A Intérprete - Orgulho e Preconceito Moderno
Capítulo 38
Elizabeth ainda estava inquieta enquanto aguardava com seus tios na grande sala de estar dos Darcy. Georgiana tinha ido se arrumar, mas não sem antes pedir mil desculpas pelo atraso e prometer que estaria de volta o mais breve possível. Enquanto isso, a governanta mandou servir um saboroso chá gelado, mas o efeito calmante não estava dando certo com Lizzie, pois ela continuava nervosa e sentia seus pés dançando sem parar. A qualquer momento, Darcy entraria pela porta e se ele não estivesse envolvido em toda aquela trama, o que pensaria dela? Provavelmente que ela era uma maluca perseguidora ou algo assim.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Os tios conversavam de maneira animada com o senhor que Liz havia conhecido mais cedo naquele dia, aparentemente eles já tinham feito muitas visitas à Georgiana e pareciam ter muita amizade com o casal que tomava conta da casa, mas Elizabeth não conseguia acompanhar a conversa, pois seus pensamentos sempre iam parar onde não deveriam.
— Acho que estamos prontos. – Georgiana anunciou feliz assim que surgiu novamente na sala acompanhada pela mulher do senhor com quem eles conversavam. – Meu irmão acaba de ligar, já passou pelo portão da propriedade e deve estar aqui a qualquer momento.
Ela mal tinha acabado de falar quando a porta da casa se abriu. A figura de Darcy surgiu no batente e o sorriso no rosto de Georgiana foi de orelha a orelha. Liz teve certeza de que se ela pudesse, teria corrido em direção ao irmão, mas as muletas atrapalharam um pouco. Darcy foi mais rápido, aproximou-se da irmã a passos largos e abraçou-a por alguns segundos. Estava na cara que os dois eram muito próximos.
— Meu querido irmão! – A voz de Georgiana estava muito animada quando ela finalmente soltou-o. – Que saudades que eu estava de você!
Darcy deu um meio sorriso tão lindo que fez com que Elizabeth corasse um pouco, mesmo que o gesto não tenha sido direcionado a ela.
— Eu também estava, mas ando muito ocupado com as coisas do hospital. – Ele disse um pouco envergonhado. – Desculpa por estar tão ausente.
Georgiana balançou a cabeça como quem diz que não é nada e apontou para os convidados. Liz sorriu sem graça e em retribuição recebeu um olhar profundo de Darcy. Aparentemente ele estava feliz em vê-la, mas aquilo não diminuiu seu temor.
— Você reparou que temos convidados? – Georgiana perguntou com uma voz engraçada, ela era uma péssima mentirosa.
— Reparei sim. – Darcy sorriu e cumprimentou os tios de Elizabeth que observavam toda a cena abafando risinhos. – Sejam bem-vindos sr. e sra. Gardiner, a companhia de vocês tem feito minha irmã muito feliz. E qual não foi a minha surpresa quando descobri que eram parentes de Elizabeth?
Liz ficou mais sem graça ainda ao ouvi-lo tratando-a de maneira tão íntima perto dos tios, aparentemente ela era a única que não havia participado do plano.
— Então eu era a única aqui que não sabia de nada? – Liz indagou, não estava brava, apenas curiosa.
— Meu irmão não sabia que iria encontrá-la aqui hoje. – Georgiana disse com um sorriso satisfeito. – Essa parte foi totalmente por minha conta, com uma ajudinha de Jane, eu confesso.
Liz fez uma cara fingida de perplexidade. É claro que tinha um dedo de Jane nessa história. Era bem a cara dela dar um empurrãozinho quando as coisas não estavam tão bem.
— Vou pedir para servirem o almoço. – Georgiana anunciou contente. – Acho que todos devem estar morrendo de fome.
Bem devagar, a srta. Darcy seguiu com a ajuda da muleta em direção ao local onde seria servido o almoço. Elizabeth não pode deixar de admirar enquanto a garota ia feliz, conversando sobre algo com sua tia. Ela parecia uma moça legal e muito dedicada ao seu irmão.
— Elizabeth. – A voz rouca de Darcy estava bem atrás dela.
Ela se virou e deu de cara com os olhos azuis dele. Por um segundo, quase apertou o passo e saiu correndo, mas ela não podia. Precisava falar com ele. Era agora ou nunca.
