chão, mas não queria arriscar já que haviam pétalas vermelhas por todo o lugar. Minha decisão de manter os olhos fixos em meus pés era firme, mas algo no jardim puxou minha atenção como um imã e não consegui resistir ao impulso de olhar.
Para minha surpresa, Jasper estava sentado em uma das cadeiras e sorria, apesar dos seus olhos brilharem intensamente em sua melancolia habitual. Sua roupa era escura, ressaltando ainda mais seus loiros cabelos desgrenhados.
Ele veio para o meu casamento mesmo depois de toda a minha grosseria e de todo o sofrimento que causamos a ele. Estranhamente aquilo me emocionou e eu não consegui olhar para nada além dele; sentia sua falta de algum modo e me senti péssima pela última vez que estivemos juntos. Eu queria pedir desculpas por tudo e abraça-lo. Ainda presa em seu olhar, dei mais um passo e pude sentir minhas pernas se enroscando com o véu e as pétalas; tudo girou e a última coisa que pude ver foi o enorme lustre da mansão Cullen.

(Pov Jasper)

Aquele momento em que nossos olhos estavam conectados foi tão forte que eu não consegui ser rápido o suficiente para alcança-la antes de ela voar cinco degraus. Todos estavam tão mesmerizados com a cena no geral, que ninguém conseguiu se mover os milésimos de segundo necessários para que ela não atingisse o chão com força.
Carlisle foi o primeiro a pega-la, seguido de Edward e Alice.
— Tem sangue, Carlisle! O que houve? – Perguntou Edward. Travei o maxilar, tentando impedir que um urro desesperado voasse para fora da minha boca. Isso não pode estar acontecendo de novo.
— Ela abriu a cabeça perto do antigo ferimento. A pele nesse local é muito mais sensível agora.
— Temos que leva-la para a enfermaria! – Alice berrou. Eu os segui como um vulto em silêncio e me posicionei no fundo da sala. Acho que a expressão correta era choque; eu estava em choque com toda aquela situação. Me agarrei nessa reação e prendi a respiração, tentando não soltar as pontas do meu autocontrole e não cair de joelhos em agonia pela mulher que eu amava. Eu não tinha mais o direito de estar ao seu lado nesse momento, então apenas observei Edward fazendo o meu papel.
— Não vou conseguir parar essa hemorragia, Edward. – Constatou Carlisle, depois de examina-la melhor. Ele apertou o braço do filho e balançou a cabeça em negação. Meu corpo tremeu e eu fechei as mãos em punho, quase quebrando os meus próprios dedos. Naquele momento eu tive certeza que qualquer relação com ela era melhor do que relação nenhuma. Eu seria seu amigo, até melhor amigo se ela permitisse. Talvez, nessa altura, o padrinho de casamento. Eu engoliria o ciúme, porque eu não iria aguentar viver em um mundo onde Bella Swan não existisse. A mera hipótese de nunca mais poder ver seu sorriso ou ouvir sua voz me fez soluçar baixinho, mas ninguém a minha volta percebeu. Todos pareciam arrasados, com exceção de Rosalie que não se encontrava dentro da sala; acho que eu nunca havia visto o Emmett tão sério e cabisbaixo.
— Temos... temos que transforma-la? – Perguntou Edward. Eu revirei os olhos, evitando demonstrar impaciência. Enquanto eles debatiam sobre o óbvio, o coração de Bella batia cada vez mais fraco pela perda de sangue. Não tente pular e morde-la, Jasper.
— Agora ou nunca, filho. – Carlisle olhou em volta e todos se retiraram, menos eu e Edward.
— Não sei como...
