Oh, all of these minutes passing, sick of feeling used
If you wanna break these walls down, you’re gonna get bruised
Now my neck is open wide, begging for a fist around it
Already choking on my pride, so there's no use crying about it

— Castle, Halsey

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PRÓLOGO

"Os homens quando não são forçados a lutar por necessidade, lutam por ambição."

O ‘efeito dominó’ ocorre quando uma simples ação desencadeia outras grandiosas. Quando um ato imprudente arruína toda uma estrutura e provoca um desencadeamento de sucessivas ações ruins. Foi isso que aconteceu com Illéa, um país poderoso, respeitado, que pela ganância dos homens foi reduzido ao mais completo caos. A história que vou lhes contar agora não é um romance, é uma história de ambição onde a única coisa que importa é o tão sonhado e aclamado poder. O mundo de Illéa foi reduzido a um tabuleiro, onde todos são jogadores.

Quando ainda era o país dominante do mundo, o verdadeiro polo, Illéa se encontrava governada por um dos seus melhores reis: Marcus II. Era um homem decidido que sempre fazia as escolhas certas, porém como quase tudo em nossas vidas, o bom tempo acabou e foi seguida pela mais perigosa tempestade. Marcus adoeceu e sua sonhada coroa teve de ser dividida entre os dois herdeiros gêmeos; Phillip e David. Era uma prática comum naquele reino moderno, um dos irmãos ficaria com a parte sul e o outro com o norte. Porém, ao menos daquela vez, a divisão foi uma escolha terrível.

Nessa história não existe vilões ou mocinhos, existem apenas pessoas, com seus defeitos e ambições. David não estava nada satisfeito com aquela divisão maldita, ele merecia mais a coroa que Phillip, devia merecer. Levado pela sua sede insaciável por poder e pelo próprio apoio de sua mulher, o herdeiro fez um complô contra seu próprio irmão. Disse que não seria um bom rei e expos todas as corrupções que Phillip já fizera e todas as suas barbaridades. Fez tudo em segredo e por meio do codinome “o salvador” conseguiu o apoio do povo. Phillip perdeu quase toda sua popularidade e David parecia o único rei descente e a escolha mais óbvia da população que o preferia. Sua estratégia era utilizar daquele codinome e espalhar secretamente cada um dos erros que o irmão cometia ou já cometera. Promoveria um levante e teria a coroa só para si, entretanto o plano não saiu como esperado.

O irmão insignificante de todos é o mais significativo dessa nossa história. Myrna, a filha mais nova de Marcus e a única que não teria a chance de ter a coroa, a que todos consideravam indefesa e boazinha, mostrou-se uma verdadeira e terrível manipuladora. Myrna, desconfiada que David estivesse atrás de algo começou a vasculhar e descobriu o grande trunfo do irmão: seu codinome, seu disfarce de rebelde para parecer que estava do lado da população “o salvador”. A mulher então se viu com a faca e o queijo na mão e percebeu que com um movimento certo ela poderia fazer o xeque-mate. Naquele momento, como num tabuleiro de xadrez, ela era a rainha e tinha o maior poder entre todos os jogadores.

Expondo David para Phillip – que ficou furioso – fez com que os dois começassem a duelar entre si, expondo-se e afundando a si mesmo, enquanto ela permanecia a principal peça e a menos notada até agora. Ela até chegou a ficar bem perto de conseguir a coroa, mas foi descoberta a tempo pelo próprio David e eles finalmente notaram o que a até então impotente irmã mais nova queria: ela queria o poder, queria ser a primeira rainha de Illéa, queria marcar a história. Os três irmãos duelaram entre si pela coroa até onde puderam, porém numa noite gélida o pai dos três veio a falecer da doença. Profundamente magoado com o que a coroa fizera com sua família, Marcus, antes de vir a falecer utilizou de um decreto pela última vez: dividiu o país em três partes, em três sub-reinos.

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O Norte era governado por David, o Sul por Phillip e o centro por Myrna. E assim foi feito, os três irmãos não se falaram por tempos e inclusive nunca nem sequer pensaram em fazer isso, até o momento.