— Darcy, eu... – Ela começou, mas estava muito nervosa para não se atrapalhar toda. – Eu juro que não sabia que essa casa era sua, meus tios, eu só...
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Darcy deu mais um passo em direção a ela e colocou o dedo sobre os lábios, um claro pedido de silêncio.
— Se soubesse você jamais teria vindo, então acho que devemos essa a nossas irmãs, certo?
— Certo. – Ela engoliu em seco.
Os outros já estavam no outro cômodo, então Darcy começou a guia-la para lá, empurrando-a pelo ombro.
— Darcy, eu, nós precisamos conversar. – Liz parou no meio do caminho e olhou para ele. Ela finalmente tomou coragem e disse o que precisava ser dito a tanto tempo.
— Precisamos? – Ele perguntou erguendo a sobrancelha, claramente brincando com o fato de ela ter dito que não queria falar com ele nunca mais no dia da briga. Como ele conseguia ser tão irritante e ao mesmo tempo tão incrível?
— Precisamos. – Liz tentou ser firme e suspirou antes de continuar. – Eu te devo desculpas e queria ouvir de você a verdade.
— Elizabeth. – Darcy segurou as mãos dela. – Eu não tenho ideia do que te disseram, mas eu nunca teria feito nada para magoar sua irmã. Eu posso ter falado para o Bingley ficar esperto sim, ainda mais depois de conhecer sua mãe naquela festa, mas eu ainda não sabia. Eu não conhecia vocês bem o suficiente. Desculpa.
— Eu sei. – A voz de Elizabeth saiu cansada, ela fechou os olhos para afastar as lágrimas. Odiava o fato de raramente conseguir ter uma conversa daquelas sem chorar. – Minha mãe não foi o melhor exemplo de pessoa naquela festa, mas não pense nem por um segundo que eu ou Jane consideramos aquilo que ela disse.
— Eu nunca disse para Bingley deixar sua irmã, apenas para ele não se envolver tão rápido. Não por ela ter algo de errado, e sim porque já vi Bingley com o coração partido mais vezes do que eu gostaria e eu não estava com paciência para tirá-lo da fossa mais uma vez. – Ele levantou o queixo de Elizabeth para que ela pudesse encará-lo. – Não quando eu estava tão ocupado com meus sentimentos conflituosos em relação a uma garota que só me esnobava.
Ele sorriu e Liz logo percebeu sobre quem ele estava falando e riu também.
— Eu teria feito o mesmo pela Jane e só agora percebo isso. – Ela admitiu séria, mais para ela mesma. – Espero que você me perdoe.
— Se você me perdoar também.
— Pelo que?
— Por não ter conversado seriamente com a Caroline antes. Por ter brincado com os sentimentos dela, mesmo sem perceber, e ter feito com que ela te machucasse. Foi tudo minha culpa, se eu tivesse sido claro desde o início...
— Mas Darcy, não foi ela que me contou tudo aquilo, foi um primo seu.
— Eu o vi me espiando junto com a Caroline depois que você terminou comigo. – Ele respondeu sério, enquanto segurava o resto dela entre as mãos. – Ela deve tê-lo convencido a fazer isso. Ela sabe ser muito persuasiva quando precisa.
— Eu sinto muito. – Era verdade, Liz sabia que Darcy via Caroline como uma irmã, e com certeza ele ficou chateado quando descobriu o quão longe ela foi capaz de chegar.
— Não sinta. – Ele beijou-a nos lábios de leve, mas o simples toque foi intenso o suficiente para agir em Liz como uma corrente elétrica. – Porque estamos bem agora e é isso que importa.
Liz se jogou contra o peito dele em um abraço que pareceu acabar com tudo o que a afligia. Todo o nervosismo, a ansiedade, o medo foi varrido para longe e tudo o que ela podia sentir naquele momento era o coração de seu amado batendo tão próximo ao dela. Era isso, nada mais importava porque estava tudo bem entre eles de novo.
— Srta. Elizabeth, Darcy! – A voz risonha de Georgiana ecoou do outro cômodo. – Já estamos comendo!
Darcy se afastou de Elizabeth e admirou-a como se fosse a primeira vez que a visse antes de pegar sua mão e guia-la até a sala onde o almoço estava sendo servido. Todos estavam sorrindo e se olhando com cumplicidade, mas ninguém disse uma palavra quando eles finalmente tomaram seus lugares. Elizabeth não podia estar mais feliz.
Fale com o autor