Go Rogue!

Capítulo 11 – A confiança vem dos dois lados


Capítulo 11 – A confiança vem dos dois lados

Jyn acordou com Cassian se mexendo ao seu lado. Piscou algumas vezes até focar o rosto dele na escuridão do quarto. Parecia perturbado. Ele apertava os olhos e inspirava fundo como se temesse algo. Jyn levou uma mão a seu rosto para acariciá-lo. Minutos depois o capitão abriu os olhos assustado e a encarou, mas Jyn não tinha ideia se ele estava completamente consciente.

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— Shhhh – a rebelde beijou sua testa, depois seus lábios, enquanto afagava seu cabelo – Está tudo bem. Estou aqui com você.

Jyn o envolveu com um braço. Cassian a abraçou de volta automaticamente e voltou a fechar os olhos enquanto ela ainda fazia movimentos suaves em seus cabelos, e antes mesmo de acordar realmente ele estava dormindo de novo, mas agora tranquilo. Jyn inspirou fundo e confortou-se sentindo as batidas do coração dele contra ela, desacelerando aos poucos do susto, e logo ela dormiu novamente.

******

Cassian acordou com um murmúrio baixo de choro ao seu lado. Abriu os olhos. Apenas a pouca luz que entrava pela janela de seu quarto, que agora também era o quarto de Jyn, na base de Yavin 4, iluminava a escuridão do local, mas ele era capaz de distinguir os móveis e o outro corpo ao lado do seu. Focou em seu rosto, ela continuava dormindo. Seu sono estava agitado e ela parecia ter calafrios. Cassian estendeu a mão para acender a lamparina deixada na cabeceira da cama, preocupado que ela estivesse sofrendo alguma recaída já que haviam deixado o hospital há apenas dois dias depois de passarem duas semanas lá se recuperando de Scarif. Ela chorou de novo em seu sono.

— Jyn... – chamou baixinho.

De repente ela inspirou fundo como se tivesse se assustado e Cassian a puxou para ele.

— Shhh… - sussurrou para ela ao beijar sua testa – Tudo bem, está tudo bem.

Os dedos de Jyn se fecharam nas costas de sua camisa, mostrando que estava acordada. Cassian podia sentir o movimento rápido de sua respiração devido ao susto. A abraçou até que ficasse mais calma e se afastou um pouco para olhá-la. Os olhos verdes ainda pareciam um pouco perdidos.

— Estamos no nosso quarto, Jyn – falou para ela afastando as mechas de cabelo que caíam em seu rosto – Com o que sonhou?

— Com tudo... Tem se tornado rotina ultimamente. Depois de passar a vida inteira sozinha parece que tudo que vem acontecendo não passa de um sonho. Meus sonhos têm me feito reviver minha vida toda... Como se dissessem que quando eu abrir os olhos tudo vai se dissolver e vou estar dormindo em alguma caverna ou lugar abandonado, ou fugindo de alguém como sempre.

Por um instante Cassian apenas a olhou de volta com a mais sincera compreensão em seus olhos castanhos.

— Eu tenho revivido a tarde em Scarif. No último segundo eu sempre acordo. Depois de tudo que aconteceu acho que vamos ter que lidar com isso por um tempo.

Jyn sabia. Desde o hospital podia vê-lo despertar assustado de vez em quando. Acontecera na última noite, ela o havia abraçado e acariciado seu cabelo, de modo que ele dormiu de novo antes mesmo de despertar completamente.

— Jyn... Por que se atravessou no fogo cruzado pra salvar aquela criança? Eu sempre quis perguntar.

— Você o teria feito?

— Sim, mas covardemente não fiz... Se eu estivesse mais perto e com menos chances de ser morto talvez. Mas você foi, mesmo sabendo que podia não voltar.

— Quando eu vi aquela garotinha chorando eu voltei pra o dia em que meus pais se foram e me vi correndo pra fugir das naves e dos stormtroopers outra vez. Saw era gentil e paciente, mas eu passei vários dias chorando quando ia dormir sozinha toda noite. Eu não suportei a possibilidade de saber que mais uma criança ou uma mãe passaria por isso já tendo tantas nessa situação por culpa do Império.

