The Mermaid Tale

A caverna das ilusões


Shikamaru observava as ações de Hiruzen, tentando compreender o que falara, mas era difícil de entender algo quando o velho não parava de andar de um lado para o outro, xingando, ao mesmo tempo em que mandava que içassem as velas e preparassem o navio para zarpar.

— Se acalme, homem! - Chouji bradou sem a mesma paciência que o Timoneiro que continuava calado – Explique melhor, por que corremos perigo?

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— Essa ilha é amaldiçoada! – retrucou ao se aproximar do cozinheiro, segurando-o pelo colarinho – Temos que sair daqui antes que ela nos impeça!

— Ela? Ela quem? – Shino indagou calmamente. Sempre fora um homem racional, então era bem difícil que algo o deixasse transtornado.

— A ilha... – foi a resposta de Sarutobi que permanecia inquieto, o olhar indo para a terra como se esperasse um ataque iminente.

— A ilha? O que quer dizer? – foi a vez de Shikamaru se manifestar.

— Dizem que essa ilha escolhe determinados marinheiros e os amaldiçoa, aqueles que chegam em sua terra, não são capazes de sair com vida e se tornam fantasmas em meio ao nevoeiro.

— Como assim “escolhe”? Fale direito homem! – Shikamaru pediu tentando analisar o problema em que estavam metidos, mas cada vez mais parecia que se arrependia de ouvir a explicação do velho.

— Ouvi dizer que a ilha sempre chama por marinheiros que tem desavenças em vida, ela cobra por justiça, atormenta-os até que suas vidas sejam sugadas da pior forma possível – tentou explicar e Shikamaru se pôs a refletir até que o barulho de algo chama a atenção dos tripulantes.

Imediatamente, todos correram em direção à amurada e viram Gaara, Neji e Kiba correrem para o navio completamente desesperados. Eles estavam ofegantes e pareciam cansados, mas fora isso não havia nada que denunciasse que estavam machucados fisicamente.

— O que houve? Conseguiram encontrar algo? – Chouji indagou ao levar um cantil com água para os homens que beberam avidamente como se estivessem com sede por dias seguidos.

— Achamos algo, mas não o que queríamos – Neji foi o primeiro a falar. Os orbes claro pareciam desvairados e ele tentava claramente se acalmar, assim como os outros dois.

— Inimigos? – Shino arriscou perguntar, mas a resposta de Gaara pegou a todos desprevenidos.

— Antes fossem, pelo menos conseguiríamos enfrentá-los de algum modo – e balançou a cabeça, tentando esquecer o que ouvira ou achara que ouvira.

— Não estamos entendendo, Gaara, seja mais claro – Shikamaru pediu quando Kiba o interrompeu:

— Fantasmas! Ou algo assim! Não sabemos o que eram, mas os ouvimos muito bem! Todos nós!

— Fantasmas? – Shikamaru murmurou e olhou para Hiruzen que arfou preocupado – Mas vocês conseguiram ver algo? Como podem ter certeza que eram fantasmas? Pode ter sido a imaginação de vocês... – comentou, tentando achar uma solução lógica para o que se desenrolava na sua frente.

— Não vimos nada, mas eu tenho certeza que o que ouvi era a voz de um morto – Gaara parecia mais firme e ao ser indagado novamente pelo Timoneiro sobre como ele podia ter certeza, foi com um sorriso frio que respondeu – Porque foi a voz da minha falecida mãe que chegou até mim.

—*-

Sakura andava perto de Sasuke e Naruto, temendo que algo pudesse saltar do escuro a qualquer momento. Segurava uma das tochas, virando-a a todo momento para afastar as sombras e tentar diminuir o medo que sentia, enquanto que Naruto e Sasuke estavam mais preocupados em achar uma saída daquela caverna. Andavam lentamente tentando achar algo até que em um determinado momento viram que havia uma bifurcação no caminho. O Capitão e o Contramestre encararam-se, pensando no que fariam agora e mesmo sem dizer uma só palavra, entraram em um consenso, só que havia um porém.

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Olharam para a Sakura que observava que a caverna se dividia em três e ao notar que era alvo dos olhares dos dois, imediatamente compreendeu o que eles pretendiam fazer e aquilo a apavorou. Começou a negar com a cabeça, antes que o Capitão dissesse algo, a fim de afirmar que não iria andar sozinha pela caverna, mas não adiantou nada.

