O apartamento estava vazio quando Lana acordou no dia seguinte e estava tomando café sozinha, ainda de pijama quando os garotos chegaram, todos suados e fedendo.

—Onde diabos vocês estavam? - ela perguntou tentando não demonstrar que o cheiro estava forte.

—Correndo. - Sam respondeu simplesmente pegando uma jarra de suco de laranja da geladeira e bebendo direto dela.

—Com búfalos? - Lana retrucou cética fazendo Bucky rir,

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—A gente está correndo desde as cinco. - ele explicou.

—Vocês ficaram correndo por duas horas?

—Sim, quero dizer, Steve e eu corremos. Sam, meio que faz caminhada…

—Fica quieto, Bucky! Vocês correm como se tivessem visto o capeta, eu corro como uma pessoa normal. - Sam se defendeu. Bucky riu pelo nariz e Steve deu de ombros, estava muito ocupado montando o maior prato de café da manhã que Lana que já tinha visto.

Steve engoliu tudo rapidamente enquanto Lana, Bucky e Sam tomavam café sem pressa. Ela comia cereal e torradas com achocolatado enquanto Bucky e Sam comiam bacon, ovos e café preto. Steve colocou sua louça suja na pia e foi para o banheiro, dizendo que tinha que se arrumar logo para não chegar atrasado no trabalho.

—Filho da mãe, só porque eu ia tomar banho… - Sam xingou vendo Steve fechar a porta do banheiro rindo do amigo.

—Pode usar o meu banheiro, Sam. - Lana ofereceu - Já tomei banho.

—E por que você ainda está de pijama se já tomou banho? - Bucky perguntou de boca cheia, mordendo um pedaço particularmente grande de bacon.

—Para não sujar minha roupa, ué. - Lana explicou como se fosse óbvio - Minhas roupas estão contadas, não posso ficar sujando nada enquanto não pegar o resto das minhas coisas.

—Você quer que eu vá com você até lá? - Sam ofereceu já colocando sua louça suja na pia também.

—Não precisa, vou sair mais cedo hoje e dar uma passada lá. Tenho que aproveitar que a Darcy não vai estar em casa…

Sam assentiu e foi até o quarto, pegou suas roupas e se dirigiu para o quarto de Lana, a deixando sozinha na cozinha com Bucky que ainda não havia terminado de comer.

—Se quiser a gente vai até lá com você sem problemas. - Bucky falou em tom ameno, mas, Lana deu de ombros.

—Não precisa mesmo, por enquanto eu só vou pegar minhas roupas, ainda tenho que embalar os móveis e as outras coisas… - ela explicou - Mas, obrigado, Bucky.

Bucky sorriu de canto.

—Se precisar é só avisar.

—Valeu. - os dois ficaram em silêncio e Lana se levantou - Bom, é melhor eu me arrumar também.

—Beleza. - Bucky respondeu ocupado com seu café.

Lana se levantou e foi até seu quarto, ela podia ouvir o barulho de Sam cantando no chuveiro e riu consigo mesma enquanto pegava a bolsa de maquiagem e voltava para a sala, se sentando no sofá para se arrumar enquanto Sam usava seu banheiro.

Ela se sentou no sofá e começou a fazer sua maquiagem, sentindo Bucky lhe lançar olhares de vez em quando. Alguns minutos depois quando ela já estava acabando, Steve se despediu deles e saiu para o trabalho, deixando um rastro de perfume na sala.

Depois que Steve saiu, Bucky foi tomar banho e Sam saiu do quarto dela, já vestido com suas roupas de trabalho - camisa e calça sociais e jaqueta de couro. Lana voltou ao quarto para se vestir e se despediu de Bucky depois de pronta, acompanhando Sam até a garagem do prédio onde o carro dele ficava estacionado.

O caminho até o trabalho com certeza era mais perto do apartamento novo se comparado a onde morava antigamente, de lá, Lana tinha que fazer integração entre o metrô e o trem e quase sempre chegava em cima da hora.

