Terra do Nunca.

Passado.


Naquele momento, – presenciando o rompimento da Regra do Eterno – pensei em correr, mas tudo aconteceu rápido demais. O mundo estava andando e com ele, nós envelhecíamos lentamente. Mesmo que fraca, arrumei forças para quebrar as correntes. Voar para longe dali era necessário, mas minhas asas... Eram de chumbo.

Estava desperta e novamente, tratava-se de um sonho. Devo me preocupar com essas estranhas visões? Bem, de qualquer maneira, Peter não se encontrava ao meu lado, desta vez, aparecia na entrada do cômodo.

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— Bom dia, senhorita. – apoiava-se na porta. — Venho te propor um passeio até as docas, o que acha?

— As docas? – animei-me quase que instantaneamente, é um de meus lugares favoritos. — Eu iria adorar!

Não demorei enquanto me arrumava, pois a ansiedade havia tomado conta de meu corpo. Quando chegamos fiquei impressionada, estava tudo tão deserto, mas tão bonito. O sol quente tocava nossas faces – propondo uma sensação de calor, que logo era aliviada pele leve e constante brisa da manhã.

O passeio era calmo e sem conversas, até tombarmos com um homem bem conhecido:

— Ora, ora, ora... O que temos aqui, senhoras e senhores? – O moreno pronunciou, erguendo as mãos, como se realmente falasse com outras pessoas. – Não vai me apresentar sua nova amiga?

— Creio que já se conhecem. – Peter deixou um riso seco escapar entre os dentes.

— Não se lembra de mim, Capitão? – perguntei, endireitando-me.

— E eu deveria, meu amor? – respondeu, posicionando delicadamente seus lábios em minhas mãos, beijando-as.

— Considerando que o “seu amor”, quase ultrapassou seu fígado com uma adaga... – deu uma risada áspera novamente. — Você deveria.

— Oh, é você. – largou minhas mãos, com desprezo. — Você está tão... Crescida.

— Capitão, isso está me deixando desconfortável. – cruzei os braços. — Porque estamos conversando?

— Vejo que não me querem aqui. – sorriu calmamente, como se realmente compreendesse que não desejávamos que passasse algum tempo conosco. — Nós iremos se encontrar novamente em breve, Wendy.

O pirata saiu da conversa sem ao menos pedir licença, e caminhou lentamente até o bosque, adentrando entre as árvores e sumindo de nosso ponto de vista.

Quebra de Tempo.

Docas – 6:34 p.m.

Já havia começado a entardecer. O céu era tingido com um tom alaranjado, de pouco a pouco. Queríamos desfrutar um tanto mais daquela belíssima paisagem, mas deveríamos retornar.

Chegando em nossa base secreta, um dos garotos abordou-nos, eufórico:

— Peter, Peter! Krishna, líder da tribo Kegembiraan, convocou-nos para a comemoração de seu décimo sexto aniversário. Nós compareceremos, sim? Temos de ir!

— Isso é incrível, não perderíamos por nada. – Peter confirmou, estampando um bonito sorriso em seu rosto.

Conheci Krishna na primeira vez que estive aqui. É uma garota encantadora e determinada, luta pelo que quer e sempre consegue – uma aventureira nata, posso acrescentar. Mesmo conhecendo-a parcialmente.... É como se eu sentisse uma empatia por ela, algo de muito tempo atrás.

— Wendy... – Peter chamou minha atenção, passando a palma das mãos diante de meus olhos, despertando-me do transe.

— Estou, desculpe. – deixei escapar um riso abafado. — Me perdi em meus pensamentos.

— Você vem para a celebração? – indagou-me.

— Sim. – sorri. — Eu adoraria!

— Tocando no assunto... – delicadamente colocou a mão sobre meus ombros, levando-me para longe daquele menino. — Se irá estar conosco por um tempo, precisará uma quantidade de vestimentas. Não que eu me incomode, mas não pode usar minhas camisetas para sempre.

— Concordo totalmente. – curvei-me em meio as risadas, mostrando minha bela roupa, uma camiseta cinza enorme.

— Posso ir à sua residência antiga e pegar algumas roupas para você. – ele comentou.

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— Ah, com certeza... – tocar nesse assunto tem sido cada vez mais complicado, felizmente, Peter percebeu e cortou a conversa.

Amanhã será um longo dia, talvez seja melhor descansar. Provavelmente Sininho me ajudaria roupas para a festa, preciso vê-la.

Caminhava para o quarto pensando em diversas situações que aconteceram hoje, é tudo tão diferente do passado... O passado, porque me lembro tão bem dele? Não é como se alguém tivesse me dito algo, mas sinto que estou aqui há muito tempo.

Deitei-me na cama macia e o sono me atingiu como um canhão, adormeci rapidamente.

Quebra de Tempo.

Base Secreta – 8:27 a.m.

Posicionei meus pés sobre o gélido chão de madeira, que rangeu levemente. Peter não estava no quarto, o mesmo tinha uma sensação fria, sem vida. No criado-mudo havia um bilhete, que dizia:

“ Wendy, viajei para o seu mundo, estou buscando roupas para você.

Caso começar a se sentir entediada,

Converse com os garotos, socialize.

— Peter. ”

Lá fora chovia, – o aroma de terra molhada invadiu meu nariz – engraçado.... Um sentimento melancólico se aproximou de mim, de repente. Ultimamente isso tem acontecido comigo constantemente, porque será?

Não veria Sininho hoje, graças a esse temporal.... Uma pena, sinto saudades dela. Recordo-me bem de quando nos odiávamos. Ah, essas lembranças estão me deixando triste. É melhor que eu vá conversar com os garotos.

Andei até a sala, determinada a papear sobre qualquer coisa que não me fizesse lembrar do meu passado. Nibs e Benjamin conversavam animadamente no ambiente, sentei-me ao lado dos dois meninos.

— Olá Wendy! – Ben cumprimentou.

— Está sentindo-se só? – Nibs perguntou. — Venha brincar de jogo da velha também!

— Jogo da... Velha? – veja bem, em meu mundo, moças não são autorizadas a participar de estratégias.

Após os garotos explicarem as regras para minha pessoa, comecei minha prática. E na verdade, eu era muito boa. Espantei aquele sentimento chato de dentro de mim, agora estava divertindo-me como nos... Tempos antigos. Ugh, será que o passado não me abandona nunca?

Parei de movimentar o lápis e observei a porta, que havia sido aberta. Peter carregava uma cesta completamente cheia de roupas e na mão direita, segurava um vestido branco, com laços esverdeados, perfeitamente alinhados com os babados.

— Eu, o salvador da pátria, cheguei. — sorriu, extremamente alegre.

— Ah, meu Deus, obrigada! – corri até ele e abracei-o. — É perfeito.

— Sim, eu sei que sou. — vangloriou-se.

— Peter, eu estava a falar do vestido. – soltei um riso abafado.

— Ele também pode ser, porém não mais do que eu.

O restante do nosso dia terminou assim, em risadas, desde ser matriculada naquele internato, eu nunca estive tão feliz. Para eles, só tenho o que agradecer.