Uma Pequena Aposta

Capítulo 4


Sirius não ia mentir: ele estava se divertindo muito com essa coisa toda. Lily Evans era muito mais divertida do que ele esperara. Vira por anos a ruiva dando foras em Pontas, mas nunca pensou que estar na mira da língua ferina dela seria tão interessante.

Fora isso, mexer com a cabeça da escola inteira também era muito engraçado. Todos os alunos estavam em polvorosa e os professores também. McGonagall estava olhando para ele como se ele tivesse destruído todos os sonhos da vida dela.

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A única pessoa que parecia imune a coisa toda era Dumbledore, que tinha um ar de divertimento em seu rosto. Sirius perguntava-se se ele sabia exatamente o que estava acontecendo. O maroto sempre tivera a impressão de que o diretor sabia de tudo que acontecia nessa escola.

A verdade era que Sirius podia estar brincando e se divertindo, mas também estava preocupado com James. O amigo o assegurara várias vezes de que estava tudo bem, mas estava mesmo?

Quando Sirius fez essa aposta e decidiu contar a verdade para Lily foi num esforço para não irritar –muito –James. A aposta foi um reflexo idiota, mas ele tinha certeza de que esclarecendo tudo com Lily poderia esclarecer tudo com James e, assim, manter a paz com seu amigo.

Nada na vida de Sirius valia mais do que a amizade dos outros marotos, principalmente a de James. Ele não faria nada que arriscasse essa amizade.

James tinha dito que tudo bem, mas Sirius sabia que o amigo tinha ficado um pouco chateado. Sentia-se culpado por ter deixado seu orgulho falar mais alto e ter feito a tal aposta com Diggory. Mesmo que ele não fosse tocar em Lily –e ele não ia mesmo –ainda sim teriam que fingir.

—Você está quieto. –Lily falou do seu lado –O que foi?

Sirius tinha feito um show para sentar do lado dela, Lily tinha feito um show revirando os olhos e agora la estavam os dois, lado a lado. Ele deveria estar ajudando-a com Transfiguração, mas só conseguia pensar na besteira que fizera.

—Nada. –ele resmungou.

—Desembucha, Black. –Lily bateu o ombro gentilmente contra o dele.

Sirius revirou os olhos, mas acabou suspirando.

—É o Pontas. –ele admitiu.

—Ele está bravo com você? –ela perguntou curiosa.

—Oficialmente? Não. –ele falou –Mas na verdade... Eu não sei. Ele devia estar, eu ia merecer.

—Por que você acha isso? –ela quis saber.

—James é louco por você, Lily. Desde o quarto ano. –ele falou –Se você gosta dele não é relevante. Ou você sairia com um menino que a Marlene gosta? –ele sugeriu quando ela abriu a boca para retrucar.

—Ok, prossiga. –ela cedeu a contragosto.

—Eu sei que isso não é sério, você sabe que não é sério e ele também sabe. –Sirius prosseguiu –Mas o resto da escola não sabe. O resto da escola vai passar o resto do ano achando que eu te peguei e que eu sou o tipo de cara que faz isso com os amigos. E eu não ligo para o que a escola pensa, mas e se...

—No fundo o Potter também pensar isso? –ela sugeriu quando ele não completou sua frase.

—Exato. –Sirius suspirou.

—Black... –Lily respirou fundo –Eu não vou nem fingir que entendo a amizade de vocês quatro. Mas o que eu sei é que vocês estão juntos para tudo. Sei que você mora com a família do Potter, sei que vocês ajudam o Remus com os “problemas de saúde” dele... –Lily ignorou os olhos arregalados de Sirius –A amizade de vocês é uma coisa que vai bem além de uma brincadeira idiota como essa. Ele vai entender, mas você devia falar com ele mesmo assim.

Sirius estava olhando para Lily com uma certa surpresa.

—Nossa, Evans... Quando você fala assim, eu até vejo o que ele vê em você.

Ela revirou os olhos, mas terminou rindo.

—Não seja ridículo, Black. Agora da pra você me seduzir?

Ele abriu um sorriso cafajeste na hora.

—Será meu prazer.

XxX

Lily não saberia explicar porque aceitou a proposta maluca de Sirius.

Sim, ter um maroto te devendo algo era sempre bom, mas não era nada essencial para sua vida. O dinheiro também não era la tão relevante assim (embora fosse um ótimo incentivo).

