Quando se pensa em gula inconscientemente associa-se a comida, contudo não existe gula apenas por comida, há gula de bebidas, sentimentos e sensações. Também pode-se pensar na gula como um vício ou obsessão, leva pessoas ao extremo, nunca é o suficiente e sempre se busca por mais. Assim é a gula. Insaciável. Incontrolável. Ávida.

Ao longo dos anos Akefia adquiriu várias gulas, por objetos e conquistas, contudo o mais evidente sempre foi sua gula por poder, nunca era o bastante, sempre desejou mais e mais para destruir o faraó e vingar sua aldeia. O que não aconteceu, então tudo perdeu o sentido e seu vício, sua fome de poder, minguou. E ele buscou um substituto, porque ninguém vive sem a fome por algo.

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Encontrou sua nova gula na forma de uma mulher de cabelos negros e olhos azuis, que cheia a areia quente do deserto e atende pelo nome de Ishizu Ishtar. Ela é sua morfina e seu balsamo. Anestesia-o e o intoxica com seus toques. Sua presença acalma seus demônios internos e preenche o vazio deixado para trás. Aplaca sua abstinência e o vicia.

É um viciado e sendo assim se afoga nas sensações que ela lhe proporciona, e como todo dependente, doses pequenas não o satisfazem, não mais. Sempre e sempre anseia por mais dela, muito mais do que ela pode oferecer. Ele tem fome do seu sabor único, dos lábios macios contra os seus, do seu cheiro e seus toques, do seu calor.

Porém ele não é o único que peca pela gula naquela relação, pensou divertido.

Sorrindo parou um momento a observando, se aproximou e se inclinou sobre o ombro alheio – Se continuar comendo assim vai engordar e eu não vou conseguir te carregar até a cama. – sussurrou próximo ao ouvido e riu da reação surpresa e do muxoxo pelo morango agora estatelado no chão. Aproveitou a distração para roubar uma das frutas.

Ishizu bufou e revirou os olhos dando um tapa na mão que voltava para roubar outro morango – Tenho pernas, posso muito bem caminhar até a cama. – respondeu presunçosa continuando a encher a tigela com mais da fruta vermelha. Girou nos calcanhares sorrindo – Agora, seja um bom garoto, pegue a calda de chocolate e o chantilly.

— Não sou seu empregado. – disse teimosamente, testa franzida e braços cruzados.

— Ah, não é? – ela perguntou erguendo as sobrancelhas – Não tenho certeza disso.

— Não. – retrucou a puxando pela cintura, roubou outro morango o mordendo e antes de qualquer protesto a beijou.

Ishizu se derreteu no beijo e sorriu com o gosto de morangos, sentia as mãos quentes se moverem ansiosas, lhe apertar a cintura. Contudo suas próprias mãos ainda seguravam firmemente o pote de morangos, para grande descontento de Akefia, que se afastou com uma careta para o objeto ofensivo pressionado entre eles.

Até ele ter uma ideia e sorrir perverso, esticando o braço pegou a tal calda – Tenho outros planos para esse chocolate. – usou um tom sugestivo para sussurrar próximo ao ouvido dela.

Ishizu cantarolou, Akefia podia ser surpreendentemente criativo – Hum, oferta tentadora, mas ainda prefiro os morangos. Vai ter que se esforçar mais garotão. – e mastigando a fruta se afastou deixando um Akefia atordoado para trás.