Ligações Perigosas

Prólogo - A Família Vitter


Ligações Perigosas: esta expressão teria sido utilizada pela primeira vez na literatura Francesa, por Montesquieu ao referir-se a alianças internacionais temerárias ou imprudentes.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

O salão no Hotel Plaza em Nova Iorque estava lotado de pessoas bem vestidas e segurando taças de champanhe na mão. Os candelabros enormes davam um toque de requinte na decoração. A música clássica tocando ao fundo e os garçons servindo petiscos caros de camarão e outros sabores.

A festa estava sendo oferecida pelo meu pai, Roger Vitter, o fundador e presidente da Vitter’s Indústria, fornecedora número um de materiais de construção em todo o país.

Meu pai criou seu império do nada e se dedicou arduamente à empresa, logo, vivemos cercados de luxo e tudo o que o dinheiro pode comprar.

Minha mãe, Felícia, é casada com ele há 17 anos, porém, contando os anos de namoro, eles estão juntos há 22 anos e com certeza são meu exemplo de amor verdadeiro.

Eu, com apenas 19 anos, já tinha frequentado mais festas de gala do que posso contar, o que havia se tornado um tédio, devo dizer.

Mas quem sou eu? Meu nome é Annelise Vitter, mas todos me chamam de Anne. Meus cabelos escuros lisos descem até um pouco mais dos meus ombros; meus olhos possuem uma cor peculiar, meio mel esverdeado; tenho a pele branca e sou magra, não muito alta; meu nariz é fino e combina perfeitamente com minhas feições; e, por fim, tenho um sorriso branco e alinhado que somente os procedimentos mais caros de ortodontia poderiam fornecer.

A vida que eu levo certamente não é o que a maioria está acostumada. Eu, literalmente, posso ter tudo o que eu quero e quando eu quero.

Eu estou no segundo ano na Billiard School, um colégio particular de altíssimo padrão e tiro somente notas altas; faço parte do Comitê do Baile; já fui rainha do baile de primavera; e não gosto muito de baladas e qualquer outra coisa que me exponha. Tento manter a discrição uma vez que meu pai é visado pela mídia desesperada em pegá-lo em algum escândalo.

Sim, eu já deveria ter me formado, entretanto, fiz um intercâmbio de um ano na França e outro de mesmo período na Alemanha, o que acabou atrasando o término do meu ensino médio.

Enfim, posso afirmar que sou a típica patricinha de Nova Iorque e filha perfeita, sempre seguindo as regras, sempre sendo educada e sempre mantendo a reputação. Isso diante os outros, porque, no fundo, eu sou uma pessoa bem diferente.

Uma pessoa diferente que está esperando o momento certo para se revelar.

Apesar de parecer que riqueza facilita tudo, acredite, não é assim, pois o dinheiro e o poder trazem inimigos.

Não é novidade que os concorrentes do meu pai tentam a todo custo lançar uma Oferta de Aquisição hostil para tomarem o controle da empresa, porém, meu pai jamais a venderia, nem por todo o dinheiro do mundo.

Além de seus concorrentes, há diversos bandidos tentando roubá-lo de todas as maneiras.

Esse é um dos problemas de ser uma família notória: sua vida é um livro aberto e todos sabem o dinheiro que possui.

Roger já sofreu alguns atentados bem como tentativas de extorsão, mas graças ao trabalho da polícia, nenhum deles foi bem sucedido.

É irônico, não é? Ao mesmo tempo em que você tem todo o dinheiro do mundo e o céu é o limite, você não pode usufruir completamente dele justamente porque existem pessoas que querem o que você tem.

Bem, eu estava parada ao lado da porta do banheiro feminino no Plaza, olhando-me no enorme espelho com molduras douradas, ajeitando meu cabelo que estava solto.

— Annelise, você está linda! — disse Elizabeth, uma das amigas de minha mãe.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Ela tinha cabelos loiros claros e curtos, arrumados em um leve topete para trás e tinha algumas rugas em seu rosto. Elizabeth segurava uma taça de champanhe que estava pela metade.

— Olá, Elizabeth! Obrigada, você está muito elegante também! — falei em meio a um sorriso.

Nisso, um homem aparentando seus vinte e cinco anos com cabelos loiros e olhos azuis se aproximou, dizendo:

— Com licença, será que eu poderia roubar esta bela jovem um minuto?

Ele estava se referindo a mim, claro.

Fiz uma expressão confusa, afinal, eu nunca havia o visto.

— Oh querido, nós começamos a conversar agora. — respondeu Elizabeth com gentileza — Será que não poderia voltar em outro momento?

— Receio que não.

Após dizer isso, o misterioso homem sacou uma pistola do seu terno e atirou em Elizabeth na barriga.

O salão gritou um “oh” em uníssono, apavorados com o barulho de tiro disparado.

Uma forma circula em sangue começou a se formar na roupa de Elizabeth no local onde o tiro a atingiu e ela posicionou a mão em cima do machucado, tentando estancar o sangue e, em seguida, caiu no chão.

Prontamente, o homem loiro me puxou de forma brusca pelo braço e apontou a arma para minha cabeça.

A essa altura, todos estavam olhando para nós dois, afinal de contas, era dali que o tiro havia sido disparado.

Meus pais estavam a apenas alguns metros de distância e minha mãe abraçava meu pai de lado, totalmente apavorada, chorando.

Eu fiquei imóvel com a respiração descompassada, nervosa com que o que poderia acontecer.

— Ninguém chega perto ou eu mato ela! — gritou o homem encostando a arma em minha têmpora.

— Vamos nos acalmar, ok? — disse Roger dando passos lentos em nossa direção — O que você quer?

— Dinheiro! — respondeu sem hesitar e meu pai continuou tentando se aproximar com a minha mãe ao lado — E você fique aí, não dê mais um passo!

O salão de festas agora estava transformado num cenário de terror. Os convidados estavam afastados de nós e encolhidos no canto, temendo que o maluco atirasse novamente.

— Eu posso te dar dinheiro, mas você tem que soltar minha filha. — Roger estava com a voz calma e com os olhos vidrados em nós, mal piscava.

— Acha que irei aceitar sua oferta tão fácil? — ele deu uma gargalhada — Ela vai comigo!

No momento em que o homem iria se virar para me conduzir para fora do Hotel, um dos seguranças do Plaza deu uma coronhada por trás na cabeça dele que caiu no chão, largando a arma.

Andei para trás e acabei tropeçando em meus próprios pés, pois queria ficar o mais longe possível daquele maluco!

Felícia e Roger correram até mim, descendo para falar comigo que ainda estava no chão, aterrorizada.

— Filha, você está bem?

Eu apenas assenti, não conseguia falar.

Minha mãe abraçou-me de lado e meu pai abraçou a nós duas fortemente.

Assistimos ao misterioso rapaz ser algemado e levado por dois seguranças para fora do Hotel.

Ficamos alguns minutos ali parados, abraçados, tentando nos acalmar do incidente que havia acontecido.

Todos os convidados começaram a murmurar e alguns vieram nos ajudar.

Não era preciso palavras para saber que a festa tinha acabado.