Don't bless me father

Capítulo nove: Quarto diedro - Parte 2.


Hilton - Clube de campo - 7:17 pm - Salão de baile.

Isabelle havia acabado de chegar, de braço dado com Alec e na companhia de seus pais. Deixou o casaco na recepção e seguiu para uma das luxuosas mesas.

Aqueles bailes de gente rica tinha essa finalidade - mostrar o luxo e o poder, o "ter tanto dinheiro", que eles poderiam também se organizar e dar os restos àqueles que não tinham nada. Franziu o nariz. Nunca fora esse tipo de pessoa. Preferia festas lotadas de contato físico, roupas provocantes, bebidas fortes. Nada como a valsa que ali dançavam, ou os vestidos flutuantes...

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— Cidra, madame? - Um garçom ofereceu com um breve sorriso. Ela revirou os olhos.

Ou a cidra.

— Obrigada. - Ela respondeu, pegando uma taça. Tomou um gole longo, quase virando a taça de uma vez. Quando a pousou na mesa, sua mãe estava com um olhar feio.

— Isabelle. - O tom dela era inflexível, tenso.

— Relaxa, mãe, é só uma taça. - Izzy sorriu, fingindo inocência.

— Espero mesmo. - Maryse respondeu, virando-se para uma mulher bem vestida que caminhara até ali. - Georgina! - Cumprimentou. - Que vestido adorável!

— Oh! - A moça riu. - Foi aquela costureira, Madson, que o fez e...

Isabelle revirou os olhos pela segunda vez e puxou Alec pelo braço. - Aonde vamos? - Ele questionou.

— Procurar uma distração. - Respondeu. E então, uma menina cruzou o salão. Era baixa, com cabelos claros até o ombro e um sorrisinho inocente. Mas Isabelle sabia que, do jeito que ela estava olhando para Alec, ela não era nada disso. Ele respirou fundo e riu.

— Eu já achei a minha. - Retirando o braço do dela, seguiu para o outro canto do salão, seguindo a menina. Ela deu-lhe as costas e seguiu para mais longe. O joguinho da perseguição.

— Droga! - Ela soltou. Olhou ao redor, encontrando uma garota da escola, filha dos amigos de seus pais. Caminhou até ela, não tendo muita opção. Estava dando risadinhas enquanto olhava para um canto do salão. - Ei.

— Isabelle Lightwood! - A garota deu um gritinho, excitada. - Eu sou Aline Penhallow. - Disse, com um vestido coral meio brega. Provavelmente filha de algum pai conservador. - Adorei o seu vestido.

— Hum, tá. - Isabelle respondeu, com os olhos arregalados. Não se importava, para ser sincera. Estava de saco cheio desde o incidente com a ruiva. Chateada com o afastamento do primo e do pouco caso da "nova amiga". - O que você está fazendo?

— Olhando o delicioso Sebastian Herondale em seus trajes mais nobres. - Respondeu Aline.

Isabelle olhou para o outro lado do salão, vendo Sebastian bebericar um copo enquanto trajava branco. O único contraste era a camisa negra, que combinava apenas com as pontas do cabelo e os sapatos. Ele estava mesmo delicioso, mas era seu primo e arrogante demais para conciliar a arrogância dela.

— E o que você pretende fazer? - Ela questionou. - Vai lá dar em cima dele?

Aline corou num tom efusivo. - Quê?! Não seja maluca! Ele nunca iria olhar para mim.

— Huh? Por quê?

— Porque eu sou mais nova. E todos sabem que ele gosta das loiras, altas e burras.

Ela era alta e burra, já eram dois passos. - Izzy pensou, culpando-se depois por ser maldosa. Limpou a garganta. - Eu posso te ajudar.

— Pode? - Aline questionou.

Isabelle sorriu maliciosamente. - Claro. - Respondeu. - Se... Você fizer um favor para mim.

* * * * * * * * * *

Clary adentrou o salão de baile de braços dados com Jace, após ele ir à sua casa para buscá-la. Seus pais já haviam saído e ele entrou por alguns minutos para tomar uma água e esperar ela terminar de arrumar a bolsa. Lembrou da reação dele ao vê-la: Corado, desviando o olhar dela rapidamente, para então olhá-la novamente e balançar a cabeça.

