Mente de Coordenadora Pokémon

Superestimando estar em casa


Mente de Coordenadora Pokémon

Episódio 38: Superestimando estar em casa

O mais difícil para uma pessoa é descobrir o que quer fazer na vida, afinal quem realmente está pronto em algum momento para dizer: “vou fazer isso para o resto da vida?” Talvez, o ponto seja que não se deva escolher algo para a vida toda, mas para momentos específicos. Nisto é que passei a acreditar depois de toda a minha dura e estranha aventura pokémon em que sai sem saber nada e voltei sabendo menos ainda sobre o que estava fazendo. Mas, aprendi um monte de outras coisas que abriram meus olhos e horizontes.

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Das várias possibilidades de escolha do que fazer da vida, há aquelas já classificadas e com seus conceitos mundialmente difundidos que podem influenciar as escolhas de uma forma errônea. Ainda assim, as vezes é melhor do que as não conhecidas que só trazem duvidas, inseguranças e perigos que normalmente uma pessoa com um pingo de juízo não iria querer encarar. O mundo pokémon infelizmente é uma exceção a uma lógica tão simples, ninguém vive ligado aos pokémon sem viver permanente na dúvida, na insegurança e nos perigos do dia a dia que todas as profissões oferecem, sem contar que algumas tem uma vida profissional, se é que assim podem-se ser chamadas, bem curta.

Eu prefiro a segurança das escolhas classificadas dos conceitos mundialmente difundidos. Não por comodismo, mas por ter vivido o mundo pokémon e definitivamente saber que este mundinho de criaturas superpoderosas não é nada agradável e que no final eu não entendo nada de suas regras.

Quando resolvi me aventurar pela Coordenação Pokémon tinha uma ideia superficial é poética do que era o mundo nos palcos, influencia pela ótica apaixonada dos tempos áureos que minha mãe viveu e revivia em suas lembranças. Hoje vejo que a Coordenação Pokémon está perdida em conceitos do show business e que dificilmente arte, sentimentos ou qualquer outra coisa que envolva algo mais nobre que o estrelato, fama e fortuna está presente ou seguro. Mas, acho que cada um possui uma interpretação do que é a coordenação pokémon real e talvez esteja seja o problema, todos com uma ideia diferente do que realmente é a coordenação estão deturbando a cada dia as apresentações.

Apesar de ter conquistado uma Fita de Edição Especial, eu não sei o que realmente faz a pessoa querer se apresentar junto aos seus pokémon para milhares de pessoas e pouco entenda quem os faça, tirando o fato de que eles estejam seguindo seus sonhos e isso não se pode questionar. Afinal, que tipo de pessoa questiona o sonho de outras pessoas, né?

Talvez por isso tenha resolvido não terminar a temporada, já que tudo era pela minha mãe e pelo Grupo Olimpo e ambos já estavam bem. E talvez por isso também doei parte dos prêmios que ganhei para Amora. Ela me via como rival porque ela de alguma forma minha presença ameaçava o sonho que ela tem. Eu não sei qual é o sonho dela, mas era agressiva e baixa comigo para tentar defender seus sonho. Eu sonhava em ser escritora e quando menos esperava, quando estava no inferno da minha vida eu alcancei esta possibilidade e confesso que não sei exatamente o que faria se tivesse que defender minha vida como escritora.

Laris sonha com o momento que ela provara que o estilo esportivo é melhor que o estilo artístico na coordenação e não mede esforços para isso. Arrisca-se para fazer isso, mas quer fazer do jeito dela, sem comprometer a índole dela. Quase como Maurício que continua marchando contra o Lado Sombrio por nossa causa. As vezes eu me pergunto se eu conseguirei algum dia ser forte como eles, ou da minha forma sou forte como eles.

— Ainda entediada por estar em casa? -

A voz pegou Mirian de surpresa, chegou a tremer em seu lugar por alguns instantes, mas acabou se acalmando ao reconhecer a voz. Pensou em responder aquele questionamento, mas acabou percebendo que sua mente ficou indo e voltando por várias questões analíticas sobre sua jornada.

— Este olhar perdido é por eu estar certa ou tem relação com Maurício? -

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Mirian levantou o olhar e viu a mãe encarando-a. Sorriu levantando-se rápido da cadeira onde estava. Sentiu o corpo falhar por alguns instantes e percebeu que talvez estivesse parada naquela posição a mais tempo do que imaginara. Caminhou massageando as costas e viu a mãe rindo.

