Meu destino é você.

Chapter #13


A chuva ainda caia impiedosamente do lado de fora. Estava parada perto da janela do meu quarto na mansão Ventura, olhando para o lado de fora. Fixei meus olhos no centro do quintal onde tinha diversas espécies de flores enquanto repassava os últimos acontecimentos da minha vida, tudo que me levou a sentir algo por Eduardo.

Foi tão rápido que não consigo distinguir se é um sentimento real ou se estou apenas confundindo as coisas. Talvez eu esteja apenas encantada por ele, admirada pela forma que ele me trata. Ou seja mesmo um sentimento verdadeiro que começou devagar e agora está ganhando grandes proporções, de uma forma que não consigo controlar.

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Eu não faço a mínima ideia do que sinto, não sei como explicar, se estou confusa ou apaixonada, é complicado demais. Sentimentos sempre foram complexos pra mim. Minha vida que era toda organizada agora está de pernas para o ar, uma verdadeira bagunça e nem sei por onde começo.

Tenho medo que as coisas comecem a ficar complicadas entre Eduardo e eu. Não posso me dar ao luxo de sentir algo por um homem que nunca vai sentir o mesmo por mim. E ainda tem os garotos, eu me apeguei a eles e não quero que meus sentimentos atrapalhem meu convívio com os pequenos. Eu os amo como se fossem da minha família.

— Ei querida.

Dei um pulo, me assustando com a voz que irrompeu o silêncio do meu quarto. Meu coração quase saltou pela boca. Viro-me e vejo Carolina parada na soleira da porta.

— Desculpe lhe assustar, meu bem. — disse, dando passos até mim. — Aconteceu alguma coisa? Você parece tão pensativa.

Eu dou um sorrisinho amarelo. Não quero que logo Carolina note o quanto estou abalada.

— Eu estou bem.

— Que bom. — ela retribuiu meu sorriso. — Acho que precisamos discutir algumas coisas sobre o aniversário do Bruno. — acrescenta. — Eduardo lhe comunicou?

— Sim.

O sorriso de Carolina se abriu ainda mais.

— Você sabe que Eduardo vai fazer essa festa surpresa para o Bruno por causa de você né?

Comentou, com um brilho de segundas intensões nos olhos.

— Por causa de mim?

— Sim, Alana.

Ela sentou-se na borda da minha cama e bateu no colchão, me convidando a sentar ao seu lado, como se fosse começar uma longa conversa. Mesmo confusa me sentei ao seu lado, endireitando meu corpo para que ficasse de frente para ela.

— Eduardo acha que com você aqui, Bruno vai voltar a se divertir no aniversário dele. — começa. — Eduardo deve ter lhe falado sobre a tia louca dos meninos. — fiz que sim com a cabeça. — Aquela vadia.

Arregalei os olhos ao escutar o xingamento proferido por Carolina, ela, por sua vez começou a rir como se fosse a coisa mais normal do mundo. Ah minha nossa, até Carolina eu adoro. Devo ter uma espécie de ligação com essa família, porque me sinto tão próximo deles.

— Ela merece esse xingamento. — disse. — Aquela mulher fez um mal danado para Bruno, Diego e também Eduardo ao acusá-los de terem tirado Maria Fernanda dela. A vadia nunca gostou da irmã, sempre acusou a Nanda de roubar tudo que era dela. Ô mulherzinha do capeta. Uma louca varrida!

Carolina acabou notando que estava mudando o foco do nosso assunto principal, então respirou fundo e voltou a sorrir.

— Mas então, logo esse ano, que você entrou nas nossas vidas, trazendo uma luz especial, um jeitinho encantador que pertence somente a você. — ela colocou a mão sobre a minha. — Eduardo quer comemorar o aniversário do Bruno.

— Acredito que não tenho nada a ver com isso.

— Ah meu bem. — ela suspirou. — Eu vou adorar ver de camarote o dia que vocês dois perceberem.

