As minhas sinceras desculpas

Capítulo único


— Tenho que admitir, — Moana começou, sorrindo. Ela e Maui estavam na ilha de Te Fiti e a garota preparava sua canoa para partir. — Nunca pensei que aprenderia a navegar, muito menos de tão longe do Recife.

Maui rolou os olhos e Mini Maui, a tatuagem em seu peito, acenou alegremente para ela.

— Não foi você que ficava tagarelando porque sua vida inteira você quis ir pro mar? — respondeu.

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Ela continuou a amarrar as cordas e sorriu antes de acenar de volta. Tatuagem estranha...

— Bem, sim. Mas navegar não era muito aceitado na minha ilha, — Ela puxou Heihei antes que o frango fugisse e o colocou na canoa. — Eu até tentei ir além dos Recifes um dia, mas... — Ela engoliu em seco.

— “Mas...”? — Maui perguntou, agora curioso.

Moana parou, hesitante, e olhou para Heihei, que começou a bicar o próprio pé.

— Ah, digamos que não saiu muito bem, — Ela tentou continuar amarrando as cordas, nervosa, porém agora os nós saíram todos desajeitados — Foi péssimo, na verdade... — sussurrou, mais para si mesma. Maui ergueu uma sobrancelha.

— Garota...? — Maui agora olhou para ela, notando seu desconforto e tentando não demonstrar sua preocupação. — O que aconteceu?

Moana suspirou e fechou os olhos, lembrando-se das horríveis memórias daquele dia. Ela tentava esquecer, e até agora a pouco estava funcionando, mas era difícil deixar aquela experiência para trás. O desespero, o sufoco, o pânico que aumentava a cada segundo que passava em que ela perdia o fôlego, a dor—

Moana. — Ela abriu os olhos e viu Maui a encarando de perto, inquieto. — Se não quiser falar, tudo bem. Eu não sou muito bom com essas coisas então seria até melhor você, uh, quer dizer—

— Eu deveria ter escutado meu pai, — Moana interrompeu. Seu coração começou a acelerar e ela esfregou os próprios braços para tentar se acalmar — Ele vivia dizendo para não ir pro mar, não ir além do Recife. E quando eu fui, — Ela mordeu o lábio. — O oceano não era meu amigo. Não me levava pra superfície.

Silêncio. Só era possível ouvir as calmas ondas do oceano sussurrando e confortando seus medos. Maui fitou seus olhos e Moana pigarreou e subiu em sua canoa. Sem mais pensamentos ruins.

— Bom, isso está no passado. O oceano é meu amigo agora — Sorriu ao sentir a água tocar levemente seus pés em resposta. — E já que sei navegar, não preciso mais me preocupar com isso.

Mal esperava para ver a reação de seus pais quando finalmente chegasse a Motunui. Sua mãe choraria por uma semana inteira, e seu pai provavelmente teria um ataque do coração e os dois não a deixariam andar pela ilha sozinha por um bom tempo. Surpreendentemente, Moana se viu não se importando muito com aquilo. Só queria chegar em casa.

Estava prestes a tirar o barco da beirada do mar quando Maui segurou o mastro, a impedindo de tal ato. Heihei caiu e Moana o levantou. Ela notou que o semideus estava com uma cara fechada e seus olhos evitavam os seus.

— Ok, — Ela cruzou os braços e sorriu. Sabia daquela expressão. Ele queria confessar algo, mas estava desconfortável. Algo que provavelmente ruinaria seu ego. Era sempre assim. — Vamos, desembucha.

Ele franziu as sobrancelhas e Moana revirou os olhos.

— Sei que quer falar alguma coisa. É impossível você ficar sem dizer nada por mais de cinco minutos.

Ela esperou uma resposta sarcástica ou uma tirada, porém não ouviu nada. Ao continuar encarando seu rosto pensativo e sua postura tensa, Moana começou a ficar preocupada.

— ...Maui?

— Quando nos conhecemos, — Moana quase pulou de susto ao ouvir sua voz cortante. Algo estava errado. — No primeiro dia, eu te joguei no oceano várias vezes.

Ela bufou, mas um sorriso formou-se em seus lábios.

— Sim. O que não foi muito agradável, na verdade, e nem educado. Precisa melhorar suas maneiras. Por quê?

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Ele pareceu entristecer ainda mais, e Moana entrou em um pequeno estado de pânico. Ela olhou para Mini Maui em um pedido de ajuda, mas a pequena tatuagem só encolheu os ombros em desamparo.

— Eu não quis... Eu não... Ugh — Maui sussurrou, cabisbaixo, e pôs a mão no rosto. — Desculpe, Moana.

A garota arregalou os olhos. Maui, o grande semideus da água e do ar, herói de todos, com o ego do tamanho da ilha de Te Fiti, pedindo desculpas? Ok, agora ela estava preocupada.

Tomando coragem, ela se aproximou e tirou a mão de Maui que cobria seu rosto, revelando um par de olhos entristecidos que fitavam o chão.

— Está tudo bem, Maui. Não foi tão ruim assim, eu acho...

— É que... — Suspirou. — Eu sei bem como é ter essa sensação, sabe, de... quase morrer afogado — Ele fez uma careta ao pronunciar a última palavra. Ah, sim, a história de seu passado e o abandono de seus pais quando pequeno. Moana deu tapinhas nas suas costas para confortá-lo e Mini Maui fez o mesmo.

— Não se preocupe. Aliás, não foi só essa vez que você fez algo extremamente irresponsável à minha pessoa. Lembra quando você me prendeu em uma caverna na primeira vez que nos vimos? E você também me deixou pra morrer lá em Lalotai, e depois me abandonou depois de lutarmos com Te Kā... Ah! E teve aquela vez com aquele caranguejo gigante—

— Ok, ok! Já saquei! — Ele a empurrou de volta à canoa. Heihei tentou sair para o mar e Maui o puxou. — Eu sou o símbolo de responsabilidade e heroísmo, não precisa me lembrar.

Moana então içou a vela da canoa e o semideus embarcou com ela, claramente decidindo agora acompanhá-la.

— Desculpas aceitas. — Moana sorriu, triunfante, e ele fez cara feia. Mini Maui adicionou mais um ponto para ela em seu placar.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.