— Sakura, sabe que nossa melhor alternativa é nos dividirmos para ver se achamos a saída desse lugar o mais rápido possível – o Uzumaki tentou convencê-la que continuou a negar, não daria um passo a mais para longe deles. Não concordava em se dividirem. – Vamos, seja corajosa, mulher! – incentivou o Uzumaki.

— Você não tem muita escolha – Sasuke contrapôs ao ver que ela não cederia facilmente – O Capitão e eu tomaremos caminhos diferentes, então, querendo ou não, se não quiser nos acompanhar, irá ficar sozinha aqui – e foi aquele argumento que fez Sakura refletir as palavras do Imediato e, mesmo contra vontade, anuiu, já que seria pior ficar sozinha apenas esperando os dois retornarem.

— Certo! Ótima escolha, Sakura! – Naruto disse, e em seguida ele e Sasuke decidiram por qual direção cada um iria – Eu irei pela direita – apontou antes de seguir em frente, deixando os dois para trás.

Sasuke olhou para a garota que não parecia nem um pouco satisfeita com aquela ideia e apontou com a cabeça para a entrada do meio para que ela seguisse por ali.

— Eu irei pela esquerda – disse e esperou que ela se movesse, o que não aconteceu. Suspirou e segurou o braço da menina para que o encarasse – Não se preocupe, isso é apenas uma caverna, nada irá acontecer – tentou tranquilizá-la, mesmo que aquilo não fosse algo que estivesse acostumado.

Sakura suspirou e procurou se convencer daquelas palavras, afinal ela já havia enfrentado tanta coisa, o que seria um pouco de escuridão? Reunindo sua coragem, ela aquiesceu e seguiu o caminho indicado pelo Contramestre que somente voltou-se para a esquerda quando não conseguiu mais ver a chama da tocha da garota.

—*-

— O que faremos agora? – Chouji perguntou assustado depois de ouvir o depoimento dos companheiros – O Capitão, o Contramestre e a Grumete estão na ilha ainda!

— Acalme-se Chouji! – Shikamaru pediu enquanto tentava organizar o seu pensamento – Sarutobi! – chamou o velho que olhava para a ilha com afinco – Você disse que somente aqueles que tinham desavenças em vida é que são “escolhidos”, então se alguém que não tiver desavenças... seria possível que essa pessoa sobreviva à ilha?

— Eu... não sei – o velho deu de ombros, refletindo sobre a pergunta – Ninguém nunca sobreviveu, mas não sei ao certo como a ilha funciona – e observou os três piratas que haviam voltado da ilha praticamente intactos – Cada um ouviu alguém diferente, e todos voltaram... eu não entendo o porquê... – comentou e Shikamaru se pôs a pensar naquilo.

— É verdade, Kiba ouviu a voz da avó, Gaara ouviu a mãe, e Neji ouviu o pai, mas... – Chouji comentou.

— Mas nenhum desses fazem mais parte do nosso mundo – Shino concluiu a ideia.

— Por que vocês correram? – Shikamaru perguntou de repente e os três se entreolharam rapidamente, sem saber o que falar.

— Na verdade, nós não corremos... nós seguimos a voz por um tempo, ela parecia nos levar para algum lugar – Neji tentou explicar – Mas cada vez mais que nos aproximávamos, eu sentia que algo estava errado, é difícil de explicar, mas algo me disse que aquele que eu ouvia não era o meu pai... – olhou para o Timoneiro sem saber ao certo como se explicar. – Quando dei por mim, estávamos na frente de uma caverna e vi que Gaara e Kiba pareciam um pouco fora de si.

— Eu também notei que algo estava errado, algo como a voz falava não lembrava a minha mãe – Gaara comentou um pouco perdido nas memórias que tinha da matriarca e Kiba aquiesceu concordando com a ideia.

Shikamaru apenas refletia sobre o que ouvia, tentando entender o que estava acontecendo. Algumas coisas eram óbvias: aquela ilha atraia marinheiros e usava as memórias deles para atrai-los, mas para quê? E como Gaara, Kiba e Neji haviam conseguido escapar? Olhou para os companheiros que continuavam a conversar entre si, tentando entender o que era aquele lugar.

— É a névoa... – comentou Sarutobi ao seu lado – Ela os levou até a caverna...

— Mas para quê? – o Nara voltou a indagar e o mais velho deu de ombros.

