To Die With The Sun

Capítulo 23 - A Lenda de Slytherin


Os dias passaram depois do incidente com a gata e a escrita na parede e toda a escola estava ainda falando sobre o ocorrido. Alguns, Sophie conseguia ver, lançava olhares para o irmão, provavelmente acreditando que Harry havia feito aquilo com a gata. Mas Sophie sabia que o garoto não tinha nada haver com isso por dois grandes motivos: Seu irmão não sabe nem lançar um estupefaça em alguém, quem dira petrificar uma gata e o segundo que até o momento só ela sabe é que Harry Potter não era o herdeiro de Salazar Slytherin.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Dumbledore havia dito que não sabia o significado da escrita mas tanto ele quanto Sophie havia chegado a um consenso de que, talvez, aquilo poderia ser parte da trama que Dobby havia avisado.

Ela havia tentado conversar com Harry sobre o motivo dele estar naquele corredor naquele momento mas o irmão dizia que havia escutado um barulho vindo do local e havia ido ver o que era. A Potter mais velha não havia insistido mas havia avisado para o irmão não andar sozinho por Hogwarts enquanto o culpado não era pego.

Filch por sua vez manteve vivo na lembrança de todos, perambulando pelo lugar onde a gata fora atacada, como se achasse que o atacante poderia voltar. Sophie e Jorge o vira esfregando a mensagem na parede com Removedor Mágico Multiuso Skower, mas sem resultado; as palavras continuavam a brilhar na pedra, mais fortes que nunca. Quando Filch não estava guardando a cena do crime, esquivava-se pelos corredores, os olhos vermelhos, investindo contra estudantes distraídos e tentando impingir-lhes uma detenção por coisas do tipo "respirar fazendo barulho" e "parecer feliz".

Ginny parecia ter ficado muito perturbada com o destino de Madame Nor-r-ra. Segundo Rony, ela adorava gatos.

- Mas você nem chegou a conhecer Madame Nor-r-ra direito. - Disse Rony animando-a. - Francamente, estamos muito melhor sem ela. - Os lábios de Gina tremeram - Coisas assim não acontecem todo dia em Hogwarts. - Tranqüilizou-a Rony. - Vão pegar o maníaco que fez isso e mandá-lo embora daqui na hora. Só espero que ele tenha tempo de petrificar o Filch antes de ser expulso. Brincadeirinha... - Acrescentou Rony depressa, ao ver Gina empalidecer

O ataque também afetara Mione. Tornou-se comum ela passar muito tempo lendo, mas agora não fazia quase mais nada. E tampouco obtinham alguma resposta quando lhe perguntavam o que pretendia fazer, e somente na quarta-feira seguinte ficaram sabendo.

Era hora do almoço quando Hermione havia se sentado entre Sophie e Harriet de frente para Rony (que fazia a redação do professor Binns), Fred, Jorge e Harry. Parecia irritada, quase ao ponto de explodir em indignação.

- O que foi, Mione? - Perguntou Harriet.

- Todos os exemplares de Hogwarts: uma história foram retirados. - anunciou ela irritada. - E tem uma lista de espera de duas semanas. Eu gostaria de não ter deixado o meu exemplar em casa, mas não consegui enfiá-lo no malão com todos os livros de Lockhart.

- Para que você quer a história? - Perguntou Harry.

- Pela mesma razão que todo mundo quer: para ler a lenda da Câmara Secreta.

- Que vem a ser isso? - Perguntou Jorge depressa.

- Esta é a questão. Não consigo me lembrar. - Disse Mione, mordendo o lábio. - E não consigo encontrar a história em lugar nenhum...

- Mione, me deixe ler a sua redação? - Pediu Rony desesperado, consultando o relógio de pulso.

- Não, deixo não. - Disse a garota com severidade. - Você teve dez dias para terminá-la...

- Eu só preciso de mais cinco centímetros, deixe, vai...

- Você vai assistir História da Magia ou vai pra sua aula, agora? - Perguntou Harry para Sophie enquanto Rony e Mione discutiam.