— Não me deixe curiosa! -

A mãe insistiu, mas Mirian limitou-se a massagear o próprio corpo rapidamente para espantar as dores conseguidas devido a posição que havia ficado por horas. Estava no quarto de hospital acompanhando a recuperação da mãe após a cirurgia e já não tinha ideia de quantas horas se passaram desde a última vez que havia se levantado daquela cadeira em que havia se sentado.

Aproximou-se da mãe e alisou o rosto fazendo um rápido carinho e logo depois apertou um botão chamando a enfermeira. Ela havia despertado dos sedativos o que significava que a enfermeira precisava conferir como alguns sinais vitais, apesar de que conforme o médio havia ela já estava sem o efeito dos remédios desde a tarde do dia seguinte e que deveria despertar em breve já que a cirurgia a princípio havia sido um sucesso, mas ela estava agitada e ele não sabia exatamente o motivo.

Seria difícil para Mirian explicar ao médico que a mãe estava agitada com a possibilidade da aparição de um assassino do Lado Sombrio. Além disso, ela queria saber como havia acabado o Grande Festival de Kanto onde Dark Mau havia enfrentado Rodolfo, assim como ela havia previsto e já despertou elétrica em busca de informações de como tudo havia acabado.

De fato, o final de do Grande Festival de Kanto acontecerá exatamente no início dos preparativos da cirurgia e com isso Wanda Miller não pode acompanhar nada do confronto de Dark Mau e Rodolfo. Ela temia que o jovem viesse a ser vítima do Lado Sombrio como ela fora, especialmente por Rodolfo ser claramente um coordenador favorecido pelo outro lado. Sabendo que jamais conseguiria mentir para a mãe, Mirian limitou-se a ficar no quarto sem notícias do grande Festival, apenas torcendo para que o amigo que insistia em manter distância, estivesse seguro e saísse vitorioso.

— Precisa descansar. Então não adquiri informação nenhuma sobre isso. - Disse Mirian tranquilamente.

A mãe pareceu incrédula diante aquela informação. Pensou em questionar a atitude da filha, mas percebeu que ela realmente tomou a atitude mais madura que pode encontrar para manter a situação no nível de estresse que ela sabia lidar. Wanda sorriu diante aquilo, querendo ou não a filha estava bem, podia não saber lidar muito com os pokémon, mas agora aceitava-os em vez de odiá-los e inegavelmente era muito boa com pessoas, especialmente com ela.

A enfermeira entrou saudando as duas e logo depois a examinar Wanda e Mirian pareceu aproveitar para sair do quarto, mas estancou diante a porta. Ela piscou algumas vezes analisando a pessoa que obstruía sua passagem e logo depois olhou para dentro.

— Como ela está enfermeira? -

— Muito bem pelo que posso ver pela pressão e temperatura. - Respondeu a enfermeira para Mirian. - Vou Trazer algo para ela comer e depois procedimentos de higiene. - A enfermeira virou-se para sair e percebeu que havia alguém na porta. Ia dizer que não era permitido visitas naquela ala, mas então viu algo nos braços do estranho e que Mirian parecia analisar a situação. - Apenas 15 minutos, o tempo de ir preparar a comida e voltar. -

Wanda percebeu que ela anunciou o tempo em que ela voltaria, mas não pareceu fazer muito sentido de início. Acompanhou-a com os olhos até a porta e então viu, que sua filha estava parada a porta detendo a entrada de uma pessoa vestida de preto. Um moreno de cabelo crespo que carregava no braço uma espécie de porta retrato.

— Maurício! -

Mirian suspirou ao perceber que sua mãe havia visto-o e deixou-o entrar fechando porta logo depois de examinar o corredor tendo certeza de que ninguém os vira.

— Não se preocupe que ninguém me seguiu. - Disse Maurício. - Sobrevivi por praticamente um ano e pretendo que continuar sobrevivendo. - Ele deu um sorriso sacana. - Não precisa ficar de Mimimi. -

Mirian revirou os olhos e logo depois deu uma risada. No final, os dois já estavam se entendendo novamente, mas evitavam se falar devido ao disfarce de Dark Mau que ele ainda tentava manter.

— Parem vocês dois, estou internada e não posso ficar ansiosa! - Disse Wanda. - Me contém tudo! Quem ganhou? Como ganhou? Foi uma vitória digna? -

Maurício olhou para Wanda e mostrou para ela o porta-retrato que continha uma foto dele com a foto de Eevee, Gastly, um troféu dourado e uma fita brilhante. Os olhos de Wanda se arregalaram e brilharam tão forte que pareciam estar cheios de lágrimas. Mas, a verdade era que não estava nem perto de começar a verter lágrimas.

