Nova York – julho de 2034

O menino apareceu logo depois do escurecer; um mundano de cerca de doze anos de idade, carregando uma carta e uma mochila, vestindo jeans, tênis e uma camiseta do Batman. Ele tocou a campainha do Instituto e falou cinco palavras antes de entregar a carta para a mulher que abriu a porta.

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— Você é a diretora daqui? – Perguntou ele.

Ela o encarou, pasma, por cerca de cinquenta segundos, e então respondeu que, sim, era a diretora do Instituto e seu nome era Clarissa Herondale, embora estivesse tão surpresa com a presença da criança ali que por pouco não falou “Fairchild”. Leu a carta em silêncio, com o garoto ao seu lado esperando pacientemente por uma resposta, e, quando finalmente abaixou o papel e olhou para ele, foi com solidariedade.

Não era sempre que uma criança se oferecia para se juntar às causas Nephilim.

— Sinto muito por sua mãe – disse ela. – Será melhor você entrar. Só poderei entrar em contato com a Clave amanhã para falar sobre seu pedido – ele pareceu decepcionado com a resposta, e ela se forçou a sorrir fracamente para animá-lo. – Se meu marido e meu amigo não devoraram toda a pizza que pedi, deve ter um pouco para você. Depois vamos te encontrar um quarto, certo?

— Tudo bem – ele falou. – Tem certeza de que não pode fazer nada sobre minha irmã?

Clary olhou para a carta que tinha em mãos e suspirou. Era mais um caso complicado, dentre tantos outros. Mas ser a diretora de um dos maiores Institutos do mundo tinha suas vantagens e desvantagens, aquela era só uma delas.

A irmã mais velha escrevera a carta, deixara o menino na frente do Instituto e partira só o Anjo sabe para onde, em busca de algo para fazer da vida depois que a mãe deles fora morta por um demônio. Não havia muito a ser feito.

— Desculpe-me – disse a mulher. – Mas não posso simplesmente obrigar sua irmã a ficar aqui. Se você concorda em se tornar um Caçador de Sombras, posso falar com o Conclave, mas assim que você ascender não poderá mais falar com ela. É nossa lei.

— Ela vai acabar fazendo alguma besteira se estiver sozinha por aí.

— Tenho certeza de que ela não estará sozinha. Existem muitas pessoas que ajudam mundanos com Visão por aí.

— Eu sei – ele passou a mão pelos cabelos pretos ansiosamente. – Uma amiga falou que vai ajudar ela. Elas fazem besteiras maiores quando estão juntas.

— Se continuar se preocupando assim com sua irmã, vou começar a pensar que o mais velho é você – Clary comentou, sem conseguir evitar.

Ele olhou para ela, não como se fosse um adolescente olhando para o diretor do colégio, mas como um jovem em suas últimas esperanças procurando ajuda em um rosto familiar. Fazia muito tempo que ela não via aquele olhar em alguém; as semelhanças a acertaram como um tijolo e, involuntariamente, a ruiva recuou um passo.

— Não é bem assim – o menino falou. – Ela já passou por problemas demais. Se ela fizer mais alguma coisa errada, não vai parar num Centro de Detenção Juvenil, vai parar numa penitenciária. E eu sei que ninguém vai fazer nada para ajudar quando isso acontecer.

— Então por que aceitou que ela te deixasse aqui? – Indagou ela.

— Porque eu não posso fazer nada sozinho – ele respondeu.

Clary respirou fundo, lembrando-se da última Ascenção na qual realmente apoiara alguém. Simon nunca conseguiu se despedir da família e eles fizeram tudo que podiam para manter contato, embora as Lewis não pudessem ir para Idris em ocasiões como o casamento ou o nascimento do filho de Izzy. Valia à pena tentar.

— Vou fazer o que posso, mas prometa que não vai deixar ninguém saber se eu passar por cima das leis enquanto procuro por ela.

Ele ergueu as mãos e falou:

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— Eu prometo.

— Certo. Qual é seu nome?

— Lucas Marshall. Minha irmã é Lianne Marshall.

— Então, Lucas, vamos ir com calma e dar um jeito em tudo isso a partir de amanhã, sim? Por enquanto vamos ver se meu marido não comeu toda a pizza, porque, se isso aconteceu, vou obrigá-lo a cozinhar algo para você.

A piada absurdamente fraca foi o suficiente para fazer o garoto sorrir, como prova de em que situação ruim ele se encontrava. A diretora do Instituto de Nova York não pôde deixar de imaginar que havia perdido a chance de ver aquele tipo de sorriso infantil e inocente no rosto do próprio filho por causa do que havia acontecido.