Japanese Life

Kenen? Shitto?


—Entramos? Ou preferem ficar aqui fora a olhar para este edifício que nem um burro a olhar para um palácio?- riu-se o avô, o que provocou uma onda de felicidade extrema nas restantes almas ali presentes.

—Entramos sim!- respondi, abrindo a porta em seguida para todos entrarem.

—Obrigada, Priminho!- agradeceu a Momo, fazendo uma reverência com o seu vestido vermelho e com libélulas brancas, que lhe ficava divinamente bem.

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—Obrigada, Bryan!- agradeceu a Mamy que, ao contrário da Momo, tinha um par de calças de ganga largas, que também lhe ficavam bem, e ,como habitual, vinha vestida com uma camisola branca que tinha apenas uma pequena borboleta desenhada num canto. Por fazer calor, nem ela nem a Momo traziam casacos.

Simples, mas delicadas, vinham as duas com um rabo de cavalo que esculpia os rostos brancos e encantadores que tinham. Quem as visse diria que são irmãs ou primas considerando as semelhanças entre elas.

A seguir foi a avó que entrou no restaurante e me acariciou o rosto levemente, agradecendo e dizendo que eu sou um verdadeiro cavalheiro. E já que me pus a falar de roupas vou descrever como a avó vinha vestida também.

Ela trazia um pequeno e fino lenço ao pescoço, que era de um tom rosado. Vinha vestida com uma camisa branca básica, mas elegante e usava umas calças pretas igualmente elegantes. Os seus sapatos eram negros e com um salto alto confortável o suficiente para se andar sem nos cansarmos rapidamente.

—De nada, meninas.- disse, comportando-me como um verdadeiro gentleman.

Por fim, o avô entrou e pediu-me para entrar também, fechando em seguida a belíssima porta que ali havia.

—Obrigado, Bryan.- agradeceu formalmente, como sempre faz e sorriu. Então, sorri de volta e dirigimo-nos para perto da parte feminina do nosso "grupo".

De repente, apareceu um empregado que fez algumas perguntas básicas para nos instalar numa mesa. O rapaz foi muito simpático e, parecia ter pouco mais que a Momo, diria 19 anos, pois notou-se uma certa insegurança na sua voz ao falar connosco, mais propriamente com os "adultos".

Sentámo-nos e rapidamente recebemos os menus. Na mesa, redonda e feita de vidro, além de impecavelmente brilhante e limpa, eu estava sentado perto da Momo. Fiquei do seu lado direito e a Mamy ficou do seu lado esquerdo. Depois a avó ficou ao lado da Mamy e o avô sentou-se na cadeira à minha direita.

Parece um pouco confuso, não? Bem, ficámos uns ao lado dos outros (obviamente) e é isso que têm de saber, o resto pouco importa.

Agora falando dos menus: a diversidade era incrível. Havia tanta coisas que não conseguiria, nem de longe, escolher algo... Nem sabia o que havia de beber!

Será que que este almoço irá conseguir distrair a Momo? Foi a pergunta que me surgiu no meio daquela indecisão na escolha da comida. Ela parece bem... Ou, pelo menos, melhor desde que saímos de casa. Vou perguntar-lhe sobre as fotos que tirou a caminho do restaurante.

—Hey Momo, não me queres mostrar as fotos que tiras-te? Sabes... Enquanto não decidimos o que pedir. - pedi-lhe gentilmente.

—Ah, ok...- respondeu-me e, felizmente, não parecia muito triste.

Então, ela tirou a sua câmera fotográfica da pequena mala que tinha e mostrou-mas.

Enquanto isso, ela olhava-me pelo canto do olho e parecia estar à procura do momento certo para averiguar algo. Optei por me virar para ela e perguntar diretamente o que ela queria saber.

-Diz lá... o que foi?- afirmei docemente.