— Parabéns! - Disse Mirian animou-se. - Você realmente… -

— Não temos tempo para isso! - Maurício cortou-a rapidamente.

Mirian dobrou a cabeça de lado e percebeu que a mãe pareceu acalmar-se mais pensativa na cama. De alguma forma aqueles dois estavam em mais sintonia quanto as coisas dos pokémon do que ela.

— Não vamos falar disso agora. - Disse Wanda de forma amena. - Quando eu sair quero ver o troféu. -

— Trouxe a foto por isso. Eu o destruí! - Maurício disse.

— O que? - Mirian e Wanda saltaram sem entender.

Maurício foi até Mirian e a fez sentar-se na cadeira do quarto. Ela não relutou quanto aquilo. Ela precisava de explicações e claramente as coisas não pareciam que viriam fáceis. Desde que voltara para casa dando fim em sua jornada as coisas pareciam ter se acalmado graças aos acontecimentos finais de Cinnabar. Alma ter morrido pelas mãos de alguém se fazendo se passar por Mirian fazia o mundo ficar de olho em Mirian a todo o momento. Não havia como o Lado Sombrio atacar a família de Mirian sem realmente correr o risco de se expor. Mas, lá estava Maurício trazendo todo aquele caos para elas novamente.

— Não estamos seguros. - Ele parecia calmo em dizer aquilo. - Estamos em um momento de calmaria por causa das revelações de Alma e do Grande Festival. Tão logo o ano termine, eles começaram a agir novamente. - Maurício comentou rapidamente. - Eu não sei exatamente o que eles vão fazer, mas vieram falar comigo ao final do Grande Festival nos bastidores, alguns encapuzados e outros com rostos a mostra e me intimaram a facilitar as coisas participando de um tal Concurso de Sucessão. -

— O que? - Wanda exclamou assustada. - Chama a polícia! Não estamos seguros! -

Wanda estava agitando-se no leito e parecia querer até mesmo levantar-se, arrancando qualquer coisa que estivesse plugado nela, para poder sair correndo.

— Mãe? - Mirian levantou-se indo até a mãe para tentar mantê-la calma. - O que tem de tão perigoso neste concurso? - Mirian lembrou-se que a mãe participou de uma edição dele. - Que eu lembre o que ocorreu com você, apesar de armado, não foi exatamente algo que nos afete sem participarmos, né? -

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Wanda sacudiu a cabeça negativamente enquanto Maurício simplesmente caminhou e pôs a mão no ombro de Mirian mostrando que já sabia parte das coisas que viriam. Ele havia pesquisado e estava preocupado.

— Seu final funciona como um reality show, com finalistas correndo por uma região fazendo as provas que os top coordenadores estipularem durante aquela temporada. Desta forma, ao final da temporada eles participam do Grande Festival daquela região e os Top-Coordenadores escolhem quem dos oito irão apadrinhar conforme seus desempenhos durante o ano. - Wanda parecia relembrar do ocorrido em sua época. - Eu não cheguei nesta fase. Mas, Alma sim e ela caçou coordenadores talentosos que não quiseram participar do concurso de sucessão. Além de antigos top coordenadores. -

— Como assim caçou? - Questionou Mirian.

— Perseguiu-os para forçá-los a irem aos palcos para serem derrotados em públicos. Usavam de pressão e qualquer outro artifício, lícito ou não. As tarefas sempre envolviam achar determinados coordenadores estrelas. - Disse Wanda. - Se outro concurso como este for acontecer vocês estão em perigo. -

— Por que? - Questionou Mirian. - Sou horrível nos palcos quem vai querer me enfrentar? -

— Eu ganhei um Grande Festival tendo perdido um único concurso em toda a temporada e não pude ser aliciado por eles. Tenho um alvo gravado na testa. Mas, você foi a única a me derrotar, sendo que também a foi a única na temporada a ter nota perfeita na primeira fase, além de ter uma fita especial de uma das top-coordenadores que terão as vagas sucedidas e saiu correndo dos palcos depois. - Maurício pareceu debochado naquele momento. Meu alvo está na testa, mas o seu é o corpo todo. -

Mirian pareceu perder o chão e deu alguns passos até a parede procurando se apoiar para se refazer da notícia.

