Private Collections: Beauty and Rage

"Voltando para casa, venha se abrir."


6.

Escrito por G. de Oliveira

Japão, 1943

Dezembro — Natal

Desde que chegara ao Japão, não passou por momento mais agitado do que aquele. Nos últimos dias, Kushina havia entrado em total desespero, correndo de um lado a outro e discutindo sobre listas que deveriam ser cumpridas o mais rápido possível. Logo se lembrou de que estavam em pleno Natal, e juntamente com isso, toda a agitação advinda da Uzumaki.

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Tradicionalmente, no Japão, não se comemora o Natal; é um fato. No entanto, Kushina havia insistido para que realizassem um jantar para comemorar. Ele sabia que a razão era sua volta, mesmo que considerasse tudo muito desnecessário. Ainda assim, havia mais um motivo que ele veio descobrir alguns dias antes do jantar: o aniversário de Hinata aconteceria em breve e este sim seria motivo de uma festa. Por algum motivo, ele não sabia o que fazer diante de tal fato. Em especial depois de uma conversa muito intimidadora com sua mãe.

— Né, Naruto-chan, o aniversário da Hina-chan está chegando. — começou ela, calmamente, enquanto secava a louça.

— Ah, é? — perguntou ele surpreso, parando de esfregar o prato em suas mãos.

— Sim. Será dia 27 de dezembro, e é claro que devemos fazer uma grande comemoração. — fez uma pausa. — Talvez não tão grande, porque ela não gosta, mas precisamos fazer.

Naruto voltou a focar-se nos pratos que ainda teria de limpar, ainda que não tivesse tirado de sua mente o que sua mãe acabara de dizer. O aniversário da Hyuuga era uma data muito importante para ele, com certeza. Era a data de nascimento da pessoa mais pura, doce e corajosa que havia conhecido. Queria poder fazer algo por ela.

— Então, — começou. — o que faremos?

A pergunta fez um sorriso travesso e enorme surgir nos lábios da Uzumaki. Ela sabia muito bem de toda a química e os sentimentos que os dois tinham um pelo outro, por isso estava se empenhando para que eles pudessem tornar seus laços ainda mais fortes. O que ela mais gostava era poder admirar o brilho que surgia nos olhos dos dois quando se viam, e também a forma como ficavam quietos admirando um ao outro.

— Nós não comemoramos o Natal como tradicionalmente se faz no ocidente, mas eu gosto de sempre reunir a família e fazer um jantar na noite do dia 25. Portanto, este ano não será diferente, mas acrescentarei uma coisa. — fez uma pausa. — Quero que você viaje com ela.

— Por quê? — questionou assustado.

— Porque é o tempo de vocês descansarem um pouco e também vai nos dar tempo de organizar a merecida festa da Hina-chan. — sorriu fazendo uma pausa. — Aproveite bastante. Eu já comprei as passagens e este será o meu presente de Natal para vocês dois.

O loiro estava com os olhos arregalados, afinal de contas não esperava sair por aí tão cedo. Sabia que o problema com Madara estava sendo encoberto e, dessa forma, não havia tanto perigo, no entanto não pensava em se arriscar muito.

— Tem certeza, kaa-san? Quero dizer, não seria perigoso?

— Ei, gaki*. — disse em tom de advertência. — Você acha que eu colocaria vocês dois em perigo depois de tudo que nós passamos? Não seja bobo. Eu já planejei tudo. Seus padrinhos virão busca-los e vão cuidar de vocês perfeitamente. Além do mais, Shirakawa-go** é discreta, ninguém vai desconfiar de nada.

Naruto sentiu-se um pouco envergonhado com a desconfiança que jogou sobre Kushina, mas não conseguia evitar. Ainda estava sob os efeitos da Área Sete e, consequentemente, acabava se tornando uma pessoa de extrema desconfiança, sempre se esquivando. E em se tratando de Hinata, tudo piorava, porque sabia que devia muito a ela, e nunca, de forma alguma, gostaria de coloca-lo em perigo de novo.

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— Tudo bem. Se você garante a nossa segurança, então tudo bem. — murmurou em concordância o que resultou em um sorriso enorme de Kushina.