- História da Magia. - Respondeu Sophie. - Você se importa se eu usar Edwiges? Preciso mandar uma carta para o Remus depois da aula.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

- Fique à vontade. - Respondeu Harry sorrindo.

A sineta tocou. Sophie foi com Harry na frente enquanto Rony e Mione discutiam logo atrás deles. Chegaram na sala de aula e Sophie ficou sentada na quarteira do fundo com tédio.

A História da Magia era a matéria mais sem graça do programa. O Profº. Binns, encarregado de ensiná-la, era o único professor fantasma, e a coisa mais excitante que acontecia em suas aulas era ele entrar em classe atravessando o quadro-negro.

Velhíssimo e enrugado, muita gente dizia que ainda não percebera que estava morto. Um belo dia ele simplesmente se levantara para dar aula e deixara o corpo sentado numa poltrona diante da lareira da sala de professores; sua rotina não se alterara nem um pingo desde então.

Hoje estava chato como sempre. O Profº. Binns abriu seus apontamentos e começou a ler num tom monótono como um aspirador de pó velho, até que quase todos os alunos na sala caíram num estupor profundo, de que emergiam ocasionalmente o tempo suficiente de copiar um nome ou uma data e, em seguida, tornar a adormecer. Estava falando havia meia hora quando aconteceu uma coisa que nunca acontecera antes. Hermione levantou a mão.

O Profº. Binns ergueu os olhos no meio de um discurso mortalmente maçante sobre a Convenção Internacional de Bruxos de 1289 e fez uma cara surpresa.

- Senhorita... Ah...?

- Granger, professor. Eu gostaria de saber se o senhor poderia nos contar alguma coisa sobre a Câmara Secreta? - Pediu Mione com voz clara.

Dino Thomas, que estivera sentado com a boca aberta, espiando para fora da janela, acordou de repente do seu transe; a cabeça de Lilá Brown deitada sobre os braços se ergueu e o cotovelo de Neville Longbottom escorregou da carteira. Sophie sorriu de lado e cruzou os braços.

O Profº. Binns pestanejou.

- Minha matéria é História da Magia. - Disse ele naquela voz seca e asmática. - Lido com fatos, Srta. Granger, não com mitos nem com lendas. - Ele pigarreou fazendo um barulhinho como o de um giz que se parte e continuou. - Em setembro daquele ano, um subcomitê de bruxos sardos...

O professor gaguejou antes de parar. A mão de Mione estava outra vez no ar.

- Srta. Granger?

- Por favor, professor, as lendas não se baseiam sempre em fatos?

O Profº. Binns olhou-a com tal espanto, que Harry teve certeza de que nenhum aluno vivo ou morto, jamais o interrompera antes. Sophie, porém, segurou um pequeno sorriso que queria sair da garganta. Ela sabia muito bem que Hermione não pararia de perguntar sobre a Câmara até o professor explicar.

- Bem - Disse o Profº. Binns lentamente -, é um argumento válido, suponho. - Ele estudou Mione como se nunca antes tivesse olhado direito para um aluno. - Contudo, a lenda de que a senhorita fala é tão sensacionalista e até tão absurda que...

A classe inteira ficou pendurada em cada palavra que o professor dizia. Ele correu um olhar míope por todos, rosto por rosto virado em sua direção. Harry percebeu que ele estava completamente desconcertado por aquela manifestação incomum de interesse.

- Ah, muito bem. - Disse vagarosamente. - Vejamos... A Câmara Secreta... Os senhores todos sabem, é claro, que Hogwarts foi fundada há mais de mil anos... a data exata é incerta... pelos quatro maiores bruxos e bruxas da época. As quatro casas da escola foram batizadas em homenagem a eles: Godrico Gryffindor, Helga Hufflepuff, Rowena Ravenclaw e Salazar Slytherin. Eles construíram este castelo juntos, longe dos olhares curiosos dos trouxas, porque era uma época em que a magia era temida pelas pessoas comuns, e os bruxos e bruxas sofriam muitas perseguições.

