P.O.V Bella

Eu havia acabado de sair da escola e andava sob o sol, extremamente quente, enquanto ia para casa. Me senti desidratada e parei em uma lanchonete do outro lado da rua, assim que empurrei a porta o barulho de sinos ecoou por todo o estabelecimento.

— O que deseja? – Uma das atendentes de balcão me perguntou assim que me sentei em uma cadeira de frente para a mesma.

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— Milk-shake de morango. – Fui direta, queria sair daquele lugar fedido a gordura o mais rápido possível.

Ela se retirou para dentro e sinalizou para que eu esperasse. O lugar era deprimente de se ver, as luzes eram fracas e os móveis empoeirados. Além de mim e outra atendente havia mais duas pessoas: uma senhora de idade e um adolescente, que estava ali apenas para usar a internet, os sinos tornaram a anunciar que alguém havia entrado.

A pessoa se dirigiu ao meu lado e também se sentou em frente ao balcão. Olhei para o lado vendo que se tratava de um homem, mas não fui a única, pois a outra balconista quase correu para perguntar o que ele queria.

— O que você deseja senhor? - Ela se inclinou sobre o balcão fazendo seus seios ressaltar no decote, não tão pequeno, do seu uniforme.

— Milk-shake de chocolate. – Ele falou sem se importar muito para ela.

Olhei para o lado, novamente, e ele fez o mesmo, nossos olhos se cruzaram e juntamente demos um sorriso. Ele tinha cabelos escuros como o meu e os olhos castanhos esverdeados, e o seu sorriso tirava o fôlego de qualquer um.

— Boa tarde, qual seu nome? – Ele perguntou se virando para mim.

— Isabella. – Respondi e logo ele também se apresentou.

Ele era do porte musculoso e tinha um sotaque diferente dos que já havia visto, ele me disse ser do Rio de Janeiro, no Brasil. Estava de passagem, para fazer algo em seu trabalho, e iria embora amanhã.

Nossos Milk-shakes chegaram no mesmo instante, cada um pagou o seu e saímos daquele lugar.

— Está gostando de Phoenix? – Perguntei enquanto tomava um pouco do liquido grosso.

— Sim, é a primeira vez que saio do meu país. – Ele me respondeu enquanto parou perto de um carro. – Aceita carona?

— Não, obrigada. – Recusei. – Moro um pouco mais a frente.

— Por favor, aceite. – Ele tornou a falar.

— Não, obrigada mesmo. – Ele percebeu que eu não iria ir mesmo então refez sua proposta.

— Então, pelo menos, aceite sair essa noite comigo? – Eu estava pronta para negar quando ele continuou. – É minha última noite aqui e seria ótimo passar acompanhado de uma moça como você.

— Ok. – Passei meu número para ele e ele se foi.

...

Ele marcou de me pegar às 21:00 e quando sai de casa ele já me esperava na frente. Botei meu vestido azul curto e um salto plataforma preto. Mamãe e Phil estavam de viagem.

Ele me levou em uma boate bastante badalada, ele bebia muito e eu quase nada. Ele era bem mais animado e falava tudo que achava da pessoa bem na cara dela, ele era verdadeiro e honesto, um homem perfeito. As vezes ele enrolava um pouco no nosso idioma e isso era muito engraçado, ele havia me arrastado para a pista de dança e me forçado a dançar, me fez beber algumas bebidas e ingerir, possivelmente, drogas.

No final da noite eu e ele fomos parar em um motel barato. Quando acordei no outro dia ele não estava lá, havia um bilhete em cima da mesa e dizia: Manterei contato.

A camareira quando me viu resmungou alguma coisa como: Mais uma coitada que ele traz para cá.

Esperei ele manter contato por meses, mas ele não fez e nem minhas mensagens respondia. E no terceiro mês do acontecido comecei a sentir os primeiros sintomas de gravidez.

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...

Já haviam se passado nove meses, eu gritava e fazia força para pôr minha filha no mundo.

— Mais forte, Isabella. – O médico falava mais uma vez e eu tentava ao máximo fazer o que ele pedia.

Eu queria tanto essa menina e ao mesmo tempo não fazia ideia de como seria daqui para a frente. Mas no momento só queria tê-la em meus braços.

— Quase lá, ela já está saindo Isabella. – O medido anunciou.

Respirei fundo juntando todo o ar possível e usei toda a força que eu podia. O choro de uma criança ecoou por toda sala e eu suspirei aliviada, e em alguns segundos ela foi posta em meus braços. Embalada em um cobertor rosa, ela era linda.

— Qual nome você vai dar para ela? – Minha mãe tinha perguntou com ela nos braços.

Estávamos em outra sala, agora mais confortável, Phil tirava foto da pequena e minha mãe ninava ela.

— Analice. – Respondi. – A cheia de graça, a benéfica, verdadeira. A única coisa de que o nome dela terá um n a mais, pois ela é única.

— Um nome lindo. – Mamãe deu um beijo na testa dela. – Nossa pequena Annalice.

Observar ela no colo de mamãe, sendo paparicada por Phil, clareou ainda mais minhas ideias. Eu amo Annalice, mas eu não posso continuar aqui.

...

— Tem certeza disso? – Renée perguntou.

— Tenho, mãe, vai ser o melhor para ela. – Olhei para a menininha em meus braços, que agora tinha um mês de vida. – Eu irei para Forks e me formarei, logo depois voltarei. Se eu continuar aqui atrasarei meu futuro, não quero depender de Phil.

— Você tem certeza? – Mamãe tornou a perguntar.

— Tenho. – Falei decidida. – E se eu não voltar para ela, ela virá até mim.

O telão do aeroporto anunciou a última chamada para o meu voo. Levantei a pequena até a frente do meu rosto e ela sorriu.

— Eu te amo, Annalice. – Dei um beijo em sua testa. – Nós vamos nos reencontrar e eu saberei quem é você.

Dei ela para minha mãe e virei indo para fazer o check-in, pude escutar seu choro atrás de mim, mas não olhei para atrás. As lágrimas desciam pelo meu rosto e eu tentava me manter forte, era o melhor para nós duas. Renée e Phil a dariam uma vida melhor.