Durante o Fim

Sétimo Dia - Rose


Rose sentiu Hugo apertando sua mão com mais força, e não era para menos: aquele sujeito e sua casa eram sinistros. Eles percorreram a sala e o corredor, um amontoado de mobília velha e mal-cuidada espalhada pelos cômodos, e seguiram o tal anfitrião, que depois de fechar a porta, os conduziu até uma porta escondida no fim do corredor. Os quatro se amontoaram próximo ao homem esperando para saber porque eles pararam ali.

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ー O negócio é o seguinte: Se quiserem ficar na parte de cima da casa, fiquem, mas eu já trouxe tudo de importante para baixo, inclusive a comida e os colchões bons ー alertou-os ー Meu pai construiu um porão reforçado no tempo da Guerra Fria e é lá que aguardo até que seja inevitável e a hora do meu arrebatamento chegue de uma vez…

E, ainda por cima, tinha um papo de maluco, Rose pensou, apenas encarando os adultos e esperando o que viria a seguir. Deu uma espiada por cima do ombro do homem, ainda olhando para seus pais, como se esperasse a contradição, e enxergou um retrato antigo, pendurado na parede descascada daquele mesmo desconhecido, embora muitos anos mais jovem. Naquela época ele já não era bonito, e nem a farda verde-oliva ajudava a melhorar seu aspecto. Na altura do peito, onde ficava seu nome em velcro pintado de preto estava escrito Major J. Smith.

ー Têm lugar para nós lá embaixo… por algumas horas? ー Rony perguntou, após a explicação do outro.

Ele apoiou a espingarda ao lado da porta que acessava o porão e confirmou.

ー Certo... Meu nome é Ronald Weasley. Essa é minha esposa, Hermione. Aqueles são Hugo e Rose, nossos filhos ー saiu apresentando à todos.

ー Smith ー o desconhecido deu um breve aceno de cabeça, se tornando estranhamente mais solene. Então abriu a porta para o seu mundo subterrâneo e, caminhando na frente, aparentemente um gesto de confiança, desceu as escadas com os convidados ao seu encalço.

O porão realmente fora construído para abrigar um momento de grande instabilidade na superfície. Rose não tinha nenhum conhecimento aquém sobre edificações, contudo notou que o teto do local era robusto e arrojado. Mais do que preparado para sobreviver a uma explosão… Lá embaixo, o ambiente estava decorado com mais aconchego, nada muito animador, contudo bem mais habitável. Haviam três cômodo. Uma espécie de sala-cozinha, albergando geladeira, fogão e uma mesinha pequena apoiada contra a parede, diante de uma única cadeira. No centro do recinto, um sofá em melhor estado do que o qual eles haviam visto no andar de cima e um armário de canto, onde repousava um rádio com um microfone do lado.

O segundo cômodo, o sujeito saiu apresentando o lugar para eles como se estivesse numa amostra de apartamentos decorados, era uma espécie de quarto. Dois colchonetes amontoados à um canto e um terceiro esticado no chão, a roupa de cama dobrada perfeitamente sobre sua superfície. Ainda existia duas mochilas abarrotadas de roupas e outros pertences pessoais do tal de Smith.

Nada, contudo, fora mais assustador do que o terceiro cômodo… Um armazém bélico, Rose diria. Hugo até relaxou a mão do aperto da irmã, de tão admirado que ficou ao encarar prateleiras e mais prateleiras de objetos de guerra. A maioria parecia sucata… Morteiros detonados, carcaças de armas velhas e até duas caixas repletas de granadas. Não era possível saber se ainda funcionavam, os pinos continuavam nelas. Pálidos e chocados, os pais de Rose observaram o sujeito apresentar o local e passar a chave na porta, depois da sua absurda revelação. Vendo o casal o encarar como a um “homem-bomba”, comentou:

ー Sou ex-major do Exército. Me aposentei poucos meses antes do mundo começar a acabar… E estou preparado caso precise lutar contra esses demônios até Deus me salvar.

ー A porta se mantém trancada? ー Hermione o questionou.

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ー Agora vai. Para evitar acidentes ー ele balançou a chave na mão antes de enfiá-la no bolso.

ーMelhor assim ー Rony comentou, parecendo não aguentar ficar mais em pé e se arrastando para o sofá do primeiro cômodo.

ー Você tem analgésicos…? Algum remédio? Antinflamatórios? ー a mãe encarou o ruivo com leve aflição e voltou-se para Smith, ansiosa.

ー Tenho sim ー confirmou se encaminhando para um armário simples que fora pendurado ao lado da geladeira.

ー Mãe… preciso ir ao banheiro ー Rose murmurou para Hermione.

ー E o banheiro é essa portinha ao lado do depósito ー Smith respondeu alto, enquanto se distanciava deles, mas com os ouvidos colados em cada frase dita no seu porão ー Podem usar a vontade. Tem chuveiro também… ー e virando-se diretamente para Rose, informou ー Mas a água está fria…