— Isso mesmo, gaki. Ainda temos alguns dias até lá, então vá se preparando. É sua chance de agradecer tudo que a Hina-chan fez por nós, mas especialmente por você, né.

Desde então, Naruto estava com isso em mente, o que resultou em uma extrema ansiedade, algo que ele desconhecia até então. Os dias foram passando normalmente, com a exceção de que mal via Hinata e Kushina, sempre correndo de um lado a outro com alguma atividade a mais para cumprir. Presentes, comida, decoração; ele ficava agoniado com tanta correria.

Assim se estendeu até o dia 24 de dezembro, quando a campainha tocou pouco antes do almoço. Naruto estava conversando com Hiashi sobre alguns detalhes do processo de Madara, mas teve de aguardar o mesmo voltar com as visitas. Kushina já havia avisado que seu padrinho e sua madrinha viriam, mas não tinha se lembrado disso até o momento em que os viu. O que era incrível era o fato de que os reconheceu de imediato.

— Naruto. — chamou a mulher, Tsunade, loira e alta com muitas lágrimas nos olhos. — Você voltou mesmo.

O rapaz, ainda um pouco sem graça, levantou-se e apenas assentiu. Após um silêncio constrangedor de dois minutos, Tsunade finalmente se mexeu e abraçou o afilhado com todo o carinho e a saudade que guardava no peito. As lágrimas caíam involuntariamente, derrubando toda a sua postura de mulher durona e inabalável. Ela bem sabia toda a dor e a aflição que sofreu com seu afilhado longe de si, assim como a vontade de explodir todo o mundo para que trouxesse Naruto de volta para casa.

— Tsu, deixe o menino respirar. — disse Jiraya com sua voz grossa e imponente ecoando por toda a casa. — Não quer mata-lo logo agora que o temos de volta, não é mesmo?

Apesar do tom brincalhão, Tsunade o fuzilou com os olhos de forma que o homem ficasse quieto imediatamente e quase se escondesse atrás de Hiashi — este que mantinha um pequeno sorriso nos lábios. Eram uma família, afinal de contas, a melhor que poderia existir.

— Calado, Jiraya. — disse trincando os dentes.

— Yare, yare. — disse Jiraya suspirando. — Dê licença; também quero abraçar meu afilhado.

Apesar de estar envergonhado, Naruto gostou do que via. Eram seus padrinhos, duas pessoas importantes para si, pessoas que ele sabia amar e que fariam de tudo por ele. Gostaria de poder dizer que faria o mesmo por eles — e talvez por isso tenha abraçado Jiraya com tanta força e carinho. Não lembrava perfeitamente deles, mas mesmo assim, eles eram sua família.

— Sentimos sua falta, Naruto. — sussurrou Jiraya. — Sinceramente, eu não sabia mais o que fazer com as mulheres dessa família. Mulheres e seus corações partidos.

— O quê? — perguntou confuso.

— Você tem quatro mulheres em sua vida, todas com o coração partido. Hora de conserta-los, não é mesmo? — brincou enquanto se afastava do afilhado.

Naruto não entendeu perfeitamente o que Jiraya havia dito, afinal de contas, as mulheres que conhecia eram Hinata, Kushina e Tsunade. Havia mais uma? Bom, poderia haver, mas ele só a veria mais tarde, porque aparentemente não estava lá. Quando pensou em perguntar do que ele estava falando, Kushina logo apareceu para começar uma conversa animada e escandalosa com Tsunade e Jiraya. Tudo que o loiro pôde fazer foi observar e rir, vez ou outra.

As horas, dali em diante, passaram com um piscar de olhos e quando viram já era dia 25. Pelo que havia ouvido, Hanabi e Neji chegariam a tempo de participar do jantar se dessem sorte de não enfrentar um terrível tráfego pela cidade, portanto tudo que o resto da família poderia fazer era preparar tudo e esperar. Naruto se esforçou para ajudar no que pudesse, mas as mulheres daquela casa pareciam focadas demais no que faziam para prestar atenção nele.

