A Cilada

Capítulo 4


Sam acordou cedo. Olhou para a cama ao lado. Estava intacta. Seu irmão ainda não voltara da farra. O moreno espreguiçou-se, entrou no banheiro e tomou uma ducha. A água estava quente e com uma excelente pressão. Dean sempre elogiava hotéis com bons chuveiros e cama. Sam saiu, enrolou a toalha na cintura deixando as gotículas de água circundarem seus músculos. Franziu o cenho ao ver a calça Jeans do mais velho atirada atrás da porta. Dean sempre fora desleixado, talvez porque soubesse que isso irritava o caçula. Curvou-se e pegou o jeans surrado e atirou na cesta de roupas suja. O sangue nela chamou sua atenção, voltou a pegar o tecido, o sangue estava impregnado e quase seco.

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“Então Dean não estava tão bem assim. ”

Sam começou a preocupar-se. Olhou pela janela, a chuva caia abundantemente. Nem sinal do impala. Nem sinal de Dean. Sam pegou o telefone, que se dane a briga que tiveram. Que se dane esse orgulho bobo, ligaria para o irmão. Sam esperou a operadora completar a ligação e o ambiente do quarto foi tomado pelo som de AC/DC, o celular do irmão estava na mochila. Agora o moreno sentiu o coração disparar. Dean jamais deixaria o celular, sabia que isso era essencial, uma forma de ambos estarem comunicados, saberem um do outro. A preocupação só piorou quando ele tentou ligar para o telefone de John. Dean sempre deixava o telefone do pai carregado e ligado caso algum amigo dele precisasse de ajuda. O telefone apenas chamava. Sam vestiu-se e saiu até o estacionamento. Havia poucos carros estacionados. Foi até onde era a vaga do impala. A chuva apagara toda a poeira da noite, mas o tubo laranja esmagado ao chão chamou-lhe sua atenção. Agachou-se segurou entre seus dedos e leu o rótulo borrado, Dean Winchester. Percebeu as capsulas caídas ao solo. Umas desmanchadas com a chuva e tantas outras esparramadas. Seu coração começou a acelerar descompassadamente. Ou Dean tivera um surto de raiva, ou seu irmão estava em perigo. Sam passou a mão no queixo tentando aliviar a tensão.Sam olhou ao redor, havia uma câmera. Correu até a recepção.

— Bom dia Sra. Mellis— o crachá da senhora a sua frente a identificava como dona do Hotel, ou parente do dono. Já que o Hotel era Mellis.

— Em que posso ajudá-lo? —ela sorriu retribuindo a saudação.

— Essas câmeras, elas funcionam? — A pergunta fora meio evasiva e suspeita, Sam então mostrou o distintivo falso, tranquilizando a senhora a sua frente.

— Sim, elas gravam e a cada semana são regravadas e...

— Posso ter acesso aquela do estacionamento? Com as imagens de ontem a noite? — Sam não queria ouvir explicações desnecessárias, tinha que saber se Dean tinha sido inconsequente e saído ou algo pior acontecera.

— Claro. Por favor entre. Fica aqui mesmo, naquele computador. Fique a vontade, e no que puder ajudar...

— Obrigado. — O moreno guardou o distintivo e acomodou-se de frente ao velho computador com tela de tubo. As imagens eram bem ruins, viu quando ele mesmo chegou ao hotel, e logo em seguida uma Van. Sam estava impaciente, correu o vídeo até o momento de ver o irmão sair pela porta. Era notável que tinha dificuldades em se locomover, então era encenação dele caminhar bem na sua frente, o irmão sabia que Sam estava acordado e iria vigiá-lo. Mas longe dos olhos do caçula ele deixou a dor se refletir. Sam percebeu o irmão olhando para alguma coisa, até abrir a porta do impala e ficar sentado no banco procurando por algo.

“Os remédios” — Sam pensou. Então percebeu a nítida movimentação no carro. Viu as pernas do irmão se debaterem e os movimentos do carro ficarem cada vez mais intensos. O coração de Sam parecia ter falhado. Viu aterrorizado o desespero do irmão em tentar se desvencilhar de alguma coisa que o prendia no carro, e por um breve momento estava conseguindo até Sam assistir no monitor um brutamontes chegar do nada e desferir um soco no estômago do loiro e ver que as forças do irmão estavam se esvaindo. Sam Winchester não despregava os olhos da cena que se desenrolava a sua frente, e viu a luta do irmão em tentar alcançar a direção do carro.

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“A buzina” — Sam socou a mesa, a recepcionista assustou-se. Assistia o desenrolar daquele sequestro com a mão sobre o peito.

O Winchester pediu desculpas e continuou a gravação, logo em seguida Dean levara uma coronhada, o brilho da arma era nítido e a luta foi interrompida bruscamente. O Homem gesticulava algo e entrou no carro, o outro brutamontes saiu segurando o braço e foi para a Van. A mesma Van que havia chegado junto com Sam. Era uma cilada!

— Coitadinho do moço! Não teve nem chance. Será que o mataram? —a mulher tirou Sam daquele estado catatônico.

— Não. Não. Claro que não. Vou encontrar meu irmão. Vou levar uma cópia. — Sam nem percebeu o que a senhora lhe dizia. Apenas pegou as gravações e saiu. Entrou no quarto, estava aflito. Nervoso e angustiado. Rever as cenas lhe era difícil. Mas era preciso. Sam melhorou a qualidade da gravação e imediatamente conseguiu a placa da Van. Entrando nos registros percebeu que ela havia sido roubada. Não levaria a lugar nenhum. Lembrou do telefone do pai deles. Havia colocado gps nele, e com essa chama de esperança entrou na página para ativá-lo e localizá-lo. A luz piscante no meio de uma madeireira abandonada foi o suficiente para o jovem sair. Lembrou estar sem o carro. Voltou ao hotel. Não poderia roubar um carro vendo a mulher ficar de olho em tudo que se movimentava no estacionamento.

— Senhora, como posso alugar um carro? — Samtinha esperanças de haver esse tipo de serviço por perto.

— Pegue o meu carro, agente. E salve seu irmão.

A mulher estendeu a chave, Sam não agüentou tanta bondade e compreensãoabraçando-a em seguida.

— Muito obrigado Sra. Millis. Prometo devolver sem arranhões e meu irmão e eu estaremos aqui, em breve. Conte com isso.

Sam saiu e acionou o bip do alarme, um dos carros acendeu as luzes. Entrou e saiu em disparada.