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Talvez ela estivesse entediada. Isso era bem provável, ja que Lily vivia entediada. A ruiva sabia muito bem que a escola inteira a achava uma santinha pentelha. Todos achavam que ela queria saber de tudo e vivia para estudar, nunca parando para se divertir.

A verdade era que Lily estava cansada de ter que se provar dentro de Hogwarts só por ser nascida trouxa. Ela tinha que estudar muito mesmo, ser a santinha chata, porque só assim os professores prestavam atenção nela, só assim era respeitada pelos colegas.

A verdade era que a maioria dos bruxos olhavam com um certo desprezo para os nascidos trouxas. Era um preconceito tão enraizado dentro deles que sequer percebiam. Ele aparecia em comentários sutis como quando diziam que ela era esperta, mesmo sendo nascida trouxa ou que era uma pena ela ter nascido trouxa, ou ela teria tido um futuro brilhante.

E essas nem eram as pessoas que a chamavam de sangue-sujo.

Lily nunca viu os marotos desse jeito. Quando James e Sirius ainda enchiam o saco dela sabia que não tinha muito a ver com o fato de ela ser nascida trouxa e sim o fato de os dois serem idiotas.

Até quando James começou a persegui-la pela escola (o que ela achou que ainda era zoação por um bom tempo), ela ainda não achava que era por causa disso.

Mas para muitas pessoas era sim uma questão de sangue: todos os monitores Sonserinos que não a respeitavam, a monitora Corvinal que achava um absurdo a Monitora-Chefe ser nascida trouxa.

Lily se esforçou a vida toda para provar que podia mais que eles, para se destacar na escola e no meio do caminho... Perdeu toda a diversão. Ela focou tanto em estudar que seus anos em Hogwarts passaram voando e ela sequer se deu conta.

Perdeu festas, jogos, rolos... Tudo porque estava tentando provar algo para pessoas que sequer importavam para ela.

Então estava entediada e cansada e um plano idiota de Sirius Black parecia ser a forma perfeita de sair da rotina.

Lily nunca esperara se divertir tanto.

—Black. –ela bateu na porta do dormitório dos marotos, mas ninguém respondeu –Black!

Lily ia chamar mais alto, mas pensou melhor. Alguém podia vê-la ali e essa coisa toda ainda era um segredo. A ruiva tentou a maçaneta e a porta abriu sem problema algum.

O quarto estava vazio.

—Será que aquele idiota esqueceu que tínhamos marcado agora? –ela perguntou mais para si mesma.

Ela podia esperar um pouco. Olhou em volta procurando um lugar para sentar. A cama de Sirius estava uma zona e a de Remus cheia de livros. Peter sempre tinha migalha de alguma coisa em sua cama, ja a de James... Bom, essa estava livre.

Lily deitou-se na cama do maroto, olhando para cima viu um poster pregado no dossel da cama. Ela ja tinha visto da outra vez que estivera ali. Era algum jogador de algum time, voando em sua vassoura.

Meninos...

Ela chutou seus sapatos para o chão. A tentação de investigar o quarto deles era grande, mas isso não seria muito legal da parte dela.

Mas a vontade era tão grande...

—Não, Lily Evans! –ordenou a si mesma –Nada de mexer nas coisas dos outros.

Afundou a cabeça no travesseiro de James e sentiu o cheiro de... Alguma coisa. Seria shampoo?

Merlin do céu! O que ela estava fazendo?

Lily empurrou o travesseiro para o lado rapidamente, fazendo-o parar em cima do criado mudo de James e derrubar alguns livros que estavam ali no chão.

Lily suspirou e recolheu os livros –ambos de aulas que James tinha esse ano. Foi assim que ela achou uma foto dela, dentro do livro de Feitiços. Pelo fundo foram algum dia em Hogsmeade. Ela deduziu que era do ano anterior pelo corte de seu cabelo.

Lily sentiu seu rosto pegar fogo, mesmo que ninguem estivesse ali.

—Almofadinhas, larga a mão de...

Lily virou-se para a porta, bem a tempo de pegar James entrando no quarto. Sem camisa. Com Sirius logo atrás de si. Sem camisa também.

—Eu to interrompendo a rapidinha da tarde? –ela perguntou.

James puxou a camisa que estava em sua mão contra seu peito, como se estivesse tentando se cobrir.

—Lily!

—Evans, você é uma tarada. –Sirius falou de forma dramática –Entrando no nosso quarto assim, do nada, só pra nos ver nus...