Enquanto esperava o jantar estar pronto, Naruto ficou no quarto, observando o dia ser trocado pela noite. O Inverno estava começando e as primeiras nevascas já surgiam. Para ele, era um fenômeno incrível, toda aquela brancura que caía do céu e se firmava no solo, criando camadas e mais camadas de neve. Era um espetáculo belíssimo de se ver, e ele sabia que poderia fazer isso por dias e mais dias, sem parar.

Sua atenção foi desviada por uma batida na porta. — Entre.

Lentamente, a porta foi se abrindo e revelando uma cabeleira azulada e olhos perolados — que, por sinal, brilhavam como ele não se lembrava de ter visto antes. Naruto ficava feliz em saber que Hinata estava feliz, porque era isso que importava. Ela valorizava a família que tinha e tê-la toda reunida era precioso.

— Tudo bem? Você desapareceu.

— Hm. Não sabia o que fazer por lá. — fez uma pausa e virou-se novamente para a janela. — Estou observando a neve. É um fenômeno interessante.

A Hyuuga aproximou-se até estar ao lado do loiro. O reflexo de ambos estava no vidro da janela que impedia a neve de entrar. Observando-os assim, a morena, pela primeira vez, parou para pensar em como eles havia crescido e mudado durante aqueles anos. Ela nunca havia se preocupado com sua aparência nem pensou no que via diante do espelho, porém ali, naquela noite fria e doce, finalmente reparou.

Naruto se tornou um homem alto, muito bonito, é claro, porém era sério e usava sempre palavras polidas e contidas. Sorria vez ou outra — porém nada se comparava quando era menino, aquele que vivia aprontando e deixando os pais com os cabelos em pé de preocupação. Ele havia mudado tanto com aquelas marcas em sua alma e coração. Já ela, era uma mulher completa, a adulta que ela nunca imaginou que seria, e apesar de estar com seus cabelos desgastados e uma aparência de pleno cansaço, era bonita sim, encantadora, e havia aprendido a amar aqueles olhos perolados que todos consideravam uma aberração.

Eles eram um contraste berrante: Naruto com todas aquelas cores quentes e chamativas (o amarelo de seus cabelos e os azuis de seus olhos) e ela com aquelas mais frias e contidas (o negro-azulado de seus cabelos e os brancos de seus olhos). Ainda assim, ela gostava do que via, de todas essas diferenças, porque se pareciam com um quebra-cabeça ou uma tela branca onde todas essas cores se juntavam e formavam um novo mundo.

Sem que percebesse, ela já havia entrelaçado sua mão na dele e deitado sua cabeça sobre o ombro dele. Naruto desviou o olhar para os dela que ainda refletiam-se no vidro. Realmente, eram olhos lindos e vibrantes, aqueles que perscrutavam sua alma com tanto amor e carinho, tomando todo o cuidado para não machuca-lo. O loiro virou sua cabeça para inalar o cheiro de Hinata, aquele cheiro que ele adorava sentir quando eles estavam próximos daquela forma.

— Eu estou tão feliz, Naruto-kun. — ela murmurou sorrindo. — Ter nossa família completa assim. Claro que seria muito melhor com o seu otou-san e minha kaa-san aqui, mas foi por causa deles que estamos juntos. Espero que eles estejam tão felizes quanto nós.

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Apesar de não ter memórias claras sobre seu pai, Naruto gostava da sensação em seu peito quando ele era citado nas conversas com Hinata. E também gostava de como aquela noite estava sendo tão boa, com aquela sensação de acolhimento, de finalmente estar em seu lar, o lugar de onde não deveria ter saído.

— Também estou feliz, Hina. — murmurou de volta. — E espero que todos os próximos dias sejam assim.

Sorridente, e com as bochechas coradas, a Hyuuga ergueu a cabeça. — E serão, Naruto-kun. Eu prometo.

Talvez por isso gostasse tanto de Hinata. Ela tinha aqueles olhos perolados doces e amorosos. Quando mergulhava neles, sentia-se forte e mais humano do que nunca. Não sabia se era por que tinham um passado juntos, mas gostava quando ela o olhava daquela forma, como se fosse tão precioso quanto o oceano.

— Ah! Tenho algo para te mostrar. Só um momento. — ela disse antes que saísse em disparada do quarto.