O salão estava chique, com luzes brilhantes no teto alto e tecidos esvoaçantes nas mesas, em cores de inverno como cinza, azul claro e roxo. Ela empertigou-se em seu vestido vermelho chamativo, sentindo olhares queimarem em sua pele.

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— Esse vestido... - Ela murmurou para Jace. -... É chamativo demais.

Jace riu. - Não é não. - Disse. - Ele é fofinho.

Fofinho? Como um bichinho de pelúcia. O qual ele podia agarrar quando estivesse dormindo e depois largar quando estivesse acordado.

Ela franziu o nariz e continuou a andar em direção a seus pais.

— Jace... - Emma soltou, sorrindo e dando um abraço nele.

— Boa noite, tia Emma. Boa noite, tio Mike.

Mike estreitou os olhos. - Você e a Clarissa estão...?

— Namorando! - Emma disse, animada.

— Mas ora! A menina passa uma semana conosco e já está namorando? - Mike parecia embasbacado. - Cuidado, Clary, que você deve estar casada e com filhos no mês que vem.

— Não seja rude, Mike! - Emma sacudiu a cabeça em desaprovação e ele pediu desculpas, envergonhado. - Crianças! Vão pegar uma bebida e dançar um pouco!

— Uh, sim, mãe. — Clary respondeu, ainda envergonhada pelo surto de seu novo pai. Se ele ao menos soubesse... Ela puxou o braço dele para longe da mesa. - Pais pirados.

— Pais preocupados. - Ele respondeu e riu. A orquestra começou a tocar uma música de ritmo latino, algo melódico e agradável, apelativo. - Você quer dançar?

— Não sei dançar.

— Mas eu sei. - Ele soltou.

Ela olhou nos olhos dele em busca de uma brincadeira. - Arrã. E agora você dança. Acredito.

Ele pareceu envergonhado. - Fiz três anos de dança de salão com minha mãe quando era mais novo. Meu pai não quis e Sebastian já era rebelde, então sabe como é...

Ela não sabia, para ser sincera. Mas riu mesmo assim. Riu até perder o ar e depois que puxou-o para dentro, riu novamente.

— Deixa para lá... - Ele murmurou, contrariado.

— Não, não. - Ela se recompôs. - Eu adoraria dançar contigo. - Puxou ele para a área aberta, onde outros casais mais velhos dançavam. - Eu posso ser terrivelmente péssima nisso. Então, antes de tudo, me perdoe.

Ele sorriu para ela, passando um braço pela sua cintura e outro segurando a mão dela. Ela estava de salto, mas ainda era baixa o suficiente para ele ter que encurvar de leve as costas. Ele a guiou, um passo após o outro, num balanço agradável, o olhar compenetrado olhando pro rosto dela. Sério, mas suave. Alguns passos depois, ela tinha esmagado o pé dele com o salto.

— Ah, meu Deus! Jace! Me perdoe! - Ele balançou a cabeça e se recompôs.

— Vamos tentar novamente. - Ele declarou com o braço ao redor da cintura dela novamente. Ela respirou fundo e esperou pelo primeiro passo dele, mas então ela estava sendo erguida de modo a pisar nos pés dele.

— O que você está fazendo?

Ele sorriu perto do rosto dela, divertido e totalmente atraente. Jesus — ela pensou. - Se tem alguma chance de eu não cair de amores por este garoto, por favor, diga-me agora. Nenhuma resposta, apenas o movimento dos pés dele guiando ela naquela dança. Ele meio que estava olhando para a boca dela enquanto seus próprios lábios reproduziam a letra da música em seu silêncio. Na cabeça dela, não havia ninguém ao redor para atrapalhá-los. Já na dele, as pessoas simplesmente não importavam mais. Estavam ali, ele e ela. Por ora, aquilo bastava.

