Sétimo Dia - Rony

Rose afundava rapidamente e quanto mais se mexia na tentativa de subir, mais ela descia. Rony viu a filha ser engolida pelo rio escuro e agradeceu que a ponte e a base estivessem sendo consumidas pelo fogo para que ele conseguisse enxergá-la. Ele deu braçadas frenéticas, não era um bom nadador, mas a ocasião o fazia se tornar o melhor, e agarrou a garota pela cintura assim que a alcançou, subindo feito um turbilhão para a superfície junto dela. Os dois alimentaram os pulmões de ar quando conseguiram reencontrá-lo.

ー Você tá bem? ー Rony perguntou, ainda abraçado à ela.

ー Não ー Rose chorava. A cena era avassaladora, mas não havia muito tempo para consolo, os Tripods estavam se debruçando sobre as margens do rio e acertando as pessoas mais próximas do alcance do raio.

ー Rony… Rose… Estão bem? ー Hermione conseguiu nadar até eles e, na misericórdia de Deus, com Hugo à tira colo da mãe.

ー Estamos… ela está assustada ー ele arfou ー Só que temos que sair daqui.Vamos nadar o mais depressa que conseguirmos para a margem oposta, na direção daquelas árvores.

A mulher concordou e todos começaram a se deslocar para longe do epicentro da tragédia, evitando se envolver com os pedidos de ajuda de desconhecidos, que eles não poderiam socorrer sem colocar a vida dos próprios filhos em cheque.

Conseguiram chegar a margem, debaixo de árvores grandes dotadas de copas largas, as custas de muito esforço e perseverança. Expandir a caixa torácica para respirar se tornou uma tarefa trabalhosa para Rony, voltando a sentir as costelas fraturadas cobrarem o preço pelo esforço aquém de sua recuperação física. Ele pediu para Rose soltá-lo, a garota que continuava estarrecida com os últimos acontecimentos, e se deitou no chão barrento para ganhar algum fôlego. Hermione se certificou que os filhos estavam íntegros, fisicamente falando, e andou mancando de encontro a ele.

ー Suas costelas… como estão?

ー Melhor impossível ー o ruivo suspirou ー Acho que exageramos no exercício agora.

Ela o tocou no abdômen, os olhos repletos de lágrimas.

ー Obrigada por salvar nossa filha.

ー Não foi um favor e está tudo bem agora ー ele piscou-lhe, pegando-a pela mão que estava apoiada em seu corpo e beijando docemente.

Hugo e Rose caminharam para próximo dos pais e se sentaram, encolhendo-se o mais próximo que conseguiram dos dois. O som ambiente que ecoava pelo rio e chegava até as margens era de gritos, dor e sofrimento.

ー Eles não conseguem nadar… As naves ー Hugo comentou fascinado testemunhando a destruição. O restante da estrutura da ponte acabava de tombar na água produzindo ondas que encostavam na margem.

ー Mas conseguem voar ー Rose opinou soturnamente, agarrando os joelhos.

ー Acho que vamos ter que sair daqui imediatamente ー Hermione concluiu, cansada ー Consegue andar? ー virou-se para o esposo.

ー Sim… acho que sim… ー ele ainda não tinha muita certeza se a dor o deixaria.

ー Eu e a crianças ajudamos ー ela se pôs de pé, tomando todo o cuidado para não escorregar no barranco lamacento ー Me dá uma mão. Rose, segure a outra mão dele. Hugo, empurre seu pai enquanto ele levanta.

ー Estou me sentindo com oitenta anos ー Rony argumentou, sendo içado pela família até conseguir manter-se em pé outra vez. Lentamente, receoso que algo se partisse dentro dele, foi girando o tronco e acompanhando os filhos na direção da floresta, uma trilha tomada pela escuridão e pelo desconhecido.

ー Apoia o braço em mim ー Hermione surgiu ao seu lado, notando a dificuldade dele de se locomover.

ー Eu acho que…

ー Rony, não há tempo ー o cortou enfática.

ー E sua perna? Eu sou pesado.

ー E se alguma dessa suas costelas fraturadas perfurar seu pulmão? ー ela respondeu com outra pergunta muita mais convincente.

ー Ok… ー concordou ancorando uma pequena parte do seu peso na morena, porém se esforçando para caminhar sem sobrecarregá-la ー Estou achando que nós somos invencíveis.

ー Não me faça rir num momento como este, Ron ー Hermione pediu ー Cuidado onde pisa. Tem muitos galhos pelo chão.

ー Está bem… Está bem… ー acatou sem reclamar, sendo engolido pela mata para longe da morte… mais uma ve