iFireSnow

P.O.V Katniss

— É O QUE? – berrei andando rapidamente pelos corredores do colégio, atrás da sra. Fitz – EU FUI BEM NAS PROVAS, NÃO TEM COMO EU FICAR DE RECUPERAÇÃO EM QUÍMICA!

— Na verdade tem – a sra. Fitz argumentou. – O diretor Snow quer te castigar por criar aquele webshow... iKat, né?

— Mas ele não tem nada a ver com isso!

— Aquilo foi um ato de desobediência à escola – a professora disse. – Passar bem.

A sra. Fitz começou a andar mais rápido, como se simplesmente falar ´´passar bem´´ fosse fazer tudo ficar ótimo, e eu aumentei o passo gritando um ‘’Nããão!’’, mas acabei caindo de bunda no chão.

— Sra. Fitz! – chamei, mas ela já havia desaparecido. Grunhi e me levantei.

***

— Eu tô indignada! – declarei entrando no apartamento e esperando ver Cato jogado no sofá.

Ele estava lá mesmo, mas não deu indícios de ter me ouvido. Me aproximei e baguncei o cabelo dele, que gemeu com a cara enfiada no travesseiro.

— CATO! – gritei alto e ouvi quatro estrondos.

— O que foi? – Cato pediu assus...

— PEETA? – perguntei, percebendo que o loiro que eu acordara não era meu irmão.

— É, oi – ele disse.

— Achava que você fosse o Cato – lamentei e Peeta me olhou ofendido.

— Eu tô indignada! – berrou Clove, levantando do chão. Franzi a testa.

— Por que? – pedi.

— O Snow quer diminuir minha nota em Geografia.

Johanna se levantou e sentou no balcão da cozinha.

— Eu não – disse.

— Ele não tentou diminuir sua nota? – pedi.

— Não – ela falou olhando ao longe. – Ele disse que minhas notas já estavam baixas o suficiente sem ele as abaixar.

Revirei os olhos.

— O que vamos fazer? – pedi e vi Finnick se levantar do chão. Ele provavelmente deve ter caído da escada com o meu grito.

— Podíamos ir tomar sorvete. Eu vi que tem uma sorveteria nova que abriu aqui perto... – sugeriu.

— NÃO! – berrei e todos pularam assustados. – O que vamos fazer com o Snow? Ele não pode diminuir nossas notas.

— Na verdade ele po... – Finnick começou, mas lhe lancei um olhar mortal.

— Relaxa. Amanhã convencemos ele – Peeta me tranquilizou.

— É, acho que sim – eu e Clove dissemos.

— Tá, agora podemos ir tomar sorvete? – Johanna pediu esperançosa.

— Ok, vamos lá – falei. – Eu to sem grana, quem tem?

— Eu voto para o Finnick pagar tudo – Clo sugeriu e bradamos um:

— EU TAMBÉM! – que deixou Finnick indignado, mas ele pegou a carteira assim mesmo.

***

P.O.V Cato

Eu estava deitado no sofá vendo um filme meio estranho cujo nome eu não consigo lembrar e Johanna estava na cozinha dando uma vasculhada nas coisas, como sempre, quando:

— EU ESTOU INDIGNADA – Clove entrou no apartamento rapidamente e bateu a porta.

— EU TAMBÉM – anunciou Finnick logo atrás.

— AAGH! – Katniss apareceu, deu uma procurada no bolso e tirou de lá uma faca e arremessando-a com toda a força em direção a cozinha, onde Joh a pegou em movimento e deu uma olhada em Kat, erguendo as sobrancelhas e dizendo com orgulho:

— Muito bom, Kat! Quando é que você resolveu colocar em prática meus ensinamentos?

— Que ensinamentos? – Peeta, que acabara de chegar, perguntou.

— Ah, eu tentei dar umas aulas de manejo de facas para a Kat um tempo atrás – ela explicou.

— Por que tinham que ser facas? – Finnick pediu. – Não podiam ser, sei lá, almofadas?