— Destruí o troféu porque desconfiei que ele teria algum tipo de rastreador. Foi uma fogueira linda. - Comentou Maurício. - Vendi a fita no mercado negro e o dinheiro vai garantir nossa fuga e sustento por alguns meses para fora do radar desta loucura que se aproxima. -

Mirian ao escutar aquilo olhou para Maurício que apenas a fitou. Olhou para a mãe que pareceu convencida de que era a melhor solução. A jovem de cabelos castanhos passou a mão no rosto compreendendo que aquele jovem que era seu melhor amigo no mundo inteiro e que sonhava em ser mestre pokémon tinha, sem dúvida, o que poderia ser chamado de uma excentricidade e pensamento rápido, sua mãe conseguia acompanhar. Ali, de alguma forma, Wanda e Maurício com poucas palavras conseguiam se entender de que precisavam fugir de Jotho e desaparecer no mundo.

— Temos que manter nossos nomes e escolher um local que o plano de saúde de minha mãe ainda possa ser usado. - Disse Mirian. - Acredito que se não houver concursos na região que escolhermos as chances de nos encontrarem será pequena. E se nos encontrarem em um local sem concursos será de pouca utilidade para eles já que o negócio, aparentemente neste tal concurso de sucessão, é a humilhação dos antigos. -

Maurício encarou Mirian por alguns instantes. Aquela era uma reação inesperada e nova que ele não estava reconhecendo. Viu um brilho nos olhos dela depois de alguns instantes e acabou sorrindo ao perceber o que era. Ele não comentaria que se fossem encontrados após o concurso de sucessão eles poderiam ser mortos sem cerimônias e que talvez fugir e se esconder fosse facilitar as coisas para o Lado Sombrio, eram apenas ponderações que ele já havia feito e diante do que via no olhar de sua melhor amiga, não parecia fazer diferença nada daquilo.

— Vou fazer os preparativos para quando tiver alta partirmos. - Disse Maurício. - Vou falar com seu irmão para ir me ajudando, espero que ele não cause muitos problemas na fuga. -

— Obrigada! - Disse Wanda.

— Eu que agradeço por tudo que fizeram por mim. São minha família, cuidaram de mim quando eu estava sozinho por anos e agora eu tenho a oportunidade de retribuir. - Disse Maurício indo para a porta.

A família de Maurício sempre fora muito ausente, deixando-o sozinho, as vezes até quando o menino estava doente. Talvez, o único elo que o jovem possuía era o dos Miller. Talvez por isso, quando os agiotas vieram cobrar a dívida feita pelo filho mais velho de Wanda, em outra região, Maurício deu todo o dinheiro que tinha da jornada, para pagar a dívida e salvá-las, pois sentia-se da família. Divida esta que Mirian sempre disse que pagaria mas nunca conseguira e quando ela partiu sozinha em jornada criara toda a tensão e briga entre eles.

— Uma última coisa. - O jovem negro deteve-se antes de sair e olhou para a melhor amiga. - Vamos apenas nós quatro. Não faça contato com ninguém ou pode deixar as coisas mais perigosas para eles. -

Mirian apenas acenou a cabeça entendo. Não era preciso que fosse dito quem eram os eles. Os amigos que Mirian fez na jornada certamente seriam caçados de alguma forma, ou por suas próprias habilidades, ou para revelarem o paradeiro da menina. Laris certamente não ficaria de fora do concurso de Sucessão, assim como Amora e Tommy, se é que poderiam os dois últimos serem considerado amigos. O grupo Olimpo certamente iria ser abordado e questionado de alguma forma, não apenas por ela, mas também por Maurício.

O que deixava Mirian calma em relação a todos estes era que de alguma forma não acreditava que correriam tantos riscos por não terem protagonizado nada de idiota. Eram espertos, sabiam se virar e não costumavam andar sozinhos.

Agora, existia um que preocupava-a. Seria um alvo por estar perseguindo-os a tempos. Seria um alvo por tudo que ele representava e por todos os títulos que ele carregava. Seria um alvo por ser filho de quem era. Eles faziam uma guerra particular e talvez este fosse o grande problema, o Lado Sombrio iria atrás de Kenan e Kenan iria chamar eles para a batalha.