Alguns minutos depois, Hinata voltou sorridente com ares de nostalgia e um pedaço de papel em suas mãos. Posteriormente, ele identificou como sendo uma fotografia. Nesta, estavam ele, Hinata e mais duas crianças — uma delas com cabelo incrivelmente rosa. Era Verão, portanto estavam todos com roupas mais folgadas e sorridentes. Logo atrás, via-se uma praia muito bonita.

— Foi nossa primeira vez na praia. — ela esclareceu. — Foi emocionante, e é claro que tivemos problemas, porque o Naruto-kun resolveu desaparecer. Kushina-san ficou desesperada.

Mesmo não se lembrando disto, Naruto sorriu. Enquanto Hinata falava, seu coração se aquecia com carinho e saudade. Ele não imaginava que pudesse se sentir tão bem com tal relato, mas queria realmente se lembrar de tudo, por conta própria.

— Quem são esses? — perguntou apontando para as outras crianças.

— São seus melhores amigos, mas você os verá em breve. Não se preocupe. — disse sorrindo. — Aliás, você tem muitas pessoas para reencontrar.

Ele apenas assentiu e guardou a foto após Hinata dizer que poderia ficar com ela. Aquilo o fez querer poder ver outras fotografias que ele tinha certeza que havia na casa. Fez um esforço para manter isso em mente e não se esquecer de falar com Kushina e Hinata. Sabia que suas memórias não voltariam instantaneamente, porém mantinha a esperança de que pudesse aciona-las em sua mente.

Estavam tão distraídos que só voltaram à realidade quando ouviram buzinas do lado de fora da casa. Sem entender o que acontecia, Naruto virou-se para Hinata que sorria.

— Vamos. O resto da família chegou.

{...}

Diferentemente do que acontecia na Área Sete, naquela casa a conversa fluía animada e descontraída. Todos os integrantes naquela mesa falavam sobre o passado e também sobre o que faziam atualmente. A mais animada, com certeza, era Hanabi — que, em seus 19 anos, era absurdamente parecida com Hinata, ainda que houvessem diferenças que a deixava muito mais desinibida do que a primogênita dos Hyuuga. A moça desandava a falar sobre tudo, não poupando em nada Naruto que ficava perdido no meio de tantas palavras. No entanto, existia algo em Hanabi que deixava o Uzumaki sorridente e mais leve.

Após descerem, Naruto conheceu o resto da família Hyuuga. Hanabi era aquela criatura livre, sem qualquer impedimento para ser quem era. Já não se poderia dizer o mesmo de Neji, um homem sério e educado, de pouquíssimas palavras. E ainda assim, ele se mostrou muito surpreso com a presença de Naruto ali, porque ele também já não tinha muita esperança de que o reencontraria algum dia.

Para o loiro, o jantar foi magnífico. Todos riram, se divertiram, contaram suas piadas e melhores lembranças. Naruto pôde conhecer mais de cada um deles ali, assim como também sentiu todo o carinho e o amor que todos têm para oferecer. Percebeu como Tsunade era como uma mãe, amorosa e calorosa; percebeu que Jiraya, apesar de um pervertido, tinha um coração de ouro, sempre disposto a ajudar; encontrou em Hanabi uma menina doce se encontrando com a mulher forte e determinada dentro de si; em Neji viu um homem de qualidades e amor, alguém com coragem e força para aguentar tudo de cabeça erguida. Ali, descobriu uma parte de sua família que desejava proteger a todo e qualquer custo, torcendo para tê-la por perto sempre.

Após o jantar, todos foram para a sala e se aconchegaram diante da lareira. Continuaram a conversar sem tirar o tom descontraído e saudável do momento que tinham ali. Naruto percebeu quando a cabeça de Hinata tombou em seu ombro.

— Cansada? — perguntou.

— Um pouco. — ela disse bocejando. — Estes últimos dias foram corridos.

— Sim. Vá descansar.

— Quero ficar aqui mais um pouco. — disse ela rindo enquanto entrelaçava suas mãos e deitava em seu ombro.

— Ei, vocês dois. — disse Hanabi em falso tom de advertência. — Procurem um quarto.

