A Senhora da Sorte
Eu não consigo acreditar
Depois de prestarem depoimento na delegacia, Daniel levou Andrômeda para o hospital, ela queria ver Lana.
— Lana Winters está em cirurgia. - disse a recepcionista.
Andrômeda voltou para a recepção, e mandou uma mensagem para a sua mãe. Disse que Lana estava machucada e que elas estavam no hospital.
Por meses, Andrômeda ficara ressentida com Lana. Ela desistira da escola para não ter que encarar Lana tendo tudo o que sempre quis enquanto ela só ganhou uma forte depressão como prêmio.
Mas com o tempo e a ajuda de sua avó, ela superou tudo. Parou de desejar ser a Senhora da Sorte, porque isso não iria acontecer nunca.
Mas agora ela era a dona da sorte, e Lana estava quase morrendo numa cirurgia.
Andrômeda mandou a recepcionista informá-la assim que Lana saísse da cirurgia.
— Apenas a família pode vê-la. - disse ela.
— Você vai me dizer quando ela sair de lá imediatamente! - disse Andrômeda.
— Andrômeda, calma. - Daniel a puxou para a sala de espera. - Você não pode gritar assim com a moça, ela está fazendo o trabalho dela.
— E agora, ela vai obedecer a minha ordem.
— Não faz assim, Andy. Não entra nessa de mandar em todo mundo, você pode não conseguir mais sair.
— Eu sei, minha vó disse tanto isso.
— Então se esforce mais.
— Moça, a Lana Winters acabou de sair da cirurgia. - disse a recepcionista.
— Eu vou vê-la então. - disse Andrômeda olhando para ela, desafiando-a. Mas ela não disse mais nada.
Andrômeda largou a mão de Daniel e foi para o setor de pós operatório procurar por Lana.
Ela parecia muito mal, estava pálida, com vários aparelhos ligados ao seu corpo e recebendo transfusão de sangue.
— Ah, Lana. - Andrômeda chorou. - Se cure, Lana! Acorde, você precisa ficar bem, precisa curar seu corpo. Isso é uma ordem, Lana Winters! Acorde!
Lana abriu os olhos. E parecia desesperada.
— Ei, fica calma. - disse Andrômeda.
Ela correu para chamar o médico.
Ele retirou os tubos da boca dela.
— Ela não deveria estar acordada agora, a anestesia… - dizia o médico. - Não faça esforço, Lana.
Ele saiu e as deixou sozinhas.
— Sua mãe deve estar chegando. - disse Andrômeda.
— Eu deveria estar morta, senti tudo se esvair.
— Eu mandei você não morrer.
— Obrigada, And.
— Não se esforce, você vai ficar bem, Lana.
— Lana! - gritou a mãe dela. - Meu bem, eu fiquei tão preocupada!
— Ela vai ficar bem, senhora Winters. - disse Andrômeda. - Eu vou embora, depois volto pra te ver, Lana.
Lana sorriu para ela.
Andrômeda não sabia como ia lidar com tudo isso.
Lana sempre fora a sua pior inimiga, machucara ela diversas vezes e agora ela estava ali, fazendo o que podia pra impedir que ela morresse, e Lana dera a ela a essência da confiança, a única coisa que deveria ser de Andrômeda desde o início.
***
Nas duas semanas seguintes, Andrômeda foi ao hospital todos os dias para ver Lana, e ela finalmente recebeu alta.
Consequentemente, ela acompanhava o caso de Lamína para manter Lana informada.
Andrômeda tentou ao máximo não usar seus poderes novos para forçar as pessoas a fazerem o que não queriam, mas quando se tem esse poder é meio impossível.
Ela chegou à casa de Lana e tocou a campainha.
— Andrômeda! Entre por favor. - disse a senhora Winters.
Andrômeda entrou e foi para o quarto de Lana.
— E então? Me conta tudo! - disparou Lana.
— O processo saiu, Lamína foi acusada de tentativa de homicídio, mas como ela já confessou já está presa, a pena vai ser decidida no tribunal por formalidade.
— Ótimo, porque nada impediria a louca de ir atrás de você também.
— É. Lana, eu estava pensando, já que você está melhor agora, você quer de volta a essência da confiança?
— Ah, não mesmo!
— O quê?? Como assim você não quer??
— Andrômeda, eu passei meses sendo uma bruxa manipuladora, essas semanas serviram para me desintoxicar disso também, eu não quero ser a Senhora da Sorte de novo. Você pode ser, é o certo, afinal era pra ser você desde o começo.
— Mas eu não quero isso, Lana! Antes eu queria, mas deixei de querer, e agora que sou quero ser ainda menos, por favor, pega de volta!
— Eu não posso fazer isso, And. Eu não consigo, inclusive já falei com minha mãe sobre isso, e ela disse que se estou feliz sem isso não devo pegar de volta.
— E eu? Como fico, Lana?
— Não pode dar para alguém que queira?
— Quem?? Os Hinostroza não têm uma filha, vou dar para quem? Para a louca de Lamína??
— Eu realmente não faço ideia, sinto muito, mas não posso fazer isso. - disse Lana frustrada.
— Quando eu descobri sobre tudo isso achei que era uma benção, sabe? Ter tudo que quisesse com a maior facilidade do mundo. Mas descobri que é uma maldição, a gente se perde no poder, e virar um monstro, e quando menos percebemos já não temos mais ninguém, parece que todos estão apenas seguindo ordens.
— É verdade, demorei pra perceber, mas finalmente me dei conta.
As duas ficaram em silêncio por um tempo. Andrômeda não podia acreditar que agora Lana Winters era a sua melhor amiga. Talvez as joias não fossem completamente amaldiçoadas, pois lhe trouxeram coisas boas.
Ela finalmente conversara com Pablo e foi honesta com ele, falou a verdade sobre seus sentimentos por Daniel. E ela e Daniel, bem, eles estavam felizes, estavam namorando, e eram apaixonados.
E para Lana, fizeram ela perceber que amizade verdadeira e sincera existe sem manipulações por uma joia mágica. Ela aprendeu a pedir por favor, e percebeu que Andrômeda Allen não era só um ótimo saco de pancadas, era uma boa amiga.
— Já sei o que vamos fazer com a esta joia – disse Andrômeda de repente apontando para a pulseira – e com a essência.
— O que vamos fazer? - perguntou Lana olhando atentamente para a amiga.
— Vamos destruí-las.
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