Quem é você?

Progresso


Luna se sentava à mesa e preparava seus acompanhamentos ao lado da sua tigela de arroz. Não parecia preocupada ao escutar aquela frase de seus pais.

—Em breve eu e sua mãe... teremos que nos mudar para Hokkaido —Seu pai olhava para a esposa esperando sua reação e a da filha.

—Você vai ficar bem aqui, iremos te mandar uma mesada todo mês para que possa fazer o que precisa — Sua mãe continuava a conversa, tomando cuidado em cada palavra que usava.

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—Mas... porque?

—Surgiu uma oportunidade de emprego importante para mim, Luna, eu espero que você entenda, não achamos necessário nos mudar, pois isso iria acarretar em mais despesas e como possuo um primo que mora lá, ficaríamos na casa dele.

—Entendo...—Sua voz era tristonha.

—Bom, mas nada de se desanimar, isso pode demorar um pouco — Sua mãe pegava em sua mão e a apertava amorosamente. O café da manhã seguiu normalmente e Luna retornou ao seu quarto desanimada.

— Luna? — Akio ficava preocupado ao senti-la depressiva.

Ela dava um sorriso animador, por mais que parecesse forçado.

— Vamos passear de novo?

Luna seguia para o centro junto de Akio, ele não trombava nas pessoas e nem era percebido. Ao chegarem, o primeiro ponto foi na livraria, procurava por algo que pudesse dizer sobre espíritos ou maldições, a prateleira era um pouco excluída, por isso havia poucos livros, mas dando uma olhada por cima conseguiu selecionar dois. Se lembrando de como o garoto era ruim em se comunicar, pensou que talvez um livro infantil fosse capaz de ensina-lo a falar ou ter noções básicas das coisas. Um pouco tímida se aproximou da sessão infantil e bisbilhotou rapidamente pelos livros, pegou apenas um e o colocou de baixo do braço junto com os outros.

—Bom, acho que terminamos —Contente, dava uma olhada em todos os livros que leria hoje à noite. Um deles aproveitou para ler em uma cafeteria que costumava a ir no seu tempo livre. O comercio era bem famoso na cidade por suas tortas doces e seu estilo vintage.

Certo tempo de leitura depois e dois pratos de torta, uma senhora aproximava humildemente de Luna.

— Seu amigo é bastante bonito — Seu sorriso era simpático revelava várias rugas em sua feição.

Luna ao ouvir aquilo fez com que seu coração acelerasse e sua temperatura caísse. Deixou seu livro aberto calmamente sobre a mesa e a senhora se sentou em sua frente. Era uma senhora um tanto exótica pelo seu estilo de roupa peculiares.

—Meu amigo?...

—Não precisa se preocupar, não irei contar à ninguém — Ela suspirava e ajeitava seus óculos, dando uma boa olhada em Akio, ele permanecia a olhando com uma expressão atônita, ele entendia algo na mulher que Luna não era capaz de entender.

—Entendo... — Puxou o ar profundamente e deixou esvair, não parecia contente.

—Algum problema com ele? — Luna preocupada trocava olhares entre a mulher e garoto.

—Querida, a resposta que você procura nesses livros, não irá encontrar...—Ela olhava um pouco apreensiva para Akio, se perguntando se deveria continuar a falar.

—Esse garoto que você tem ao seu lado, não é um espirito... é uma criatura divina.

Luna fixava seus olhos em Akio que dessa vez a olhava inocentemente.

—Que tipo... de criatura divina?

—Lórens, conhecidos como anjos da guarda — Parecia bastante animada em dizer aquela frase, podia-se dizer que era a primeira vez que via uma criatura daquelas.

—São seres importantes tanto no mundo celestial quanto no mundo terrestre e posso dizer que um anjo nunca já mais foi permitido ser visto — Voltava a encarar Akio, curiosa.

—Ou algo muito bom está prestes a acontecer, ou algo muito ruim..., mas, isso é realmente algo que eu nunca imaginei presenciar — A senhora ia se levantando, prestes a sair.

—Você sabe porque ele não consegue falar? —Luna se levantava ao mesmo tempo que a senhora, tentando estender a conversa entre as duas, ainda havia muito o que se perguntar.

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—Me desculpe, mas não tenho tanto conhecimento nessa área, porém você pode se sentir sortuda, ter alguém como ele ao seu lado... não é para qualquer um — Se despedia com um sorriso por cima do ombro e caminhava lentamente para a saída.

Luna pagava sua refeição e juntava seus livros, pensativa, nunca foi de acreditar em anjos da guarda, mas isso explicava algumas coisas que haviam acontecido. Ela caminhava ao lado do garoto o olhando o tempo todo enquanto ligava alguns fatos.

—No começo você parecia falar comigo como se soubesse mais sobre as coisas... sobre mim... porque de repente perdeu sua fala?

Akio apenas andava e refletia sobre as palavras de Luna, nada dizia e nem demonstrava algum entendimento. Quando chegaram em casa mais tarde, Luna verificava as mensagens do celular à procura de algum sinal de Saito. Estava se perguntando se teria sido rude demais quando o tratou com frieza da última vez. Sem mensagens, foi direto para seu quarto. Se sentava ao chão junto de sua mesa de estudos e colocava o livro infantil por cima. Com Akio sentado em sua frente, suspirava com calma, visando que seria uma tarefa difícil.

—Vamos começar! —Abria o livro confiante e começava a ensinar Akio com paciência.

Algumas horas depois, Luna se encontrava com a cabeça deitada na mesa prestes a desistir. Akio apenas a observava comumente, ele parecia não perder energia desde a hora que levantou.

—Akio... diga, comida — Sua voz arrastada demonstrava o quanto estava cansada.

—Comida.

Luna se levantava surpresa, depois de várias horas, finalmente conseguia algum progresso. Para não perder o pique, apanhava o livro e lhe mostrava várias figuras de alimentos.

—Isso, Akio! Comida!

—Comida?

—Isso!! — Ficava de pé e pulava pelo quarto contente.

— Bom garoto, Akio! — Se ajoelhava ao lado dele e tocava em seus cabelos, o bagunçando. Nesse momento uma sensação um pouco estranha percorreu seu corpo, era estranho o tocar, tocar alguém que parecia não existir, mas ela o sentia agora e provava para si mesma que ele era real. Seus fios eram macios e leves e de seu punho podia sentir sua respiração. No mesmo momento, acabou retirando sua mão rapidamente. Akio que não tirava os olhos de Luna, continuava a fita-la, suas pupilas se dilatavam e portavam um brilho doce e discreto. Segurou o pulso de Luna com sutileza e o trouxe para perto junto de seu corpo a envolvendo com seus braços.