— Porque ali deve estar a essência do mal dessa ilha – contrapôs com simplicidade – O que quer que seja, foi muita sorte que eles conseguiram perceber que se tratava de uma ilusão, se eles tivessem entrado na caverna... provavelmente não estariam mais aqui. – e a ideia de que talvez os outros tivessem sido atraídos para o mesmo perigo lhe passou pela cabeça.

— A quem eu quero enganar? – Shikamaru murmurou para si, olhando para a ilha – Se tem alguém com desavenças nessa vida são aqueles dois, que problemático – e começou a pensar em algo para acabar com essa situação.

—*-

O mar estava calmo e a temperatura da água agradável. Alguns peixes nadavam ao seu lado e um recife de coral surgia mais à frente. Sorriu, ela adorava quando a água estava assim. Adorava poder nadar com os peixes e explorar recifes. Abriu os braços e nadou um pouco para frente até se dar conta do que fazia. Olhou para si e viu sua cauda novamente, há quanto tempo ela não via sua cauda em diversos tons rosados? Olhou para as mãos e sentiu a pele diferente de quando era humana, seus cabelos compridos espalhavam-se pela água e perguntou-se o que havia acontecido... como havia ido parar ali, no meio do mar?

Tentou recordar como conseguira voltar para casa, mas parecia que sua mente estava em branco e um pouco confusa sobre tudo ao seu redor.

— Sakura! – ouviu lhe chamarem, olhou para frente e avistou Ino junto de suas outras irmãs. Elas sorriam e acenavam para si.

Sakura sentiu seu coração palpitar de alegria por vê-las. Todas as suas irmãs estavam ali. Elas nadavam entre si, em uma brincadeira que sempre faziam quando estavam juntas desde pequenas e ela ficou radiante por ver aquela cena novamente, quanta falta sentia delas. Quanta falta sentia do mar e o sentimento de que finalmente estava em casa a preencheu de forma tão arrebatadora que ela não conseguiu não se mexer e começar a nadar para perto delas. O único porém foi que elas começaram a se afastar dela e Sakura não entendia o motivo delas estarem indo para longe.

— Vamos Sakura! Nade mais rápido! – uma de suas irmãs gritou para si e começou a rir junto das outras que voltaram a nadar.

Sakura riu ao ver que elas estavam brincando consigo, então tratou de aumentar a velocidade, estava com saudade daquilo, de nadar junto com elas, porém novamente não foi o bastante e aquilo começou a deixá-la preocupada, não queria perder as irmãs de vista. Ouvia as sereias rirem e lhe chamarem, mas elas não paravam nunca e por mais que se esforçasse Sakura não conseguia alcançá-las. Em determinado momento esticou a mão como se pedisse para elas lhe esperarem, porém elas não viram o seu gesto.

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“Esperem! Esperem por mim!” tentou dizer, mas nenhum som saiu da sua boca e aquilo a chocou.

Imediatamente ela parou de nadar e colocou as mãos no pescoço. Ela não entendia o que estava acontecendo. Havia voltado a ser uma sereia, mas sua voz... sua voz. E como se tivesse compreendido tudo, abaixou as mãos e olhou com atenção o lugar em que estava, olhou para o mar que tanto amava e para as sereias que continuavam a nadar e se afastar de si. Sentiu os olhos arderem e o peito se afundou em dor. Não é real. Não é real. Repetia para si. Por mais que parecesse seu lar, por mais que fossem suas irmãs ali, por mais que tivesse a sua cauda novamente e parecesse ser uma sereia, aquilo não passava de uma mentira, uma ilusão.

E ela tinha certeza disso pois mesmo que seus olhos dissessem o contrário, ela sabia que se tivesse voltado para casa, se tudo estivesse bem, ela teria a sua voz novamente. Então aquilo devia ser mentira, seu sonho ainda não havia se realizado e aquela não era a sua casa. E com essa constatação notou que o ambiente mudava aos poucos e logo seus olhos conseguiram notar que ainda estava dentro da caverna, que agora estava envolta em neblina, e sua mente recordava tudo o que acontecera.

