A bela fera!

Capítulo 13


Pov Isabella

Sem saber ao certo para onde estavam me levando, meu coração já começava a bater mais rápido. O medo tomava conta de cada centímetro do meu corpo. Após alguns minutos dentro do carro, seguindo por um caminho nunca visto por mim, o homem de preto adentra uma garagem subterrânea de uma gigantesca casa preta. Bom, era mais um prédio. A garagem era composta por diversos tipos de carros e motos. Lindos por sinal.

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— Por favor, me acompanhe. - E eu tinha outra escolha?

— Eu pensei que iria ser mandada para outro clube.... e isso aqui não parece um clube. - Tento manter um diálogo com o homem que me conduzia para dentro da casa.

— Não, as instruções do senhor Liam foram claras.

— E onde estou?

— A senhorita logo descobrirá. Por favor, entre no elevador e siga para o segundo andar. Levarei suas malas em breve. - Ok, aquilo estava muito estranho. Sem demorar, eu obedeço. Já estava ficando agoniada com aquilo tudo.

Paro no segundo andar, um pequeno corredor separa o elevador de uma porta enorme. Giro a maçaneta e está aberta. É um quarto escuro, adentro mesmo assim. A única coisa que consigo ver é uma varanda iluminada pela pouca luz que aquela noite trazia. Vou em direção à varanda e observo ao longe o mar . É impressionante. Certamente que ao amanhecer , a bela paisagem deveria ser ainda mais perfeita. Fico estática com o barulho das ondas e com a paz que aquele lugar proporciona. Olho ao redor e vejo que haviam outras casas ali, mas à uma distância considerável. Da pra ver pois essas casas são bem iluminadas e com certeza tão belas quanto essa.

A varanda em que me encontro é simples, com uma mesa e duas cadeiras de frente pra essa vista incrível.

— Senhorita. - Olho para trás e vejo novamente o homem de preto. Taylor se não me engano. Ele havia acendido a luz e eu finalmente podia ver o quarto. Ao meu ver era bem simples, porém, muito lindo. - Você pode guardar suas coisas aqui no closset. - Ele diz abrindo uma porta e acendendo novamente as luzes. Tá, o quarto não era tão simples assim. O closset parecia ser maior que a minha casa na Colômbia. Ele não estava completamente vazio. Haviam muitas peças de roupa ali. Entro e observo cada cantinho daquele espaço. As roupas não eram nem de perto o que eu costumava usar.

— Você tem certeza de que eu vou ficar aqui?

— Sim senhorita. E tudo o que está aqui dentro deste quarto pertence à você. Aqui estão alguns sapatos, bolsas, algumas roupas íntimas.. A Maria ajudará na organização e preservação da limpeza do seu quarto.

— Ok. É Taylor não é?

— Sim senhorita.

— O que houve? Algum dos clientes...Sei lá. . Me comprou? Me pegou emprestada? Não me disseram que isso seria possível.

— Não. A senhorita está na casa do senhor Liam.

— O que?! - Não é possível. Por que ele me trouxe para cá?!

— Sim. Ele responderá todas suas perguntas em breve. Apenas ajeite - se e tome um banho. Ele vai estar te esperando no terceiro andar. - Saio do closset e me dirijo ao elevador. Taylor não entende nada. Ah mas eu preciso esclarecer algumas coisas primeiro. O ódio me consome por dentro. Quem ele pensa que é?! Por que diabos fez isso?! O elevador para no terceiro andar. Já impaciente eu respiro fundo e adentro furiosa o local. Meus olhos encontram ele rapidamente conversando com uma senhora que está de costas para mim. Ele me encara.

— Por que diabos você me trouxe para cá?! - Grito com ele. A mulher se assusta.

— Boa noite senhorita Hernandez. Vejo que Taylor não conseguiu convence - la a se acomodar primeiramente.

— Não e nem vai. Eu não quero e não vou ficar aqui. Me leve de volta Liam.

— Maria por favor, nos deixe a sós. - Finalmente encaro a mulher e me lembro do que ele havia me falado sobre ela. Ela sorri docemente para mim, é quase impossível não retribuir. - Ela gostou de você.

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— Não mude de assunto. Por que me trouxe para sua casa?

— Por favor, sente - se. - Com muito custo eu me sento num sofá extremamente macio, de cor neutra. A casa inteira era composta de cores neutras, sem vida. Observo ao redor e aquilo tudo é magnífico.

Sempre é possível enxergar o céu por de dentro da casa. Na sala espaçosa, onde eu e ele nos encontrávamos agora, havia uma impressionante televisão. Era enorme. Tudo era exageradamente grande naquela casa. A cozinha era ali junto, porém, um pouco mais alta. É como se a sala ficasse uns sete ou dez degraus abaixo. Era perfeita essa separação. Dava para ver que a senhora estava lá, preparando algo. O cheiro estava bom, fez meu estômago acordar. - Hã. ..Você está aqui por que eu preciso que me ajude. E que se ajude.

— Como assim?

— Lembra do velho nojento que tentou te agarrar?

— Sim. - Lembro - me também da joelhada que dei em Liam logo em seguida.

— Ele espalhou para praticamente todos os investidores do clube sobre eu e você. - Ele me olha, esperando alguma reação minha.