— Ah, também ensinei como arremessar almofadas, e umas outras coisas lá, sabe, armas em geral. Mas parece que ela só aprendeu com facas mesmo.

Nesse momento Katniss tirou da mochila um arco e flecha, mirou e atirou exatamente em cima da cabeça da Joh.

— Ah, ela também aprendeu isso. Parabéns! Agora o próximo passo é ganhar coragem pra machucar realmente as pessoas. – Johanna riu e balancei a cabeça.

— Qual é o problema de vocês? – pedi.

— Eu me pergunto isso desde a sétima série – Clove comentou.

— Não, não esse problema – falei. – por que estão tão bravos?

— Snow nos deu detenção durante um mês – Finnick explicou. – Teremos que lavar a louça da cozinha.

Na cozinha, Joh levantou os braços aos céus em agradecimento.

— E vocês também – Finnick complementou.

— O QUE? – ela berrou e jogou a faca pela janela.

— Por que? – perguntei.

— Não sei. Não fizemos nada de errado – disse Clove.

— O Snow está bravo por causa do iKat – explicou Katniss.

— E daí? – pediu Clove.

— Daí ele está nos dando vários castigos – Johanna bufou.

— Agh, que zorra – xingou Clove e eu coloquei imediatamente a mão no coração, fazendo uma cara de decepção. Quem diria que Clove estaria se bandiando para os lados da rebeldia.

— Eu falei zorra— ela disse e dessa vez entendi que não era o palavrão.

— Quem é que ainda fala ‘’zorra’’ na nossa época? – Johanna falou descrente e Clo deu de ombros.

— Hey! – do nada Peeta berrou.

— E aí? – franzi a testa, já havíamos nos cumprimentado.

— Tive uma ideia – ele disse. – E se fizéssemos o Snow ser demitido?

— Sim! – Kat pulou alegre. – Como?

— Ah, eu sei lá. Não sou obrigado a conhecer tudo – Peeta deu de ombros.

Finnick começou:

— Podíamos bolar alguma coisa para sujar a imagem do Snow e o irritar tanto que ele vai querer se demitir.

– Já sei – Joh declarou.

Depois de alguns segundos Johanna ainda não tinha continuado a frase.

— Sabe o que? – Peeta perguntou.

— Ah, vocês vão mesmo me fazer gastar energia para falar? Eu preciso lavar a louça da escola – Joh reclamou, mas continuou. – Tá. Podíamos tacar fogo no colégio.

— NÃO! – exclamamos juntos e ela nos encarou com indignação.

— Mas...

— Não podemos destruir o colégio, Joh – Clove explicou.

— Agh, não entendo o tanto de cuidado que vocês tem com o colégio. Criaram algum fundo de Defesa para as Escolas Chatas agora? – ela pediu.

— Não... – Finnick disse, pensando –, mas devíamos criar um fundo de Defesa às Construções que a Joh vai Queimar.

Johanna revirou os olhos, mas eu achei a ideia bem plausível.

— Tá bom – Kat disse e começou a nos contar um plano.

***

P.O.V Clove

— Posso ir agora? – perguntei para Cato, dando uns pulinhos para ficar na altura dele. Estamos escondidos em um corredor escuro do colégio para não sermos vistos por nenhum funcionário. O plano já estava pronto e todos os alunos iam cooperar, o que era ótimo e bem previsível. Todos odiavam Snow.

— Calma, Clovelita – Cato diz. A Kat e o Peeta tem que dar o sinal antes de fazermos qualquer coisa. E ainda tem a Joh e o Finnick, que ainda não apareceram.

Eles eram supostos para estarem aqui há cinco minutos, mas estavam atrasados.

— Ow! – ouço a voz de Finnick enquanto dois vultos cambaleam para dentro do corredor onde eu e Catpo estamos.

— Anda, sua anta! – Johanna briga com ele.

— Desculpa! – ele retruca. – Eu virei meu pé lá atrás, lembra?