—Ah... Eu... Queria saber...- dizia pausadamente.- O que te deu hoje de manhã? Normalmente falas com as pessoas, com calma. Tu e toda a gente presente neste restaurante, certamente.- disse finalmente e levou a crer que não tinha terminado, mas eu interrompia-a. Desviei o olhar, continuei a olhar para as fotos e disse-lhe calmamente:

—Nada. Tens toda a razão, não é habitual eu ficar assim, mas vi-te naquele estado e parecia que alguém me tinha espetado qualquer coisa nas costas. Fiquei mesmo chateado por te ver assim. Promete não voltares, nunca mais, a ficar triste dessa maneira.

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—Ownt, Bryan! Que fofo e querido!- declarou.- Mas não te prometo nada.

Pronto! Aqui está a verdadeira Momo! Fofo? Fofa é ela, mesmo quando fica mal. Estou tão contente por ela ter voltado a ficar bem. Pensei que ia acabar por me aborrecer durante todo este tempo, mas agora sei que isso não irá acontecer e que será muito divertido.

Depois abraçou-me e encostou o queixo no meu ombro. A seguir sussurrou:

—Devo dizer-te que... Largas-te um palavrão no meio da tua crise de raiva... O incrível é ninguém ter ouvido.

WOW! Isto causou-me um certo arrepio. Mas... o quê? Não acredito. Eu fiz mesmo isso?! Bem, todo anjo tem o seu defeito (estou a brincar), mas algum dia ia acontecer. Sim, é verdade. Nunca disse um palavrão antes. Não, não sou santo, mas realmente é desnecessário usar palavrões quando se fala com alguém, por mais enervado ou estressado que se esteja.

Digamos que "rebentei" e acabou por me sair sem mais nem menos. Sou pacífico, calmo, pouco temperamental... Ou então não? A única certeza que tenho é que sou muito indeciso.

15 anos de pura inocência, segundo a Momo, já é bastante. Agora, apenas a minha mente é inocente, porque a minha boca tem que ser lavada com sabão. Estarei a exagerar? Talvez...

—Meninos! Vá, decidam o que querem comer!- Eu pensei que foi a Mamy quem disse isso, mas foi a avó! Ela deve estar faminta! Engraçado o como elas são semelhantes. (Eu sei que são mãe e filha, mas mesmo assim...). Acho que sou o único "diferente" dos outros, principalmente se formos ver pela aparência. Para mim, porém, é algo bastante positivo!

—Eu vou pedir o habitual, obaasan.- declarou a minha prima, super fofa.

—E eu... Hm... isto!- pedi, apontando para o menu, que tinha imagens de todos os pratos.

Entretanto o empregado de mais cedo chegou e disse sorrindo:

—Ótima escolha!

—Oh, obrigado.- respondi-lhe retribuindo a simpatia.

—E os senhores? E a menina?- perguntou aos restantes.

—O habitual, por favor.- pediu a Momo, rindo.

O habitual? Quantas vezes ela aqui veio? Imagino que muitas. E ela conhece este rapaz? Ela costuma contar-me as novidades todas. E refiro-me às novas amizades, locais que visita, etc. UAU! Maldita distância e fusos horários diferentes. A escola acaba, igualmente, por roubar o tempo todo e para mim a família é uma coisa bem importante. Penso que já deu para notar isso.

Afinal de contas, o que se há de fazer pensarmos que eu "perdi" basicamente três anos da vida dela? Claro que não estaria a par de tudo, eu ainda era um pré-adolescente, contrariamente a ela. Ainda assim, acho que posso dizer que a Momo é como uma irmã mais velha, dado que éramos bem próximos.

Passou muito tempo desde a última vez que nos vimos pessoalmente antes de eu vir para o Japão, mas o facto de a voltar a ver, reavivou as minhas memórias.

Estou a sentir-me tão confuso. Eu adoro-a, portanto, não entendo porque fiquei assim. Serão isto ciúmes?

...