Carolina se levantou e me olhou.

— Agora vamos para o escritório de Eduardo, preparar as coisas para a festinha do Bruno.

Entramos no escritório de Eduardo e ficamos lá por horas discutindo os preparativos para a festa de 6 anos do Bruninho que será no próximo sábado. Cecília não pôde comparecer, mas nos ajudou passando telefones de decoradores e buffet. Agora estou bastante empolgada e até consegui esquecer de Eduardo.

Carolina ficou no escritório fazendo algumas ligações e eu tive que sair, já estava na hora de pegar os meninos no colégio. Quando cheguei a escola tive que esperar alguns minutinhos o Bruno ser liberado. Quando o pequeno me viu seus olhinhos brilharam e ele correu me abraçar.

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— Eu pensei que o papai tinha lhe dado uma bronca e você tinha ido embora para sempre. — resmungou. — Eu ia sentir tanta falta sua.

— Eu nunca vou embora, Bruno. — ele sorriu e beijou minha bochecha.

— Promete?

— Sim.

— Promete de dedinho? — eu sorri e assenti.

Acabamos enlaçando nossos dedinhos menores. Porque promessas de dedinhos nunca podem ser quebradas.

Depois do momento fofura com Bruno, partimos juntos esperar Diego sair da sala de aula. Quando o sinal tocou o outro garotinho saiu da sala de aula e me procurou, abriu um lindo sorriso quando me enxergou e correu na minha direção.

— Nana. — ele me abraçou. — O papai não demitiu você?

Esperei mesmo que com Diego as coisas fossem mais sérias. Apesar da pouca idade ele já é bem maduro para algumas coisas.

— Ele gritou com você e ele só grita quando está bravo. — acrescentou. — Eu fiquei com medo que ele te demitisse por causa de mim. E hoje de manhã você não chegava.

Uma lágrima escorreu pela face de Diego. Acabei por largar Bruno no chão e me agachar na frente do mais velho. Segurei seu queixo e dei meu melhor sorriso, mostrando que estava tudo bem, acalmando meu menino.

— Eu jamais aceitaria ficar longe de vocês. — falei. — Lutaria, imploraria para continuar no trabalho. Porque vocês são muito importantes para mim.

Dei um abraço apertado em Diego e puxei Bruno junto, abraçando os dois. Incrível como me senti completa naquele abraço. Voltamos para casa depois desse momento perfeito em que me derreti ainda mais pelos dois pequenos. Os dois almoçaram com a avó, Eduardo acabou não aparecendo, apenas ligou para Carolina dizendo que tinha um imprevisto.

Depois do almoço os garotos tinham natação e judô. A tarde passou tão rápido que quando percebia meu expediente já estava chegando ao fim. Ajudei os garotos a tomarem banho, fiz um lanche para eles e depois que lancharam foram para o quarto fazer as atividades da escola. Carolina ficou com eles e Eduardo nem havia dado as caras desde cedo.

Arrumei minhas coisas e despedi-me dos garotos e de Carolina. Infelizmente minha picape havia ficado em uma mecânica que faz revisão todos os meses nos carros de Eduardo. Talvez dessa vez ela fique melhor. Mas Ronaldo acabou me dando uma carona e disse que Eduardo tinha o ordenado fazer isso todos os dias até minha picape estar apta para não me deixar na mão. Isso acabou me deixando feliz, porém tentei esquecer o calor que sinto toda vez que penso em Eduardo.

Quando cheguei em casa encontrei Jen assistindo televisão. Fiquei até surpresa quando a vi sozinha, sem Caio ou qualquer outra pessoa. Faz tempo que não temos um momento de amigas como os de antes, acabamos nos vendo pouco agora que ela começou a namorar Caio, e estou sentindo falta da minha amiga.

— Pensei que eu estava morando sozinha nesse lugar. — falei, fazendo um drama.