Ela olhou para os dois lados e sentiu as lágrimas descerem por seu rosto. Mesmo que soubesse que era mentira, que tudo o que vira foi algo projetado, ainda doía em si. Doía ver que lhe enganaram com aquilo que ela mais desejava: voltar para casa. Enxugou o rosto com as mãos, se não fosse a sua voz, ela realmente iria achar que estava de volta ao mar. Um pensamento cruzou a sua mente e analisou o túnel onde estava, atentando-se ao fato de que haviam conseguido lhe encantar. A névoa ainda espessa agora formava uma linha esbranquiçada que parecia seguir para algum lugar na escuridão e ela temeu o que isso poderia significar. Havia alguma criatura ali ou algum demônio habitava a ilha para ser capaz de exercer tamanho poder assim e se ela, que ainda tinha algumas vantagens por ser sereia, havia sido afetada, não queria nem pensar em como os dois humanos que estavam consigo deviam estar.

Olhou para trás e decidiu que era melhor procurar pelos dois. Viu a sua tocha jogada no chão e a agarrou com força enquanto refazia o caminho de volta. Quem habitava aquela ilha era traiçoeiro, usava de memórias para iludir as vítimas e fazê-las se aproximar da morte, eles haviam caído dentro da boca do inimigo e, o pior, era que não existia uma forma de contra-atacar, pois podia ser qualquer tipo de entidade maligna. Eles apenas poderiam não ser subjugados e fugir o mais rápido possível dali.

-*-

O lugar lhe trazia aconchego. As enormes pilastras lhe eram familiares e o cheiro de comida quente lhe transportava para um lugar que há muito tempo não via. Havia criados por todos os lados, mas parecia que ninguém o via e ele até preferia assim, mas então ela surgiu. Estancou no lugar sem saber o que fazer. Ela estava da mesma forma como se lembrava... linda! Usava um vestido da mais pura seda, os cabelos ruivos compridos estavam presos em um elegante coque e ela vinha na sua direção com rapidez, os olhos transbordando um sentimento que ele estava acostumado a ver frequentemente: a raiva.

— Naruto! – ela bradou ao chegar perto dele – Onde esteve? Seu pai e eu ficamos o procurando a manhã toda!

Ela começou a brigar consigo como sempre fazia e ele não conseguiu esboçar nenhuma reação. Ela estava ali. Ela estava ali.

— Kushina! Não precisa brigar assim com o menino – uma voz forte, porém calma intercedeu por si e Naruto virou-se para ver a figura do pai surgir no batente da porta. Ele ainda usava o uniforme de Capitão do Comércio Marítimo Real de que se lembrava.

As mesmas calças brancas, a camisa branca, o colete azul escuro assim como o casaco pesado da mesma cor. Nos cabelos loiros, o chapéu preto sempre presente, bem como o sorriso que sempre lhe transmitiu confiança. O que estava acontecendo ali?

— Pai... mãe... – murmurou atônito e viu os dois sorrirem para si.

— Teve insolação, garoto? Claro que somos nós! – Kushina disse com um sorriso e estendeu a mão para o filho – Vamos, estamos atrasados!

— Atrasados? – ele murmurou segurando a mão fina da mãe que agora parecia pequena em comparação com a sua.

— Seu aniversário, lembra-se? – o pai, Minato, respondeu.

Começou a andar, sendo puxado pelos dois, ainda perdido no meio de tantos sentimentos, mas ele pouco ligava para o que sentia no momento, a única coisa que importava era o fato de que estava de volta. De volta ao seu lar. E estava com as pessoas que mais amava no mundo.

—*-

O barulho do fogo crepitando encheu seus ouvidos e ele olhava atordoado para as chamas sem entender o que havia acontecido. Onde estava? Havia o som de um violino soando ao fundo e aquilo lhe era estranhamente familiar. Andou pela casa de madeira ressabiado, sem saber ao certo que lugar era aquele, mesmo que algo dentro de si dissesse que conhecia o ambiente. Ouviu o barulho de alguém do outro lado da porta e com a espada em riste aproximou-se para ver quem era, porém não estava preparado para ver a figura imponente do pai a sua frente.

— Ora, garoto! Isso é jeito de receber o seu pai? – exclamou ao ver o filho lhe apontar a arma – Sei que faz tempo desde a última vez que estive em casa, mas acho que não mudei muito, não é? – e sorriu de canto enquanto deixava a mochila com seus pertences no chão – Não vai abraçar o seu velho pai? – indagou ao abrir os braços.

Sasuke nem ao menos piscava, quanto mais tinha forças para fazer o que fora pedido pelo mais velho e ao ver que o filho nem ao menos se mexeria, foi ao encontro do jovem, tomando-o nos braços para a surpresa do Uchiha.