Ele fez uma pausa, percorreu a sala com os olhos lacrimejantes e continuou:

- Durante alguns anos, os fundadores trabalharam juntos, em harmonia, procurando jovens que revelassem sinais de talento em magia e trazendo-os para serem educados no castelo. Mas então surgiram os desentendimentos. Ocorreu uma cisão entre Slytherin e os outros. Slytherin queria ser mais seletivo com relação aos estudantes admitidos. Ele acreditava que o aprendizado de magia devia ser mantido no âmbito das famílias inteiramente mágicas. Desagradava-lhe admitir alunos de pais trouxas, pois os achava pouco dignos de confiança. Passado algum tempo houve uma séria discussão sobre o assunto entre Slytherin e Gryfflndor, e Slytherin abandonou a escola.

O Profº. Binns parou de novo, contraindo os lábios, parecendo uma velha tartaruga enrugada.

- É o que nos contam as fontes históricas confiáveis. Mas estes fatos honestos foram obscurecidos pela lenda fantasiosa da Câmara Secreta. Segundo ela, Slytherin construiu uma câmara secreta no castelo, da qual os outros nada sabiam. Slytherin teria selado a Câmara Secreta de modo que ninguém pudesse abri-la até que o seu legítimo herdeiro chegasse a escola. Somente o herdeiro iria ser capaz de abrir a Câmara Secreta, libertar o horror que ela encerrava e usá-lo para expurgar a escola de todos que não fossem dignos de estudar magia.

Fez-se silêncio quando ele acabou de contar a história, mas não foi o de sempre, o silêncio modorrento que dominava as aulas do Profº. Binns. Havia no ar um certo constrangimento enquanto todos continuavam a olhá-lo, esperando mais. O Profº. Binns fez um ar ligeiramente aborrecido.

- A história inteira é um perfeito absurdo, é claro. Naturalmente, a escola foi revistada à procura de provas da existência dessa câmara, muitas vezes, pelos bruxos e bruxas mais cultos. Ela não existe. Uma história contada para assustar os crédulos.

A mão de Mione voltou a se erguer.

- Professor.. O que foi exatamente que o senhor quis dizer com "o horror que a câmara encerra"?

- Acredita-se que haja algum tipo de monstro, que somente o herdeiro de Slytherin pode controlar. - Respondeu o Profº. Binns com sua voz seca e esganiçada.

Os alunos trocaram olhares nervosos.

- Afirmo que a coisa não existe. - Disse ele folheando suas anotações. - Não há Câmara alguma e monstro algum.

- Mas, professor - Perguntou Simas Finnigan. -, se a Câmara só pode ser aberta pelo verdadeiro herdeiro de Slytherin, ninguém mais seria capaz de encontrá-la, não é?

- Bobagem, Flaherty. - Disse o Profº. Binns, num tom irritado. - Se uma longa sucessão de diretores e diretoras de Hogwarts não encontraram a coisa...

- Mas, professor - Ouviu-se a voz fina de Parvati Paúl. -, a pessoa provavelmente terá de usar Magia Negra para abri-la...

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

- Só porque um bruxo não usa Magia Negra não significa que não possa, senhorita Pennyfeather. - Retrucou oProfº. Binns. - Eu repito, se uma pessoa como Dumbledore...

- Mas talvez a pessoa tenha que ser parente de Slytherin, por isso Dumbledore não poderia... - Começou Dino Thomas, mas para o professor aquilo já era demais.

- Basta! - Disse com rispidez. - É um mito! Não existe! Não há a mínima prova de que Slytherin tenha algum dia construído sequer um armário secreto de vassouras! Arrependo-me de ter contado aos senhores uma história tão tola. Vamos voltar, façam-me o favor, à história, aos fatos sólidos, criveis e verificáveis!

Sophie que ouvia tudo atentamente apenas olhava para Harry que mantinha a atenção no professor. A lenda de Slytherin iria se espalhar por Hogwarts como uma praga e logo todos os estudantes estariam falando dela por todos os cantos.

A sineta tocou e Sophie foi a primeira a sair da sala de aula, indo procurar Fred.

Harry por sua vez, se levantou devagar e guardou todas as coisas; a lenda de Slytherin havia o deixado atordoado e confuso. Olhou para traz esperando encontrar Sophie mas a mesma não estava mais na sala. Suspirou, pegou a bolsa e foi para junto dos amigos.