— Eu tive essa ideia há um tempo. – Disse Carlisle, abrindo uma gaveta a sua esquerda e retirando uma enorme seringa de metal. – Nunca sabemos o que pode acontecer e as vezes o veneno não é rápido o suficiente, então... – Ele pausou, apalpando o tórax da Bella e em seguida, aplicando a seringa com força em seu coração, despejando todo o conteúdo. – Temos que ser diretos. Assim o coração bombeará o veneno com mais rapidez do que apenas por uma mordida. – Em questão de segundos o seu coração disparou, batendo furiosamente e espalhando o veneno por suas artérias; estava funcionando.
— Eu... eu preciso espairecer. – Suas emoções eram tão depressivas que tive que voltar com as barreiras para não deixar que elas me afetassem.
— Tudo bem, filho. Ela não irá acordar em menos de dois dias. – Edward assentiu para Carlisle e deixou o quarto. Eu finalmente relaxei, respirando audivelmente. Me aproximei com cautela da maca e encarei o rosto sereno de Bella. Seu sangramento havia parado, e uma de suas maçãs do rosto estava arroxeada, provavelmente por causa do tombo.
— Ela não deveria estar gritando? – Perguntei, confuso. Lembro de ver milhares de humanos se transformando e nenhum deles foi algo bonito de se presenciar.
— Não sei dizer. Nunca transformei alguém que estava completamente inconsciente, talvez seja por isso. Não significa que ela não está sentindo dor, infelizmente.
— Certo.
— Jasper?
— Sim?
— Estou muito orgulhoso de você. – Levantei a cabeça para olha-lo e franzi o cenho, confuso. – Sei que passou por muita dor e mesmo assim respeitou todas as decisões da Bella. Você poderia muito bem ter tentado matar seu irmão, mas escolheu se distanciar para o bem dela. Eu relutei sobre esse casamento, mas como médico pesquisei muito e é praticamente impossível que suas memórias voltem depois de tanto tempo, por isso cedi. O tempo foi vencendo a esperança de todos nós por aqui e acabamos deixando que Bella liderasse o curso que a fizesse feliz. Me desculpe se te magoei de alguma forma, filho. Nunca foi minha intenção.
— Eu sei disso, Carlisle. Sei da intenção de todos aqui e não estou magoado com nenhum de vocês. Era exatamente o que eu queria para ela; segurança, felicidade e amor. Ela havia escolhido e estava satisfeita, eu jamais tiraria isso dela. Nesse tempo longe pude perceber que o amor verdadeiro é altruísta e não pede nada em troca. Eu a amo e sempre amarei, só me resta fazer o que estiver ao meu alcance para deixa-la bem. – Ele contornou a mesa e me abraçou fortemente. Suas emoções emanavam um contentamento tão grande que quase absorvi, mas quando abaixei minhas barreiras, a dor de Bella me invadiu em seguida e eu engasguei.
— Tem certeza que quer ficar aqui nesse momento? – Perguntou Carlisle, entendendo minha reação.
— Sim. Quero aproveitar minha invisibilidade momentânea e o afastamento do Edward para poder falar com ela. Preciso checar se ela me odeia. – Ele sorriu e saiu do quarto, nos deixando a sós.
Voltei a fitar seu rosto ainda calmo e me curvei, depositando um beijo em sua testa. Seu coração batia de um jeito ensurdecedor e a mudança em seu cheiro já era perceptível no ar. De repente me vi curioso; teria como ela ficar ainda mais bonita?
Será que poderíamos ser amigos de verdade? Edward ficaria para sempre com receio de uma possível relação entre eu e ela? Tantas perguntas. Nenhuma resposta.
Quando alguém se transforma, por mais que fique parecido com o que era, a personalidade nunca é igual a como antes. Quem Bella Swan iria se tornar?