21/05/2870 — Castelo Sulista

Phillip encarava o azul celestial do céu a sua frente. Alguns raios de sol intrometidos escapavam das brechas da janela e entravam na grandiosa sala de reuniões do homem. Era verão no sul e o céu encontrava-se sem nem mesmo sequer uma única nuvem, os pássaros cantavam e ao longe conseguia se ver a população do local. Aquela paisagem costumava acalmar o rei, mas não naquela manhã.

O mundo todo estava numa crise terrível e o país dividido em três partes não era nada bom para ninguém. Desde que Ásia havia se tornado o principal polo do mundo todos que não fizessem comércio com ela teriam problemas e aí estava o grande problema; a Ásia teria um lucro bem maior de Illéa fosse apenas um país novamente. Ela rompera todos os acordos com os três países e só retornaria a fazer comércio se Illéa seguisse suas exigências e voltasse a ser apenas um país. Inglaterra, Alemanha e França, outras potências, também havia imposto as mesmas condições e naquele momento os 3 sub-reinos faziam comercio apenas com pequenos países e sem grande importância. Estavam afogados na miséria e por isso precisavam voltar a se unir.

— Tudo pronto para a reunião? — Noah, seu herdeiro o perguntou, aparecendo à porta. Ele estava visivelmente nervoso, mexia em seus cabelos constantemente e não parava nem por um segundo de mexer no paletó. O garoto não conhecia nenhum de seus tios e todas as histórias que ouvia não soavam nada interessantes. Ele havia apostado com Rose, a irmã mais nova, que aquilo seria o banho de sangue.

Nesse momento outros três conselheiros apareceram à porta, avisando a chegada de David e Myrna. O coração de Phillip palpitou em movimentos rápidos e ritmados, o som ia e vinha em seus ouvidos, tornando escasso o ar de seus pulmões. Era a primeira vez que via os irmãos em quase quinze anos. Ele e Noah sentaram-se a mesa e viram cada um dos governantes entrar pela porta com seu respectivo herdeiro. Sentaram-se e um silêncio constrangedor pairou na mesa, Myrna foi a primeira a decidir falar algo.

— Então nós já sabemos o que precisamos fazer não é mesmo? — Embora parecesse forte, ela mesma estava nervosa, nem conseguia controlar o tom de voz. Era estranho ver os irmãos depois de tanto tempo casados e com filhos, mas ela não podia partir para o sentimentalismo agora, não agora. — Precisamos voltar a ser apenas uma Illéa.

— Boa sorte com isso — David declarou, encostando-se da cadeira. Não estava tão nervoso quanto seus irmãos, ele já tinha um bom plano em mente. — Da última vez que nos separamos houve inúmeras revoltas e pessoas contra, era um verdadeiro caos, tudo parecia que iria desmoronar sobre nossa cabeça. E agora que o povo se acostumou com a divisão, vocês vêm querer se unir de novo? Isso sim vai dar confusão.

Enquanto os três governantes discutiam para saber o que seria feito, o jovem Lukas, filho de Myrna, só se perguntava apenas uma coisa: “o que eu estou fazendo aqui?”. Não tinha nenhum motivo para aquilo aparentemente, ele ainda não era rei e mesmo que ficasse por dentro dos assuntos mais importantes, sabia que não deveria estar em uma reunião como aquela. Havia algo errado nisso tudo, algo que não cheirava bem e onde há fumaça há fogo. O garoto analisou seus primos, os vira poucas vezes em sua vida e agora morariam juntos novamente, era insano pensar naquilo. Lembrava pouco de Noah e menos ainda de Theodore, o filho de seu tio David. Era estranho ao menos pensar naquilo. Tio.

— Eu tenho uma ideia para solucionar o nosso problema — David tirou alguns papéis amarelados de sua pasta e os colocou sobre a mesa de mogno — Precisamos distrair a população enquanto unimos os países e decidimos os assuntos técnicos, como quem será o rei.

Uma pausa se houve a pronunciar aquilo. Depois de tanto lutarem pelo trono, estavam de novo presos a ele pelas malditas revira voltas do mundo.

— E o que você sugere? — Phillip perguntou, curioso com a ideia.

— Uma seleção para nossos filhos, assim vamos distrair a população o suficiente.

Eu sabia, aí está, pensou Lukas. Aí está a encrenca.