- Eu sempre soube que Salazar Slytherin era um velho maluco e tortuoso. - Contou Rony a Harry e Mione enquanto tentavam passar pelos alunos. - Mas não sabia que ele é quem tinha começado toda essa história de puro sangue. Eu não ficaria na casa dele nem que me pagassem. Francamente, se o Chapéu Seletor tivesse tentado me mandar para Sonserina, eu teria tomado o trem de volta para casa...

Mione concordou fervorosamente, mas Harry não disse nada. Sentira o estômago afundar e o comentário lhe causara mal estar. Harry nunca contara a Rony e Mione e muito menos Sophie que o Chapéu Seletor considerara seriamente mandá-lo para Sonserina. Ainda lembrava, como se fosse ontem, a vozinha que lhe falara ao ouvido quando no ano anterior ele colocara o chapéu na cabeça:

“Você poderá ser grande, sabe, está tudo aí em sua cabeça, e Sonserina o ajudaria a galgar o caminho para a grandeza, não há dúvida...”

Mas Harry, que já ouvira falar da reputação que tinha Sonserina de produzir bruxos das trevas, pensou desesperado:

"Sonserina, não!" e o chapéu lhe respondera: "Bom, se você tem certeza... então é melhor Grifinória...

Enquanto se deslocavam pela multidão, Colin Creevey passou.

- Oi, Harry!

- Olá, Colin. - Respondeu Harry automaticamente.

- Harry, Harry, um garoto da minha classe anda dizendo que você...

Mas Colin era tão pequeno que não conseguiu resistir à maré de gente que o empurrava em direção ao Salão Principal; eles ouviram sua voz pequenininha:

- Vejo você depois, Harry! - E desapareceu.

- O que será que um garoto da classe dele anda dizendo de você? - Perguntou Mione.

- Que sou o herdeiro de Slytherin, imagino. - Disse Harry, o estômago afundando mais uns dois centímetros e ele, de repente, lembrou-se de Justino Finch-Fletchey fugindo dele na hora do almoço.

- O pessoal daqui acredita em qualquer coisa. - Disse Rony desgostoso. A multidão foi-se esgarçando e eles puderam subir a escada seguinte sem dificuldade.

- Você realmente acha que existe uma Câmara Secreta? - Perguntou Rony a Mione.

- Não sei - Respondeu ela franzindo a testa. - Dumbledore não conseguiu curar Madame Nor-r-ra, e isto me faz pensar que aquilo que a atacou talvez não fosse... Bem... Humano.

Ao falar, eles dobraram um canto e se viram no fim do mesmíssimo corredor em que ocorrera o ataque. Pararam e olharam. A cena era exatamente a daquela noite, exceto que não havia nenhum gato duro pendurado no portarchote, e havia uma cadeira encostada na parede em que se lia a mensagem "A Câmara Secreta foi Aberta".

- É onde Filch tem estado de guarda. - Murmurou Rony.

Eles se entreolharam. O corredor estava deserto.

- Não faria mal algum dar uma espiada por aí. - Disse Harry, largando a mochila e ficando de quatro de modo a poder engatinhar à procura de pistas. - Marcas de fogo! - disse. - Aqui... E aqui...

- Venham só dar uma espiada nisso! - Chamou Mione. - Que coisa engraçada...

Harry se levantou e foi até a janela junto à mensagem na parede. Mione estava apontando o caixilho superior da janela, onde havia umas vinte aranhas correndo e brigando para entrar em uma pequena fenda. Um fio longo e prateado estava pendurado como uma corda, como se todas o tivessem usado na pressa de sair.

- Vocês já viram aranhas se comportarem assim? - Perguntou Mione pensativa.

- Não - Disse Harry. -, e você, Rony? Rony?

Ele olhou por cima do ombro. Rony estava parado bem longe e parecia lutar contra o impulso de correr.

- Que aconteceu? - Perguntou Harry.

- Eu... Não... Gosto... De aranhas - Disse Rony muito tenso.