—Você tem certeza mesmo de que não quer que eu vá com você até lá depois? - Sam perguntou quando os dois desceram do carro, caminhando em direção ao prédio da polícia do Brooklyn.

—Tenho, Sam, de verdade. Prometo que não vou matar ninguém!

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—Acho bom, porque senão eu teria que te prender e ia ser muito constrangedor ter que prender a minha amiga. - Sam falou a empurrando um pouco para o lado com o ombro.

—É, seria mais constrangedor ainda terem que investigar porque eu matei minha ex-amiga com uma faquinha de rocambole. - Lana comentou com sarcasmo, mas, Sam riu.

—Quem fosse fazer essa autópsia ia ficar traumatizado com certeza! - ele exclamou.

—Ainda bem que não vai ser eu… - Lana comentou e Sam riu ainda mais.

Os dois se separaram no lobby do prédio, Sam entrou no elevador indo para a Unidade de Vitimas Especiais, onde trabalhava enquanto Lana descia até o subsolo para começar seu turno.

Lana passou o resto do dia pensando no que encontraria ao voltar a antiga casa. Era estranho pensar daquele jeito, que o lugar que morou por tanto tempo tenha se tornado algo do passado de maneira tão rápida e por um erro tão mesquinho e que a machucou tanto.

As horas pareceram se arrastar até que ela finalmente saiu do trabalho e fez o caminho que já estava tão acostumada a fazer, era como fingir que só havia passado uma noite fora e agora estava voltando para casa.

Lana saiu da estação e caminhou pelas ruas que conhecia tão bem se sentindo uma criminosa, como se algo gritasse que não era para ela estar ali. Ela virou em uma quadra e viu a casa onde morava a distância. Preferindo não ser vista, Lana foi pelo outro lado da rua,que era cheio de arbustos e menos aberto do que a rua de casa.

Ela ia atravessar e entrar na casa quando viu movimento na porta e parou de chofre, tentando passar despercebida encostada ali entre os arbustos como um dos diversos vendedores de drogas que moravam pela área.

Lana ficou observando enquanto Julian conversava com Darcy, que estava parada a porta da casa, ainda de pijamas - são seis da tarde, que porra é essa?— e segurando Xenophilius, o gato de Lana nos braços.

Ela debateu internamente se deveria ir falar com eles ou não, mas, resolveu observar a cena, o que ela concluiu ter sido uma boa ideia já que Julian havia escolhido aquele momento para colar sua boca na de Darcy enquanto ela segurava seu gato no colo. Aquela filha da mãe fazendo meu filho ver essa obscenidades! , Lana xingou mentalmente, o sangue fervendo de raiva.

Lana ficou observando a cena por alguns segundos, tentando decidir se deveria ir até lá e atrapalhar, mas, Julian já havia se despedido de Darcy - com outro beijo - e se virou, indo em direção a onde ela estava. Sem pensar duas vezes, ela correu pelo caminho que tinha feito, se sentindo uma grande idiota.

Tudo era um borrão enquanto ela corria e Lana não parecia ver nada a sua volta. Não via os rostos no metrô, nem o caminho para a casa nova e desceu duas vezes na estação errada antes de finalmente chegar no Brooklyn. Era como se tudo que ela vinha tentando mascarar e guardar dentro de si tivesse voltado e lhe acertado no rosto ao ver Darcy e Julian mais uma vez e ela nem ao menos tinha falado com eles. Como iria pegar suas coisas se não conseguia nem olhar na cara de nenhum deles?

Lana passou pela portaria do prédio com o peito arfando e subiu pelas escadas, mas, desistiu no segundo andar e resolveu pegar o elevador até o sétimo, já que estava com raiva, mas, também estava morrendo de dor nas pernas de tanto correr.

Ela destrancou a porta, entrou e foi direto para o quarto, jogando a bolsa no chão e se deitando na cama, as lágrimas que ela vinha segurando por dois dias finalmente caindo. Eu sou idiota demais, ela dizia a si mesma sem conter o choro, como é que eu não vi aquilo acontecendo? Eu devia ter terminado com o Julian antes, ele sempre foi meio bosta mesmo… Como eu pude ser tão burra…?