Me joguei ao seu lado e sorri. Minha amiga ajeitou a postura e me encarou séria, como se já soubesse tudo que me afligia.

— Vamos lá, Alana. Comece.

Agradeci mentalmente por minha amiga estar ali, disposta a me ouvir e me dar concelhos que apenas ela seria capaz de dar. Acabei contando tudo, não deixando passar nada e Jennifer me escutou como uma boa e verdadeira amiga. Quando eu terminei acabei me sentindo melhor, mais leve por ter contado tudo para alguém a quem confio muito.

— Então você gosta dele?

— Eu não sei.

Jen ponderou.

— Mas o que você sente quando está perto dele?

— Um frio na barriga. Eu fico ofegante, meu coração acelera. Às vezes, quando ele está perto demais eu sinto vontade de beijá-lo.

— E por que não beija? — arqueio as sobrancelhas e ela sorri. — Você por acaso nunca beijou um homem?

— Não é hora de trocadilhos, Jen. — rebato. — Você conhece toda minha vida amorosa. Desde os meus 11 anos quando me apaixonei pelo Willian que estudava na nossa classe.

— Verdade.

— Eu não vou colocar meu emprego em risco e acabar fazendo algo que eu me arrependa. Amo os garotos e não quero acabar tendo que me afastar deles.

— Eu sei. — ela disse. — Mas você precisa descobrir o que sente de verdade.

Depois da minha breve conversa com Jen, breve mesmo, já que ela precisava trabalhar e eu ir para faculdade, fui para meu quarto, arrumei minhas coisas e tomei um banho. Ainda tinha a faculdade e hoje terei que usar o transporte publico que é um verdadeiro inferno.

[...]

A terça feira demorou a passar. Mas agradeci por não ver Eduardo em nenhum momento do dia, ainda estava muito confusa e vê-lo não era saudável. Bruno parecia triste e Diego tentava animar o irmão inventando novas brincadeiras. Carolina passou o dia inteiro com os netos, mas nem sua presença alegrou o caçula.

Na quarta, Bruno parecia ainda mais triste. Ele ficava o tempo todo concentrado em seus desenhos, ou assistindo televisão. Não vi Eduardo em nenhum momento do dia e Carolina disse que o filho teve que viajar para São Paulo e só voltaria na quinta feira, devido isso tive que passar a noite na mansão. Foi uma noite inquieta, apenas dei alguns cochilos e quando não aguentei mais a escuridão do quarto fui para o quarto dos meninos e deitei no sofá, acabei por adormecer.

A quinta foi o dia mais movimentado da mansão. Enquanto os meninos estavam na escola a decoradora e seus funcionários fizeram uma visita a mansão, para conhecer o espaço em que seria a festinha de Bruno. E Carolina resolveu fazer algumas mudanças na casa, mudar alguns quadros e jogar algumas coisas foras, eu fui sua ajudante.

Fiquei surpresa quando Ronaldo disse que minha picape havia acabado de voltar do reparo. Corri para a frente da mansão, onde minha lata velha me aguardava, ela estava impecável, com a pintura nova, embora a cor continuasse a mesma e Ronaldo garantiu que as peças eram potentes, apesar de já serem usadas. Mais tarde recebi uma mensagem de Eduardo, dizendo que eu não precisava mais me preocupar, pois a picape estava como nova e que ele também não se preocuparia toda vez que eu partisse para casa. Achei tão fofo toda sua preocupação comigo.

Bruno continuava triste e acabei percebendo o motivo, era o aniversário que estava se aproximando. Sei que isso lembra a mãe que ele nunca conheceu, que morreu no dia do seu nascimento, deve ser muito triste para ele comemorar. Ao mesmo tempo que é uma data para ser comemorada é uma data triste para ele. Ainda mais depois do que a tia louca dele falou. Sinto tanto ódio dessa mulher e olha que nem a conheço.