- Eu nunca soube disso. - Comentou Mione, olhando para Rony surpresa. - Você usou aranhas na aula de Poções um monte de vezes...

- Não me importo quando estão mortas. - Explicou Rony, que tomava o cuidado de olhar para todo lado menos para a janela. - Não gosto do jeito como elas andam...

Hermione riu.

- Não tem graça. - Disse Rony, furioso. - Se precisa mesmo saber, quando eu tinha três anos, Fred transformou o meu... Meu ursinho numa enorme aranha nojenta porque eu quebrei a vassoura de brinquedo dele... Você também detestaria aranhas se estivesse segurando um urso e de repente ele ganhasse um monte de pernas e...

Ele estremeceu, sem terminar a frase. Mione continuava obviamente a fazer força para não rir. Harry, achando que era melhor mudarem de assunto, disse:

- Vocês se lembram daquela água toda no chão? De onde terá vindo? Alguém a enxugou.

- Estava mais ou menos por aqui. - disse Rony, recobrando-se para andar até um pouco além da cadeira de Filch e apontar. - Na altura desta porta.

Ele levou a mão à maçaneta de latão mas, de repente, puxou a mão como se tivesse se queimado.

- Que foi? - Perguntou Harry.

- Não posso entrar aí - Explicou impaciente. - É o banheiro das garotas.

- Não precisa se preocupar. - Eles viraram para o fim do corredor e viram Sophie. - Ninguém entra ai.

- Sophie... - Disse Harry ficando tenso. - Eu... nós..

- Antes de falar alguma coisa, permita-me perguntar: O que fazem aqui? Filch poderia pegá-los. - Disse Sophie se aproximando e ficando de frente para o irmão.

- A gente queria ver se tinha alguma pista sobre o ataque. - Disse Harry olhando para o chão. - Desculpe...

- Bem.. estão aqui por uma causa nobre. - Disse Sophie exibindo um pequeno sorriso. - Então, o que descobriram?

Harry olhou para Sophie e não pode deixar de sorrir ao ver a irmã sorrindo para ele e dando uma piscadela.

- Marcas de fogo no chão. - Respondeu Mione. - E as aranhas andando de maneira estranha para fora do castelo.

- Não nos diz muita coisa.. - Disse Sophie pensativa. - Por que iriam entrar no banheiro?

- Para saber sobre a água que havia naquela noite. - Respondeu Rony. - O que você quis dizer que ninguém entra no banheiro?

- É o lugar da Murta-Que-Geme. - Respondeu Sophie dando de ombros. - Vamos dar uma olhada.

E desconsiderando o grande aviso de INTERDITADO, ela abriu a porta.

Era o banheiro mais escuro, mais deprimente em que Harry já entrara. O piso estava molhado e refletia a luz fraca dos tocos de vela que brilhavam nos castiçais: as portas de madeira dos boxes estavam descascadas e arranhadas e uma delas se soltara das dobradiças.

Mione e Sophie levaram o dedo aos lábios e se encaminhou para o último boxe. Ao chegar, disse:

- Olá, Murta, como vai? - Disse Mione.

Harry e Rony foram olhar. A Murta Que Geme estava flutuando acima da caixa de descarga do vaso, cutucando uma manchinha no queixo.

- Isto aqui é um banheiro de garotas. - Disse ela, olhando desconfiada para Rony e Harry. - Eles não são garotas.

- Não. - Concordou Mione. - Eu só só queria mostrar a eles como... Ah... É bonitinho aqui.

Ela fez um gesto vago indicando o velho espelho sujo e o piso molhado.

- Pergunte a ela se viu alguma coisa. - Pediu Harry para Sophie disfarçando.

- Que é que você está cochichando? - Perguntou Murta, encarando-o.

- Nada - disse Harry depressa. - Queríamos perguntar..

- Eu gostaria que as pessoas parassem de falar às minhas costas! - Disse Murta numa voz engasgada de choro. - Eu tenho sentimentos, sabe, mesmo que morta...

- Murta, ninguém quer aborrecê-la. - Disse Sophie calmamente. - Harry só...

