Trilha Sonora

Prólogo


Números. Cidades. Tempo.

Eu olhava para a TV de braços cruzados, numa postura relaxada que contrastava perfeitamente com as expressões de meu rosto, com as mordidas leves que eu dava em meu lábio inferior e com as lufadas de ar que escapuliam do meu peito e saíam em forma de suspiro.

Números. Cidades. Tempo.

Eu não sabia quantificar exatamente os minutos que meus olhos estavam presos naquela tela luminosa, mas eu sabia o que acontecia ao meu redor: abraços. Abraços de despedida, outros de receptividade, de saudade, de felicidade. E eu já havia tido todos eles. Mas, olhando aqueles números, ouvindo aquela típica voz feminina e robótica ecoando num intervalo pequeno de minutos, eu não tinha tanta certeza assim de qual tipo de abraço eu teria, nem se ao menos eu de fato teria um. E sabendo desse risco, eu me mantive em pé mesmo assim.

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Porque não importava que existisse uma enorme chance de eu voltar ali e encarar uma despedida, e dar outro abraço, e deixar escapar outras lágrimas, mas nenhuma palavra. Eu continuaria pensando que ele havia optado pela alternativa em que eu não faria nada daquilo.

E vieram outros números. Outras cidades. E o tempo passou.

Mais pessoas se foram, mais pessoas chegaram.

Mas eu só queria saber de uma.