—Lana? - alguém chamou e Lana se sentou na cama imediatamente. Não tinha reparado que a porta de vidro que levava a varanda estava aberta.

Ela se virou secando as lágrimas e viu Bucky parado na varanda, olhando-a preocupado. Os olhos dela vagaram de sua regata branca e jeans sujos de graxa, para o corpo suado e até a mão esquerda que segurava um cigarro.

—Bucky? Você estava fumando? - Lana perguntou surpresa. Bucky apagou o cigarro rapidamente e jogou pela janela o que a fez fazer cara feia.

—Não… Er… não estava não. - Bucky desconversou - O que aconteceu? Por que você está chorando?

Lana não se deixou levar pela expressão dele.

—Eu perguntei primeiro. - ela retrucou cruzando os braços - Você estava fumando?

Bucky suspirou.

—Ta bom, ta bom, eu tava fumando! - ele disse e Lana ergueu uma sobrancelha para ele - Mas, eu só fumo de vez em quando…

—Você sabe que isso não faz bem, né? - Lana falou ficando séria - Por acaso você já viu o pulmão de um fumante? É horrível e nojento…

—Tá, ta, eu já sei de tudo isso. Agora, por que você está chorando?

Lana fungou e desviou o olhar.

—E-Eu fui pegar minhas coisas, mas, Darcy e Julian estavam lá se pegando bem na porta de casa e com o meu filho no colo. - ela respondeu em voz baixa.

—Que merda. - Bucky respondeu com sinceridade.

Lana concordou com a cabeça e tentou secar mais lágrimas que caíam silenciosamente.

—Eu sou muito burra… - ela falou sem pensar - Eu devia ter entrado lá pego minhas coisas, mas, quando eu vi os dois sai correndo, literalmente…

Bucky olhou para Lana sem saber exatamente o que dizer. Sua maquiagem estava borrada no cantos dos olhos e ela parecia perdida. Ele queria poder fazer alguma coisa, mas, nunca tinha sido bom em falar sobre essas coisas, suspirou pensando em alguma maneira de ajudar.

—Ei, eu não sou muito bom com esse tipo de coisa, sentimentos, sabe? Mas, quando fico na bad sempre tenho meu amigo Jack para ajudar… - ele disse.

—Jack? - Lana perguntou receosa.

—Espera só um pouco que eu vou pegar ele. - Bucky saiu do quarto e deixou Lana sentada na cama, sentindo o leve cheiro de cigarro que vinha da varanda e sem entender o que ele iria fazer.

Bucky voltou poucos minutos depois e a apresentou a seu “amigo” Jack.

Era uma garrafa de Jack Daniels.

—Então Jack é o seu uísque? - Lana perguntou um tanto decepcionada.

—Ei, mais respeito, esse é o uísque do sofrimento como diz o Sam.A gente sempre toma uma garrafa quando acontece alguma coisa. - Bucky esclareceu em tom ofendido.

Lana riu e Bucky lhe entregou um copo.

—Bucky, são seis da tarde de segunda-feira, acho mesmo que é uma boa encher a cara? - ela perguntou.

—Claro que é! - Bucky respondeu mais animado - Pelo menos você vai se animar um pouco, é melhor do que ficar chorando por dois idiotas que não merecem…

Lana suspirou e concordou com a cabeça.

—Tá bom, vai!

—Assim que se fala! - Bucky riu e encheu o copo de Lana e depois o seu. Eles trocaram um olhar e beberam ao mesmo tempo, virando os copos de uma vez só.

Os olhos de Lana lacrimejaram com a ardência da bebida e Bucky soltou uma exclamação, mas, ela riu, sentindo o corpo esquentar com a bebida quente. Os dois continuaram bebendo, acabando com metade da garrafa em alguns minutos. A cabeça de Lana começava a rodar e ela começava a ficar alegre, caindo na risada simplesmente olhando para Bucky.