A viagem de Eduardo acabou se estendendo e ele só voltaria para casa na sexta feira, e eu tive que passar mais uma noite na mansão. É claro que não era problema para mim, ficar com os garotos era incrível. Eu até consegui arrancar umas gargalhadas de Bruno à noite, fazendo cócegas em sua barriga, Diego foi meu cumplice e nós assistimos filmes até tarde, com uma condição, eles não contariam nada para Eduardo.

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Os meninos acabaram adormecendo no tapete do chão, então tive um trabalhão para levá-los para a cama. Não conseguia dormir, então desci para a cozinha e preparei um chá. Fiquei perambulando pela casa e quando me dei conta estava no quarto de Eduardo, sentindo o perfume que fluía do seu closet.

Olhei ao redor. O cômodo era menor que o quarto dos garotos e maior que o meu. As paredes eram em um tom bege e as cortinas da janela eram vermelhas. A cama estava perfeitamente arrumada, assim como qualquer outra parte do quarto. Adentrei o banheiro, estava limpo e cheirava a colônia de Eduardo. Eu fechei os olhos, sentindo um arrepio percorrer todo meu corpo. Malditos sentimentos. Saí rapidamente daquele lugar antes que ficasse ainda mais maluca.

Não consegui dormir no meu quarto novamente, me sentia sufocada e inquieta, então fui para o dos garotos. Sentei-me no sofá e fiquei observando-os até pegar no sono e acabar dormindo.

Acabei desperta por um toque suave no ombro, dedos grossos e ásperos percorreram meu maxilar e subiram até minha bochecha, eu me deliciei com o toque, era tão intenso e sutil ao mesmo tempo. Mas então o toque se afastou e eu escutei um suspiro exasperado, longo e contido. Não queria abrir meus olhos porque tive a impressão de que era apenas um sonho e se acabasse acordando tudo ia embora.

Os dedos voltaram, dessa vez tocando minha têmpora e descendo para trás da minha orelha, um arrepio gostoso se instalou sobre minha pele. Era uma sensação boa, e eu não queria que acabasse. Escutei outro suspiro e de repente tudo foi embora. Meu sonho acabou e alguém balançou meu ombro.

— Alana.

Eu reconheci a voz no mesmo instante e temi estar sonhando com ele. Na verdade eu não sabia se era bom ou ruim sonhar com Eduardo. Mas acabei tendo uma certeza, independente se fosse ruim ou bom eu queria que sua imagem invadisse meus sonhos todas as noites se possível.

Novamente balançaram meu ombro, então, preguiçosamente abri meus olhos, encontrando incríveis olhos castanhos, um rosto perfeito e lábios apetitosos. Era Eduardo e ele estava sorrindo para mim. Acabei sentando-me rapidamente, tentando manter uma distância razoável dele.

— Desculpe lhe acordar. — murmurou. — Eu já acordei os meninos e eles já estão prontos para tomar café.

— Eu acabei perdendo a hora. — falei, levantando-me. — Vou arrumar o lanche e a mochila deles.

— Eu já fiz isso. Não precisa se preocupar.

Encarei Eduardo de pé a poucos centímetros de mim. Olhei para sua mão e senti calafrios. Será mesmo que eu estava sonhando ou ele estava me tocando de verdade? Em um momento os toques foram tão reais, os suspiros e a reação do meu corpo. Foi real, não foi um sonho e nem fruto da minha imaginação. Ele realmente me tocou, ainda posso sentir o formigamento sobre minha pele.

Tentei ignorar o que sentia. Respirei fundo.

— Então eu vou arrumar as camas.

Virei e segui na direção das camas. Mas longos dedos deslizaram pela extensão do meu braço e seguraram meu pulso. Com um pouco de força Eduardo me puxou e eu girei, ficando frente a frente com ele. Não estávamos tão próximos e nem tão longe, mas foi o suficiente para eu escutar sua respiração acelerar em compasso com a minha.

