Don't bless me father

Capítulo nove: Quarto diedro - Parte 1.


Hilton - Clube de campo - 5:15 pm - Salão de baile.

Celine estava fazendo as últimas checagem das aparelhagens de luz e som do salão. Tinha seus cabelos presos em bobes e a maquiagem já pronta, tendo ido direto do salão para lá. Viu Emma num passo apressado do outro lado, dando ordens aos meninos do buffet.

— Não se esqueça da luz branca quando eu for fazer meu discurso. - Disse Celine para o técnico de iluminação. - Tenho que ir. Obrigada. - E seguiu em direção a Emma.

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—... canapés a cada sete minutos e meio, ouviram bem? E não quero ver nenhuma mesa sem bebidas. Bom serviço! - Ela disse. - Dispensados!

— Emma, querida! - Celine disse, aproximando-se ainda mais dela.

— Oh, Celly! - Ela respondeu, empolgada. - Adorei a maquiagem.

— Obrigada! Está tudo tão corrido. Acredita que a orquestra não estava corretamente informada das músicas?

Emma revirou os olhos. - Amadores...

— Sim... - Celine respondeu. E então o silêncio se instalou. - Então...

— Sim?

— Meu filho... - Começou, encabulada.

— Ah, sim, seu filho... - E riu suavemente. - Ele é um bom garoto.

— Eu sei. - Celine checou as unhas perfeitamente pintadas de um tom de rosa pálido. - É só que... Esse não é o tipo de comportamento dele. Quero pedir desculpas pelo que aconteceu ontem e agradecer por você acolhê-lo àquela hora.

— Imagina! É o amor jovem. - Emma riu novamente. - Eu adoro o seu filho e sei que o criou maravilhosamente bem. Estávamos eu e Mike na cama, no décimo quinto sono, quando ouvi o barulho de queda. Corri lá para fora, pra ver Clarissa e Jonathan, um no chão e a outra assustada. Foi hilário. E não foi nada demais pô-lo para dentro. Gosto bastante dele.

— Hum... E como é a Clarissa?

O sorriso de Emma ficou menor, contemplativo, pensando no perfil de Clary. Ela era quieta, mas simpática. E não reclamava, nunca. Nem da vida, nem das condições. Tentava enfrentar tudo com humor, mesmo a infância complicada que Emma sabia que ela tivera. O que poderia responder? - Ela é uma ótima garota. É um orgulho poder ser a mãe dela.

Mais cedo naquele dia - Casa dos Parker - 9:00 am - Quarto da Clary.

Clary desligou o despertador e abriu os olhos, sentando-se na cama. Espreguiçou-se e jogou as cobertas pro lado, descendo da cama. Seu pé aterrissou no macio e ela não teve nem tempo de raciocinar antes de tropeçar em algo.

Não em algo, ela soube assim que caiu no edredom que estava no chão. Em alguém.

— Ai! - Jace murmurou, remexendo-se em sua cama improvisada, mas ainda não acordando.

Clary ajoelhou-se e aproximou-se dele, cutucando o mesmo no ombro. - Jace... - Ela soltou, baixinho. - Acorda! Eu tenho que ligar para a sua mãe.

—...batata...Sebastian...Seboso... - Ele disse incoerentemente, virando-se novamente. Seu rosto estava agora perto do dela, perto o suficiente para ela analisar o formato da boca fina e reta, o ângulo do nariz, a glabela franzida. Ele era bonito até dormindo, mas não apenas bonito. Era interessante. Focou os olhos na boca dele. Será que ele acordaria se ela o beijasse? Como nos desenhos da Disney. Ela achou melhor não. Ele estava desacordado.

Ajeitou-se para levantar, já desistindo, quando então sentiu dois braços ao seu redor e foi bruscamente puxada para o peito dele. O cheiro dele invadiu suas narinas, o aroma almiscarado, masculino, de sabão e algo a mais, algo dele.

Era só o que me faltava... - Ela pensou. - Ele agora acha que eu sou algum bicho de pelúcia.

— Jace... - Ela disse mais alto. - Acorda! Você está me sufocando.

— Eu estou acordado. - A voz dele era baixa e rouca. Ele ajeitou o abraço para ficar mais confortável, mas não soltou. Ficaram então em silêncio. Ela não sabendo o que dizer e ele não querendo dizer nada.

— Er... - Ela limpou a garganta, a cabeça encaixada no pescoço masculino enquanto seu tronco estava diagonalmente por sobre o dele. Pôde sentir ele estremecer. - Eu preciso ligar para a sua mãe.