— Ah claro, aquela sua genial idéia.

— Sim, essa mesmo, a que te salvou. - Reviro os olhos.

— Tá. Continua.

— E isso chegou ao ouvidos de Abraham. Ele me considera um filho. . E disse que logo estaria aqui para conhecer a minha namorada...

— Por que ele te considera um filho?

— Isso não vem ao caso. O que você precisa saber é que ele detesta mentiras, principalmente se estiver relacionada diretamente com seus negócios. Donato estava disposto a pagar qualquer valor por você. E bom, eu meio que impedi isso. Você seria um lucro e tanto para Abraham.

— É só você pagar um alto valor por mim também. Pelo que eu vi da sua casa, você também nada no dinheiro. Sujo, eu presumo. Ai pronto. Dívida perdoada. Posso ir embora? - Me levanto rapidamente e ele segura em minha mão firmemente.

— Isabella, por favor, escute. - Seu olhar é quase de súplica. Me sento novamente.

— Eu conheço o Abraham. Ele nunca deixaria por isso mesmo. E depois ... Donato poderia ir atrás de você. Você mais do que eu percebeu seu olhar de desejo. Ele faria tudo para te ter na cama junto dele. - Tá, isso me assusta. Me dá nojo.

— Sim, mas eu não faço parte da prostituição. .E sim da limpeza apenas.

— Não. Tudo isso pode mudar. Você é. . Você é linda Isabella. Chamaria atenção de todos aqueles homens. - Vejo certo medo e desprezo em sua voz.

— É impressão minha ou isso te incomoda?

— Sim. Incomoda.

— Mas não deveria. - Encaro fixamente seus olhos. Azul contra azul novamente.

— E a você? Incomoda?

— Sim.. bastante.

— Pois então. .. Você aceita entrar nessa comigo? Ele só precisa ver que realmente estamos juntos e daí ele vai embora. E você pode voltar ao clube, claro que não para ficar lá.

— Eu vou ter que ficar o resto da minha vida aqui?!

— Não, se não quiser. Depois eu dou um jeito de mudar seu visual...Algo que te deixe menos reconhecível. Daí você pode ser mandada para outro clube.

— E se eu escolher ficar posso voltar de vez enquando para ver o Alec e as meninas?

— Sim. Sem problemas. - Era muita coisa para se pensar.

— Eu preciso de um tempo..

— Bella não tem muito no que pensar. .. Você tá tão enrolada quanto eu. Me desculpe por ter te colocado nessa. Mas você não tem escolha..

— Ok Liam. Mas não acho que isso dará certo. Não temos nenhuma química. E nem vamos ter. Ele nunca vai acreditar nessa farsa.

— Bom, nós podemos ter algum tempo até ele realmente vir. Posso dar um jeito de enrola - lo. ..e enquanto isso nós vamos tentando. - Hã?

— Tentando o que exatamente? - A minha cara deveria estar bem assustada por que ele começa a ri de mim.

— Calma... Só vamos aprender a conviver, pra você não me odiar tanto quando ele vier.

— Acho meio difícil, mas ok, não tenho outra escolha. - Vejo um largo sorriso em seu rosto.

— Perfeito.

Tá, continuar ali além de me proteger daquele velho iria me dar a oportunidade de encontrar Alice. Estou na casa de um dos representantes, tem que ter alguma coisa aqui, e pelo que vejo, somente ficará eu e Maria em casa. Isso pode facilitar a minha vida. Desço novamente ao que seria o meu novo quarto agora. Tomo um banho e me arrumo. Dou mais uma olhada naquelas lindas roupas e vejo que todas tem realmente o meu número.

— Gostou? São suas. - Me viro e deparo Liam encostado na entrada do closset.

— A quanto tempo tá aí?

— Acabei de chegar. - Ele estava com uma calça e blusa social, ambas da mesma cor, preta. Deveria ser a cor preferida dele, muitas coisas de sua casa eram nesse mesmo tom.

— Hum. Eu gostei sim. Quem comprou tem muito bom gosto.

— Ah muito obrigado.

— Foi você?

— Sim. Cada peça. - Fico surpresa com aquilo. - Eu vou ter que ir a uma reunião. Não devo demorar. A Maria vai servir o jantar, aproveite e peça ela para te apresentar o restante da casa.

— Ah e tem mais coisas nessa casa? - Era óbvio que sim.

— Sim. Eu também acho ela exagerada. Mas, vivo aqui por conta do que você viu lá na varanda.

— O céu? - Pergunto confusa.

— Também. Mas , o mar. O conjunto na verdade. Amanhã de manhã você vai entender o que estou dizendo.

— Ah... Entendi. Se você acha a casa exagerada então não foi você quem escolheu?

— É, mais ou menos isso. Foi meio que um presente do Abraham.

— Caramba....ele te considera mesmo um filho.

— Acredite, esse sentimento de pai e filho não é recíproco. - Ele fica frio, e não é a primeira vez que ele muda ao falar sobre isso. - Vou deixar você sozinha. Ajeite - se. E Bella...

— Sim..

— Obrigado. - Ele sorri meio sem jeito, apenas aceno com a cabeça.

Na verdade sou eu quem deveria agradecer, mas é claro que eu não faria isso.