Por um momento, uma fração de segundo eu pensei que ele ia me beijar. Eu lambi meus lábios, sentindo minha pulsação acelerar e meu corpo reagir ao seu olhar intenso que caia sobre mim. Porra, meu corpo está me sabotando. Fitei a boca entreaberta de Eduardo. Por mais que eu desejasse seu beijo não podia, era errado. Então, puxei meu braço, fazendo-o me soltar.

— Você não precisa arrumar as camas agora. — disse. — Precisa se alimentar. — acrescentou, encarando meus olhos. — Vamos. Toma café com a gente?

— Mas... eu...

— Por favor, Alana. — implorou. Um nó apertou minha garganta, eu não conseguiria negar nada a ele naquele momento. — Vamos?

— Tudo bem. Eu já desço.

Eduardo esboçou um sorriso encantador, fazendo-me pensar que não tinha forças o suficiente para dizer não a ele logo pela manhã. Ele foi embora dizendo que estavam me esperando na cozinha. Fui para o meu quarto e tirei o pijama, vesti meu uniforme e depois lavei o rosto e escovei os dentes, então desci. Os três estavam me esperando, todos sorriram quando me viram. Sentei-me ao lado de Eduardo, era o único lugar vazio já que a mesa está posta apenas na ponta.

Me senti um pouco desconfortável por estar tomando café com eles. É estranho, eu sou a empregada e Eduardo o patrão, é realmente estranho estar tomando café com ele sentado ao meu lado. Sem contar com os olhares dos outros funcionários. Olho para Eduardo com o canto dos olhos e ele está tomando um gole de café, logo a xicara é devolvida para a mesa e ele olha para os filhos.

— Então, o que vocês fizeram ontem?

— Guerra de travesseiros. — respondeu Diego.

— Depois a gente assistiu filme. Mas a gente foi dormir bem cedo. — completou Bruno, me olhando. — E não comemos chocolate.

Eduardo olha para mim e um sorriso divertido ganha vida em seus lábios. Eu suspiro. Ele é tão encantador, charmoso e sexy, e tudo isso logo pela manhã.

— Isso é verdade, Nana?

— Sim. Eles foram dormir cedo. — respondo. — E não comeram chocolates.

Os meninos voltam a prestar atenção no bolo de fubá e eu abaixo a cabeça. Não tenho coragem de Olhar para Eduardo, parece que ele consegue ler tudo que se passa na minha cabeça, parece que ele sabe o quanto me desmonta inteira quando sorri ou sabe também o quanto mexe comigo.

— Sei que estão mentindo.

Eduardo murmura perto do meu ouvido. Eu me arrepio toda e ergo meu rosto, fito seus olhos e por um momento seus lábios sujos de manteiga. Dou um sorriso e ele retribui em seguida. Os meninos estão alheios a esse momento. Ninguém está olhando para nós dois. Me aproximo ainda mais dele e pego seu guardanapo. Não sei da onde consigo tirar coragem, mas quando percebo estou limpando a manteiga da sua boca. Seu sorriso sumiu dando lugar a uma expressão surpresa.

— Estava sujo de manteiga. — murmuro, lhe devolvendo o guardanapo.

Percebo que Eduardo está envergonhado. E acho isso tão fofo. Não consigo parar de encarar seus olhos, nem ele os meus.

— Você sabe que não precisa me tratar como um garotinho de oito anos, não é?

— Não?

— Sou um homem, Alana. E quando você faz isso não ajuda nenhum pouco. — diz, levanta-se e se retira da cozinha.

Espera, eu não entendi direito, o que ele quer dizer com isso? Ele ficou bravo só por que limpei a manteiga dos seus lábios. Que mal tem isso? Foi natural e sem intensões de fazê-lo ficar bravo.