— Você cresceu, garoto! – murmurou para o filho que parecia congelado no lugar.

— Fugaku? – ouviu-se uma voz doce no cômodo e os dois Uchiha’s imediatamente olharam na direção para encontrar a sua dona.

Fugaku largou o filho e com os olhos brilhando felicidade foi em direção à mulher de cabelos negros brilhantes que sorria para si enquanto chorava por ter voltado são e salvo de mais uma empreitada no mar. Ele a rodopiou no ar, feliz por estar em casa e Mikoto ria, agarrando-se a ele. Sasuke, em contrapartida, parecia não respirar com a cena que se desenrolava a sua frente.

— M-Mãe... – gaguejou, atraindo a atenção para si.

— Querido, o que houve? – sorriu para o filho ao se aproximar e tocar sua face delicadamente – Parece que viu um fantasma! – brincou, mas o Uchiha arregalou os olhos, pois era exatamente isso que achava que estava vendo. Não era possível que eles estivessem ali... não era possível e, mesmo assim... ele queria que fosse – Venha, vamos jantar, todos juntos, como uma família! – comentou feliz ao puxar o filho em direção à mesa de jantar.

—*-

Sakura corria pela caverna tentando encontrar mais alguém, mas parecia que nada adiantava, ela não via nem Naruto e nem Sasuke. Era como se eles tivessem sido engolidos pela escuridão e aquilo fez um calafrio lhe percorrer a espinha. Já havia seguido pelos dois caminhos em que se separou dos piratas e nenhum sinal deles e ela não sabia mais o que fazer, tinha medo de que estivesse em outra ilusão e aquilo começou a deixá-la desconfiada e neurótica com tudo a sua volta. Qualquer sinal era motivo para ela se desesperar e aquilo a deixava ainda mais apreensiva com tudo.

Tentou repassar todos os seus passos até o momento para ver o que estava deixando passar: ela havia tentado encontrá-los, mas não obteve êxito nos caminhos que eles percorreram, então o único lugar que faltava averiguar era a direção que ela própria tomou e havia desistido no meio do caminho ao ver que fora enfeitiçada. Engoliu a seco, aquilo não fazia sentido... como poderia encontrá-los ali? Não era o mesmo caminho, pois se fosse já teria os visto em algum momento. Devia ser uma armadilha, mas ao mesmo tempo aquele lugar não fazia muito sentido, ele brincava com a mente de todos e ela podia jurar que enlouqueceria a qualquer instante e se perderia dentro daquelas paredes. Respirou fundo, tentando se acalmar e pensar no que deveria fazer a seguir, mas o som de água gotejando chamou a sua atenção.

“Mais uma ilusão?” Pensou receosa ao ver que o barulho vinha da entrada por onde passara instantes atrás ao ir atrás do Contramestre e com a tocha em uma das mãos e a espada na outra, lentamente se aproximou, torcendo para que fosse o Uchiha e que ele pudesse lhe ajudar de alguma forma, pois ela começava a se desesperar, mas o que viu fez com que o seu sangue gelasse e mesmo que fosse uma armadilha, ela não conseguiu impedir suas pernas de correrem para a figura jogada no meio de uma poça de água.

“Ino! Ino!” mexia os lábios na tentativa de sair algum som enquanto verificava o corpo da irmã que parecia despertar.

— Sakura... – murmurou ao abrir os orbes azuis como o mar e em seguida se lançou contra o corpo frágil da humana – Sakura! Graças aos Deuses! Cheguei a tempo! – dissera com alívio ao ver que a irmã estava bem.

Porém Sakura não conseguia acreditar no que via. Como sua irmã sereia estava ali? Certo que o corpo dela estava em uma pequena poça com água, mas aquilo não fazia sentido! Como ela aparecera ali? Só podia ser outra alucinação sua e aquilo a fez se distanciar da sereia que a olhou magoada.

— O que houve, irmã? – indagou Ino, querendo tocar Sakura que andou para trás e por não haver água o suficiente, ambas acabaram ficando separadas, já que Ino não podia sair do pequeno espaço em que estava.

“Quem é você?” indagou à outra sereia que arregalou os olhos com a pergunta.

— Como assim, quem eu sou? Sakura! – esbravejou Ino e, mesmo que não quisesse, aquele tom de voz raivoso fez Sakura se encolher levemente – Sou sua irmã! Ino! Vim aqui para lhe ajudar!

