Aos meus oito anos, tive minha primeira cavalgada em um cavalo. Eu os já tinha visto de perto, porém nunca havia montado em um, e o passeio em um belo cavalo foi um dos presentes que papai me deu de aniversario aquele ano. Podem me chamar de mimada, talvez eu seja mesmo, por que o segundo presente só ganhei por meio de insistência minha e também por que papai estava querendo se livrar de um de meus pedidos mais mirabolantes e impossíveis de concretizar, acabei então ganhando um bichinho de estimação.

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Charlotte segurava a mão do pai enquanto andavam pelo reino, daquela vez não foi sozinha com Miguel por que seu pai queria lhe dar o seu presente de aniversário, que, por acaso, estaria naquele reino. Ela olhava para todos os lados ansiosa a procura do possível presente de seu pai. Ela arregalou os olhos quando entraram em um estábulo, seu pai se aproximou de um homem, Killian ainda segurava a mão da filha firmemente por isso ela pôde ouvir o que eles diziam.

— Hoje é aniversario de minha filha, ela adora cavalos e como estamos viajando a muito tempo em um navio fica impossível que ela cavalgue… será que ela pode montar em um de seus cavalos? – Killian pediu ao homem.

Ele olhou para Charlotte, que sorriu, porém, seu sorriso não foi correspondido pelo homem, então ela o desfez e o homem voltou a olhar para seu pai.

— Tenho alguns cavalos para a menina, venham. – O homem os chamou com uma das mãos. Eles o seguiram e os olhos de Charlotte brilharam ao ver um belo cavalo negro, o qual eles pararam em frente.

— Você pode acaricia-lo. – O homem falou para Charlotte, a menina se aproximou, estendeu uma das mãos e acariciou o pescoço do animal. O cavalo encarou Charlotte e ela sorriu, o cavalo retribuiu dando um relincho.

— Quero monta-lo! – Charlotte disse virando-se para seu pai e o dono do estabulo. O homem assentiu, assim como seu pai.

O dono do estabulo ajudou-a a vestir o equipamento de montaria, enquanto um rapaz era ordenado a colocar uma cela no cavalo para ser montado. Depois de tudo pronto, Killian ajudou a filha a montar no cavalo. Charlotte ajeitou-se e sorriu. Bateu de leve os calcanhares no cavalo e ele começou a se mexer.

O cavalo galopou e deu alguns saltos nas barreiras que existiam ali. Charlotte se divertia ao máximo, se sentia livre, completamente livre. Uma sensação que não era sentida no navio, claro que ela amava o mar e a brisa que ele produzia, mas aquela sensação de liberdade, o vento batendo em seu rosto era algo muito novo para Charlotte e ela estava amando aquilo.

Mas, como tudo que é bom durava pouco, o passeio de Charlotte logo acabara. Seu pai a ajudou a descer do cavalo, segurando-a fortemente pela cintura apenas com um dos braços, Killian se surpreendia toda vez que aquilo acontecia, ela parecia uma pena em seus braços. Killian a colocou no chão delicadamente e a filha o olhou com os olhinhos brilhando.

— Papai, podemos ficar com ele? – Charlotte pediu apontando para o cavalo, fazendo a maior cara de pidona.

Killian ficou aturdido por um instante. Ele tinha entendido bem? Sua filha queria um cavalo de estimação? Killian se abaixou, ficando da altura da filha.

— Querida, nós moramos em um navio pirata, não há espaço para cavalos… além disso, você nunca poderia monta-lo, ao nosso redor só existe água, cavalos precisam de terra e liberdade total para cavalgar… não dá para ficarmos com ele. – Killian disse baixinho, para que apenas a filha ouvisse. Charlotte abaixou a cabeça com tristeza, mas acenou concordando com o pai. Eles não poderiam ter um cavalo, mas ela queria tanto… a menina falou isso para o pai, que suspirou sem saber o que fazer para fazê-la desistir daquela ideia.

— Porque não dá a ela algum bicho de estimação, capitão? – João sugeriu ao se aproximar deles junto ao filho, os olhinhos de Charlotte brilharam instantaneamente e rapidamente ela levantou a cabeça.

— Eu quero, eu quero! – Charlotte falou quase dando pulinhos e puxando a roupa do pai para baixo. – Por favor, papai, por favor!

