Midousuji - Death

Parado em frente ao túmulo, Midousuji suspirou.

Ele não ia àquele lugar com tanta frequência quanto deveria. Não era bom quando tudo o que ele reprimiu durante tantos e tantos anos vinha à tona. No entanto, aquele era o momento mais do que perfeito para visitar o túmulo de sua mãe, já que todos aqueles sentimentos e memórias nojentos estavam soltos dentro de seu corpo.

Midousuji tinha certeza de que estava cem porcento preparado para aquela corrida, principalmente quanto a seu psicológico, mas parece a caixa com tudo que ele pensou ter jogado fora se abriu bem em sua cara. As memórias de sua mãe resolveram aparecer no momento mais inconveniente possível, bem no meio da corrida. Aquela foi apenas uma prova de que sua teoria estava certa. Sentimentos são pesos inúteis que atrapalham seu caminho até a vitória. Patético. Ele era patético. Mesmo elaborando as estratégias mais detalhadas e seguindo aquele treinamento rígido, ele não foi capaz de ganhar.

E a parte mais irritante era que ele ainda estava desestabilizado, mesmo depois de mais de uma semana.

Midousuji passou o tempo todo pensando em sua mãe, lembrando-se do seu calor e todas as vezes em que ia visitá-la no hospital. E isso o fez imaginar como seria se ela ainda estivesse viva. Ela ainda teria orgulho dele? Iria assistí-lo nas corridas? O que ela acharia de suas estratégias? Será que ela também o veria como um cara desonesto e cruel assim como o resto das pessoas?

(É claro que Midousuji sabia que ele seria uma pessoa completamente diferente se tivesse crescido com a mãe a seu lado, mas não era bom pensar demais nisso.)

Ele se lembrou, amargamente, de todas as vezes em que ouvia seus familiares dizendo que sua mãe ainda estava junto com ele, dentro de coração. Por mais que as intenções fossem boas, dizer aquilo não o ajudava em nada. A ausência de sua mãe o deixou com cicatrizes enormes, por mais que ele se recusasse a reconhecer.

Secando as lágrimas que lhe escorriam pelo rosto com as costas da mão, Midousuji colocou o buquê que segurava sobre a lápide de sua mãe.

“Mãe, eu perdi.”