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Ela já havia tirado os sapatos e prendido os cabelos bagunçados por causa do calor da bebida enquanto Bucky havia tirado a camisa e Lana, notou o corpo torneado, as bochechas corando ainda mais.

A essa altura os dois já haviam desistido do uso de copos e viraram a bebida direto da garrafa.

Quando o uísque acabou, Bucky foi até a cozinha e trouxe latas de cerveja e uma garrafa de um uísque mais baratos que eles beberam sem parar.

Quando terminaram de beber, Lana saiu da cama e se deitou no chão frio de madeira, tonta e rindo sozinha. Bucky olhou para ela achando graça - era um pouco mais resistente para bebida e estava apenas alto - e se deitou ao lado dela.

Os dois ficaram em silêncio olhando para o teto até que Bucky disse:

—Eu comecei a fumar quando voltei para casa, do Afeganistão… - ele disse em voz baixa e Lana se virou para ele, a mente ainda levemente anuviada - Não conseguia dormir, não conseguia sair de casa e fumar se tornou um vício, mas, Sam e Steve me ajudaram a parar… Mas, às vezes, eu fico aqui na varanda e fumo um cigarro, mas, não é sempre!

—Você não precisa se explicar para mim, Bucky. - Lana falou com a voz carregada - A gente se conhece tipo faz um dia e você não me deve nada…

—Eu sei… - Bucky respondeu ficando sério e Lana tentou ficar séria também, mas, sorriu de canto - Mas, quero explicar. Não quero que você fique pensando mal sobre mim…

—Não vou pensar mal de você. - Lana garantiu sentindo lágrimas nos olhos de novo. Meu Deus, eu fiquei bêbada com duas garrafa de uísque— Obrigado por me contar…

Bucky sorriu sem dizer mais nada e encostou a cabeça no ombro dela. Se Lana não estivesse tão bêbada talvez tivesse estranhado o contato, mas, levou a mão automaticamente aos cabelos de Bucky e acariciou.

Eles ficaram assim por algum tempo, olhando para o teto e falando sobre nada, completamente bêbados até que Bucky se sentou e olhou para ela muito sério.

—Vamos pegar as suas coisas. - ele disse cético.

—O que?!

—Vamos até a casa dessa tal de Darcy e vamos pegar suas coisas. Agora.

—Você tá falando sério, Bucky? - Lana perguntou se sentando, a cabeça rodando.

—Claro que eu tô a gente não pode deixar essa Darcy fazer o que quiser depois de ter te traído desse jeito! Vamos pegar as suas coisas agora!

Lana olhou nos olhos de Bucky, ele tinha um ar obstinado e sério apesar de bêbado e ela se viu concordando com a cabeça.

—Vamos pegar as minhas coisas.

*******************

Demorou algum tempo para que Bucky e Lana pudessem de fato levantar do chão e colocar o plano em andamento, mas, quase meia-hora depois, os dois se levantaram cambaleando e saíram esbarrando nas paredes até a porta e depois até o elevador. Bucky ficou apertando o botão sem parar até que as portas se abriram e Steve e Sam, que estavam dentro do elevador, olharam para eles com ares questionadores.

—Ei pessoal. - Bucky sorriu.

—Oi Sam, oi Steve. - Lana cumprimentou.

—Onde vocês estão indo? - Sam perguntou - Lana, eu passei na sua sala, mas, Melinda disse que você já tinha ido embora…

—A gente vai na vaca da Darcy pegar minhas coisas de volta! - Lana exclamou e riu. Bucky ficou concordando com a cabeça, com um sorriso bobo.

—Vocês estão bêbados? - Steve perguntou em tom sério.

Lana e Bucky riram.

—Acho que estão. - Sam falou tentando não rir da expressão dos dois.

—E você ia dirigir bêbado desse jeito, Bucky? - Steve questionou, Bucky riu de novo - Vocês não podem sair bêbados desse jeito! Entrem, eu vou fazer um café e depois que vocês ficarem um pouco mais sóbrios a gente vai pegar suas coisa, Lana.