— E eu com isso? – ela diz e ele choraminga sobre o quanto aquilo dói.

— Vocês estão atrasados – ralha Cato e Finnick e Johanna dão um pulo e dois gritos.

— Cara, precisava disso? – Joh pede, se referindo ao susto que Cato lhes deu.

— Ugh – bufo, a ignorando. – Vocês estavam fazendo o que? Entalados em um cano para demorarem tanto!?

— Então... – Finnick começa, bem na hora em que o celular toca e eu atendo, ouvindo a Kat falar do outro lado da linha:

— Clo, você e o Cato podem ir.

— Okay, tchau – digo e rapidamente desligo. – Vamos, Catifúndio.

Eu e Cato acenamos para Finn e Joh graciosamente antes de desaparecermos pelos corredores e começarmos a correr como dois Corredores de Maze Runner até o escritório de Snow.

— Diretor! Snow! – entro ainda correndo com Cato logo atrás e pego o braço enrugado dele, o balançando.

— O que foi, meninas? – ele pergunta alto e Cato me encara ofendido. Se foi pelo tom de voz de Snow ou por ser chamado de menina, eu não sei.

— Está tendo u-uma briga – Cato fala, fingindo falsa preocupação.

— Aonde? Entre quem?

— A Johanna e o Finnick – minto. – Eles estão se estapeando em um dos corredores.

— Me levem até lá imediatamente! – faço uma careta ao ouvir o ‘’imediatamente’’ de Snow, mas eu e Cato saímos da sala e guiamos Snow ao corredor de onde viemos.

Quando estamos a uns dez metros, já consigo ouvir e ver os dois brigando e se xingando.

— Sua lata de milho vencida! – Finnick grita e falsifica um tapa no rosto de Johanna. – Você estragou a minha casa de praia!

— Eu só dei uma festa lá, sua larápia peluda! – ela retruca e finge lhe dar um chute no pescoço.

Agora que Snow já está correndo para evitar a briga e dar umas boas punições para os dois, eu e Cato corremos para o corredor escuro novamente, tropeçando um no outro, só assistindo.

Os dois continuam com a briga mais um meio minuto, vendo o Snow ficar sem reação, antes de Joh dar uma rasteira em Finnick, que cai no chão e fala:

— Hey!

— Eu sempre quis fazer isso – ela sorri orgulhosa e Finnick depois de dois segundos sorri e lhe dá uma rasteira também, fazendo-a cair em cima dele.

Nesse momento, uma cama-elástica entra em ação e vários alunos começam a pular em cima dela. É a nossa deixa.

Uma música alta começa a tocar e eu e Cato entramos, dançando Tango e rodeando Snow, Cato me dá umas giradinhas até que eu tropeço no pé dele e quase caio, mas ele me segura e acabamos em uma posição perfeita de tango.

Mais alunos entram e começam a pintar a cara de Snow com canetinhas e tintas e canetas, enfim. E Snow tenta se livrar delas, mas ele não consegue.

— Parem! – ele parece uma lagarta louca.

— HEY! – a voz de Peeta consegue ser ouvida mesmo com toda a bagunça, e Snow se vira para ele, que está com a Kat em sua garupa com um arco e flecha em mãos. Eles vão em frente até estarem a uns dez metros do diretor, que está petrificado de medo e tem algo molhado nas calças que eu diria que é urina.

— CINCO! – todos contam. – QUATRO, TRÊS, DOIS, UM!

E Katniss atira ema flecha bem acima da cabeça de Snow, e outra, bem ao lado e mais outra do outro lado, fazendo Snow pular e erguer os braços, dizendo:

— Tá bom! Deu! Chega! Eu me demito desse hospício! – e, com isso ele dá um pulo por cima do Finnick e da Joh, que estão no chão, e sai correndo da escola.

Cato me dá um beijo na bochecha e Peeta gira a Kat por todo o corredor enquanto festejamos.

Pelo jeito não vamos precisar lavar louça por um tempo.