Ishizu é uma mulher orgulhosa, pode não parecer à primeira vista, mas é. E nem podia ser diferente, afinal é uma descendente da família Ishtar que perdurou por mais de três mil anos, e isso por si só é um bom motivo para se ter orgulho. Ela pode tentar negar, mas só de olhar para os olhos azuis, a forma como brilham cheios de orgulho quando se apresenta como uma Ishtar, denunciam-na.

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Nessas horas Akefia observa as pequenas mudanças no comportamento, o sorriso presunçoso, as costas eretas e o queixo erguido quase arrogantemente. Ele não se incomoda com esse lado da morena, até gosta disso – ele mesmo é orgulhoso de seu título de Rei Ladrão e das suas façanhas no Antigo Egito. Ishizu é uma mulher bonita e inteligente e geniosa, seria um desperdício se fosse apenas mais uma submissa como foi criada para ser, e o orgulho a torna ainda mais interessante.

Entretanto esse orgulho não se limita apenas a linhagem antiga, e isso fica bem evidente quando se convive com ela. Está nas pequenas coisas do dia-a-dia, na teimosia de nunca estar errada, na insolência de desafia-lo por coisas mínimas, na arrogância de quem sabe como contorna-lo sem esforço. Ela se recusa a ser fraca e dependente, essas palavras são como fel amargo e grosso em sua boca.

Por isso ela detesta quando Akefia começa com seus joguinhos de controle. E por isso Akefia gosta de provoca-la, fazê-la descer do pedestal imaginário de autossuficiência.

— O que você está fazendo? – quis saber ao adentrar a cozinha.

— O que parece que estou fazendo? – ela retrucou de modo enviesado e lhe lançou um olhar descontente sobre o ombro.

Com um dar de ombros pegou uma maçã do balcão e se encostou ali para come-la – Parece estar brigando com o pote de takuan (rabanete em conserva). E ele está vencendo. – comentou entre mastigadas ruidosas.

Ishizu preferiu não responder, apenas bufou antes de voltar a tarefa em mãos, ao maldito pote de takuan que se recusava a abrir. Olhou mais uma vez irritada para o objeto ofensivo, já havia esgotado seu leque de ideias – pequenas batidas, água quente e até mesmo de ponta cabeça – e nada daquela tampa ceder. Estava começando a se irritar e ter Akefia ali se divertindo as suas custas não estava ajudando a melhor seu humor, podia sentir o par de olhos cinzas sobre si.

— Quer ajuda nisso? – perguntou despreocupado terminando com a maçã e descartando o bagaço.

— Não! – respondeu de imediato.

— Tem certeza?

— Sim! – franziu a testa.

— Absoluta?

Ela explodiu – Sim, Akefia, tenho certeza de que não preciso da sua ajuda! Agora caia fora daqui! – gritou virada para ele com uma carranca no rosto.

— Não é o que parece. Você está nisso a o quê, uns 10 ou 15 minutos?

Ishizu estreitou os olhos, o maldito estava a observando! Devia era jogar a maldita conserva nele, quem sabe isso ajudasse a abrir a droga daquela tampa. Idiota!

— Se me pedir com jeitinho posso te ajudar. – Akefia ofereceu apoiando uma mão na beira da pia e lhe sorrindo presunçoso – É só pedir, Ishizu.

Ishizu estalou a língua incomodada, franziu a testa e mordeu o canto do lábio como se sofresse de cólicas. Fazia semanas que estava com vontade de comer takuan e ela comprou a conserva, sentia a boca salivar só em imaginar o sabor da calda doce, porém aquilo estava se mostrando um desafio. E ela não queria a ajuda dele.

Akefia por outro lado se divertia com as expressões da morena, podia imaginar a batalha que estava tendo dentro daquela cabecinha bonita. Pedir sua ajuda para enfim comer os rabanetes renderia uma rachadura na bolha de orgulho que a envolve, mas ele já sabia a resposta antes mesmo de entrar naquela cozinha, o estômago dela sempre vence.

— Tudo bem. – ela falou com pouca vontade se virando para encará-lo – Oh, grande Rei Ladrão, você pode, por favor, abrir para mim? – e estendeu o pote.

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Ele tentou não sorrir vitorioso ou rir da expressão desgostosa e da voz carregada de sarcasmo, mas estava fazendo um péssimo trabalho. Pegou o pote e sem muito esforço abriu a tampa sem sequer um obrigado em troca. Minutos mais tarde Ishizu estava alegremente comendo seu takuan com arroz.

— Não entendo, ontem consegui abrir tão fácil. – comentou pensativa.

Akefia, que estava comendo outra maçã, ergueu os olhos para ela e sorriu cheio de dentes – É porque eu apertei a tampa hoje cedo.

Antes de mais nada ela jogou a tampa da conserva nele – Seu filho da p...

O que podia dizer? Adora provoca-la.