—Não, Stevie! A gente tem que ir agora! - Lana exclamou tentando ficar séria, mas, fazendo biquinho.

—Você tá muito bêbada. - Steve contrapôs.

—Eu to bêbada e corajosa. - Lana corrigiu - Eu preciso fazer isso agora, no caminho explico porquê, mas, tenho que ir pegar minhas coisas e roubar meu gato de volta.

—Você vai roubar um gato? - Sam perguntou sem conseguir conter o riso e obviamente não levando Lana a sério. Ele nunca tinha visto a amiga bebada.

—Vou. - Lana respondeu resoluta - Xenophilius é meu filho e não merece ficar presenciando as obscenidades que a Darcy deve estar fazendo com o Julian.

—Espera aí, como é o nome do gato? - Bucky perguntou.

—Xenophilius. - Lana respondeu, mas, Bucky continuou olhando para ela sem entender - Xenophilius. X-E-N-O-P-H-I-L-I-U-S.

Steve balançou a cabeça, incrédulo e trocou um olhar com Sam, enquanto Lana e Bucky entravam no elevador. Os quatro ficaram se olhando até que Lana quebrou o silêncio:

—Ninguém vai apertar o botão não?

—A gente não disse que ia com vocês. - Steve retrucou cruzando os braços.

—É melhor a gente ir, eles vão acabar se matando se saírem bêbados desse jeito. - Sam se deu por vencido.

—OBA! Isso ai Sam! - Lana exclamou e abraçou o amigo que deu tapinhas desajeitados em suas costas.

—Eu não vou abraçar você. - Bucky falou muito sério.

—Eu vou me arrepender disso, já to sentindo. - Steve suspirou mais para si mesmo do que para os outros, mas, Sam, Bucky e Lana escutaram, os dois bêbados caíram na risada enquanto Steve trocava um olhar exasperado com Sam que se limitou a acenar com a cabeça.

Quando eles entraram na caminhonete de Bucky, que Steve dirigia, Lana fez questão de colocar “Purple Lamborghini” do Skrillex no último volume e começou a cantar junto com a letra. Forgive me for my wrongs, I have just begun. (Me perdoe pelos meus erros, estou apenas começando).

—Posso saber porque a gente tá ouvindo essa música? - Steve perguntou enquanto Lana aumentava o volume do som e Sam abaixava.

—Porque faz com que eu me sinta perigosa. - Lana retrucou e ela viu Sam revirou os olhos - Ta bom, eu mudo então.

Ela trocou a música para “Sucker” da Charli XCX e começou a cantar em plenos pulmões (I’m a killer a now, I’m a killer. Fuck you, sucker! — Eu sou uma assassina agora, sou uma assassina. Vai se foder, otario!), fazendo Bucky, que estava sentado ao seu lado cobrir os ouvidos, mas, Lana não se importou. Provavelmente era o álcool e a raiva falando mais alto ou talvez era a presença de Sam, Steve e Bucky, mas, ela se sentia mais forte. Sentia que conseguiria enfrentar Darcy e pegar suas coisas de volta. E seu gato. E quem sabe até falar algumas verdades para Darcy e para Julian também, se ele também estivesse lá.

Ela ficou imaginando cenários em sua cabeça, desde pegar os dois no flagra novamente - pela terceira vez - a destruir as coisas de Darcy ao mesmo tempo que pegava suas próprias, e ela levaria tudo, disse a si mesma. Desde suas roupas e livros, a talheres e até mesmo o tapetinho que tinha ganho do pai quando as duas se mudaram. Darcy vai ficar sem nada, aquela filha da mãe, Lana pensou cheia de raiva enquanto os últimos acordes da música tocavam.

Steve estacionou o carro cedo demais em frente a sua antiga casa e Lana desceu, olhando para as luzes acesas e vendo o reflexo colorido da TV na janela de cortina branca.

—Vocês vem comigo, né? - ela perguntou olhando os três homens que não havia saído do carro.

