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— Essa é a Cinderela - diz a psicóloga, que sentava junto às princesas ali, em um conjunto de cadeiras organizadas em uma roda.

— Olá, Cinderela - todas as princesas disseram em uníssono, já conscientes de que era aquilo que deveriam fazer naquele momento.

— Bom - continua a psicóloga. - Cinderela, o que acha de dividir conosco a sua história? O que te traz aqui?

— Eu estou aqui, porque achei que o meu romance seria um conto de fadas, o que não foi. - as outras princesas continuavam com a mesma expressão, quase nula, porque aquele era o caso da maior parte das mulheres ali, sentadas naquele círculo. - Fui a um baile, onde todas as jovens do reino estariam presentes. Nesse baile, o príncipe escolheria com quem iria se casar. Eu e ele dançamos a noite inteira, mas quando deu meia-noite, eu tive que ir embora. - a loira para de falar, respira fundo e fecha os olhos, o que chamou a atenção das outras. Ela parecia à beira de quebrar. - Eu não consegui impedir a mim mesma de me apaixonar, sabe? O jeito elegante que ele andava, o cabelo castanho perfeitamente arrumado, o olhar apaixonado que ele lançava a tudo e a todos, fazendo com que cada um se sentisse especial... Como eu poderia não me apaixonar por ele?

Cinderela para de novo, e uma das outras princesas, Branca, coloca a mão em cima da dela.

— Eu também passei por algo assim. - Branca diz. - Continue. Acho que você vai se sentir melhor depois de fazer isso.

Cinderela tem vontade de dizer que ela pensa isso, porque não era ela quem estava contando seus problemas ali, mas resolve não dizer nada, pois sabia que cada uma das mulheres sentadas naquelas cadeiras iriam desabafar alguma hora. A diferença era que Cinderela tinha sido a primeira.

— Eu me apaixonei, e nos casamos. Tudo parecia um sonho no início, sabe? Vestidos bonitos e esplêndidos, café da manhã na cama todos os dias, várias pessoas penteando meus cabelos todos os dias, sem que eu precisasse mover um músculo... Até mesmo aqueles malditos sapatos pequeninos de cristal, que faziam com que eu tivesse um medo absurdo de quebrá-los ao pisar no chão, eram coisas que eu poderia aturar, se tudo continuasse aquele paraíso. - Cinderela suspira. - Mas tudo não ficou aquele paraíso. Meu marido, o príncipe, começou a dizer que estava em reuniões, quando todos os ministros estavam no castelo, e saía com mais frequência do que nunca. Até que eu descobri que ele estava dormindo com outra. Com uma das minhas irmãs, na verdade.

Cinderela respira fundo de novo, mas a sua barriga doeu ao fazer o movimento. Branca coloca a mão em cima da dela de novo. Era um movimento suave, com a intenção única e exclusiva de transmitir força a outra, força para continuar falando e vivendo.

— Eu comecei a flertar com alguns homens, sem que ninguém soubesse. Se ele podia me trair com algumas vagabundas, e, principalmente, com uma das pessoas que me maltratou durante anos, eu também poderia dormir com outros homens, não é? - lágrimas começaram a sair dos olhos de Cinderela. - Eu comecei a beber garrafas de vinho que eram guardadas na cozinha do castelo, e comecei a ver bastante prazer naquilo. No quarto, sozinha, chorando. Eu sentia minha dor indo embora com as lágrimas, e, conforme o álcool entrava, eu esquecia aquelas dores que estavam ali antes. E dá um alívio tão grande... O problema é que esse alívio dura pouco. A dor sempre volta. - Cinderela suspira, e as lágrimas continua rolando pelas bochechas pálidas dela. - Eu queria tanto viver como se estivesse bêbada para sempre, sabe? Esquecer das dores, existir apenas a adrenalina, a felicidade, as luzes, as cores. Seria tão bom, não seria?

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Todas as princesas agora prestavam atenção em Cinderela, em suas lágrimas, e em seu discurso que representava cada uma das mulheres ali.

Todas elas gostariam de viver como se estivessem bêbadas, e todas elas sabiam que não conseguiriam.