- Ninguém quer me aborrecer! Essa é boa! - Uivou Murta. - Minha vida foi uma infelicidade só neste lugar, e agora as pessoas aparecem para estragar a minha morte!

- Nós queríamos perguntar se você viu alguma coisa esquisita ultimamente. - Falou Mione depressa. - Porque uma gata foi atacada bem ali na porta de entrada, no Dia das Bruxas.

- Você viu alguém por aqui naquela noite? - Perguntou Sophie.

- Eu não estava prestando atenção. - Respondeu a Murta teatralmente. - Pirraça me aborreceu tanto que entrei aqui e tentei me matar. Depois, é claro, lembrei-me que já estou... Que estou...

- Morta. - Disse Rony querendo ajudar.

Murta soltou um soluço trágico, subiu no ar, deu uma cambalhota e mergulhou de cabeça no vaso, espalhando água neles e desaparecendo de vista, embora pela direção dos seus soluços abafados, devesse ter ido pousar em algum ponto da curva em U.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

- Eu esqueço como ela é dramática. - Disse Sophie em um suspiro. - Bem, não descobrimos nada.

- O que será que aconteceu para ter tanta água naquela noite? - Perguntou Harry para a irmã.

- Não sei.. - Respondeu Sophie andando em volta do banheiro. - Para falar a verdade Harry, eu não sei o que está acontecendo. Nem mesmo Dumbledore sabe. A única coisa que eu e ele entramos em acordo foi que, talvez, esse ataque seja o começo da trama que Dobby nos alertara. - Disse olhando para Harry, Mione e Rony. - Vamos embora daqui antes que Filch apareça.

Harry mal fechara aporta, abafando os soluços gargarejantes de Murta, quando uma voz alta fez os quatro darem um salto.

- RONY!

Percy Weasley tinha estacado de repente no alto da escada, a insígnia de monitor reluzindo e uma expressão de absoluto choque no rosto.

- Isto é um banheiro de garotas! Que é que você... Sophie!! - Exclamou ao ver a ruiva.

- Só estava dando uma olhada. - Rony sacudiu os ombros.

- Olá Percy. - Disse Sophie com um tom de tédio que Harry percebeu imediatamente.

- O que pensam que estavam...?

- Pistas... procurando pistas. - Respondeu Sophie antes que o Weasley mais velho terminasse de falar.

- Sumam... Daqui... - Disse Percy, caminhando em direção a eles e começando a afugentá-los, agitando os braços. - Vocês não se importam com o que isto parece? Voltarem aqui enquanto todos estão jantando...

- Por que não deveríamos estar aqui? - Retrucou Rony exaltado, parando de repente para encarar Percy. - Olhe aqui, nunca pusemos um dedo naquela gata!

- Foi o que eu disse a Ginny - Respondeu Percy com ferocidade -, mas ainda assim ela parece pensar que você vai ser expulso, nunca a vi tão perturbada, chorando de se acabar, você poderia pensar nela, todos os alunos de primeiro ano estão excitadíssimos com essa história...

- Você nem se importa com a Ginny. - Disse Rony, cujas orelhas agora estavam vermelhas. - Vocêestá preocupado que eu estrague suas chances de se tornar monitor-chefe...

- Cinco pontos a menos para a Grifinória! - disse Percy concisa e autoritariamente, levando a mão à insígnia de monitor. - E você, Sophie, como mais velha devia...

- Devia... o que? - Perguntou Sophie ficando irritada. - Desconfiar do meu próprio irmão? Não confiar nele? Ao contrário de você monitor, eu confio em Harry e sei que minha família vem em primeiro lugar.

- Cinco...

- Pode tirar quantos pontos quiser de mim, Percy. Eu recupero tudo em cinco minutos em uma aula sem nenhum problema. - Disse Sophie encarando Percy sem piscar. - E Rony tem razão, você não se importa com a Ginny então pare de agir como.

- Como você ousa dizer isso? - Perguntou Percy ficando vermelho.

- Ela ousa porque ela pode. - Disse uma voz atrás dele de Percy. - Ela ousa porque ela sabe. - Era Fred que ia na direção da namorada e ficando na frente do irmão mais velho.