Nenhum deles respondeu.

—Bucky? - ela perguntou olhando para ele. Tinha sido ideia dele, seria bom se ele fosse dar apoio moral, mas, Bucky fez que não com a cabeça.

—Você tá de brincadeira comigo, né? Primeiro você me deixa bêbada, depois me incentiva a vir aqui e nem vai ter a decência de entrar comigo? - ela retrucou em voz alta sem se importar se algum dos vizinhos, que eram na maioria famílias, sairia para ver o que estava acontecendo.

Bucky olhou para ela sem graça e ela olhou dele para Steve e depois para Sam, fuzilando cada um deles com o olhar.

—Acho muito bom vocês irem até lá comigo. - Lana falou.

—Mas… Lana, você tem que fazer isso sozinha. - Steve falou com a voz cheia de culpa.

—Ah, qual é gente? Por favor! Não me façam ficar aqui implorando! - ela pediu e fez a melhor cara de pena que conseguiu.

Bucky foi o primeiro a suspirar e sair de dentro do carro, fazendo-a dar um gritinho de comemoração. Steve e Sam o acompanharam parecendo resignados e ela marchou em direção a porta da casa, tirou a chave que havia pego antes de sair de casa de dentro do bolso, abriu e entrou.

—DARCY! - Lana gritou marchando pelo hall até a sala onde Darcy estava junto não de Julian, mas, de T’Challa, seu namorado. Ela traiu não só a mim e ainda fica ai com ele, tadinho…, Lana pensou.

—Lana? Que diabos você está fazendo aqui?! - Darcy perguntou olhando para ela assustada, T’Challa, que tinha a pele negra e era tão lindo quanto um deus ebano, se levantou também e olhou de Darcy para Lana parecendo surpreso. Seu olhar foi dela para os três homens que entraram em seguida, parecendo tão desconfortáveis quanto ele.

—Eu vim pegar as minhas coisas! - Lana exclamou sentindo uma raiva muito forte a cada momento em que olhava para Darcy.

—Você está bêbada? - Darcy retrucou tentando soar como a voz da razão, como sempre, o que deixou Lana com mais raiva ainda.

—E desde quando é da sua conta? - Lana retrucou e saiu andando para seu antigo quarto.

—Quem são vocês? - T’Challa perguntou a Sam, Bucky e Steve.

—Somos amigos da Lana. - Sam respondeu cruzando os braços e olhando de maneira desafiadora para T’Challa, que era tão alto quanto Steve.

Enquanto isso, Lana se dirigiu ao próprio quarto pegando todas as coisas que eram suas e que estavam no caminho. Ela abriu a porta e outra onda de fúria a invadiu.

Aquela filha da mãe mexeu nas minhas coisas.

Ela conferiu todas as caixas que já tinha arrumado com pressa nos dois dias anteriores a sua mudança, notando que apesar de as caixas estarem abertas e reviradas, não parecia estar faltando nada. Lana pegou outras caixas que tinha embaixo da cama, abriu e saiu jogando tudo dentro, sem diferenciar os objetos e tomando cuidado apenas com seus livros e perfumes, que eram seus itens favoritos.

Na sala, Darcy resolveu ir investigar o que Lana fazia e deixou T’Challa sozinho com Sam, Steve e Bucky. O ar era pesado e nenhum dos amigos de Lana disse nada, olhando de cara feia para T’Challa que não parecia nem um pouco intimidado.

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—Então, de onde vocês conhecem a Lana? - ele perguntou quebrando o silêncio.

—Do trabalho. - Sam respondeu secamente.

—É uma pena o que aconteceu… - continuou T’Challa para ninguém em particular.

—Você sabe o que aconteceu? - Bucky perguntou incrédulo a T’Challa.

—Bom… Sim… - ele pareceu constrangido - A Lana confessar que esta a fim de mim… Imagino como deve ser constrangedor para as duas…

—Darcy te contou isso? - Sam perguntou irritado.