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— Obrigado, João! – Sussurrou Killian sarcasticamente para João, que sorriu divertido. Killian abaixou-se novamente e ficou um pouco mais baixo que a filha. – Você quer um bicho de estimação, querida?

— Sim, sim, sim! – Charlotte respondeu empolgada.

— Então irá me prometer que ele será totalmente responsabilidade sua e que irá cuidar dele muito bem.

— Eu prometo, papai! – Charlotte concordou animada.

— Ótimo. – Killian levantou-se e pagou o homem pelo passeio e saíram dali rumo a loja de animais.

A loja não era muito longe do estábulo e não demoraram a chegar lá, Charlotte entrou na frente deles a procura de algum animal que lhe agradasse, Killian, João e Miguel entraram logo em seguida.

Vários animais de muitos tipos e cores estavam em todos os lugares da loja. Ao longe, eles viram Charlotte, ela tinha algo nas mãos e um belo sorriso no rosto.

— Eu quero ela! – Charlotte falou mostrando uma filhotinha de gato de pelos avermelhados por todo o corpo e poucos pelos brancos nas patas ao pai.

— Uma gatinha? – Killian disse levantando uma de suas sobrancelhas. – Tem certeza, filha? Tem muitos animais aqui e nós mal entramos.

— Eu quero ela, gostei dela! – Charlotte respondeu enquanto fazia carinho na gatinha, que ronronou ao seu toque.

— Está bem… irei falar com o vendedor. – Killian se aproximou do balcão e uma simpática senhora o atendeu.

— Minha filha se interessou pela gatinha. – Killian apontou para Charlotte e a gata, a mulher olhou e sorriu.

— São vinte e cinco moedas de ouro. – A mulher disse com um grande sorriso no rosto, que agora Killian suspeitava que era falso.

Killian, hesitante, entregou as moedas para mulher. O que ele não fazia pela filha? A mulher sorriu e saíram da loja com uma Charlotte contente falando com seu novo bichinho.

— Essa gata me custou vinte e cinco moedas de ouro! – Killian reclamou indignado. – Como uma coisa tão pequena pode custar tão caro?

— Me fiz a mesma pergunta! Aquele cachorrinho também não me custou muito barato. – João conversou, apontando para o filho que segurava um cãozinho de cor totalmente preta.

Como não tinham mais nada para fazer no reino, eles voltaram para a Jolly. Smee logo se aproximou deles.

— Qual nome que escolheu para ela Charlotte? – Smee perguntou acariciando as orelhas da gatinha.

— Dinah. – Charlotte respondeu depois de pensar um pouco.

— É um ótimo nome, querida. – Smee disse e virou-se para Miguel. – E qual nome dará ao cão?

— Floquinho. – Miguel também pensou antes de responder.

— Porque Floquinho? – Charlotte indagou.

— Porque Dinah? – Miguel questionou olhando-a irritado pela pergunta que para ele era desnecessária. Charlotte apenas devolveu o olhar.

— Também é um ótimo nome, Miguel. – Smee falou, tentando acalmar os ânimos das crianças. – Vão mostrar o navio para os novos marujos.

As crianças logo correram para mostrar o navio para os animais.

— Preparem-se para o caos. – Smee falou se aproximando de João e Killian.

— O que quer dizer? – Killian indagou já começando a se preocupar, teria acontecido alguma coisa enquanto estavam fora?

— Um cão e um gato? – Smee questionou com um sorriso divertido, contendo-se para não soltar uma gargalhada.

— Oh, meu deus… – João murmurou, como se algo clareasse a sua mente.

— Nós não pensamos nisso! – Killian falou, também entendo o que Smee queria dizer.

— Tarde demais. – Smee falou dando um largo sorriso para Killian e João, acompanhado de uma batidinha no ombro de cada um deles.

Nos primeiros dias de Dinah e Floquinho no navio, eles deram bastante trabalho, eles eram energéticos e andavam por todo o navio e a medida que os dias passavam, eles iam crescendo e o caos junto com eles. Papai se arrependeu amargamente por ter me dado o que queria, mas se conformava ao ver o quanto eu era feliz com Dinah, afinal, era ela, ou um cavalo.

Dinah poderia não ser o cavalo que eu tanto queria, mas se tornou uma ótima amiga e companheira peluda.