Entre os oito melhores do Grande Festival de Kanto, vencedor da Liga Pokémon de Kanto e de Hoeen, tudo neste ano. É um multicampeão talentoso sem dúvidas. Dizem que Angel Olimpo só conseguiu vencê-lo em Sinoh e Jotho, também tornando-se multicampeã, por ele estar cansado com as viagens. Mas, acredito que se for cansaço é Kenan o próprio culpado por tentar fazer coisas demais. Bem… São estas coisas demais que ele está tentando fazer no momento que nos fizeram chegar a conclusão que iamos direções diferentes durante um tempo e agora, desconfio que vamos para o resto da vida.

Mirian se recordava do desempenho da amiga Angel Olimpo que queria se tornar Multicampeã neste ano para assim atrair mais treinadores para os serviços de assistência de seu grupo, mas também lembrava-se de Kenan Kornox, o jovem que deu origem a ideia de multicampeão e que se interessou por ela por sua maneira única de ver as coisas. Ela admitia que gostava dele, mas estavam em momentos diferentes de suas vidas e queriam coisas diferentes de suas vidas. Não era um relacionamento que deveria ser mantido para a segurança de ambos, ao menos não enquanto o Lado Sombrio estivesse tão forte e ambos sabiam.

— Viver com medo e fugindo. - Wanda suspirou tirando Mirian de seus pensamentos. - Não era isso que eu esperava para vocês. -

— Está tudo bem! - Mirian sorriu. - Não é culpa sua. Pelo menos a gente sabe do que estamos fugindo e que tem gente lutando para que isso acabe desta vez. Melhor do que antes que nem sabíamos do que estávamos com medo e não tinha ninguém lutando, né? -

Wanda fechou os olhos sorrindo. A confiança da filha dava alegria e certo conforto. Tempos difíceis ainda estavam por vir, mas de alguma forma a filha parecia ter amadurecido em sua jornada e estava pronta para mais uma. Não sabia se sua cirurgia seria o suficiente para lhe dar condições de suportar uma nova jornada, mas era o risco de uma jornada ou risco de ser abordada pelo Lado Sombrio e a jornada parecia ser menos nociva.

Mirian viu a enfermeira entrar com a refeição da mãe e assim voltou a sentar-se na cadeira que por horas havia ficado. Em breve estaria começando uma nova aventura, muito mais perigosa do que a primeira havia, mas estava estranhamente em paz com tudo aquilo.

Meu nome é Mirian Miller e fiz uma jornada pokémon como coordenadora para conseguir uma taça de festival para minha mãe, mesmo não gostando muito de pokémon. No processo magoei meu melhor amigo, fui roubada, insultada, quase me matei uma dúzia de vezes, descobri o passado secreto de minha mãe e fui presa por causa deste mesmo passado secreto. Mas, fiz amigos incríveis, comecei a realizar meu sonho de ser escritora, conheci uma meia irmã gênio com tendências antissociais, aprendi muito sobre pokémon e finalmente me conectei a eles de alguma forma, consegui um contrato para escrever três livros que tem tudo para ser um sucesso e vi a história das injustiças que minha mãe viveu no passado serem reveladas em rede nacional, ou talvez internacional.

Nada mal para uma adolescente mediana, né? Minha família junto com Maurício vai desaparecer e não tenho ideia quando vou poder parar de me esconder e de correr. O engraçado é que não estou preocupada e com medo como sempre estive durante boa parte da jornada. Alguns vão dizer que é por não estar sozinha, outros por desta vez saber o que estou fazendo, provavelmente chegarão a dizer que é por eu não ter noção do quão perigoso realmente é o que está me esperando como da última vez. Mas, a verdade é que desta vez… Eu já vou sair de casa sabendo exatamente o quão idiota eu sou!

É duro admitir, mas Aries estava certo. Eu superestimei a jornada. Quando estava em jornada eu não havia a hora de voltar para casa e tudo aquilo acabar, mas assim que cheguei em casa, tudo o que eu sabia pensar era nos dias em que passei em jornada. Até minha mãe percebia que meus pensamentos mais perdidos, que eu mesmo não percebia, eram sobre meus dias em jornada. Há algo mágico em estar na estrada que nos faz crescer, querer descobrir as coisas e fazer amigos. Superar as dificuldades e conhecer novos lugares. É a oportunidade de reinventar todos os dias e ter a certeza que um dia não será igual ao outro.

Eu não voltaria para jornada por conta própria e não gosto da ideia de sermos perseguidos pelo Lado Sombrio, mas eu não posso esconder a empolgação de estar prestes a sair jornada de novo, agora sem deixar para trás meu melhor amigo e família.

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Estou sentindo que vou crescer muito nesta nova aventura!