Levanto-me. Os meninos já terminaram. Mando os dois irem escovar os dentes. Eles saem correndo e eu os sigo. Quero falar com Eduardo, pedir desculpas e falar que aquilo não vai se repetir. Bato na porta do escritório, sei que é ali que ele está. Quando não me responde, resolvo entrar sem sua permissão mesmo.

Ele está de costas, parado em frente a janela do seu escritório. Olho para seus braços, as costas largas e a bunda redonda, céus, ele é tão gostoso. Não é fácil manter o foco e a sanidade desse jeito. Mas me recomponho. Dou alguns passos, parando em frente a sua mesa de trabalho. Ele sabe que estou logo atrás dele, posso ver sua respiração mudar.

— Desculpe. Não pensei que fosse ficar irritado.

— Não estou irritado. — ele se vira e me encara da cabeça aos pés. Sinto o calor do seu olhar queimar minha pele. — É que há dias eu estou tentando me controlar. Mas sinto que estou perdendo o controle. Céus, você é tão

Ele para e eu me mordo de curiosidade.

— Tão o que?

— Acho que meus filhos estão precisando de você.

— Não agora. Eles estão escovando os dentes. — cruzo meus braços e não consigo entender de onde veio tanta coragem. — Tão o que, Eduardo? — indago. Ele resiste. — Tão gorda?

— O quê? — e me encara. — Não. Você entendeu errado. Por Deus, eu nunca pensaria isso.

— Então o quê?

— Naná. — Diego entra no escritório. — Já escovamos os dentes.

— Que bom. — digo, passando a mão pelos cabelos de Diego.

— Eu preciso ir para a agência.

Não acredito que ele não vai me dizer nada. Vou ficar o resto do dia pensando nisso. Eduardo passa por Diego e dá um beijo em sua testa, me diz um até logo e depois beija a testa de Bruno, então se retira. Fico sem saber nada. Então, levo os garotos para a escola e fico a manhã inteira pensando no que Eduardo pensa de mim.

[...]

Hoje é sexta feira e os meninos estão livres de atividades. É um dia livre para eles fazerem o que bem entenderem, quer dizer, dentro do limite do que uma criança pode fazer. Então depois que eles almoçassem podiam fazer o que quisessem. Diego quis jogar vídeo game, porque mesmo estando calor o tempo havia virado e estava chovendo, sem possibilidades de brincar no quintal. Já Bruno subiu para o quarto pegar seu caderno para desenhar. Ele continuava triste e parece que nem a sexta feira livre o alegrava.

Queria fazer algo para mudar aquilo. Mas não tinha a mínima ideia do que fazer. Não quero falar sobre sua mãe, não quero dar uma de psicóloga. Quero alegra-lo de verdade, não dar a espécie de morfina para ele. Quero tirar qualquer tristeza que o aflige.

Sentei ao lado de Bruno no sofá. E olhei seu desenho. Era desenho de uma criança de 5 anos, pessoas feitas de palitos, casas tortas, árvores que não pareciam árvores e pássaros no céu. Bruno ficou quieto e continuou desenhando. Depois de algum tempo resolvi tirar o caderno dele e desligar o vídeo game de Diego.

— Venham comigo.

Segui para a cozinha e eles me seguiram. Abri a porta, estava chovendo forte. Perfeito para uma brincadeira na chuva. E embora estivesse chovendo forte o clima era agradável para um banho de chuva. Tirei meus sapatos e saí para fora, corri até o jardim e os dois vieram atrás de mim. Corremos pelo jardim com a língua para fora sentindo o sabor da chuva, sentindo-a molhar nosso corpo inteiro.

Não demorou muito para Bruno começar a dar risada e correr com os braços abertos pelo jardim. Ele dava aquelas gargalhadas que eu amo escutar. Bruno estava feliz novamente, eu havia conseguido. Meus meninos estavam felizes e eu também. Na tinha nada melhor do que ver os dois se divertindo e sorrindo.

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