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(Pov Bella)

Queimação. Isso era tudo o que minha mente conseguiu registrar pelo o que pareceu uma eternidade e eu comecei a me perguntar se havia tropeçado e caído em uma lareira acesa. Por que os Cullen não me salvavam?

Mais dor.

E quando achei que iria começar a diminuir pelo o tempo em que as chamas me consumiam, só piorava.
“Só existe uma dor que é completamente insuportável nesse mundo.”
As palavras de Carlisle rodavam os pequenos espaços que as vezes sobravam em minha mente e eu demorei a entender o que elas queriam dizer: transformação.
É claro! Eu estava me transformando, o que significava que uma hora todo esse sofrimento iria cessar. A felicidade quase me preencheu, mas então as chamas ficaram ainda mais intensas e eu comecei e me debater no buraco negro do meu ser.
Eu não quero mais isso, por favor, me deixem morrer!
Nada valia essa dor, nada valia esse esforço. Nenhum amor, nenhum futuro, absolutamente nada poderia compensar tamanho sofrimento.

Quanto mais o tempo passava, mais a dor aumenta, mas estranhamente parecia que eu estava começando a conseguir deixa-la de lado com facilidade. Era como se um enorme espaço tivesse aberto em minha mente e eu fosse capaz de colocar todo o sofrimento em segundo plano. Assim que tive total consciência do que havia acontecido, me senti frustrada. Eu realmente estrago tudo, não?
Não consigo pensar em uma pessoa no mundo que tropeçaria no dia do seu casamento a ponto de morrer. Morta. Era estranho pensar que a cada segundo a vida se esvaia e eu viveria para sempre. Não queria pensar que todas as pessoas que eu conheci, incluindo minha mãe e meu pai, morreriam enquanto eu continuaria por aqui. Charlie. Como vou encontra-lo novamente depois de me transformar? Era perigoso demais...
— Bella? – Ouvi a voz de Jasper a minha direita e me assustei. Forcei mais os meus ouvidos e percebi que tudo estava muito claro a minha volta. Eu era capaz de ouvir os passos no andar de baixo, como as batidas das asas de pássaros perto da janela. – Eu não sei se você pode me ouvir, mas já passamos da metade do processo. Em breve você acordará. - Se a dor não fosse tão insuportável, eu juro que poderia me sentir aliviada. Era reconfortante saber que essa tortura estava chegando ao fim. Mas, porque Jasper estava comigo? Onde estaria Edward? Eu imaginava que ele ficaria ao meu lado nesse momento; isso me irritou.
— Ela vai ficar maravilhosa! – A voz de Alice atingiu meus ouvidos, assim como o barulho da porta se abrindo e o vento rodando pelo ar. – Ela pode nos ouvir?
— Acho que ainda não... está meio cedo. – Respondeu Jasper e eu ri internamente. Bobinho. — E não fale como se ela já não fosse maravilhosa.
— Óbvio que minha irmã é, só quis dizer que ela ficará ainda mais. Pena que não tem como te mostrar.
— Onde está Edward? – Boa pergunta, Jasper!
— Eu não sei, ele está estranho desde que Bella começou a transformação. – Ouvi um estrondo baixo e não pude identificar sua causa. – Ei! Não danifique o quarto.
— É inadmissível que ele esteja longe dela nesse momento! – Disse Jasper, parecendo bastante irritado. Concordo.
— Ele não está sabendo lidar com o fato dela estar com dor, de estar se transformando...
— Preferia que ela morresse?
— Sabe que não é isso, Jas. Ele só não queria arrasta-la para o nosso mundo. – Jasper bufou e eu quis poder bufar junto com ele. Isso era ridículo. – Já sabe o que fará quando ela acordar? – Pude ouvi-lo suspirar e me entristeci. Não queria continuar magoando-o como fiz durante todo esse tempo.
— Não exatamente...
— Bom, irei caçar com o resto da família. Se Edward aparecer, por favor, não briguem.
— Sou um santo. – Ouvi a porta se mover mais uma vez e silêncio absoluto.
Algum tempo passou, não sei dizer exatamente quanto, e senti algo encostar na minha mão, pressionando-a.
— Isabella Swan... eu queria poder colocar em palavras o quanto eu te amo, mas toda vez que tento me sinto um idiota pois nada faz jus ao meu sentimento. – Jasper sussurrava, bem próximo ao meu ouvido. Imaginei que era ele que estava me tocando naquele momento. – Obrigada por ter me tirado de um poço em que eu me afundava cada vez mais. Obrigada por ter me mostrado algo que eu nunca imaginei que pudesse vivenciar e mesmo que não tenha dado certo, nunca irei me arrepender de cada segundo que passei com você, de todos os momentos maravilhosos que tivemos, que fizeram com que eu me apaixonasse pela garota incrível e única que você é. Sempre serei grato por você ter feito essa mudança que fez em mim. – Ele soluçou baixo e eu mexi levemente os dedos, em uma tentativa inútil de segurar sua mão de volta. – Bella? Você está me ouvindo? Opa. Isso não fazia parte dos planos. – Ele riu e o nervosismo transbordava em sua voz. – Mas, se você realmente ouviu tudo o que eu disse, quero que saiba que não estou aqui para insistir em nossa relação ou para tentar te fazer lembrar de nada, só quero, do fundo do meu coração, estar próximo a você. Eu já imaginava isso, mas quando quase te vi morta hoje, tive a certeza que eu amo você o suficiente para apenas ser o que você precisar que eu seja e espero que você ainda me queira como amigo, pois não sei mais como vou conseguir ficar afastado. – Era bom que eu estivesse completamente mortificada, pois provavelmente estaria aos prantos naquele momento. Como eu pude ser tão rude com ele?

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Ah!