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“Como pode estar aqui? Isso não é possível! Não tem como estar dentro dessa caverna e muito menos no meio de uma poça d’água!” contrapôs e Ino suspirou tristemente, passando a mão pelos cabelos, o que chamou a atenção de Sakura. Ela arfou ao notar pela primeira vez os cabelos loiros da irmã, outrora longos e brilhantes, agora tão curtos que mal chegavam aos ombros.

— Eu fiz um trato... – Ino começou a contar ao ver o olhar da irmã sobre si – Fui até a Bruxa do Mar e a ameacei. Disse que se ela não a trouxesse de volta, iria contar tudo para o Rei dos Mares.

“Você o quê...?” mexeu os lábios sem acreditar no que ouvia. Ela havia dito a irmã para não ir até Seika.

— Ela parecia temerosa, eu achei que tinha tudo sob controle... – Ino tentou se explicar um pouco constrangida – Mas, então, ela me mostrou uma imagem sua, disse que você estava dentro de uma caverna de Sussurrantes, ela me mostrou o que aconteceria com você, Sakura – disse angustiada ao relembrar as imagens da irmã se contorcendo no chão enquanto sua vida era sugada – Eu não podia deixar que isso acontecesse! – balançou a cabeça para os dois lados, inconformada.

“O que você fez?” Sakura questionou, já prevendo a resposta.

— Ela disse que me daria algo para salvar você em troca dos meus cabelos – passou a mão nos fios loiros – Ela me trouxe até aqui, só não imaginava que seria nessas condições – e olhou para o pequeno espaço onde estava presa, sorrindo ao ver que também fora enganada. A Bruxa do Mar pretendia deixá-la morrer, afinal não tinha como ela escapar daquela caverna sendo uma sereia.

Sakura deixou os joelhos cederem e caiu no chão ao final da narrativa, sentindo as lágrimas banharem o seu rosto. Por sua culpa, sua irmã havia perdido seus cabelos, algo tão precioso para uma sereia... e ela sabia o quanto Ino amava os seus longos cabelos loiros que sempre fora motivo de orgulho para si. Por sua culpa, Ino se arriscara e podia morrer se continuasse naquela caverna de Sussurrantes.

“Me desculpe, Ino!” aproximou-se da irmã, abraçando-a gentilmente e sendo retribuída por ela, o que fez com que Sakura tivesse mais vontade de chorar, pois a irmã parecia estar consolando-a mesmo com todos os problemas que tivesse arrumado.

— Tudo bem! Vamos sair daqui – Ino falou de forma confiante e afastou a mais nova de si antes de mostrar o pequeno punhal que estivera escondendo – Ela me deu isso e disse que era uma arma mágica, capaz de afastar os Sussurrantes. Lembra-se das histórias? – indagou à irmã que aquiesceu.

Ela sempre ouvia histórias sobre as criaturas que habitavam o mar. Os humanos sempre foram os que mais despertavam a sua curiosidade, mas ela sabia o que eram os Susssurrantes. Filhos do Deus da Morte com sereias perdidas, os Sussurrantes eram figuras esquálidas e sem forma definida que reinavam no mundo dos humanos sempre trazendo a morte e a desgraça por onde passavam, até que um dia foram confinados em uma ilha por um dos deuses. Mas como eles não eram criaturas normais e por não terem uma aparência exata, logo conseguiram se adaptar ao local, transformando-o para favorecer aos seus interesses. Eles controlavam toda a ilha e eram capazes de hipnotizar suas vítimas, fazendo-as ver memórias e figuras que, de alguma forma, seriam capazes de levá-los ao desespero. As ilusões sempre eram como doces sonhos às vítimas, sussurradas com palavras doces, e aos poucos os sussurros de dor começavam até que não era mais possível sair do enlace do Sussurrante.

Um Sussurrante tinha prazer com a dor, quanto mais a pessoa sofresse, melhor para eles, por isso somente lhes interessavam pessoas que já tinham vivenciado algo assim, isso facilitava o trabalho deles, e a alma e a vida de alguém que sofrera em vida era considerada por eles como a melhor das refeições. Eram seres desprezíveis que davam o que a pessoa mais queria e depois tomavam tudo apenas para se deleitarem com o sofrimento alheio, e Sakura sempre os odiou por usarem de algo tão baixo para poderem sobreviver. Mas ela nunca imaginou que fosse encontrá-los um dia e sentir na pele a ilusão que eles poderiam oferecer.