Todos riram, mas Hinata corou e escondeu seu rosto no braço de Naruto, como se tivesse sido pega no flagra de uma travessura. O loiro apenas deu de ombros e sorriu divertido com o constrangimento da morena, virando-se um pouco para depositar um beijo casto na testa da Hyuuga.

— Além de tudo, são fofos. — brincou Hanabi. — Sabe o que eu acho? Nossa família é o máximo!

— Eu concordo, Hanabi. — disse Naruto, rindo.

{...}

Em geral, eles não costumavam se deitar tão tarde, mas naquela noite ninguém se deitou antes das três da manhã. As mais resistentes foram Kushina e Hanabi, no entanto, até elas tiveram de se render em algum momento. Naruto encarregou-se de levar Hinata ao quarto, já que ela havia adormecido em algum momento e não o soltava de forma alguma.

Nos dias em que estava ali, havia se tornado normal carrega-la para a cama. Naruto não admitiria nem saberia expressar o prazer que tinha ao fazê-lo. Hinata era muito mais baixa que ele, e também era magra, o que a deixava ainda menor diante dele. Porém, o que o agradava era poder demonstrar sua proteção em todos aqueles gestos singelos e simples. Quando a abraçava ou quando a carregava no colo, e até mesmo quando carregava sacolas para ela; tudo que fazia era para demonstrar que estava ali, sempre na retaguarda, pronto para ajudar.

Daquela vez não estava sendo diferente. Com o frio que fazia, Hinata aninhou-se em Naruto, procurando se aquecer no grande corpo que ele tinha. Durante várias vezes, encontrava-se enroscado com Hinata, protegendo-a do frio, passando todo o calor que podia para o pequeno corpo da Hyuuga. Muitas vezes eles apenas se sentavam na varanda da casa e observavam o dia nublado enquanto, em silêncio, se abraçavam.

Quando a repousou na cama naquela noite, Naruto percebeu então o que era paz. Era aquele momento em específico, o fato de poder tocar e falar com Hinata, carrega-la em seus braços sem medo de que isso a prejudicasse, assim como poder ter um jantar em família com as pessoas mais importantes de sua vida. Vendo-a tão serena e doce, ele soube que estar em casa era o melhor presente de Natal que poderia ter recebido dela — claro que aquele cachecol vermelho seria uma lembrança maravilhosa.

A seus olhos, o mundo havia se tornado muito melhor. Ele sabia, sim, que muitas pessoas ainda eram malvadas e que eram capazes de fazer outras sofrerem, porém acreditava também na bondade, na paz, na compreensão. Desde que saíra da Área Sete, passara a crer no outro lado da história, aquele no qual nunca fora capaz de acreditar, porque ninguém permitia. Bastou que a Hyuuga aparecesse para que ele entendesse.

Após cobri-la e depositar um beijo casto em sua bochecha corada, Naruto apagou as luzes e se retirou do quarto. Olhou-a uma última vez antes de ir para seu quarto. Era engraçada essa capacidade que ela tinha de fazê-lo sorrir com gestos tão simples. Talvez... Isso o fazia pensar nas histórias que sua mãe o contou sobre Minato, seu otou-san. O brilho que havia em seus olhos, a forma como sorria e corava quando dizia que ele era “seu grande, eterno e único amor”, o “amor de sua vida”. Naruto não sabia o que isso significava, mas algo que ela disse veio a sua mente.

— Naruto-chan, a gente nunca sabe o que é amar, mas descobre quando aprende. — ela riu. — Parece tão confuso, no entanto, é algo que apenas sabemos. Olhamos para aquela pessoa e pensamos que a eternidade não é suficiente, e mesmo assim aquele momento de um abraço ou um beijo é o que basta. O Amor vem como uma linda borboleta, aquela que vai pousar em suas mãos e, mesmo depois de partir, deixará seu toque e doçura em sua pele.

— Isso também é amor?

— Isso, com certeza, também é amor, Naruto-chan. — ela disse sorrindo.

E, então, ele entendeu. Uzumaki Naruto, realmente, é humano, afinal de contas, amava Hyuuga Hinata — a pequena e delicada borboleta que pousara em sua pele e não partira, e algo o dava certeza de que nunca o faria.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.