* * * * * * * * * *

— Ok. Eu vou lá, chamo a ruiva para o banheiro com alguma desculpa e deixo vocês duas conversarem e, em troca, você consegue o Sebastian para mim? - Aline perguntou.

— Exatamente. - Isabelle respondeu. - Agora, vá e lembre-se: quanto mais rápido ela vier, mais rápido Sebastian será seu.

Aline assentiu e saiu correndo da mesa. Izzy respirou fundo e, ao ver a morena interceptando Clary na pista de dança, seguiu para o banheiro e esperou.

... Eu já disse! Ela bebeu demais e desmaiou no banheiro. A mãe dela vai lhe dar uma surra se encontrá-la nesse estado. Por favor! Ajude ela enquanto eu vigio a porta! — Clary foi empurrada para dentro do banheiro e a porta foi trancada. Ela virou-se, bufando, procurando pela tal garota e só encontrando Isabelle.

— Você só pode estar de brincadeira! - Ela soltou, enfurecida. - Você é idiota ou surda para não entender o meu recado?

— Ei! Calma! - Isabelle berrou, protegendo o rosto. - Antes que você me bata, saiba que eu vim aqui apenas me desculpar. Sério. - E esperou pela porrada, mas Clary havia se encostado na parede. - Não vai me bater?

— Não. Estou interessada no que você tem a dizer.

— Eu... - Izzy respirou fundo novamente. - Me desculpe, Clary. Eu não fiz por maldade, juro que não. Só sabia que ele não tomaria nenhuma atitude se você não tomasse e queria que desse certo. Só isso. Mas foi uma brincadeira de mau gosto e agora vejo isso.

Clary estreitou os olhos. - E como eu sei que você está falando a verdade?

Izzy estava inflexível. - Peça-me alguma prova e eu darei.

— Qualquer uma? - Clary sorriu maliciosamente.

— Qualquer uma. - Izzy reforçou.

— Bom, então você...

* * * * * * * * * *

Quando terminaram de se acertar, Izzy bateu na porta e Aline abriu a mesma, sorridente. As duas saíram de lá, tramando, e Clary deu um "tchauzinho" antes de seguir em direção a Jace.

— Está tudo bem? - Ele estava preocupado.

— Sim. Problemas de meninas. - Ela respondeu e ele pareceu entender. - Vamos, padrezinho, vamos comer algo antes que minhas entranhas se devorem. Ele riu e guiou ela em direção às mesas.

Ela estava ansiosa pelo que viria, aguardando ansiosamente, e teve que se segurar para não começar a rir. Vingança era um prato que se comia por inteiro, lambendo os beiços.

* * * * * * * * * *

— E lembre-se: não vá até o final com Sebastian. Na verdade, ele prefere as provocadoras. E as que não falam nada. É algo daquela filosofia do "só deixar acontecer sem pressão". - Isabelle aconselhou.

— Uh, você tem certeza? Porque eu ouvi que...

— Está duvidando da palavra de Isabelle Lightwood, a menina que tem o time de lacrosse inteiro na palma da mão?

Aline balançou a cabeça e sorriu. - Não! Longe de mim! Vou entrar e esperar. Obrigada, Isabelle!

— Nada! - A mais velha respondeu, sorrindo. Viu a menina entrar no armário dos faxineiros e fechar a porta, então seguiu para Sebastian.

Ele estava do lado de fora, sentando num dos bancos dispostos na grama. Parecia entediado enquanto fumava seu cigarro de cravos escondido.

— Sebastian! - Ela disse alto, para dar um susto nele. O mesmo jogou o cigarro longe e se levantou.

— Não é o que você tá... Ah, é você, Iz. - Sentou-se novamente. Ela caminhou até o seu lado. - Você parece entediada.

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— E estou. Alec encontrou um rabo de saia e o casal feliz ali dentro faz questão de me ignorar. - Ela respondeu, suspirando, passando o dedo indicador pela gola da blusa dele. Ele fitou a mão dela com uma sobrancelha erguida. - Mas você também parece entediado.

— Você acha? - Ele questionou. Ela sorriu e levou a mão para o peito dele, as unhas arranhando a parte da clavícula semi desnuda.

