é só depois de Cair

Que nós crescemos!


É só depois de cair...
... que nós crescemos!

por Yoruki Hiiragizawa

Era a primeira vez que aquela jovem ia ao parquinho com aquela criança e, como geralmente acontece quando um elemento estranho é inserido a uma paisagem imutável, tornou-se o centro das atenções durante aquela tarde. As mães e babás – mais babás do que mães – ali presentes avaliaram-na com olhos clínicos e críticos imaginando qual a relação entre a estranha e a menina. Ela era nova, mas não era nova demais para ser a mãe da garotinha de 4 anos que corria e pulava e se balançava e girava e ria sozinha enquanto a jovem mantinha-se alguns passos afastada.

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Segurando firmemente as mãos das suas crianças, as outras mulheres a observavam com desconfiança e indignação. O que ela achava que estava fazendo deixando aquela criança solta daquele jeito? O pior de tudo era o efeito que aquela serelepe estava exercendo sobre as outras crianças que, vendo-a explorar livremente o parquinho, agitavam-se cada vez mais.

Um burburinho começou a se alastrar enquanto as mães e babás urgiam seus infantes a ficarem quietos. Uma delas, não conseguindo segurar o filho que se debatia, empalideceu ao vê-lo ir ao chão quando conseguiu se soltar. Como reflexo, todas as mães e babás seguraram mais firmemente a suas crianças, erguendo-as do chão. Cercaram, em seguida, a mulher que se descuidara enquanto ela segurava o menino junto ao peito tentando fazê-lo interromper o pranto que se sobrepôs ao habitual silêncio daquele parque infantil.

Minutos depois, quando o choro cessou e as mulheres voltaram a se afastar para brincar com suas crianças, ainda mais desconfiadas do que antes a respeito da estranha, um novo som aterrorizante interrompeu a paz. Todas se voltaram para onde estavam as duas estranhas, ouvindo a menina chorar caída ao chão. Assim como acontecera anteriormente, começaram a se aproximar delas, mas pararam ao receber um olhar de advertência da jovem, que calmamente se aproximava.

As mães e babás olharam chocadas enquanto a jovem se abaixava ao lado da menina que estava aos prantos e, sem tocá-la, começou a lhe dizer algo que gradualmente a fez diminuir o choro. Quando a menina ergueu os olhos vermelhos na direção da mulher que a acompanhava, todas aquelas que observavam a cena engasgaram cheias de dó. A estranha parecia inabalável e, com a mesma tranquilidade, continuou a falar com a menina até que ela parasse de lacrimejar e que, sozinha, pudesse se erguer.

Só então a jovem secou-lhe o rosto e examinou o joelho que havia se ralado. Continuando a falar com a garota, segurou-a pela mão e abriu um pequeno sorriso, antes de começarem a se afastar; as duas caminhando.

Indignação. Era a única palavra capaz de descrever o sentimento daqueles que testemunharam a cena. Como uma pessoa podia ter tanto sangue-frio diante do sofrimento de uma criança? Como podia ver-se diante das lágrimas de um anjo inocente e não acudi-lo? Aquilo era um absurdo! Forçar a criança a parar de chorar sem confortá-la, a erguer-se sozinha e, ainda por cima, forçá-la a caminhar com os joelhos ralados... Era insensível demais!

Diante de toda aquela situação, as mulheres seguraram com ainda mais firmeza a seus protegidos, mantendo-os ainda mais próximos ao peito e, prometendo a si mesmas que os protegeriam de tudo, que os carregariam no colo enquanto suportassem seu peso, que não os deixariam se afastar enquanto cresciam. Elas jamais seriam como aquela mãe – ou babá – que forçava uma criança a erguer-se e a caminhar com as próprias pernas depois de cair.

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Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.