T’Challa concordou com a cabeça, mas, antes que pudesse dizer alguma coisa eles ouviram gritos vindo do corredor.

—O que você está fazendo? - gritou Darcy.

—Pegando a porra das minhas coisas! - Lana gritou aparecendo na sala carregando três caixas.

Bucky correu até ela e tirou as caixas de seus braços sem dizer nada e saiu.

—Onde está o resto das coisas? - Steve perguntou.

—No quarto, terceira porta a direita. - Lana instruiu com o rosto afogueado e Steve e Sam saíram para o lugar indicado sem dizer mais nada.

—Você não pode simplesmente sair pegando tudo! - Darcy retrucou exasperada lançando um olhar a Steve e Sam enquanto eles passavam por ela - Enlouqueceu?

—Estou pegando as minhas coisas. - Lana retrucou e começou a andar pela sala pegando enfeites e DVDs.

—Isso é meu! - Darcy exclamou quando Lana pegou um elefantinho de porcelana que elas tinham perto da TV.

—Ah é? - Lana retrucou e jogou o objeto no chão, fazendo-o se espatifar em dezenas de pedaços - Não é mais.

Darcy soltou uma exclamação enquanto T’Challa olhava chocado para ela.

Lana saiu andando pela casa novamente, agora procurando por seu gato, ela o encontrou deitado em cima da geladeira na cozinha, mas, antes que pudesse ir até ele, Darcy apareceu e a puxou pelo braço.

—Lana qual o seu problema? Voce some ontem com uma mala e volta aqui bebada fazendo barraco? - ela sussurrou.

Lana já não se sentia mais bêbada, só sentia raiva.

—Você tá de palhaçada com a minha cara, Darcy? Você faz uma merda daquela comigo e ainda vem se fazer de sonsa?

—Eu não tô me fazendo de sonsa! - Darcy gritou - E por que ao invés de ficar fazendo slut-shaming comigo porque você não vai fazer escândalo com seu namorado? Ele foi tão participante quanto eu.

—O Julian é um merdinha, Darcy. O que ele fez só me fez enxergar isso. - Lana de volta - Mas, você não entende não, é? Julian era só um cara. Você era pra ser minha melhor amiga! A gente se conhece há anos! Eu confiava em você e você vai beijar meu namorado?!

—Como é que é? - T’Challa perguntou entrando na cozinha.

Lana e Darcy se viraram e olharam para ele, surpresas. Lana nem lembrava mais que ele estava lá.

—Não é nada T’Challa… - Darcy falou desesperada. Sam, Steve e Bucky havia aparecido na porta da cozinha para ver o que estava acontecendo - A Lana está bêbada, não sabe o que está falando…

Lana riu de maneira sarcástica.

—Você me disse que a Lana foi embora porque estava gostando de mim! - T’Challa exclamou, seu rosto sempre calmo agora chocado.

—Ela te disse isso? - Lana exclamou - Pois é, novidade para você, T’Challa; Eu peguei a Darcy e o meu ex-namorado se beijando há duas noites atrás. Aliás, ele estava saindo daqui hoje a tarde, aposto que eles devem ter se pegado de novo!

—Cala a boca, Lana! - Darcy gritou agora desesperada.

Lana a ignorou e foi direto para a geladeira, onde Xenophilius, seu gato preto, estava deitado olhando desinteressado a cena que se desenrolava. Ela pegou o gato no colo o que atraiu a atenção de Darcy mais uma vez.

—Eu sinto muito por você, T’Challa, mas, Darcy é uma mentirosa. E é por isso que estou indo embora. E adivinha só? Estou levando meu filho comigo!

—Você não pode levar o Xe! Ele é meu gato também! - Darcy gritou com lágrimas nos olhos.

—Ah é? - Lana retrucou com desprezo - Pois adivinha o que estou fazendo agora.

E com isso, Lana fez sinal para que Sam, Steve e Bucky - que carregavam as últimas caixas - a acompanhassem e saiu carregando seu gato no colo e se sentindo muito mais leve do que se sentira nos últimos dias.