— Eu não sei como você conseguiu fugir da ilusão dos Sussurrantes, Sakura – disse Ino novamente, tirando-a de seus devaneios – Na imagem que eu vi, você não havia conseguido... – mordeu o lábio, receosa de continuar contando o que vira à irmã.

“Eu notei que era uma ilusão” explicou e ao ver que a outra sereia continuava confusa, tentou completar “Quando percebi a mentira, voltei a enxergar a realidade. Acho que a ilusão ainda não havia sido concretizada totalmente, por isso consegui me libertar” disse o que achava que havia acontecido.

Havia passado pouco tempo dentro da ilusão e foi somente por causa disso que conseguira fugir ao notar a armadilha em que estava. Se tivesse ficado mais tempo no mundo dos Sussurrantes, talvez não tivesse a mesma sorte.

— Que bom! Mas e agora o que faremos? Precisamos sair daqui! Os Sussurrantes ainda podem tentar nos encontrar – e, quando Ino terminou de falar, ouviram um grito de dor dentro da caverna.

Sakura rapidamente pegou a sua espada e ficou na frente da irmã à espera de algo, porém mais nada aconteceu. E foi quando reconheceu de quem pertencia aquele grito.

“Capitão!” virou-se para a irmã que a olhava assustada e em seguida sua atenção se voltou para o pequeno punhal. Aquele punhal seria a salvação contra os Sussurrantes, de acordo com a Bruxa do Mar.

Olhou mais uma vez para Ino que tentava entender o que se passava na cabeça da mais nova. Enquanto Sakura tomava uma atitude que, com certeza, desagradaria a irmã.

“Ino...”

— Não ouse! – interrompeu a fala da humana, os orbes azuis brilhando em raiva – Você não vai atrás de quem quer que seja que tenha dado esse grito!

“São os meus companheiros e...” tentou justificar-se a mais velha que a cortou novamente.

— São humanos! Deixe-os morrer! Já não devem ter mais salvação de qualquer jeito!

“Eles podem nos ajudar a sair daqui! Precisamos da ajuda deles também!” argumentou com a irmã que negou.

— Eles que precisam de nós! Podemos nos virar sem eles! Sakura... – mas antes que conseguisse terminar a frase, a irmã já havia puxado o punhal para si – Sakura! Não faça isso! Você pode morrer! – tentou pará-la, mas não podia arriscar sair da água, por causa disso suas tentativas foram em vão.

“Eu irei salvá-los e depois venho buscar você!” disse à Ino, deixando-a com sua espada e fazendo, com alguns panos, uma fogueira de forma improvisada para que não ficasse no escuro. Sabia que a chama não duraria muito tempo, mas rezava para que fosse tempo o suficiente para ajudar Naruto e Sasuke, e depois resgatar a irmã.

Ino não conseguiu dissuadir Sakura e quando deu por si estava sozinha novamente. Não conseguia entender a irmã, por qual motivo ela estava se arriscando tanto por meros humanos? Será que ela compreendia o que estava fazendo? Que ela parecia estar preferindo salvar os humanos à sua própria irmã? Ou o coração de Sakura era tão grande e bom que nem ao menos notava o quanto estava sendo imprudente? Fosse o que fosse, Ino somente podia pedir ao Rei dos Mares para proteger as duas agora.

—*-

— Está certo disso? – Gaara indagou mais uma vez a Shikamaru.

— Que problemático! – o Timoneiro bufou, cansado – Não temos alternativas. Verificou os nós? – e teve a confirmação do Saabaku – Todos prontos? – olhou para trás e pode ver Neji, Kiba e Hiruzen também aquiescerem – Então vamos!

— Essa missão será suicida – ainda ouviu o Sabaaku comentar e suspirou. Ele bem sabia que estavam jogando com a sorte, mas o que mais poderiam fazer a não ser tentar resgatar seus companheiros?

— Pelo menos pense que se sobrevivermos, isso dará uma bela história! – Sarutobi disse antes de tomar um pouco de rum e logo os outros pediram que compartilhasse a bebida, afinal não sabiam se voltariam com vida daquilo.

Shikamaru suspirou mais uma vez e olhou para a caverna onde Neji, Gaara e Kiba disseram ter sido atraídos. Era a partir dali que iriam procurar pelos outros e que os deuses os protegessem.