Meu coração e minha cabeça deram um estalo. O que eu achava que não era mais possível, explodiu no meu corpo e eu cheguei a conclusão que viraria cinzas no final do processo. A queimação triplicou; não dava para descrever tamanha agonia.
— Bella? Bella! – A voz aflita de Jasper me chamou a atenção e minha cabeça automaticamente buscou por seu rosto em minhas lembranças, piorando a sensação. Eu queria poder gritar por seu nome, perguntar se eu realmente estava inteira, mas a cada segundo que eu obrigava a minha mente a pensar nele, em seu rosto, seu nome ou sua voz, a queimação aumentava. Isso durou anos luz até que algo rasgou meu crânio de cima abaixo – pelo menos foi o que pareceu – em meio as chamas e uma enxurrada dolorosa de lava me inundou. Por favor, me mate. Me matem!
Não era possível, eu ouvi que estava acabando. Como poderia doer mais? Eu não conseguia mais ouvir Jasper em lugar nenhum e me desesperei.
Jasper.
Jasper?
Um redemoinho passou em minha cabeça e eu senti que contrai meus músculos automaticamente. A barragem de lava que pareceu me rasgar e me derreter ao mesmo tempo, começou a se revelar como lembranças por trás de uma cortina suja.

— Por favor, Jasper! Eu não quero morrer ainda. Você não é um monstro. Eu confio em você. Eu sei que você não é assim!”

Jasper: Eu também quero te conhecer.
Boa noite, estranha.”

“- Você não vai querer me levantar no ar, né?
— Ah, eu vou sim! Não vou te deixar cair, vamos lá.”

“Ele era forte, não tão musculoso quanto Edward, mas muito mais viril. Seu cheiro estava intenso naquele ângulo e me lembrava baunilha, fazendo-me suspirar. Senti minha boca se encher d’água, então me aproximei instintivamente e pela primeira vez a vontade de beija-lo me tocou com determinação.”


“- O que acontece se você beber?
— Nada!
— Que pena! Isso significa que vou ter que beber o seu!”


“- Bella, esse final de semana está sendo, absolutamente, o melhor da minha existência até agora.
— Acho que posso dizer que me sinto do mesmo jeito.”

“- Jas-jasper, foi horrível! – Eu disse, ainda em seu peito. – Eu falei demais, eu sei, ma-mas ele me machucou.”

“- Canta para mim. – Pedi, sonolenta.
— O que, por exemplo?
— O que você quiser. Confio em você. – Ele suspirou levemente e começou a acariciar meus cabelos.
— Para tu amor lo tengo todo, desde mi sangre hasta la esencia de mi ser...”
“- Jasper, você é o ser – independentemente de ser humano ou não – mais incrível que já conheci. Isso também era uma dúvida, mas se confirmou hoje. Depois de tudo o que você passou, de tanto ódio e dor que aguentou, ainda conseguir amar, conseguir ser bom... Você é bom.”

“- Bella... – Ele chamou, puxando meu rosto para olhar melhor nos meus olhos. – Eu gosto muito de você. - Minha respiração parou. – Gosto mesmo. “


“- Queria ter te conhecido antes, Bella. Bem antes, quando eu ainda era humano. Ou, pelo menos, antes de você se apaixonar por meu irmão, antes de conhecer o amor. Queria ter sido o motivo do seu coração acelerar pela primeira vez e de sua primeira insônia, ou do primeiro encontro do seu corpo com o desejo. Queria ter te encontrado em uma vida diferente, onde não precisássemos temer o nosso futuro e nem esconder nossos sentimentos.”

“Um pequeno flashback apareceu em minha mente, me lembrando do dia que em dançamos em seu quarto e quando nós viajamos para o Texas e fomos guiados por pura magia, assegurando que éramos especiais e únicos um para o outro. O ar se prendeu em minha garganta e sufoquei com toda aquela verdade: Eu o amava. “

As memórias me açoitaram e a cada novidade a dor aumentava exponencialmente. Eu me lembrei de absolutamente tudo até o meu acidente e isso era demais para assimilar.
Agora eu não tinha mais certeza se eu estava sentindo a dor da transformação ou a dor de ter magoado o amor da minha vida por tanto tempo.
Ou, pior, se eu estava perigosamente furiosa com Edward. Talvez eu estivesse os três. O ar se prendeu em minha garganta e toda a queimação do meu corpo se concentrou em apenas um lugar: o meu coração.
Toneladas de lavas me afogavam e eu podia ouvir meu próprio coração lutando para respirar em meio a elas. Ele bateu mais uma vez e depois bem fraquinho. Em seguida, absoluto silêncio. Era como se tivessem me jogado em uma piscina de água gelada e o alívio era tudo o que eu pude registrar de primeira, mas algo se moveu perto de mim e eu me movi junto com o vento, abrindo os olhos para a minha nova vida.