— Uhum... - Ela ronronou. - Eu tô entediada... Você tá entediado... Acho que sei como podemos resolver isso.

— Você é minha prima. - Ele disse, segurando a mão dela.

Ela sorriu mais amplamente. - Mas não sou sua irmã... - Respondeu, sedutora. - Vamos lá, Sebastian. Não é como se nós nunca tivéssemos brincado disso. - Soltou. - Estarei no armário de limpeza. Venha. Ou não.

E com isso, ela saiu do mesmo jeito que veio. Ele apoiou a cabeça nas mãos e suspirou. Pensou. Pensou. Pensou. E então saiu correndo em direção ao armário de limpeza. Não demorou muito em adentrá-lo, chocando-se contra um corpo macio. Não demorou muito para que a boca dele estivesse de encontro à dela numa dança quente, as mãos buscando o corpo na pressa. As mãos dela desabotoaram a camisa dele, puxando para baixo, logo antes da calça. Ele deslizou a alça do vestido dela, sabendo bem que Isabelle gostava de controlar as coisas. Ela desceu a boca até seu pescoço e mordeu ali, fazendo-o soltar um gemido, empurrando-a mais para a parede. Não sabia que eles tinham tanta química assim. Pelo menos não demonstraram isso na vez anterior. Tanto que descartaram a possibilidade de continuar com a relação às escondidas.

Ouviu uma fresta da porta e virou a cabeça, assustado, mas as mãos dela puxaram ele novamente, fazendo-o esquecer do problema.

— Volta aqui... - A voz dela era um sussurro, mas estava diferente. Ele pensou ser a libido, então não questionou. Continuaram se agarrando, até que ele sentiu novamente a mordida no pescoço e soltou:

— Hum... Isabelle, você é tão gostosa.

— Isabelle? - A voz da menina cortou o ar e então ele percebera que falou a coisa errada na hora errada.

— Hum, Iz? - Ele questionou, recebendo então um tapa forte na face. Ficou estupefato, acendendo a luz do quartinho e vendo então uma caloura do seu colégio. - Eu... Não estou entendendo.

— Ah, claro que não, seu safado! - Ela lhe deu outro tapa e saiu correndo para fora do lugar, ajeitando as alças.

— Você me paga, Isabelle! - Ele berrou, pegando a camisa no chão, vestindo e então vestindo também o blazer. Mas algo aconteceu quando foi procurar pela calça. Ela não se encontrava em lugar nenhum.

* * * * * * * * * *

Isabelle sentou-se em sua mesa com a calça dobrada enfiada dentro da bolsa que trouxe consigo. Ela olhou nos olhos de Clary, que estava ali também, já que os Parker e os Lightwood dividiam a mesa. Jace estava sentado ao seu lado, falando algo em seu ouvido enquanto a menina sorria e piscava para Izzy.

— Hum, Jace... - Isabelle soltou. Ele virou-se para ela sem paciência. Ainda estava irritado.

— O quê?

— Acho melhor você ir encontrar o seu irmão. - Ela respondeu. - Eu o vi entrando no armário da limpeza com a filha do prefeito.

Jace arregalou os olhos e pediu licença, para então ir até o ouvido de sua mãe e vê-la seguir para fora do salão. Ela voltou minutos depois, puxando a orelha de Sebastian, que tentava tapar a nudez de suas pernas com o blazer. Ela estava brigando com ele enquanto o mesmo soltava protestos.

Os adultos ao redor chocaram-se com o rebelde dos Herondale e aqueles que tinham menos de 23 puseram-se a rir. Jace olhou para Isabelle de onde estava e ela tinha certeza de que pôde vê-lo sorrir.

* * * * * * * * * *

Do outro lado do clube, encolhida contra a grama, Aline - que estava chorando - pois-se a planejar.

— Se vocês acham mesmo que podem me passar a perna, vocês não sabem com quem estão brincando. - Ela disse, vendo a foto de Isabelle pela tela do celular. Ela estava abraçando o irmão na festa de Jessamine. - Isabelle Lightwood tem que pagar.