- Olhe aqui Potter, você pode se achar por ser a favorita do diretor...

- Favorita do diretor? - Perguntou Sophie dando uma risada falsa e cheia de ironia. - Por favor Percy, não coloque o diretor nessa conversa. O assunto aqui é sua falta de confiança em seu irmão! E ele vai andar nesse corredor quantas vezes ele quiser! Agora se me der licença, tenho uma carta para escrever.

Sophie passou por Percy com Fred ao lado dela. Harry, Rony e Hermione também saíram do corredor indo atrás da Potter e do Weasley.

- Não acredito nisso! - Exclamou Fred enquanto subiam para a sala comunal. - Ele tem estado com inveja de você?!

- Já faz um tempo que tenho percebido isso. - Disse Sophie em suspiro. - Mas não estou afim de falar sobre Percy. Sinto uma dor de cabeça chegando e ainda tenho que mandar uma carta para Moony.

Eles passaram pela mulher gorda e Sophie subiu as escadas indo para o dormitório das meninas.

- Ela está preocupada. - Disse Fred para Harry. - Eu conheço ela... hoje, depois que ela saiu da aula de História da Magia ela veio até mim e me abraçou. Não me disse o motivo.. só que... precisava de um abraço.

- O que estaria preocupando ele? - Perguntou Harry se sentando ao lado de Fred.

- O boato idiota que está se espalhando. - Respondeu Fred devagar como se não quisesse tocar no assunto.

- Que boato? - Perguntou Rony.

- De que o Harry é o Herdeiro de Slytherin. - Respondeu Fred olhando para os joelhos.

- Por que ela se preocuparia com isso? - Perguntou Harry para os amigos.

- Ora Harry, não é obvio?! - Perguntou Hermione olhando para o amigo. - Ela não quer as pessoas falando mal de você pelas costas. Ela não quer que você carregue mais um fardo sobre essa lenda nas costas.

Harry ficou em silêncio e depois saiu da Sala Comunal. Foi em direção ao jardim sem parar em nenhum caminho e foi até Aslan que se encontrava deitado no gramado em baixo do sol.

- Aslan... - Chamou Harry. - Vem comigo.

O leão se levantou rapidamente e seguiu Harry que agora ia em direção ao corujal onde Sophie logo estaria para entregar a carta para Edwiges. Chegando no local, ele se sentou na escada e Aslan fez o mesmo.

- Logo Sophie estará aqui. - Disse Harry para Aslan. - Quero conversar com ela.. quero mostrar para ela que eu não ligo para os comentário que as pessoas andam fazendo.

Ele ficou em silêncio e depois de uns longos minutos, Sophie apareceu carregando a carta nas mãos com uma expressão pensativa. Quando havia começado a subir as escadas para entrar no corujal, viu o irmão e Aslan olhando para ela.

- O que faz aqui? - Perguntou Sophie confusa.

- Conversar com você. - Respondeu Harry sorrindo de lado. - Acho que aqui é o melhor lugar para ninguém nos ouvir.

- O que houve? - Perguntou Sophie se sentando em um degrau baixo.

- Sophie eu.. Fred me contou que você está preocupada com os cometários sobre eu ser Herdeiro de Slytherin. - Disse Harry olhando para a irmã. - Eu quero que você entenda que... eu não ligo. Eu não ligo nem um pouco irmã.

- Sério?

- Claro! - Disse Harry sorrindo. - Sophie, eu tenho você aqui comigo. Tenho Rony e Mione e Aslan. Acha mesmo que eu vou ligar para esses cometários de alunos que não são nada para mim? Vai chegar um momento em que eles vão perceber a asneira que estão dizendo...

- Você não sabe como me deixa feliz saber que você não liga. - Disse Sophie abrindo um pequeno sorriso.

- Somos o que somos. - Disse Harry piscando para Sophie.

- E somos tudo que temos. - Terminou Sophie se levantando e abraçando o irmão. - Vamos passar por isso, juntos. Certo, Aslan?

O leão, que observava tudo, deu um pequeno rosnado em acordo.