—Black, é impressão minha ou você ta fazendo pose? –ela perguntou de forma seca.

Porque James podia estar morrendo de vergonha, mas ela tinha a impressão de que Sirius estava flexionando seus músculos.

—Quem? Eu? –ele perguntou levantando o braço e exibindo os bíceps.

—Você tem problemas sérios, Black. –ela revirou os olhos –Você por acaso esqueceu que nós tínhamos marcado agora a tarde?

—Claro que não. –ele falou como se fosse óbvio –Eu só queria dar a você uma chance de ouro.

—De te ver sem camisa? –ela perguntou seca –A escola inteira ja te viu sem camisa, Black. E teve aquela vez, que você estava sem roupa...

—Não vamos falar disso. –ele cortou na hora –E não, não é a chance de me ver sem camisa, embora eu saiba que isso fez seu dia mais feliz.

Lily estava revirando os olhos antes da frase terminar.

—É a chance de escolher: eu ou o Pontas, quem é o mais sarado? –Sirius falou.

—Sirius. –James revirou os olhos –Não seja ridículo. –e quando Lily achou que ele ainda estava sem jeito... –Todo mundo sabe que eu sou o cara mais gostoso dessa escola.

Lily bufou.

—Vocês dois querem que eu saia pra vocês poderem se pegar ou alguma coisa? –ela ofereceu.

—Isso é ciúmes, Evans? –Sirius provocou –Você quer fazer o test-drive antes de escolher um?

—Eu não preciso fazer test drive, Black. –ela informou, sentando-se na cama –Os ombros e os braços do Potter são melhores, mas seu tanquinho e sua bunda deixam vocês dois empatados em quesito de gostosura. Satisfeito?

Os dois estavam olhando para ela em choque.

—Quem é você e o que fez com a Lily Evans que eu conhecia? –Sirius exigiu.

—Minha bunda é linda. –James estava protestando.

—Vocês dois são idiotas. –Lily informou de forma seca.

—Eu vou tomar banho. –James declarou pegando uma toalha –Vocês dois... Não aprontem. A não ser que... Quer que eu fique, Evans? –ele falou de forma sugestiva.

Lily olhou James de cima a baixo, com muito cuidado.

—Agora você pode ir, Potter. –ela falou docemente.

—Evans, eu me senti tão objetificado agora. –ele falou de forma dramática.

—É porque você foi.

James entrou no banheiro rindo e fechou a porta.

—Eu devo admitir, Evans... –Sirius falou de repente, sentando-se na própria cama –Você anda me surpreendendo.

—Deixa eu adivinhar. –ela falou seca –Você achou que eu não tinha senso de humor.

—Ah eu tinha certeza que você não tinha. –ele falou sem um pingo de vergonha.

Lily revirou os olhos.

—E o que você ta aprontando, Black? –ela quis saber –Não vai me dizer que você queria mesmo que eu pegasse vocês dois sem camisa.

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—Bom, não nós, era mais o Pontas mesmo. –ele falou divertido –Vai que rolava uma paixão.

Lily bufou.

—Sua lealdade é tocante, Black.

—Mas e aí? Obviamente eu sou mais bonito e é difícil prestar atenção em outros caras quando eu to por perto...

—Quanta modéstia...

—Mas dizem por aí que o Pontas é o segundo cara mais bonito da escola. –ele terminou.

—Merlin, você é demente, Black. –ela estava rindo muito agora –De verdade, você precisa de ajuda profissional.

—Qual é, Evans. –ele revirou os olhos.

—Eu não acredito. –ela arqueou a sobrancelha –Você está mesmo tentando me jogar para o seu amigo.

—Não é isso. Exatamente. –ele acrescentou quando viu a cara dela –Eu só pensei que algo bom podia sair disso.

—Eu ficando com o seu amigo? –ela falou de forma seca.

—O Pontas é um cara legal, Evans! –ele insistiu.

—Eu não duvido disso, Black. –ela bufou –Mas eu... –calou-se –Olha, deixa pra la. Depois a gente conversa.

—Não, espera! –ele pediu rapidamente –Foi mal. Ok? Eu parei, juro. Podemos conversar?

Lily suspirou, mas fez que sim com a cabeça.

Tudo bem. Sirius não tinha desistido. Quando Evans se desse conta já seria tarde demais: ela estaria completamente apaixonada por James.