Cassian abriu um leve sorriso. Seu respeito e admiração por Jyn cresciam cada vez mais. Quando a conhecera ele só pensava no quanto ela podia ser perigosa depois do que Mon Mothma lhe relatara antes de ele mesmo e K-2 a terem libertado. Depois a levara até Yavin 4 tentando entender como uma pessoa tão pequena tinha dado uma surra quase mortal em stormtroopers e aliados do Império, e cometido tantas ações praticamente criminosas sem nunca ser capturada até aquele momento. Depois, já na base, Cassian pensava na mesma coisa em que um outro oficial da Aliança havia questionado, se ela era confiável sem as algemas, e como intimidá-la para mantê-la sob controle. Mas Jyn Erso não se deixava intimidar. Quando Cassian havia caminhado até ela naquele dia, ainda algemada, a olhara de maneira fria e rígida, mas ao invés de demonstrar temor ela havia sustentado o olhar, quase como se o desafiasse para ver quem desviaria o olhar primeiro. E aos poucos ela havia mostrado a cada um deles o seu valor, e Cassian, o que estivera mais perto dela que qualquer outro, pode ver o que não enxergavam. Por trás de toda a audácia, força, gênio forte, teimosia e agressividade, Jyn Erso também era humana. Também guardava horrores em seu passado, uma infância perdida, dias solitários e também sentia medo e tristeza, apesar de nunca se deixar derrubar por nada disso.

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Depois de quase morrerem em Scarif ela ainda tivera forças e raciocínio para ajudá-lo a pilotar a nave em que fugiam sob as instruções dele, em vista que ele mal podia se manter acordado, e depois que estavam seguros ela ainda encontrara forças sabe-se lá onde para deitá-lo no chão e ficar acordada cuidando dele e ter certeza que não estava morto. Em sua confusão mental entre a consciência e o desmaio, às vezes Cassian podia ouvi-la sofrer com o cansaço e a dor dos próprios ferimentos, mas ela continuava acordada, monitorando seu estado crítico da melhor forma de que era capaz com apenas um kit médico e um cobertor, pedindo que ele não a deixasse e que ficasse com ela, que os dois tinham que voltar a Yavin 4. Cassian perdera a consciência muitas vezes até chegarem à base, e até lá sabia que Jyn devia ter dormido muito pouco, quando a exaustão a forçava a fechar os olhos e ele podia sentir o calor dela deitada ao seu lado no chão. Ficou satisfeito e aliviado ao acordar no hospital com ela ao seu lado dias depois.

— Cass... Acha que vai ficar tudo bem?

— Defina tudo bem.

— Nem sei. Que pergunta idiota eu fiz...

— Não foi. Nós dois ainda estamos tão confusos que eu agradeço por K-2 insistir em bater na porta de manhã ou nos atrasaríamos pra tudo. Eu não sei, Jyn. Mas a Estrela da Morte se foi, você tem um cargo na Rebelião agora. Agora temos esperança, a Aliança tem uma chance. Depois de tantos anos e tantas vezes que escapei de morrer por um fio, eu parei de pensar tanto no futuro o tempo todo. Às vezes eu só quero que esteja tudo bem agora.

— E está?

Cassian a olhou por algum tempo novamente, hipnotizado por seus olhos claros. Então lenta e carinhosamente ele selou seus lábios, depois voltando a olhá-la.

— Está – ele lhe disse.

Jyn sorriu e segurou seu rosto com as mãos, o afagando de leve com o polegar. Ela devolveu o beijo e o olhou outra vez.

— Então podíamos tentar dormir de novo.

— Eu concordo.

Apesar das duas semanas no centro médico ainda estavam fracos e cansados. Cassian a puxou para cima dele, acomodando Jyn deitada em seu peito, a deixando numa ótima posição para abraçá-lo. Seus braços também a envolveram e sentiu a rebelde suspirar. Brincou com seus cabelos, agora soltos, enquanto murmurara para ela "você não está mais sozinha, estou aqui com você", até que o ritmo lento da respiração denunciou que ela dormia calmamente. Cassian sorriu e também fechou os olhos, logo dormindo com o peso acolhedoramente quente em cima dele.