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— Espere um pouco. - Ele respondeu. O coração dela vacilou e ele respirou fundo, como se estivesse experimentando a sensação. Os braços dele apertaram-se ligeiramente. - Isso é bom.

Ela piscou várias vezes. - Uau. Jonathan Christopher, vulgo J.C., está me abraçando por pura e espontânea vontade?

Ele riu, rouco. - Eu pensei que você fosse me beijar. Sabe, você estava me olhando como uma lunática. - Ele disse e no mesmo instante a vergonha tingiu o rosto dela. Não apenas o rosto, mas o ser inteiro.

Ela começou a se balançar para livrar-se de seu aperto, embaraçada.

— Ei. Calma. Relaxa, Parker. - Ele disse, apertando ela um pouco mais durante as tentativas. - Eu estava só brincando.

— Não brinque com isso. - Ela respondeu, brava.

— Por quê?

Ela ficou quieta. Depois, respirou fundo e, por fim, disse: - Você sabe o porquê... - Sua voz era um muxoxo. - Eu... gosto de você.

Ele suspirou e seus braços soltaram o aperto. Doeu mais do que uma rejeição clara. Ela sentou-se de costas para ele rapidamente. O silêncio ficou, então, constrangedor. - Me desculpe. - Ele disse, vendo o estado dela. Ele sentou-se também, a mão no ombro dela. Clary sacudiu o ombro para tirar a mão dele dali.

— Eu preciso do telefone da sua mãe. - Ela disse, levantando-se e recompondo-se. Não virou-se na direção dele.

— ... Clary, eu...

— Vou buscar café e já volto. - Respondeu, seca, e então seguiu para fora do quarto. Ele suspirou novamente e jogou o cabelo para trás. Segurou o crucifixo que estava pendurado no pescoço e olhou para cima. Para algo além.

— Você quer ser padre, Jace. Você quer ser padre. - Sacudiu a cabeça e jogou-se novamente contra o edredom. - Você está tão perdido...

* * * * * * * * * *

Alô? — A voz de Celine fez-se presente do outro lado da linha. Clary engoliu em seco. Para todos os efeitos, ela era agora sua sogra. Jace bebeu u gole de seu café.

— Hum... Oi. Bom dia, dona Celine. Aqui quem fala é a Clarissa.

Clarissa? - Celine estranhou.

— Sim... Eu sou a... Namorada... Do seu filho. - Disse, travada. Jace fez um sinal de positivo com o polegar, incentivando-a. - Eu liguei para me desculpar e dizer que... hum... o Jonathan dormiu aqui essa noite.

Celine riu. - Isso não é possível. Jonathan me avisaria se fosse sair de casa. E, além disso, ele estava de castigo. - Clary ouviu os passos dela subindo as escadas e então abrindo uma porta. - Mas o quê...? Jonathan? - Ela berrou. Não obteve nenhuma resposta. Clary sorriu sem graça para Jace. - Deixe-me falar com ele, mocinha.

— Tudo bem... Mas, por favor, não brigue com ele. - Ela disse. - Isso aconteceu por culpa minha. Minha mãe sabe que ele está aqui e tudo mais, isso não foi um problema.

— Hum, desculpe-me, mas eu conheço a sua mãe? - Celine questionou.

Clary engoliu a seco. - Não sei dizer...

— Qual é o nome dela?

— Emma. Emma Parker. - Respondeu.

— Isso não é possível. Emma e Mike não podem ter filhos.

— Eu... Fui, hã, adotada, senhora. - Isso chegava a ser desconfortável, mas não era a primeira vez que Clary passava por isso. Jace revirou os olhos e pegou o telefone da mão dela.

— Bom dia, mãe. - Ele então ouviu o sermão do século pelo telefone. - Sim, estou na casa da tia Emma. Eu vou me desculpar. Desculpe-me... Sim, eu sei que foi errado... Desculpe-me... Tudo bem... Tudo bem... Sim, senhora... Entendido... Ok, tchau. - E desligou. - Me desculpe por isso. Eu tenho que ir embora agora. Minha mãe pediu para eu me desculpar pelo incômodo, então, por favor, transmita isso para os seus pais. - Ele abaixou a cabeça, deixou a caneca de café na mesa e então, num rompante, deu-lhe um beijo casto nos lábios. Ela ficou confusa demais com a iniciativa dele para falar alguma coisa. E então, no minuto seguinte, ele estava rumando para fora de sua casa.

Ela suspirou e sorriu, olhando para a bancada. O padrezinho tinha esquecido o telefone. Sacudiu a cabeça.

— Aiai...